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AULA 4 GESTÃO DE PESSOAS E PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL: JOGOS, DINÂMICAS E TÉCNICAS VIVENCIADAS EM EMPRESA Profª Ana Paula Escorsin 02 CONVERSA INICIAL Ao longo das vidas dos indivíduos, eles desenvolvem as suas personalidades, aprendem a lidar com as suas atitudes e a compreender os seus afetos. Nesse processo de desenvolvimento, o indivíduo se conhece como pessoa e assim consegue estabelecer relações sociais. Por meio da socialização o indivíduo aprende a participar de grupos, o que possibilita a ampliação de seu autoconhecimento. O processo de desenvolvimento é cíclico e dura a vida toda, pois quanto mais uma pessoa se conhece melhor pode contribuir com os grupos de que participa e sua contribuição com os grupos o leva a se conhecer cada vez mais. Agora vamos pensar sobre as organizações. Nestes dois últimos séculos, elas passaram por transformações significativas na forma de gerir as pessoas. No início do século XX, os funcionários eram consideradas como mão de obra, pois a maioria das empresas era no ramo industrial, portanto requeriam as mãos dos funcionários para operar as máquinas. Em meados do século XX, com a globalização do mercado, as organizações passaram a ficar mais complexas, aumentaram o número de empresas na área de serviços, as pessoas passaram a ser vistas como recursos humanos, mas ainda muito atreladas a ideia de serem mais um recurso da empresa, como o financeiro, o físico etc. Com o advento do século XXI, a chamada Era do Conhecimento, a forma de funcionamento das organizações ganhou maior complexidade em razão da tecnologia, muitos postos de trabalho foram extintos, o que levou a uma alteração mais significativa ainda na forma de as empresas olharem para as pessoas. Estas vêm sendo consideradas como o capital intelectual. As organizações perceberam que precisam investir em seus talentos. O trabalho individualizado deixa de ser importante, o foco muda para as atividades conduzidas em equipes, o perfil da liderança se altera. Portanto, torna-se necessário que a área de gestão de pessoas atue alinhada a esse cenário; assim, estratégias de desenvolvimento de equipes e de lideranças precisam ser implementadas. Nesta aula vamos abordar o desenvolvimento das equipes e das equipes de líderes. Não podemos, porém, deixar de lado os conhecimentos adquiridos sobre os indivíduos. Estamos sempre trabalhando com pessoas, que têm sentimentos e que são diferentes em suas personalidades; portanto, os processos de desenvolvimento são conduzidos para pessoas. Vejamos os nossos temas: 03 Desenvolvimento de equipes; Desenvolvimento de lideranças; O processo de desenvolvimento de equipes e de lideranças; Métodos para conduzir o desenvolvimento de equipes e de lideranças; Conteúdos que compõem o desenvolvimento de equipes e de lideranças. Bons estudos a todos! CONTEXTUALIZANDO Que tal identificar em sua região empresas que têm programas de desenvolvimento para equipes e para líderes? Faça uma pesquisa nos sites de empresas que você acha interessantes, converse com os funcionários e com as áreas de gestão de pessoas dessas empresas. Investigue quais métodos essas empresas utilizam para desenvolver equipes e líderes, quais conteúdos abordam, como diagnosticam as necessidades. Após essa pesquisa, registre as informações que coletou e discuta com seus colegas; assim você terá um cenário do desenvolvimento de equipes e de lideranças de diversas empresas em várias regiões do país. Saiba mais Para embasar essa pesquisa, leia o capítulo 3, "Desenvolvimento de líderes", do livro a seguir: ESCORSIN, Ana Paula; WALGER, Carolina. Liderança e desenvolvimento de equipes. Curitiba: Intersaberes, 2017. Disponível na Biblioteca Virtual. Acesse o link: <http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788559723236/pages /77>. TEMA 1 – DESENVOLVIMENTO DE EQUIPES Vamos iniciar nosso primeiro tema diferenciando treinamento, desenvolvimento e desenvolvimento organizacional, pois são conceitos diferentes. Vejamos o que dizem Lotz e Gramms (2012, p. 169): "investir em treinamento e desenvolvimento é investir nos talentos que constituem a 04 capacidade produtiva da organização". Portanto, conduzir ações para que as equipes funcionem de forma harmônica se torna um dos objetivos estratégicos da área de gestão de pessoas. As autoras, citando Chiavenato (2004), comentam que "o treinamento, o desenvolvimento e o desenvolvimento organizacional constituem os três níveis de amplitudes diferentes na conceituação do desenvolvimento das pessoas nas organizações" (Lotz; Gramms, 2012, p. 169). Escorsin e Walger (2017, p. 81) comentam que "o treinamento possibilita que o colaborador adquira ou amplie suas capacidades, contribuindo para a melhora de seu desempenho". O treinamento, como aponta Knapik (2012, p. 301), tem "foco no presente, nas necessidades do cargo". Chiavenato (2010, p. 366) argumenta que o treinamento está "focalizando o cargo atual e buscando melhorar aquelas habilidades e competências relacionadas com o desempenho imediato no cargo". O desenvolvimento envolve três aspectos distintos, ou seja, o desenvolvimento pessoal, o de equipe e o de liderança. Apresenta "foco no futuro, no desenvolvimento de competências para assumir outros cargos, riscos ou responsabilidades" (Knapik, 2012, p. 301). Lotz e Gramms (2012, p. 192) ressaltam que o "pensar sobre o desenvolvimento de pessoas significa refletir acerca de experiências, vivências e capacidades individuais, em um processo ao longo da vida". Com as técnicas de desenvolvimento, "os processos cognitivos e emocionais ampliam a visão que o indivíduo tem do mundo e fatalmente se refletem na trajetória e no resultado profissional" da pessoa (Lotz; Gramms, 2012, p. 192). O desenvolvimento organizacional, como apontam Lotz e Gramms (2012, p. 170) é "um nível mais amplo, tem suas bases na psicologia organizacional [...], trata do modo como as organizações aprendem e se desenvolvem". Para Chiavenato (2010, p. 419), "é uma abordagem de mudança organizacional na qual os próprios colaboradores formulam a mudança necessária". Para o autor, tal mudança ocorre em "uma determinada direção. Como a melhoria na solução dos problemas, flexibilidade, reatividade, incremento da qualidade no trabalho, mudança cultural e aumento da eficácia" (Chiavenato, 2010, p. 420). A Figura 1 apresenta as diferentes amplitudes do treinamento, do desenvolvimento e do desenvolvimento organizacional. 05 Figura 1 – Diferentes amplitudes do treinamento, do desenvolvimento e do desenvolvimento organizacional Fonte: Lotz; Gramms, 2012, p. 170 citado por Chiavenato (2004) 1.1 Desenvolvimento de equipes: de que estamos falando? Para Goulart (2013, p. 264), "o objetivo primordial de desenvolvimento de equipes: promover a integração para assegurar trabalho eficiente". O desenvolvimento de equipes prepara as pessoas para o desafio de ampliarem as suas competências para estabelecer relações interpessoais no ambiente de trabalho de forma saudável, para que melhorem a sua qualidade de vida laboral e os resultados da empresa. Para Escorsin e Walger (2017, p. 150), "o desenvolvimento de equipes é uma ferramenta bastante útil e adequada para aperfeiçoar os resultados dos trabalhos, pois conduz à associação entre a motivação das pessoas e o funcionamento eficaz da equipe". O desenvolvimento de equipes se mostra um eficaz instrumento de mudança, pois possibilita que os indivíduos e as diferentes áreas da empresa caminhem em direção à construção de um ambiente mais cooperativo (Goulart, 2013, p. 264). O desenvolvimento de equipe pode ser conduzido de acordo com dois enfoques, conforme aponta Goulart (2013, p. 264). Estes enfoques são: Desenvolvimento intraequipe: refere-se às ações de desenvolvimento entre osfuncionários de uma mesma área. Destina-se a solucionar ou a melhorar as relações interpessoais dentro de uma área, a qual deve estar sob a mesma liderança. Desenvolvimento interequipes: trata-se de ações de desenvolvimento entre funcionários de equipes de diferentes áreas da empresa, que, por alguma razão, têm relações de trabalho entre si, como por exemplo: a área 06 de Produção e a área de Logística de uma indústria, ou a área de Vendas, de Faturamento e de Marketing de uma empresa de serviços. Destina-se a estreitar as relações entre as áreas envolvidas em um processo, para minimizar as diferenças e as dificuldades. Para conduzir esse tipo de desenvolvimento se faz necessário que as equipes envolvidas tenham primeiro passado pelo desenvolvimento intraequipe. Para que a condução do desenvolvimento de equipes seja eficaz, em ambos os modelos, torna-se necessária a participação conjunta de todos os integrantes, tanto dos líderes como dos técnicos. Portanto, estabelecer relações de confiança com transparência se mostra um fator de sucesso para esse tipo de trabalho (Goulart, 2013, p. 264). TEMA 2 – DESENVOLVIMENTO DE LIDERANÇA Vamos falar primeiro sobre liderança. Esta é a capacidade de um gestor aplicar suas habilidades para planejar e para conduzir pessoas, equipes, processos e resultados. Um gestor com habilidades de liderança desenvolvidas possui diferencial competitivo, tanto para sua carreira como para a organização que atua. Para a empresa, a liderança propicia o atingimento de resultados e contribui para um adequado clima institucional. 2.1 Conceito de liderança A liderança é a capacidade de influenciar um conjunto de pessoas para alcançar metas e objetivos, aponta Robbins (2010). A origem dessa influência pode ser formal, como a que é conferida aos cargos de gestão de uma organização (Robbins, 2010). Para Pérsico e Bagatini (2013, p. 141), "liderança é a capacidade de persuadir ou dirigir as pessoas sem o uso de prestígio ou da força de uma autoridade formal, ou de circunstâncias externas". Aquele a quem é formalmente conferida a liderança é denominado de líder (ou gestor). O líder pode atuar em diferentes cargos, como: diretor, gerente, coordenador, supervisor ou encarregado. É a pessoa que está mais próxima das diretrizes, das normas e dos valores institucionais. Estar nessa posição confere ao líder a responsabilidade de atrair, desenvolver, avaliar e recompensar os funcionários de sua equipe e implica tomar decisões sobre as atribuições e os resultados da área. 07 Para Moscovici (2004, p 126), líder é a pessoa, participante de um grupo, a qual foi atribuída uma posição de responsabilidade para dirigir e coordenar as atividades relacionadas à tarefa daquele grupo. Uma das atribuições do líder consiste em conduzir a equipe para que esta atinja os resultados a ela estabelecidos. 2.2 O propósito do líder Prates (2013) diz que o propósito do líder é engajar pessoas. O foco de sua atuação é o resultado. Para o autor, não há outra maneira de conquistar resultado a não ser engajando as pessoas, mantendo-as motivadas e focadas em suas metas e ações. Engajar pessoas é proporcionar a elas um real motivo para que queiram empenhar o seu potencial (Prates, 2013). Proporcionar um real motivo às pessoas, despertar nelas uma vontade interna de colocar o melhor de suas competências em favor dos resultados da área: estes são alguns dos principais propósitos do líder. O líder com foco em resultados é diretivo quanto à distribuição de atividades para a equipe, é consciente do seu papel e do propósito da organização, constrói relacionamentos saudáveis com as pessoas, com a equipe, com os demais líderes e com seu gestor superior. É o elo entre a organização, os colaboradores e o mercado. A ação do líder exige visão ampla e integrada do negócio. Um líder competente é aquele que tem clareza de que os seres humanos constituem o fator mais importante de qualquer empreendimento. A ação do líder envolve se comprometer com a efetiva gestão do desenvolvimento de sua equipe. 2.3 Desenvolvimento de liderança Escorsin e Walger (2017, p. 87) comentam que "cada vez mais as organizações compreendem que precisam implantar programas de desenvolvimento para seus líderes e que esses programas devem estar atrelados às suas estratégias". As autoras completam que "as organizações precisam ter clareza de qual perfil de competências que seu modelo de negócio requer de seus líderes" (Escorsin e Walger, 2017, p. XX), para que com isso possam estruturar programas que contribuam com resultados efetivos. O desenvolvimento dos líderes apresenta a mesma estrutura do desenvolvimento de equipes, pois em uma organização, ao trabalhar os líderes 08 se trabalha a equipe de lideranças, tanto para a formação de novos líderes como para desenvolver a equipe de gestores já existentes. Pode-se pensar em algumas habilidades que são importantes para o profissional que optou pela carreira de liderança. São elas: Autoconhecimento: o líder, através do autoconhecimento, pode identificar seus traços de personalidade, conciliar os diferentes estilos de liderança e buscar formas para aperfeiçoar seu estilo. Como o líder é um referencial para a equipe, ele precisa identificar seus pontos a melhorar e buscar aperfeiçoá-los. Feedback: saber dar e receber feedbacks ajuda o líder a descobrir as causas de situações conflitivas e reconhecer o desempenho de sua equipe. Construir a convivência: compreender como interagir com as diversidades de pessoas da equipe é um diferencial para o líder. O crescimento das relações com os seus funcionários, sem se anular e sem anulá-los, compõe a habilidade interpessoal do líder. Os líderes não nascem prontos. As habilidades acima são apenas algumas das que compõem o perfil da liderança e devem ser continuamente desenvolvidas. Para Escorsin e Walger (2017, p. 87) "o desenvolvimento de líderes consiste na estruturação de programas de treinamento e desenvolvimento, os quais objetivam ampliar a aprendizagem para que possam adquirir ou aprimorar suas competências de gestão". Donadão (2006, p. 108) diz que para a condução do desenvolvimento de liderança deve-se considerar três vertentes metodológicas: 1. Aprendizagem que favoreça prioritariamente aplicações do conhecimento: projetos aplicativos, grupos focais, task forces (experiências práticas); 2. Aprendizagem por meio de exposure (exposições), como: coaching, mentoring, assessment as quais são metodologias de autodesenvolvimento; 3. Dá-se menor ênfase para os tradicionais métodos educacionais, como cursos de pós-graduação, ambiente formal como sala de aula ou e-Learning. Vamos explorar algumas dessas metodologias no Tema 4 desta aula. Para a condução dos programas, o autor enfatiza a importância da aprendizagem pela aplicação do conhecimento e aprendizagem por meio de exposições. 09 TEMA 3 – O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE EQUIPES E DE LIDERANÇAS As premissas básicas para os processos de desenvolvimento, conforme aponta Goulart (2013, p. 264), são: "a transparência e a clareza". Jamais aquilo que as pessoas apresentam (ou dizem) durante o processo de desenvolvimento podem ser usados pela empresa, pelos gestores ou por qualquer dos integrantes como forma de pressão ou uso do poder ou como represálias. Goulart (2013, p. 265) apresenta os fundamentos em que os processos de desenvolvimentos estão baseados. Estes fundamentos são: 1. Vivências que possibilitem o desenvolvimento de autoavalições e aprofundamento da autopercepção; 2. Experiências que possibilitem o desenvolvimento da avaliação do outro e da oferta de feedback construtivo, capaz de criar confiança entre os participantes, que as questões possam ser tratadas com extrema clareza, sem armadilhas; 3. Valorização da interdependência,do trabalho cooperativo, da sinergia e da polivalência, em contraposição ao estrelismo, ao isolamento, ao "melhor que os outros", ao especialista; 4. Questionamento das verdades absolutas, das certezas, do caminho único, do imitável, que passam a ser substituídos pelo questionamento constante. Para que o desenvolvimento de equipes e de liderança ocorra de forma a atingir os objetivos requeridos pela organização, é importante que seja conduzido um adequado diagnóstico das necessidades tanto da equipe como dos líderes. Com vimos na aula 3, os grupos passam por estágios de desenvolvimento, têm uma estrutura e uma dinâmica de funcionamento. Tudo isto precisa ser observado antes da condução de tais programas. Escorsin e Walger (2017, p. 94) apontam que para que os programas de desenvolvimento aconteçam de forma coerente, é preciso o apoio da alta direção, o compromisso da equipe e dos líderes que vão participar do programa e o comprometimento da área de gestão de pessoas (área que conduzirá os programas). O compromisso dos funcionários que vão participar do programa é fator crítico de sucesso para qualquer projeto de desenvolvimento. Por ser uma ação educacional, conforme apontam Escorsin e Walger (2017, p. 93), as pessoas adquirem novos conhecimentos, transformam suas ações e modificam suas atitudes em relação a si próprias, aos outros e ao ambiente, por isso se torna fundamental que pessoa queiram vivenciar esse processo. 010 Escorsin e Walger (2017, p. 93), citando Chiavenato (2010), comentam que "todo programa de desenvolvimento é um processo cíclico e contínuo, composto por quatro etapas". Estas etapas são: diagnóstico, desenho, implementação e avaliação. Passaremos a analisar cada uma destas etapas, conforme apresentam as autoras a seguir: 1. Diagnóstico: refere-se à identificação das demandas de desenvolvimento. Nem sempre essas demandas estão visíveis, pois isso é preciso que o profissional de gestão de pessoas seja capaz de articular diversas informações extraídas da direção da empresa, dos próprios líderes e do planejamento estratégico organizacional. O objetivo deve ser identificar as lacunas existentes entre o desempenho atual dos líderes ou da equipe e o desempenho esperado, além de prepará-los para que ampliem as suas potencialidades. 2. Desenho do programa: refere-se à elaboração de um projeto para atender às demandas diagnosticadas. Nesta etapa, os objetivos do programa e as ações de desenvolvimento são definidos. Elaborar um programa significa definir seis itens para que os objetivos definidos sejam atingidos. De acordo com Chiavenato (2010, p. 376), esses itens são: Quem deve participar do programa; Como o programa será conduzido; Em que desenvolver; Por quem será conduzido; Onde será realizado; Quando será realizado; Para que desenvolver. 3. Implementação: refere-se à execução e à condução do programa do desenvolvimento. Nesse sentido, existe uma gama variada e sofisticada de técnicas para transmitir informações, desenvolver habilidades e possibilitar a transformação de comportamentos. 4. Avaliação: esta é a etapa final, na qual são verificados os resultados obtidos com o programa de desenvolvimento, observando se o programa atendeu aos objetivos propostos e às demandas dos líderes, da equipe e da organização. Como o programa demanda investimentos e busca a melhoria do desempenho, é preciso identificar com clareza se ele atendeu às necessidades levantadas no diagnóstico. 011 Fonte: Escorsin e Walger (2017, p. 93), citando Chiavenato (2010) Ao final de cada programa de desenvolvimento, ao realizar a avaliação, novas demandas podem ser identificadas, levando à formulação de novos diagnósticos. Dessa forma, a aprendizagem segue seu fluxo contínuo de necessidade de inovações. TEMA 4 – MÉTODOS PARA CONDUZIR O DESENVOLVIMENTO DE EQUIPES E DE LIDERANÇAS Após a condução do diagnóstico das necessidades de desenvolvimento de uma equipe ou dos líderes, é hora de fazer o desenho do programa. Um dos aspectos principais é identificar qual a metodologia mais adequada para atender à demanda. Para Escorsin e Walger (2017, p. 110), a forma de conduzir o programa de desenvolvimento deve ser adequada à cultura da organização. Pode-se utilizar métodos combinados entre si. O importante é que esse método esteja alinhado ao conteúdo e ao nível dos participantes do programa. Como estamos trabalhando com o desenvolvimento não vamos abordar os métodos de aprendizagens formais, voltados ao treinamento conforme vimos no Tema 1, ou seja, o treinamento tem "foco no presente e nas necessidades do cargo" (Knapik, 2012). Esse tipo de treinamento formal, dentro dos programas de desenvolvimento, está constituído por: participação em cursos, workshops e seminários, tanto internos como externos. Os processos de desenvolvimento visam promover mudanças nas equipes (em uma área ou entre os líderes). O método utilizado deve possibilitar a transformação das pessoas, para que a mudança da equipe se processe. Como, normalmente, as mudanças são de comportamentos, torna-se necessário que os participantes reconheçam a situação atual da equipe. Para tanto, é preciso que analisem e identifiquem claramente as suas forças positivas impulsionadoras e também as forças negativas ou restritivas. Essas forças restritivas são as que contribuem para a acomodação, para o cultivo de hábitos, dificuldade de aprendizagem e falta de iniciativa. As forças restritivas precisam ser conhecidas pelos integrantes e trabalhadas em conjunto com as forças impulsionadoras, para que a equipe tenha a oportunidade de identificar as mudanças necessárias e estabelecer um plano de ação para que tais mudanças ocorram na prática. 012 Os métodos utilizados, segundo Escorsin e Walger (2017, p. 111-116), são: Aprendizagem em ação: nesse método, os participantes são desafiados a solucionar problemas e desafios das mais diversas áreas corporativas. O segredo de sucesso na utilização desse método é assegurar que a tarefa a ser desenvolvida seja significativa. Exercícios de simulação: podem ser utilizados estudos de casos, jogos empresariais, simulação de papéis, dinâmicas de grupo, entre outros, neste método. Estudo de caso: é um recurso no qual os participantes se defrontam com um problema ou questão da empresa que precisam analisar e resolver. Essa técnica permite diagnosticar um problema real e apresentar alternativas de soluções, desenvolvendo habilidades de análise, comunicação e decisão (Chiavenato, 2010, p. 412). Jogos empresariais1: a equipe toma decisões a respeito de situações reais ou simuladas sobre a empresa, contendo os temas dos quais os participantes precisam para se desenvolver (Chiavenato, 2010). Dinâmicas de grupo: são técnicas que envolvem o contexto grupal, nas quais são praticados exercícios ativos que objetivam definir uma problemática, analisar particularidades e buscar melhora funcional de resultados (Medeiros, 1994). Treinamento outdoor: esse método é utilizado para aprimorar os conhecimentos, as atitudes e os comportamentos requeridos pela organização e que os participantes precisam desenvolver para melhor desempenhar suas atribuições (Chiavenato, 2010). Chama-se outdoor porque os conteúdos são trabalhados de forma vivencial, fora do cotidiano da empresa; muitas vezes, o programa é composto por atividades junto à natureza. Coaching: é um método de desenvolvimento do perfil de liderança, de equipe e profissional, o qual oportuniza aos participantes refletir sobre questões relacionadas a quem são como pessoa, como gestor e como profissionais, quais são as suas competências, seus objetivos e como estabelecem suas metas para atingir objetivos estabelecidos. Para Lotz e Gramms (2014, p. 17) “o coaching é um processo que estimula reflexões1 Utilizam-se termos em inglês para se referir aos jogos empresariais, como: management games (jogo de gerenciamento) ou business games (jogo de negócios). 013 para potencializar o desempenho e o aprendizado de um indivíduo, promovendo o desenvolvimento pessoal e profissional”. Mentoring: é um método que visa à orientação profissional, no qual um profissional com grande experiência, sustentada por técnicas e práticas consistentes, auxilia outro profissional ou equipe com menor experiência. Essa orientação envolve aspectos gerais e específicos da profissão, além de aspectos da organização e do mercado, e tem como objetivo o desenvolvimento do profissional que está recebendo esse auxílio. Nesse método, líderes com maior preparo profissional transmitem seus conhecimentos para os líderes e equipes que precisam inovar suas formas de atuação (Oliveira, 2012). Vimos alguns dos métodos e no próximo tema vamos conhecer os conteúdos que podem ser trabalhados. Você gostou de conhecer esses métodos? Então aguarde, pois tem mais: nas próximas aulas, vamos detalhar a forma de condução das vivências, das dinâmicas de grupos e dos jogos empresarias. TEMA 5 – CONTEÚDOS QUE COMPÕEM O DESENVOLVIMENTO DE EQUIPES E DE LIDERANÇAS Ao elaborar o desenho do programa, além de definir os métodos, é preciso identificar com clareza quais conteúdos serão abordados. Os programas de desenvolvimento (tanto de equipes como de líderes) costumam seguir uma estrutura básica. Goulart (2013, p. 266) aponta que o foco de atenção "deve ser a definição de novos rumos que a equipe deve tomar e isto só ocorre a partir da análise detalhada da situação atual, de avaliação das condições materiais e da força de trabalho da equipe e do consenso entre os participantes". 5.1 O desenvolvimento de lideranças e seus conteúdos Para que os novos rumos possam ser visualizados e ocorram as transformações esperadas por esse tipo de programa, existem inúmeros conteúdos que podem ser trabalhados. Escorsin e Walger (2017, p. 89) trazem alguns exemplos de conteúdos para o desenvolvimento de líderes. Veja-os a seguir: 014 Planejamento estratégico: o líder deve saber como elaborá-lo e quais ferramentas são utilizadas a fim de contribuir com a organização e estruturar sua área de forma estratégica e alinhada à empresa. Aspectos financeiros e orçamentários: o líder precisa saber como gerir sua unidade de negócio de forma a alcançar os objetivos financeiros da organização, mantendo o orçamento direcionado para aquilo que é foco do negócio. Gestão de pessoas: o líder deve ser desenvolvido para gerir sua equipe e para utilizar os processos de recursos humanos definidos pela organização; como diz Boog (1994), “todo gerente é também um gerente RH”. Sendo assim, embora seja a área de Recursos Humanos que implante os processos para a gestão das pessoas, é o líder que os utiliza na condução diária de suas equipes. Conhecimento de si mesmo: refere-se a conteúdos que propiciem o autoconhecimento e autodesenvolvimento. Relacionamento interpessoal: refere-se a conteúdos como: comunicação, trabalho em equipe, gestão de conflitos, entre outros. Esses temas propiciam a aceitação e o respeito às diferenças e às ideias das pessoas; a compreensão sobre os estilos de personalidade; o entendimento sobre as formas de comunicação verbal e não verbal e a escuta; o entendimento sobre assertividade; a compreensão sobre como dar e receber feedback; o entendimento sobre as diferentes formas de percepção; o entendimento sobre como gerenciar conflitos na equipe, com os clientes e com os demais líderes da organização de forma a conduzir relações de trabalhos saudáveis, possibilitando administrar o estresse proveniente das diferenças individuais. Liderança: o líder precisa conhecer sobre sua carreira. Ao assumir um cargo de gestão, deixa de ser apenas técnico e passa também a desempenhar outros papéis e a ter outras responsabilidades. A organização precisa ter claro o perfil do líder aderente às suas estratégias, para então desenvolver sua equipe de liderança nos aspectos que compõem esse perfil, o que tende a ser um importante tema nos programas de desenvolvimento, em que alguns aspectos costumam abordados: influência do líder no clima da equipe; influência do estilo de liderança na maturidade da equipe; delegação de atribuições; o líder como um 015 desenvolvedor do capital humano; liderança e alinhamento das estratégias organizacionais; gestão do tempo. Fonte: Escorsin e Walger, 2017, p. 89 - 91 5.2 O desenvolvimento de equipes e seus conteúdos Para o desenvolvimento das equipes, Escorsin e Walger (2017, p. 154, 157- 158) apontam que são conduzidos alguns conteúdos que possibilitam que: As pessoas adquiram uma ampla visão dos objetivos que a equipe precisa atingir, criando uma identidade de equipe; Cada integrante compreenda seu papel, sua forma de se relacionar, de se comunicar, seu jeito de lidar com os conflitos existentes e a maneira como cada um pode contribuir para eficácia da área e da organização; Os colaboradores possam compreender suas características de personalidade e o estilo como cada um funciona; Cada pessoa aprimore a capacidade de observar e analisar o seu próprio funcionamento e o dos demais componentes; Os integrantes ampliem a percepção de si mesmos e dos outros; A equipe potencialize suas competências, tornando-se capaz de ampliar sua performance e, com isso, aprimorar a qualidade de seus resultados; Cada pessoa se posicione da maneira mais adequada para que a equipe possa atingir seus resultados; A equipe conheça mais sobre a empresa, sua filosofia, missão, visão, valores, estrutura organizacional, sistemas organizacionais e as suas políticas. Assim, terminamos mais uma de nossas aulas. Na quinta e na sexta aulas vamos nos debruçar sobre os métodos vivenciais para desenvolver equipes. Até o nosso próximo encontro! FINALIZANDO O atual ambiente corporativo requer equipes de trabalhos integradas e comprometidas com os resultados e com os objetivos da organização. Nesta aula, tivemos a oportunidade de compreender o desenvolvimento de equipes e vimos que "não se trata de uma metodologia para a qual as pessoas são treinadas; 016 implantar equipes implica em desenvolver em todos os elementos uma atitude de comprometimento com o trabalho", conforme Goulart (2013, p. 267). Vocês puderam perceber que se trata de um processo complexo; por isso, sem o comprometimento da direção da empresa e de todos os envolvidos quase nada se pode fazer, pois o desenvolvimento gera mudanças. Transformações só ocorrem com a percepção de todos sobre qual a parte que cabe a cada um no processo de mudança. Portanto, cada funcionário é responsável pelo seu próprio desenvolvimento e pelo desenvolvimento da equipe. 017 REFERÊNCIAS CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. DONADÃO, Dorival. Desenvolvimento gerencial. In: BOOG, Gustavo; BOOG, Madalena (Coord.). Manual de treinamento e desenvolvimento: processos e operações. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. ESCORSIN, Ana Paula; WALGER, Carolina. Liderança e desenvolvimento de equipes. Curitiba: InterSaberes, 2017. GOULART, Iris Barbosa. Desenvolvimento de equipes de trabalho. In: GOULART, Iris Barbosa (Org.). Psicologia organizacional: teoria, pesquisa e temas correlatos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2013. KNAPIK, Janete. Gestão de pessoas e talentos. Curitiba: InterSaberes, 2012. LOTZ, Erika Gisele; GRAMMS, Lorena Carmen. Gestão de talento. Curitiba: InterSaberes, 2012. MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento interpessoal: treinamento em grupo. 14a ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2004. PRATES, Alexandre. Engajar as pessoas - o verdadeiro propósito de um líder. Coach Alexandre Prates,6 fev. 2013. Disponível em: <http://coachalexandreprates.blogspot.com.br/2013/02/engajar-as-pessoas-o- verdadeiro.html>. Acesso em: 13 out. 2017. PÉRSICO, Neide; BAGATINI, Sonia B. Comportamento humano nas organizações. Curitiba: InterSaberes, 2013.
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