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NOME: Fernando Augusto Lima Do Espirito Santo. RA: 21108974. SEMESTRE: 6º. 
 
 
CURSO: Relações Internacionais. PROFESSORA: Elcineia Castro. 
 
 
INSTITUIÇÃO: Universidade Anhembi Morumbi. 
 
 
 
 
 
ENUNCIADO: Desenvolva uma análise crítica que contextualize a posição do Brasil no contexto da Guerra Fria em termos comparativos com outras regiões. Utilize como base para sua análise os seguintes textos: ROSS, Cesar. India, Latin America, and the Caribbean during the Cold War. Rev. Bras. Polít. Int. 56 (2): 23-44 [2013]. Disponível em: DOMÍNGUEZ, Jorge. US-Latin American Relations during the Cold War and Its Aftermath. IN: http://www.scielo.br/pdf/rbpi/v56n2/v56n2a02.pdf The United States in Latin America: the new agenda. Institute of Latin American Studies, 1999. Disponível em: http://www.people.fas.harvard.edu/~jidoming/images/jid_uslatin.PDF 
 
 
 
 
 Política externa em cenário de guerra fria, uma mudança no sistema internacional que ajudou a mitigar os efeitos da Guerra Fria foi o aprofundamento da descolonização afro-asiática. O nascimento de dezenas de novos estados independentes na Ásia e na África levou ao surgimento de uma nova categoria de nações. Daí a expressão “Terceiro Mundo”, que passou a designar este grupo especial de “países em desenvolvimento”, cuja esmagadora maioria eram ex-colônias e que, devido à sua evolução histórica e ao nível de desenvolvimento econômico, social e político específico, estão distantes dos países capitalistas desenvolvidos - “os primeiros do mundo” e dos países socialistas, o “segundo mundo”. É importante destacar que a América Latina, incluindo, claro, o Brasil, também fazia parte desse terceiro mundo, cada vez mais ouvido no campo das relações internacionais. 
Mesmo assim, os primeiros anos de atuação do governo não significaram mudanças significativas na política externa. A corrente principal da diplomacia brasileira, herdada em maior ou menor grau de governos anteriores, continuou a abraçar totalmente os pressupostos da Guerra Fria. Como o país se definia como parte integrante do mundo ocidental e capitalista, a aliança política, ideológica e militar com os Estados Unidos, percebida como o “guardião do mundo livre” na luta contra o “totalitarismo” soviético, era vista como natural e natural. constituiu a principal pedra de toque da política externa brasileira. Tal indicação ficou clara no acordo do Brasil de abandonar a Ilha de Fernando de Noronha para instalar uma base de rastreamento de mísseis dos EUA, ou na decisão de enviar tropas para se juntar à Força de Paz da ONU formada para administrar a crise do Canal de Suez, ambas as medidas foram tomadas em 1956 e 1957, ou mesmo a posição tímida do Brasil diante dos desdobramentos internacionais da descolonização afro-asiática. Na verdade, foram os dramáticos acontecimentos em nível regional, ou seja, nas relações entre os Estados Unidos e a América Latina, que deram ao governo JK a oportunidade de realizar uma mudança na política externa. Embora a América Latina no xadrez estratégico durante a Guerra Fria tenha sido totalmente incluída como a "zona de influência" dos Estados Unidos, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, as relações entre a superpotência e seus aliados no hemisfério tornaram-se marcadas por divergências crescentes, especialmente na área econômica. Por um lado, os países latino-americanos, sofrendo de problemas econômicos crônicos que só se agravaram com o fim da guerra, continuaram a esperar que os Estados Unidos assumissem alguns compromissos que exigiriam recursos dedicados à solução de seus problemas e à aceleração do desenvolvimento econômico. Por outro lado, Washington insistiu que o desenvolvimento econômico da América Latina é um problema interno do continente, que deve ser enfrentado através da adoção de políticas econômicas "responsáveis" e da criação de um ambiente propício para o setor privado, nacional e investimento estrangeiro. Portanto, os recursos do governo dos Estados Unidos continuarão a se concentrar nas regiões do mundo que são consideradas prioritárias na competição global durante a Guerra Fria, primeiro na Europa e depois na Ásia. Essa divergência atingiu um ponto crítico em 1958, quando o vice-presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, fez uma série de visitas à América Latina, que ele procurou retratar como uma "missão de boa vontade", mas que acabou mudando a situação. em um verdadeiro fiasco - no Peru e especialmente na Venezuela, ele teve que enfrentar manifestações populares antiamericanas muito fortes. Aproveitando a situação favorável, em maio do mesmo ano, J.K. enviou uma carta ao presidente dos Estados Unidos, Dwight D. Eisenhower, na qual lamentava o grau de deterioração das relações entre o hemisfério e propunha reconsiderar o pan-americanismo como solução. Assim nasceu a Operação Pan-Americana (OPA), principal iniciativa diplomática do governo Kubitschek a partir da proposta dos Estados Unidos de se comprometerem politicamente com a erradicação do atraso na América Latina, incluindo a alocação de investimentos públicos. Esse compromisso seria do próprio interesse da América, visto que o atraso contribuiu para a instabilidade política no continente, abrindo inclusive a possibilidade de que ideologias “exógenas” ganhassem influência dos baixos padrões de vida da população hispânica. 
Apesar da frieza inicial do governo americano, a OPA acabou se expandindo como parte do Comitê da Organização dos Estados Americanos (OEA) dos 21 da República Americana - o chamado "Comitê dos 21", que tinha a tarefa de examinar os principais gargalos nas economias latino-americanas e desenvolver novas medidas para a interamericana cooperação Econômica. O comitê se reuniu três vezes: em Washington, de novembro a dezembro de 1958; em Buenos Aires em maio de 1959; e em Bogotá, em setembro de 1960. Apesar de uma série de estudos técnicos e da criação em 1960 do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que já havia recebido luz verde dos Estados Unidos antes mesmo do lançamento da OPA, só durante a reunião de Bogotá esse trabalho deu resultados mais significativos, novamente graças às mudanças em uma situação regional. Desde 1959, o início da Revolução Cubana contribuiu enormemente para a reintegração da América Latina no horizonte estratégico de Washington. Por um lado, uma série de medidas econômicas e sociais do novo governo cubano (reforma agrária, expropriação e nacionalização de empresas estadunidenses) e sua crescente proximidade com a URSS levaram a uma rápida deterioração das relações entre Cuba e os Estados Unidos. Por outro lado, a própria eclosão da revolução cubana forçou Washington a reconsiderar radicalmente sua política de "leve desprezo" em relação à América Latina, e essa revisão será totalmente implementada após a ascensão de John F. Kennedy em 1961 como presidente. De fato, a Revolução cubana e sua orientação progressista ao modelo do socialismo soviético mostraram que as teses da OPA sobre o subdesenvolvimento como fator de instabilidade política na América Latina eram bastante adequadas. Uma mudança na direção da diplomacia americana já era sentida em fevereiro de 1960, quando o presidente Eisenhower visitou o Brasil e buscou um diálogo, inclusive sobre a cisão entre o Brasil e o FMI. E ficaram ainda mais evidentes durante o encontro de Bogotá, onde as propostas do Brasil encontraram plena ressonância com a delegação americana, que acabou elaborando um extenso documento, o Protocolo de Bogotá, recomendando medidas detalhadas e concretas para o desenvolvimento econômico e social. Embora tenha apresentado poucos resultados concretos, a OPA representa um momento importante da política externa brasileira. Pela primeira vez, as relações internacionais do país, e principalmente as relações com os Estados Unidos, foram consideradas em nível multilateral, Comitê 21 que buscou expressar as aspirações coletivas dos países latino-americanos a partir do tema comum do atraso. Além disso, representou também a busca de uma política externamais autônoma em relação às diretrizes emanadas de Washington. Os três temas - multilateralismo, desenvolvimento e autonomia - apontam para uma ampliação de horizontes, que então será retomada pela diplomacia brasileira. Ou seja, a disputa pela hegemonia mundial entre os Estados Unidos e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Foi uma intensa guerra ideológica, econômica, diplomática e tecnológica pela conquista de zonas de influência, o que levou à divisão do mundo em dois blocos com sistemas econômicos, políticos e ideológicos distintos: o chamado bloco capitalista liderado pelos EUA e o bloco comunista liderado pela URSS. Essa disputa afetou diretamente a política de vários países, inclusive o Brasil. O Brasil fazia parte do bloco capitalista, mas desde 1961, o presidente João Goulart (Django) desenvolve uma política externa independente do apoio das superpotências da Guerra Fria. Django fortaleceu sindicatos, movimentos estudantis, camponeses e populares. Além desses fatos, o então presidente contribuiu para a aproximação política entre Brasil e União Soviética, o que gerou atritos com as lideranças políticas, econômicas e militares do Brasil.