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EBDSUBSÍDIO VIEWS ESCOLA BÍBLICA VISUAL Colaboração: Irmão Wilson Levy INTRODUÇÃO Cá entre a gente: Acho que você já per- cebeu que o Livro de Jó não fica dando ibope pro diabo, gastando tempo com ele. Por isso, a partir do capítulo 3 não o vemos mais. Porém, uma coisa às vezes passa batido: a influência maligna que age nas opiniões teológicas dos amigos de Jó. Sim! Essa in- fluência a gente ver registrada até quase o final do livro. - Mas... como essa influência aconteceu? - Vou te contar agora. A EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL DE ELIFAZ Vou pedir que você preste bem aten- ção no que está escrito em Jó 4.12-21. Pegue sua bíblia e leia. Estes versículos mostram que Elifaz teve uma experiência espiritual. Um es- pírito o induziu a acreditar que Jó era culpado mesmo (Jó 4.17). E Elifaz, todo empolgado, logo quis acreditar que era revelação de Deus. E, quando foi conso- lar a Jó, falou influenciado por essa ex- periência (Jó 15.14-16). Elifaz, sim, é o verdadeiro amigo da onça! PÁGINA 01 Ilu st ra çã o de W ils on L ev y A TEOLOGIA DE ELIFAZ Sua teologia dizia basicamente que só os pecadores sofrem (Jó 15.20-29). Sa- bemos, porém, que a bíblia não apoia esse entendimento (leia o Salmo 73). Pelo fato de Jó estar sofrendo tribula- ções, pôde perceber com mais facilida- de que a teologia de Elifaz era só papo furado e não funcionava (Jó 21.7-13). Tudo indica que essa teologia errada, defendida por Elifaz, já existia antes (Jó 15.17,18), mas temos que admitir que a experiência espiritual que ele teve serviu para confirmar este ensino como verda- deiro e tirar qualquer desconfiança que ainda existisse sobre esta teologia. O pior é que os outros amigos de Jó embarcaram nessa, e todos falaram im- pulsionados por essa confirmação errada. ELIÚ TAMBÉM RECEBE ESSA INFLUÊNCIA Eliú também caiu nessa. Ele acreditava que aquela experiência de Elifaz era o próprio Deus revelando-se (compare Jó 33.14-17 com Jó 4.12-17). TERMINA-SE O LIVRO DE JÓ No final das contas, tudo se resolve e o Livro de Jó termina com um final feliz. Porém, isso não significa que o ensino daquele espírito maligno se encerrou por ali. AQUELE ERRO TEOLÓGICO PERSISTE ATÉ HOJE O diabo preparou uma versão dois ponto zero para os nossos dias. E não é difícil encontrar alguém pregando esses ensinos hoje! O nome dessa doutrina reciclada é “teologia da prosperidade”, também conhecida como “confissão po- sitiva” ou ainda “palavra da fé”. RESUMO DESSA HERESIA Essa doutrina diabólica ensina que “qualquer sofrimento do cristão é falta de fé. Assim, a marca do cristão cheio de fé e bem-sucedido é a plena saúde física, emocional e espiritual, além da prosperidade material. Pobreza e doen- ça são resultados visíveis do fracasso do cristão que vive em pecado ou que pos- sui fé insuficiente” (ROMEIRO, 1993, p.5). Viram a semelhança com a teologia de Elifaz e da de seus companheiros? KENNETH HAGIN Mas as semelhanças não param por aí: tem um líder evangélico de nome engraçado chamado Kenneth Hagin (1917-2003) que foi o responsável por espalhar essa nova doutrina por quase todo o mundo. E é claro, assim como aconteceu com Elifaz, Hagin também teve várias expe- riências espirituais para ajudar a confir- mar essa teologia errada. BILDADE É INFLUENCIADO PELAS EX- PERIÊNCIAS ESPIRITUAIS DE ELIFAZ Bildade argumenta igualzinho como o espírito ensinou na visão de Elifaz (compare Jó 25.4-6 com Jó 4.17-19). É claro que Jó percebeu isso nas palavras de Bildade e logo desconfiou que aqueles argumentos fossem influenciados por um espírito malígno (Jó 26.4, confira na NVI). ZOFAR TAMBÉM É INFLUENCIADO Zofar também foi outro que gostou desse ensino e passou a falar conforme o que aprendeu com a história desse espí- rito (compare Jó 20.4-7 com Jó 4.20,21). PÁGINA 02 “ ” O nome dessa doutrina re- ciclada é “teologia da pros- peridade”, também conheci- da como “confissão positiva” EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL DE HAGIN Uma das mais conhecidas é essa: Na década de 50, Kenneth Hagin teve uma experiência espiritual onde o próprio Jesus lhe aparecia e lhe ensinava coisas sobre o diabo, sobre os demônios e so- bre possessão diabólica. Mas, durante essa aula recebida direto de Jesus, apa- rece um demoniozinho igual um maca- quinho fazendo arruaça e bastante ba- rulho. Por causa disso, Hagin quase não consegue entender as palavras que Je- sus falava. Depois de esperar um pouco, e vendo que Jesus não tomava nenhu- ma atitude, o próprio Hagin decide re- preender o demônio. - A experiência acaba aqui? - Não, amado leitor! O pior ainda está por vir. Espera só pra você ver como essa história termina. Nesta visão, Jesus fala que não se- ria capaz de expulsar o demônio. Entre eles dois, apenas Hagin poderia ter feito aquilo. (Idem, pp.13,14). O JESUS DE HAGIN É O MESMO DA BÍBLIA? Está claro que o Jesus desta visão de Kenneth Hagin não é o Jesus Todo-po- deroso da bíblia (Mt 28.18). O objetivo maligno dessa visão é supervalorizar a palavra humana e minimizar a autori- dade e a soberania de Deus. OS DESDOBRAMENTOS DESTES DES- VIOS DOUTRINÁRIOS Com isso, Hagin se sentia à vontade para ensinar que somos deuses, e dizia que nossas palavras possuem uma es- pécie de poder (poder mágico). Basta decretarmos e as coisas acontecerão pelo poder de nossas palavras. TEOLOGIA BASEADA EM VERSÍCULOS ISOLADOS E MAL INTERPRETADOS Ele baseia um pouco de seu ensino diabólico numa interpretação totalmen- te errada de Salmos 82.6 e João 10.34 onde encontramos a famosa expressão “sois deuses”. Uma coisa eu digo: mesmo que esses versículos estivessem dizen- do que nós, comedores de feijão, somos deuses, ainda assim a teologia de Hagin estava errada pois em Êxodo 7.1,2, quan- do Deus põe Moisés como Deus (repre- sentante de Deus), a ordem divina foi: “Tu falarás tudo o que eu te mandar”. Ou seja, Moisés estava nas rédeas de Deus e tinha que falar só o que Deus mandasse. Porém, Hagin ensina que é a nossa vontade o que importa. Sendo assim, podemos sair à torta e à direita decre- tando e determinando que coisas acon- teçam. Coisas que nós desejamos, que nós projetamos, que nós cobiçamos. Nessa teologia diabólica a soberania e a vontade de Deus são deixadas de lado. O homem decreta o que quiser, afinal de contas: é um deus. Parece a mentira que Satanás contou para Eva (Gn 3.5). AFINAL DE CONTAS, QUAL É O VER- DADEIRO PODER DAS PALAVRAS? O único poder que nossas palavras pos- suem é o de comunicar. Por exemplo: elogios, conselhos, informações, murmu- rações, xingamentos, maledicências, lou- vores, palavras agradáveis, tudo isso tem poder de causar reações diversas naque- les que nos ouvem, inclusive em Deus. É por isso que em Provérbios 18.21 diz: “A morte e a vida estão no poder da língua...”. Experimente então xingar um homem va- lente que está passando por crises de rai- va pra você ver no que vai dar (Pv 15.1). PÁGINA 03 O livro de Provérbios nos ensina muita coisa sobre o poder comunicativo das palavras (Pv 10.11, 13, 14, 18, 20, 21, 31, 32; 11.9, 12; 12.6, 13, 14, 17-19, 22, 25; 13.2, 3; 14.3, 5, 23, 25; 15.4, 7, 14, 22, 23, 26, 28; 16.10, 13, 20, 21, 23, 24, 27, 28; 17.4, 7 etc.). Jesus ensinou que as palavras têm o poder de comunicar até o que está es- condido no coração do homem (Mt 12.34; Lc 6.45). Jó usou o poder comunicativo das palavras para adorar ao Senhor em meio às aflições (Jó 1.20,21; 2.10). CONCLUSÃO Se Kenneth Hagin fosse um dos amigos de Jó, teria sido o primeiro a reprová-lo por não ter usado os poderes mágicos das palavras para decretar o fim da tribulação. Mesmo assim, os ensinos de Hagin têm feito que o drama de Jó se repita na vida de muitos irmãos inocentes na atualidade; irmãos que estão passando por alguma provação. Se al- guém adoecer, logo chegam os supercrentes procurando as falhas do irmão, e o pressionam a usar a fé para sair imediatamente daquela situação, sem considerar que aquilo possa ser uma provação planejada porDeus. O engraçado é que os defensores dessa falsa doutrina ainda continuam achando que Jó era culpado. Quando são questionados sobre o so- frimento do justo Jó, o acusam dizendo que ele só passou por aquilo porque era um homem medroso. Pasmem! Para sustentar essa acusa- ção, apresentam o versículo 25 do capítulo 3 do Livro de Jó. É! O diabo nunca se cansa de acusar os ho- mens e as mulheres de Deus (Ap 12.10), e a re- ciclada teologia de Elifaz é uma de suas ferra- mentas preferidas. Peço que você, amado leitor, continue oran- do para que essas heresias venham cair por ter- ra, e parece que já começou. No ano passado, um dos maiores pregadores dessa teologia da prosperidade, o famoso Benny Hinn, renun- ciou esses ensinos malignos e admitiu que pre- gou uma farsa. Disse ainda que o Espírito Santo está farto disso. É verdade, o Espírito Santo já não suporta mais tanta heresia. Atualmente tem crescido muito a falsa doutrina da maldição hereditária. Mas se nós orarmos e combatermos essas coi- sas, tenho a esperança de que o final feliz do Livro de Jó se repetirá em nossos dias. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ROMEIRO, Paulo. Supercrentes. São Paulo: Edi- tora Mundo Cristão, 1993. PÁGINA 04 Ilustração de Wilson Levy
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