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FULLER, Lon L. O caso dos exploradores de cavernas. Campinas: Russel Editores, 2013. 36 p. Resenhado por: Fernanda Santos Moreira Lon Fuller nasceu no estado norte-americano do Texas em 1902. Estudou Economia e Direito na Universidade de Stanford, no estado da Califórnia. Lon Fuller trabalhou na Faculdade de Direito da Universidade de Harvard, na qual foi docente entre 1940 e 1972. Sua mais aprofundada obra, datada de 1964, foi o livro The morality of law, na qual se posiciona favoravelmente a uma forma moderada de jus naturalismo procedimental, embora sua fama mundial se dê mais por conta do texto O caso dos exploradores de cavernas, o qual foi originalmente publicado na Harvard Law Review em 1949. A investigação teórica e filosófica do Direito foi, em resumo, a seara na qual Lon Fuller esteve envolvido até seu falecimento, no ano de 1978, e a partir da qual legou aos estudiosos algumas valiosas contribuições. O caso dos exploradores de cavernas trata-se de um caso fictício que ocorre no início do mês de maio de 4299, iniciando quando um grupo de 5 homens amadores da exploração de cavernas entraram em uma caverna e já distante da entrada perceberam um deslizamento que provocou o bloqueamento da entrada. Como os exploradores deixaram informações para onde iriam e então uma equipe de salvamento foi enviada para o local, operários e maquinas foram destinados, e então durante a primeira tentativa de resgate dez trabalhadores morreram. Os exploradores não tinham mantimentos necessários para tantos dias, no vigésimo dia em que mantiveram presos eles fizeram contato com os médicos do acampamento provisório para dar suporte necessário sobre a possibilidade de sobreviverem sem alimento durante mais dez dias, e as chances eram mínimas. Whetmore um dos exploradores voltou a perguntar se era possível sobreviver por mais dez dias se alimentando da carne humana, e o médico veio a afirmar. Então Whetmore propôs que tentassem na sorte qual deles seria sacrificado, tentou ouvir a opinião de algumas pessoas, mas ninguém queria decidir. Depois disso não haviam recebido mais informações de dentro da caverna. E então os exploradores foram libertados, e no vigésimo terceiro dia após a entrada deles, o Whetmore foi assassinado e servido de alimento. Os outros quatro exploradores foram interrogados e iriam ser julgados pelo caso. Durante a fala dos juízes, os votos ficaram empatados, pois um juiz se absteve de votar. E por fim a decisão condenatória foi encaminhada ao Tribunal de primeira instância. O livro é de extrema importância a leitura para iniciantes do curso de direito, pois abrange fatos jurídicos de fácil compreensão. Mesmo o caso sendo fictício o autor tratou de uma forma que nos aproxima da história e causa prazer em ler. A situação imposta nos fornece bastante conhecimento. “Whetmore quis saber então se havia um juiz ou outra autoridade governamental que se dispusesse a responder ao questionamento. ” (FULLER, 2013, p. 9). O caso dos exploradores de caverna também aborda as normas e regras, apresenta o debate do direito positivo e direito natural, imposto pelos juízes: Truepenny, Foster, Tatting, Handy e Keen. Onde um deles se absteve do voto, trazendo a expressão non liquet, que estudamos em introdução ao estudo do direito. O livro apresenta a dificuldade de julgar um caso, ainda mais este, que trabalhou o psicológico dos outros exploradores, sendo que um dos juízes também se envolveu na onda de sentimentos, sendo o principal motivo para abster seu voto. O autor mostra diferentes interpretações, onde todas elas devem ser analisadas para julgar os casos. Segundo Fuller (2013, p. 16): No cumprimento de meus deveres como juiz deste Tribunal, tenho sido normalmente capaz de dissociar os aspectos emocionais e intelectuais de minhas reações e decidir o caso analisado inteiramente baseado no último. Em exame deste trágico caso, sinto que me faltam os usuais recursos. No aspecto emocional, sinto-me dividido entre a simpatia por estes homens e um sentimento de aversão e revolta com relação ao monstruoso ato que cometeram. Eu tinha a esperança que colocaria estas emoções contraditórias de um lado como irrelevantes e, por outro lado, para decidir o caso com base no convencimento lógico e em uma demonstração convincente do resultado reclamado por nossa legislação. Infelizmente não me permiti esta liberdade.
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