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ANDRAGOGIA
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Roberta Rotta Messias de Andrade 
Londrina 
Editora e Distribuidora Educacional S.A. 
2019
Andragogia
1ª edição
33 3
Autoria: Prof. Roberta Rotta Messias de Andrade.
Revisão: Prof. Giani Vendramel de Oliveira.
Como citar este documento: ANDRADE, Roberta R. M. Andragogia. Valinhos: 2019.
© 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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44 
ANDRAGOGIA
SUMÁRIO
Apresentação da disciplina 5
Modelo andragógico 6
Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia 20
Educação do jovem e do adulto 36
Adultos em processo de formação continuada 49
Estilos de aprendizagem 63
Aprendizagem do adulto 77
A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas implicações 88
Aprendizagem autodirigida 99
55 5
Apresentação da disciplina
Caro aluno,
Você já parou para pensar sobre como você aprende? Seria da mesma 
forma de quando você era criança na escola? 
Provavelmente sua resposta deve ter sido não para as duas perguntas. 
O motivo disso é que, como adultos, a forma como aprendemos as 
coisas são diferentes; as relações que fazemos durante o processo de 
aprendizagem são outras. O motivo disso é que agora, como adultos, 
temos mais experiências e conhecimentos sobre diversos assuntos, 
além de termos interesses mais bem definidos. 
Por estes motivos a aprendizagem do adulto deve ser pensada para 
adultos. Isso implica que os processos educativos em sala de aula (ou 
fora dela) sejam pensados nesta perspectiva em termos de conteúdos, 
metodologias, atividades etc.
A disciplina de Andragogia aborda como o adulto aprende e o que 
podemos fazer para tornar sua aprendizagem mais efetiva no contexto 
do ensino superior. Para isto, serão apresentados os fundamentos da 
andragogia, os princípios e as concepções de aprendizagem dos adultos 
e as práticas pedagógicas andragógicas.
A proposta da disciplina é promover a reflexão sobre a aprendizagem do 
adulto e a atuação do docente no ensino superior.
66 
Modelo andragógico 
Autora: Bianca Lopes de Oliveira 
Objetivos
• Conhecer a contextualização histórica do 
uso do termo andragogia.
• Conhecer os principais conceitos.
• Estudar os pilares do método andragógico.
77 7
1. Introdução
A forma como os adultos aprendem é diferente das crianças, as 
relações que fazemos durante o processo de aprendizagem são outras. 
O motivo disso é que agora, como adultos, temos mais experiências 
e conhecimentos sobre diversos assuntos, além de termos interesses 
mais bem definidos. 
O modelo andragógico chama atenção para seis características que 
contribuem para o desenvolvimento da aprendizagem do adulto.
PARA SABER MAIS
O termo andragogia é mais encontrado quando 
se trata de treinamento de funcionários ou de 
recursos humanos de empresas, sempre voltado ao 
desenvolvimento profissional. Também se fala em 
andragogia quando se estuda educação de jovens e 
adultos. Porém, a andragogia tem sido pouco utilizada 
na educação formal, em especial no ensino superior.
A palavra andragogia deriva dos termos gregos: andros (homem) + agein 
(conduzir) + logos (ciência), significando a ciência da educação de adultos. 
O termo foi criado justamente em oposição à Pedagogia, que trata da 
ciência da educação de crianças. 
O professor Alexander Kapp foi o primeiro a utilizar o termo em 1833 
na Alemanha para tratar de elementos da teoria da educação de Platão, 
apesar de o próprio Platão não o ter utilizado. Naquela época, o autor já 
defendia que a educação de adultos não poderia ser igual à educação de 
crianças, pelas características de cada um. 
88 
O termo caiu no esquecimento e só foi reutilizado novamente em 1921 
pelo cientista social alemão Eugen Rosenstock, quando defendeu que 
a educação de adultos precisaria de professores, métodos e filosofias 
especiais. Ele dizia que não bastava que os professores traduzissem a 
teoria da pedagogia para utilizá-la com adultos, mas que o professor 
precisaria cooperar com os alunos para ser um “andragogo” (KNOWLES; 
HOLTON; SWANSON, 2011).
Ao longo da década de 1950, diversos autores europeus utilizaram o 
termo andragogia em seus trabalhos: H. Hanselmann em 1951 na Suiça, 
T. T. Have em 1954 na Holanda, M. Ogrizovic em 1956 na Iugoslávia, 
F. Poggeler em 1957 na Alemanha, além de cursos e programas sobre 
andragogia nas décadas de 1960 e 1970 encontrados na Alemanha.
Foi no início da década de 1970, no entanto, que surgiu o “pai” da 
andragogia, o professor americano Malcolm Knowles. Ele é assim 
considerado pela sua vasta produção sobre o tema, além de ter 
desenvolvido o conceito base para a educação de adultos. Seu trabalho 
foi altamente significativo para a reorientação de educadores de adultos 
de “educar pessoas” para “ajudá-las a aprender”.
Portanto, andragogia é a ciência da educação de adultos, considerando 
suas características e interesses. Knowles desenvolveu o Método 
Andragógico, baseado em seis pilares:
1. Necessidade de saber.
2. Autoconceito do aprendiz.
3. Papel das experiências.
4. Prontidão para aprender.
5. Orientação para a aprendizagem.
6. Motivação.
99 9
O autor explica que o método andragógico precisa ser revisto em 
cada situação e não dá conta sozinho das situações de aprendizagem. 
Ele mesmo, aplicando seu método em diferentes grupos, percebeu 
duas situações: 
1. O modelo andragógico tem como principal característica a 
flexibilidade. Ele pode e deve ser adaptado para cada situação, 
seja parcialmente ou completamente adapatado, pois não é 
uma ideologia, mas um sistema de elementos.
2. O ponto de partida e as estratégias a serem utilizadas 
para aplicação do modelo devem ser analisados segundo 
a situação. Cabe ao educador perceber e avaliar a melhor 
forma de utilizar o modelo andragógico. 
As críticas a esse modelo falam principalmente que ele não abrange 
explicitamente resultados como as mudanças sociais dos alunos. 
De fato, não se pretende que a andragogia lide com objetivos e 
propósitos da aprendizagem; nem seria possível. A andragogia 
propõe-se a educar adultos independentemente de um propósito 
específico, mas sendo aberta a vários, ela pode e deve ser combinada 
com diferentes teorias de ensino e aprendizagem.
2. Necessidade de saber
A aprendizagem ocorre quando o que está sendo aprendido faz sentido 
para o educando, para isso, ele precisa entender o que será aprendido e 
qual a relevância desse aprendizado. Tough (1979 apud Knowles; Holton; 
Swanson, 2011) percebeu que adultos despendem uma boa quantidade 
de energia para investigar os benefícios de aprender determinado 
assunto e as possíveis dificuldades de não aprendê-lo quando eles 
decidem aprender alguma coisa.
Quando ele conhece a necessidade de saber algo, a tendência é que 
ele fique “mais aberto” a novos conhecimentos. 
1010 
Além disso, a conscientização do que será aprendido possibilita ao 
aluno adulto fazer relações com seu dia a dia, auxiliando num maior 
engajamento à aprendizagem.
Em termos práticos, o educador de adultos precisa lançar mão de 
estratégias para engajar seu aluno e entender a necessidade daquele 
aprendizado. Essas estratégias podem ser dinâmicas, perguntas, 
textos, figuras ou o que o educador achar relevante perante o grupo 
de aprendizes. Cabe lembrar que conhecer os alunos e sua motivação 
para a aprendizagem auxilia o professor a escolher estratégiasmais 
adequadas ao grupo.
Contextualizar o que será aprendido também é essencial, pois assim os 
alunos podem relacionar o que será aprendido com seus conhecimentos 
prévios. Essas relações são de extrema importância para que o conteúdo 
a ser aprendido faça sentido ao aluno.
3. Autoconceito do aprendiz
Uma das maiores características dos adultos é a autonomia, seja de 
ação ou de pensamento. Lutamos para conquistar essa autonomia 
desde quando nascemos e quando finalmente a alcançamos não 
estamos prontos a abrir mão dela para outra pessoa. 
Quando um professor determina o que o aluno tem que aprender 
sem que ele participe do processo de aprendizado, ele perde essa 
autonomia, ou pelo menos tem a sensação disso. Como as emoções 
são feitas de sensações (Cobra, 2008), elas importam muito no 
processo de ensino e aprendizagem.
Isso quer dizer que o aluno adulto quer ser tratado como adulto, 
com conhecimentos, experiência, necessidades e vontades. Quando 
isso não acontece, o aluno adulto pode criar uma certa barreira com 
aquele professor. 
1111 11
Como educador, cabe novamente o conhecimento de seus alunos 
e o entendimento que eles possuem muitos conhecimentos e 
muita experiência em determinadas áreas e que elas precisam ser 
levadas em conta quando se prepara uma aula para alunos adultos. 
Impor vontades só porque “eu sou professor” pode tornar a relação 
professor e aluno desequilibrada.
4. Papel das experiências
Quando se reúne em uma sala de aula, ou ambiente virtual, adultos com 
o objetivo de que eles aprendam algo, juntam-se inúmeras experiências 
profissionais e pessoais. Essas experiências podem ser consideradas a 
base na qual o novo conhecimento será repousado.
Quando um adulto está vendo um determinado conteúdo pela 
primeira vez ele relaciona, talvez até de forma inconsciente, com suas 
experiências prévias àquele momento. Quando esse novo conhecimento 
é confirmado pela experiência do aprendiz, ele é aceito como verdadeiro e, 
portanto, aprendido; quando ele não é confirmado, o aprendiz refuta esse 
novo conhecimento descartando-o. 
Isso pode ser explicado pela importância que as pessoas atribuem à 
experiência. Tardif (2002, p. 52), em seu livro sobre saberes docentes, 
explica que dentre os quatro tipos de saberes – saberes da formação, 
saberes disciplinares, saberes curriculares e saberes da experiência – 
os professores entendem o último como mais importante.
O autor explica que os saberes da experiência “residem totalmente 
nas certezas subjetivas acumuladas individualmente ao longo da 
carreira”, além de ser os saber que necessita de todos os outros para 
ser colocado em prática. Em outras palavras, para que um professor dê 
uma aula ele recorre aos quatro tipos de saberes que se confundem 
entre si para que a prática seja realizada. Talvez por isso ele seja tão 
importante para os professores.
1212 
Para engajar e envolver os alunos é essencial que os saberes da 
experiência de cada aluno seja valorizado, o que pode ser feito 
por diferentes estratégias como dinâmicas, trabalhos em grupo, 
apresentação para os outros alunos etc. O que importa é que essa 
valorização seja genuína.
5. Prontidão para aprender
A prontidão para aprender relaciona-se com o sentido que o aluno 
percebe entre o que ele precisa aprender com seu dia a dia. Isso quer 
dizer que os alunos adultos têm seu tempo para que os assuntos se 
tornem mais ou menos interessantes.
Knowles, Holton e Swanson (2011, p. 74) explicam que “os adultos 
ficam prontos para aprender as coisas que têm de saber e para 
as quais precisam se tornar capazes de realizar a fim de enfrentar 
as situações da vida real”. Para ele, a prontidão para aprender 
está ligada à passagem de um estágio de desenvolvimento para o 
próximo. O autor utiliza-se de um exemplo bastante esclarecedor: 
uma garota de 16 anos, via de regra, não vê necessidade em 
aprender sobre nutrição infantil; ela, a princípio, não estaria “pronta 
para aprender”. No entanto, se ela estivesse grávida ou tivesse 
um irmão pequeno, esse assunto possivelmente faria parte do dia 
a dia dela.
Apesar de a prontidão ser, de certa forma, um processo natural, 
não podemos ficar esperando até que um aluno esteja pronto para 
determinado conteúdo. O educador de adultos precisa encontrar 
maneiras de envolver o aluno e induzir essa prontidão; a utilização de 
exemplos, modelos, exercícios de simulação e outros podem ser de 
grande valia para o professor.
1313 13
6. Orientação para a aprendizagem
Os adultos orientam-se à aprendizagem quando o que deve ser 
aprendido tem alguma aplicação prática em sua vida. Quando ele 
não percebe essa relação, há uma tendência de o aluno adulto não 
considerar aquela uma aprendizagem válida.
Um exemplo de como isso é importante no aprendizado são os 
celulares, em especial os smartphones. Antes do advento desses 
aparelhos, aprendíamos o número de telefone de diversas pessoas 
e podíamos recorrer a eles quando quiséssemos sem problemas, 
apenas acionando nossa memória. Conforme fomos adaptando-nos 
a eles deixamos de aprender novos números de telefones, apesar de, 
muitas vezes, sabermos os números antigos. Isso acontece porque não 
precisamos mais aprender os números de telefone que nos interessem, 
pois temos eles na ponta dos dedos no momento que quisermos por 
meio da agenda do nosso celular. 
Caso você tenha menos de 28 anos possivelmente esse exemplo não 
fez sentido algum, além de representar o que se quer explicar. Esse 
“problema” de aprender números de telefones não fez parte da sua vida 
e, por isso, também não fez sentido. 
Um exemplo mais adequado à vida de vocês seria a operação de 
compartilhar fotos, vídeos, blogs, vlogs e mais inúmeras formas de 
interação virtual. Caso você ainda não saiba como fazer isso (em 
suposição mesmo), possivelmente você pedisse a alguém que lhe 
ensinasse e você aprenderia muito mais rapidamente.
Essa diferença entre as necessidades não é uma questão de idade, mas 
de dia a dia; a orientação ocorre quando se precisa aprender alguma 
coisa. Knowles, Holton e Swanson (2011, p. 74) explicam que os adultos 
“assimilam novos conhecimentos, percepções, habilidades, valores e 
atitudes de maneira mais eficaz quando são apresentados a contextos 
de aplicação a situações da vida real”.
1414 
Mais uma vez, o educador não pode ficar esperando que o aluno tenha 
a necessidade de aprender algo, o professor precisa despertar no aluno 
essa necessidade pelo aprendizado e para isso vale lançar mão de 
diferentes estratégias.
7. Motivação
A motivação é comumente entendida como um fator externo para que 
desperte no sujeito vontade de fazer ou de aprender alguma coisa. Sem 
dúvida, fatores externos como nota, melhor emprego, salário mais alto, 
entre outros, auxiliam no processo de aprendizagem. 
No entanto, são os fatores internos que mais motivam o aluno adulto a 
aprender: autoestima, status, desejo de ter maior satisfação no trabalho, 
qualidade de vida, entre outros. 
Tough (1979 apud Knowles; Holton; Swanson, 2011, p. 75) percebeu que 
os adultos ditos normais são motivados a se desenvolver e a crescer, 
porém essa motivação é normalmente bloqueada por questões de 
“autoconceito negativo como aluno, falta de acesso a oportunidades ou 
recursos, limitações de tempo e programas que violam os princípios da 
aprendizagem de adultos”.
Para o educador, estar atendo a esses fatores motivacionais podem 
auxiliar em um melhor aprendizado, além de contribuir para a 
diminuição da evasão no ensino superior.
ASSIMILE
O modelo andragógico de Knowles (2011) pode ser 
uma ajuda ao professor quando em sua ação, mas 
ele não resolve tudo. O próprio autor explica que 
1515 15
é preciso que o professor tenha flexibilidade para 
ser adaptado a cada situação a partir da análise 
do docente; cabe ao professor perceber e avaliar a 
melhor forma de utilizar o modelo andragógico.
Pensando nesses seis pilares do modelo andragógico, é possível 
organizar aulas e treinamentos de forma quea aprendizagem possa 
ser significativa.
TEORIA EM PRÁTICA
Quando se prepara uma aula para um grupo de 
adultos, na maioria das vezes, os alunos são 
bastante diferentes entre si. Começando pelas 
idades e objetivos de estarem ali naquele grupo. 
Ainda existem diferenças quanto aos pilares 
do modelo andragógico: necessidade de saber, 
autoconceito do aprendiz, papel das experiências, 
prontidão para aprender, orientação para a 
aprendizagem e motivação.
Essa combinação de pessoas diferentes no mesmo 
grupo exige do professor flexibilidade para adaptar 
os conteúdos e exemplos, de forma que os alunos 
entendam sua mensagem.
Como professores, queremos que a aula seja atrativa 
e que promova, de fato, a aprendizagem, assim, 
como você prepararia uma aula para esse grupo? 
1616 
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. O modelo andragógico, segundo seu criador, Malcolm 
Knowles, pode e deve ser adaptado segundo a situação 
de aprendizagem a partir da análise do educador sobre 
o ponto de partida e das estratégias a serem utilizadas. 
Isso se deve porque: 
a. O educador precisa motivar o aluno adulto a estar 
orientado para a aprendizagem, pois se ele não 
tiver interesse no assunto irá aprender sozinho em 
outro momento.
b. Cada aluno possui experiências diferentes que 
precisam ser valorizadas apesar de o conhecimento 
não ser tão heterogêneo entre um grupo de 
alunos adultos.
c. O modelo andragógico considera as mudanças que 
podem ocorre no contexto social dos alunos que são 
naturalmente diferentes.
d. A prontidão para a aprendizagem é intrínseca e por 
isso o educador precisa esperar até que o aluno esteja 
pronto e interessado em aprender.
e. Cada aluno possui experiências e saberes específicos, 
que precisam ser considerados para que ele tenha um 
autoconceito positivo como aluno, além de se manter 
pronto para a aprendizagem.
2. Conhecer os alunos com quem o professor vai interagir é 
importante para que ele possa organizar sua aula. 
1717 17
 O saber da experiência tem papel essencial no processo 
de aprendizagem porque:
a. Sem ele, os alunos não aprendem o que estiver 
sendo ensinado, por isso o professor deve criar novas 
experiências.
b. A experiência é uma espécie de filtro com o qual o 
aluno compara toda nova informação. 
c. A experiência de cada pessoa permite que ela 
aprenda novos conceitos sem filtrá-los.
d. É por meio da experiência que o aluno entende e 
modifica o mundo em que vive.
e. A experiência é difícil de ser valorizada, por isso o 
educador não consegue agregá-la em sua aula e 
precisa deixar o aluno aprender sozinho.
3. Muito se fala que o estudante precisa estar motivado 
para aprender. Sobre essa motivação, é correto 
afirmar que: 
a. A motivação interna é mais importante do que a 
externa, pois tem relação com a autoimagem do 
estudante.
b. A motivação externa é mais importante do que 
a interna, pois é a imagem que outros têm do 
estudante que importa.
c. O professor é o único responsável em motivar os 
alunos a aprender.
1818 
d. A aprendizagem é mais efetiva quando os estudantes 
buscam por ascensão profissional.
e. A autoimagem negativa não interfere na motivação 
para a aprendizagem.
Referências bibliográficas
CAVALCANTI, Roberto de A.; GAYO, Maria Alice F. da S. Andragogia na educação 
universitária. Conceitos. Julho/2004–Julho/2005. p. 44–51.
COBRA, Marcos. Marketing do entretenimento. São Paulo: Editora Senac, 2008.
KNOWLES, Malcolm S.; HOLTON, Elwood F.; SWANSON, Richard. Aprendizagem 
de resultados: uma abordagem prática para aumentar a efetividade da educação 
corporativa. Tradução: Sabine Alexandra Holler. Rio de Janeiro: Eselvier, 2011.
PUENTES, Roberto Valdez; AQUINO, Orlando Fernandes; NETO, Armindo Quilicci. 
Profissionalização dos professores: conhecimentos, saberes e competências 
necessárias à docência. Educar. n. 34. p. 169-184, Curitiba: UFPR, 2009. 
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: 
Vozes, 2002.
Gabarito
Questão 1 – Resposta: B
Resolução: A adaptação do modelo andragógico é necessária 
porque cada aluno possui experiências e saberes prévios, com 
os quais o educador pode trabalhar para que o aluno mantenha 
motivação para aprendizagem e um autoconceito positivo como 
aluno, além de se manter pronto para a aprendizagem.
Questão 2 – Resposta: B
Resolução: Toda nova informação que o aluno adulto recebe é 
comparada à sua experiência pregressa, podendo ser refutada 
1919 19
ou acatada como válida, por isso ela pode ser considerada uma 
espécie de filtro para novas aprendizagens.
Questão 3 – Resposta: A
Resolução: Os fatores internos são os que mais motivam o aluno 
adulto a aprender. A autoimagem positiva muito contribui para a 
aprendizagem.
2020 
Diferença entre Pedagogia, 
Andragogia e Heutagogia 
Autora: Roberta Rotta Messias de Andrade
Objetivos
• Conhecer algumas características de crianças 
e adultos.
• Conhecer os pressupostos da Pedagogia, da 
Andragogia e da Heutagogia.
• Saber identificar as diferenças entre Pedagogia, 
Andragogia e Heutagogia.
2121 21
1. Introdução
A Andragogia surgiu em oposição à Pedagogia para tratar da educação 
de adultos. Sua oposição começa no próprio vocábulo: 
Paidos (criança) + agein (conduzir) + logos (ciência) = PEDAGOGIA
Andros (homem) + agein (conduzir) + logos (ciência) = ANDRAGOGIA
Dessa forma, a Pedagogia é a ciência da educação de crianças, enquanto 
a Andragogia é a ciência da educação de adultos.
A diferença entre os dois radicais (paidos e andros) representa a 
diferença epistemológica entre as duas ciências; cada uma tem 
pressupostos específicos que dizem respeito ao entendimento de aluno, 
de educação, ou seja, de concepção.
O surgimento da Heutagogia é bem mais recente; os primeiros escritos 
foram encontrados nos anos 2000. O termo, assim como os outros dois, 
tem origem grega:
Heuta (auto) + agein (conduzir) + logos (ciência) = HEUTAGOGIA
Assim, a Heutagogia é a ciência da aprendizagem autodeterminada, ou 
conduzida, e está bastante relacionada ao advento da tecnologia e da 
educação à distância.
Cada termo tem por base conceitos diferentes, os quais serão 
vistos a seguir.
2222 
PARA SABER MAIS
Quer se aprofundar nos conceitos da Andragogia? 
Recomendamos que pesquise pelo seguinte artigo:
BARROS, Rosanna. Revisitando Knowles e Freire: 
Andragogia versus pedagogia, ou O dialógico como 
essência da mediação sociopedagógica. Educ. Pesqui., 
São Paulo, v. 44, e173244, 2018 .
2. Pedagogia
Considera-se que a Pedagogia tenha surgido na Grécia, pois foi 
lá que foram encontrados os primeiros pedagogos: escravos que 
acompanhavam as crianças nas escolas.
Apesar de os pedagogos terem aparecido na Grécia, o entendimento 
era que a criança era um miniadulto até meados do século XVIII, quando 
Jean Jaques Rousseau publicou em 1762 o livro Emílio ou Da educação. 
Nele, o autor explica que as crianças possuem necessidades e processos 
de desenvolvimento diferentes dos adultos, por isso precisaria de um 
tratamento adequado que respeitasse suas peculiaridades. 
O alemão Friederich Froebel foi um dos primeiros educadores a 
considerar a importância da infância para o desenvolvimento do 
homem. Ele dizia que o homem se desenvolve em etapas: infância, 
meninice, puberdade, mocidade e maturidade. Em cada etapa, a 
educação precisa considerar as características do sujeito, dessa forma a 
educação para crianças deve proporcionar que a criança floresça. 
A Pedagogia é pensada para crianças segundo algumas características. 
Uma delas é que as crianças estão aprendendo sobre o mundo e como 
2323 23
estar nele durante o período escolar, por isso, algumas decisões são 
comumente relegadas ao professor.
A definição do que deve ser aprendido é feita pelo professor a 
partir dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), definidos pelo 
Ministério da Educação (MEC). Nesses PCNs constam os conteúdos 
que a sociedade entende como importantes para a formação da 
criança. Por esse motivo, muitas vezes, aos alunosnão fica clara 
a necessidade de determinado aprendido. Quantas vezes nos 
perguntamos por que precisávamos aprender equação de segundo 
grau, por exemplo? Se você não trabalhar com esse conceito no dia a 
dia, talvez essa resposta ainda nem seja clara até os dias de hoje.
O professor entende o aluno como dependente, por isso, ele se torna 
realmente dependente. De fato, nos primeiros anos, a criança é 
dependente, mas a questão é que conforme os anos vão passando a 
criança vai deixando de ser dependente à medida que amadurecem 
(Knowles, 2011). O autor explica que conforme a criança vai crescendo 
e amadurecendo vai abrindo um gap entre a necessidade e a habilidade 
de se autodirigir, o que pode gerar frustrações, ressentimentos, 
resistência ao aprendizado.
A experiência da criança ainda está em formação e, muitas vezes, ela 
acontece na própria escola, por isso, seu papel ainda é menor do que a 
de um adulto. 
Knowles (2011) alega que o aluno fica pronto para aprender a partir da 
determinação do que o professor precisa ensinar; não há tempo para 
esperar a maturidade do aluno. 
A orientação para a aprendizagem na escola regular é centrada na 
matéria, com a aquisição de conteúdo especializado, dessa forma, “as 
experiências de aprendizagem são organizadas de acordo com a lógica 
do conteúdo especializado” (KNOWLES, 2011, p. 71). 
2424 
A motivação que a criança tem para aprender é basicamente externa, 
seja por notas, prêmios, classificação, dentre outros. Isso pode acontecer 
pelo não entendimento por parte da criança da necessidade daquele 
conhecimento.
3. Andragogia
Como já sabido, a Andragogia surgiu em oposição à Pedagogia; até 
Alexander Kapp cunhar o termo, se falava apenas da aprendizagem de 
crianças, mas o adulto tem concepções diferentes que precisam ser 
entendidas.
O adulto se relaciona com a educação de forma diferente, então, 
é preciso entender de que adulto se está falando. Oliveira (1998) 
define o adulto como “indivíduo maduro o suficiente para assumir as 
responsabilidades por seus atos diante da sociedade” (p. 8). 
O autor ainda apresenta 14 princípios que contribuem com a 
educação de adultos:
Princípio 1 – o adulto é dotado de consciência ingênua e de consciência 
crítica, e sua postura proativa ou reativa está diretamente ligada ao tipo 
de consciência predominante.
Princípio 2 – o compartilhamento de experiências é fundamental 
para o adulto.
Princípio 3 – a relação educacional é baseada na interação entre 
o professor e o aluno, em um ambiente de liberdade em que haja 
aprendizagem mútua.
Princípio 4 – a chave para a motivação de um adulto é a negociação 
sobre seu interesse em participar de aprendizagem;
Princípio 5 – a aprendizagem é o centro das atividades do aluno adulto.
2525 25
Princípio 6 – a decisão do que será aprendido precisa ser decidida pelo 
aluno adulto por ele ser o agente de sua aprendizagem.
Princípio 7 – o processo de aprendizagem implica na aquisição de 
conhecimentos, habilidades e atitudes (CHA).
Princípio 8 – a ordem do processo de aprendizagem do adulto 
é: sensibilização (motivação), pesquisa (estudo), discussão 
(esclarecimento), experimentação (prática), conclusão (convergência) e 
compartilhamento (sedimentação).
Princípio 9 – o melhor elemento motivador do adulto é a experiência, 
por isso, o ambiente de aprendizagem deve permitir liberdade e 
incentivar que os alunos possam falar de suas histórias, ideias, opiniões, 
compreensões e conclusões.
Princípio 10 – a essência do relacionamento educacional entre adultos 
é o diálogo.
Princípio 11 – os assuntos devem ser discutidos e vivenciados, pois a 
práxis educacional se baseia na reflexão e ação.
Princípio 12 – “quem tem capacidade de ensinar o adulto é apenas 
Deus que conhece o íntimo da pessoa e suas reais necessidades. 
Portanto se você não é Deus, não se atreva a desempenhar esse papel!” 
(OLIVEIRA, 1998, p. 12). 
Princípio 13 – um professor tradicional faz com que o adulto se sinta 
inferiorizado e, portanto, dificulta a aprendizagem.
Princípio 14 – a educação bancária pode causar uma relação negativa 
do adulto com a aprendizagem caso ele se sinta oprimido frente o 
professor.
Esses princípios colaboram para o entendimento sobre como os pilares 
da andragogia podem ser aplicados nos ambientes de aprendizagens.
2626 
Enquanto na Pedagogia há a definição do que será aprendido e quais 
estratégias serão utilizadas, na andragogia, o adulto não tem apenas a 
necessidade de saber o que e como será aprendido, mas, muitas vezes, 
tem de negociá-los.
Em relação ao autoconceito, o adulto entende que ele é capaz de 
assumir as responsabilidades de suas escolhas. Isso quer dizer que ele 
precisa se sentir independente e livre para poder escolher.
A experiência é o principal filtro pelo qual a nova informação passa para 
ser considerada relevante e, consequentemente, aprendida. Essa ideia é 
corroborada pelos princípios 2 e 4, que mostram o quanto a experiência 
é importante para o aluno adulto.
Uma vez que o aluno adulto esteja pronto para aprender, ele tem maior 
clareza de sua necessidade de aprendizagem e, assim, consegue dialogar 
e decidir o que será aprendido e quais as melhores estratégias para isso. 
A motivação pode estar no assunto, na forma como o professor 
o aborda, na relação entre aluno e professor, assim como na 
aplicabilidade dos novos conceitos no dia a dia do adulto.
Assim, na Andragogia, o papel do professor é de um companheiro que 
entende e orienta o aluno adulto ao aprendizado de forma colaborativa.
4. Heutagogia
Se a Andragogia surgiu em oposição à Pedagogia, pode-se dizer que a 
Heutagogia surgiu como uma “evolução natural” da Andragogia, segundo 
Stewart Hase e Chris Kenyon (2000), criadores do termo.
Eles explicam que a Andragogia foi uma imensa evolução no processo 
de ensino e aprendizagem de adultos, pois passou a considerar 
características e necessidades específicas dos adultos negligenciadas até 
2727 27
então. No entanto, ela ainda tem o professor como centro da ação de 
aprendizagem, assim como a Pedagogia, e não consideraria as questões 
sociais modernas como a quantidade de informação e a rapidez com 
que ela se torna de conhecimento público.
Na Heutagogia entende-se que o aprendiz seja capaz de determinar o 
que ele aprenderá em função do desenvolvimento de capacidades: um 
atributo holístico que é mais fácil reconhecer do que definir. Assim, uma 
pessoa capaz: sabe como aprender, é criativa, tem alto grau de eficácia, 
é confiante em mobilizar suas competências e trabalha bem com outras 
pessoas (Stephenson e Weil, 1992 apud Hase e Kenyon, 2000).
Hase e Kenyon (2000) afirmam que a Heutagogia posiciona-se num 
mundo atual e dinâmico, em que: 
• A informação está disponível rapidamente e em grande 
quantidade.
• As mudanças são tão rápidas que a formação do aprendiz da 
maneira como conhecemos está se tornando inadequada.
• Os conhecimentos baseados em disciplinas não estão dando 
conta da preparação para a vida e para o trabalho.
• A aprendizagem está cada vez mais alinhada ao que se faz.
• Há exigência de práticas flexíveis de aprendizagem em função das 
estruturas modernas.
• Há necessidade de rápida aprendizagem.
Parte do fundamento da Heutagogia baseia-se nos escritos de Rogers 
sobre a aprendizagem centrada no aluno. Nessa perspectiva, entende-
se minimamente que: toda pessoa possui o desejo natural de aprender 
e tende a realizá-lo; não se pode ensinar outra pessoa, apenas facilitar 
a aprendizagem; todo aluno tem uma certa resistência à aprendizagem 
2828 
significativa, pois ela modifica o eu (self), mas ele aprende quando a 
resistência é pequena e ele se percebe envolvido no processo.
Outra teoria que contribui para a Heutagogia é a conceituação de 
aprendizagem de laço duplo, de Argyris e Schon (1996 apud HASE e 
KENYON, 2000). Esse conceito utiliza-se da reflexão e do questionamento 
do que os autores chamam de “variáveis governantes” dos indivíduos, 
que podem ser entendidas como:“teorias em uso”, valores e suposições 
mobilizadas para resolver um problema ou uma situação. O esquema a 
seguir ajuda a entender o laço duplo.
Figura 1 – Aprendizagem de laço duplo
Fonte: Argyris e Schon (1996 apud Hase e Kenyon, 2000).
Quando temos uma situação, mobilizamos uma série de variáveis 
governantes para determinar nossas ações esperando resolvê-las já 
prevendo uma determinada consequência. Quando o resultado não 
é o esperado, revemos nossas ações e tentamos novamente. Esse 
processo é chamado por Argyris e Schon por laço simples. Mas se essa 
revisão sobre nossas ações nos faz refletir e questionar nossas variáveis 
governantes (“teorias em uso”, valores e suposições), o processo é 
chamado de laço duplo.
Esse questionamento das variáveis governantes permite a alteração do 
que sabemos, ou seja, aprendemos algo novo já relacionado com nosso 
conhecimento prévio e necessidades.
A Heutagogia é o estudo da aprendizagem autodirigida e não da 
autoaprendizagem. Dessa forma, é preciso distinguir esses dois 
2929 29
entendimentos: enquanto a autoaprendizagem é a forma de aprender 
por si só, a aprendizagem autodirigida é o processo em que o aprendiz 
(com ou sem ajuda) toma a iniciativa de sua formação a partir da análise 
e percepção de suas necessidades de aprendizagem.
O professor, nesta perspectiva, tem a função de partilhar o 
conhecimento a fim de possibilitar que o aprendiz seja autônomo e 
possa fazer suas próprias escolhas no que se refere à aprendizagem.
Assim, a Heutagogia exige do aprendiz grande envolvimento no 
processo de aprendizagem e um alto grau de reflexão.
O quadro a seguir compara algumas ideias de Pedagogia, Andragogia e 
Heutagogia:
Quadro 1 – Pedagogia, Andragogia e Heutagogia
Características 
da aprendizagem Pedagogia Andragogia Heutagogia
Relação 
professor/
aluno
Professor é o centro 
das ações, decide o 
que ensinar, como 
ensinar e avalia a 
aprendizagem.
A aprendizagem é 
centrada no aluno, 
na independência 
e na autogestão da 
aprendizagem. 
O aluno é um agente 
de sua formação, 
o professor é 
um organizador 
e facilitador da 
participação.
Razões da 
aprendizagem
Crianças e 
adolescentes 
devem aprender 
o que a sociedade 
espera que 
saibam, seguindo 
um currículo 
padronizado. 
As pessoas aprendem 
o que precisam saber 
(aprendizagem para 
a aplicação prática na 
vida diária).
Razões alicerçadas 
na vontade do 
aluno, seus objetivos 
e necessidades. 
O discente 
sabe por que 
precisa aprender.
Motivação
A motivação para 
a aprendizagem é 
fundamentalmente 
resultado de 
estímulos externos 
ao aluno, como 
notas, classificações 
escolares e 
apreciações do 
professor. 
Os adultos são sensíveis 
a estímulos externos 
(notas etc.), mas são 
os fatores de ordem 
interna que os motivam 
para a aprendizagem 
(satisfação, autoestima, 
qualidade de vida, 
dentre outros). 
Busca a autonomia 
pessoal/profissional, 
por isto está 
motivado a aprender 
de forma mais 
autônoma. 
3030 
Experiência 
do aluno
O ensino é didático, 
padronizado e 
a experiência 
do aluno tem 
pouco valor. 
A experiência é 
uma fonte rica de 
aprendizagem, pela 
discussão e solução 
de problemas feita 
em grupo. 
Reorganização 
das experiências 
cotidianas, que 
envolve a ação, a 
reflexão na ação, 
a reflexão sobre a 
reflexão na ação. 
Orientação da 
aprendizagem
Aprendizagem por 
assunto ou matéria. 
Aprendizagem baseada 
em problemas, exigindo 
ampla gama de 
conhecimentos para se 
chegar à solução. 
Mistura Pedagogia 
com Andragogia, 
adaptados aos 
interesses / 
necessidades 
individuais do aluno.
Vontade 
de aprender
A finalidade é obter 
o êxito e progredir 
em termos 
escolares. 
Os adultos estão 
dispostos a iniciar 
um processo de 
aprendizagem desde 
que compreendam sua 
utilidade para enfrentar 
problemas reais da vida 
pessoal e profissional.
Alunos mais 
disciplinados com 
o aprender se 
comprometem com o 
estudo a distância na 
busca dos objetivos. 
Fonte: adaptada de Cavalcanti (1999); adaptada de Hase (2000) e Hase e Kenyon (2001).
Olhando a “evolução” dos conceitos entre Pedagogia, Andragogia 
e Heutagogia nota-se que a linha mestra dos três conceitos é a 
autonomia do aprendiz. Na Pedagogia, pelas caraterísticas da 
própria criança, o aprendiz é conduzido totalmente ao aprendizado, 
já na Andragogia essa condução é mais livre, mas ainda assim 
com a orientação externa do professor; talvez se possa dizer que 
há uma autonomia relativa. Agora, na Heutagogia, a condução da 
aprendizagem é feita pelo próprio aprendiz com a ajuda do professor; 
a autonomia do aprendiz neste caso é total. 
ASSIMILE
Pedagogia tem como foco o aprendizado da criança; já a 
Andragogia e a Heutagogia têm a aprendizagem do adulto 
como seu ponto focal. Os dois entendem o aluno adulto 
3131 31
como uma pessoa com experiências e conhecimentos 
prévios que precisam ser aproveitados na aprendizagem 
do novo conteúdo; o que difere a Heutagogia é o papel 
que a tecnologia tem nesse processo, promovendo a 
aprendizagem autodirigida.
5. Seguindo em frente
Independentemente dos termos utilizados, os professores querem 
que seus alunos aprendam de forma significativa, para que possam 
transformar sua realidade para melhor.
Assim, a chave pode estar no conhecimento das carcterísticas do adulto 
para que possamos utilizá-las em nosso favor, ou seja, considerá-las em 
nossas aulas e confiar nas capacidades dos nossos alunos.
TEORIA EM PRÁTICA
Em uma sala de graduação, muitas vezes, temos pessoas 
de idades bem distintas: jovens recém-saídos do ensino 
médio, com idade entre 17 e 18 anos, e pessoas que 
buscam na formação superior um complemento de sua 
prática profissional ou mudança de área de atuação. 
Ou seja, o professor tem no mesmo ambiente, para 
aprender os mesmos conhecimentos ou habilidades, 
pessoas com experiências de vida bastante variáveis. 
Outra característica bem marcante é como a tecnologia 
está presente na vida desses alunos; há uma tendência 
de que os mais jovens utilizem-na com mais naturalidade 
do que os alunos com mais idade.
3232 
Dessa forma, como você organizaria o aprendizado de seus 
alunos na sua área de conhecimento sob a perspectiva da 
Pedagogia, da Andragogia e da Heutagogia? 
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. O educador de crianças precisa se adaptar ao 
desenvolvimento infantil, porque:
a. As ideias das crianças variam de acordo com o 
entendimento que elas têm do que será aprendido. 
b. A cada faixa etária a criança necessita de cuidados 
especiais, e o professor deve dar conta desse cuidado.
c. A criança vai se tornando independente conforme vai 
amadurecendo ao longo dos anos.
d. Os conteúdos definidos pelo professor são tratados 
pelos alunos segundo o entendimento da importância.
e. Elas mudam muito rapidamente, e com isso mudam 
suas necessidades e vontades, fazendo com que os 
conteúdos tenham de ser adaptados.
2. Dentre os princípios propostos por Oliveira (1998), 
o terceiro diz que “a relação educacional é baseada 
na interação entre o professor e o aluno em um 
ambiente de liberdade em que haja aprendizagem 
mútua”. Isso quer dizer que:
3333 33
a. O professor é parceiro do aluno, promovendo a 
interação entre os alunos para que haja trocas de 
experiências e opiniões em que ele também aprende.
b. O professor é parceiro do aluno e cria situações de 
aprendizagem em que os alunos tenham a sensação 
de que ele está aprendendo, mas o conhecimento do 
professor é suficiente àquele momento.
c. O professor interage com os alunos de forma que eles 
troquem impressões e experiências em um ambiente 
completamente controlado pelo educador.
d. A relação educacional necessita de experiências 
e conhecimentos do educador a fim de promover 
interação entre os alunos.
e. Ter um ambiente de liberdade significa que cada 
aluno decide o que ele deve aprender e o professor 
apenas orienta essa aprendizagem.
3. Os conceitos base da Heutagogia são a aprendizagem 
centrada no aluno e a aprendizagem de laço duplo.Sobre esses conceitos é correto afirmar:
a. A aprendizagem centrada no aluno baseia-se em 
colocar o aluno num ponto central do processo e 
permite que ele aprenda por observação de um 
ponto privilegiado.
b. O aluno adulto precisa se envolver no processo 
de aprendizagem para que ela ocorra, por isso, a 
aprendizagem centrada no aluno permite que ele 
estabeleça o que será ensinado pelo professor.
3434 
c. O conceito de laço duplo pressupõe que o 
aprendizado modifique as variáveis governantes pela 
reflexão e pelo questionamento.
d. As variáveis governantes permitem que o aprendiz se 
mantenha centrado, enquanto outros conceitos vão 
sendo modificados com a aprendizagem.
e. A aprendizagem de laço duplo tem esse nome porque 
o aprendiz revê seus conceitos duas vezes.
Referências bibliográficas
BECK, C. (2017). Ciências Agógicas: as ciências da educação. Andragogia Brasil. 
Disponível em: https://andragogiabrasil.com.br/ciencias-agogicas/. Acesso em: 14 
dez. 2019.
CAVALCANTI, R. A. Andragogia: a aprendizagem nos adultos. Revista de Clínica 
Cirúrgica da Paraíba, n. 6, Ano 4, julho/1999. Disponível em: http://pt.slideshare.
net/Vicentana/andragogia-a-aprendizagem-nos-adultos. Acesso em: 14 dez. 2019. 
KNOWLES, Malcolm S.; HOLTON, Elwood F.; SWANSON, Richard. Aprendizagem 
de resultados: uma abordagem prática para aumentar a efetividade da educação 
corporativa. Tradução: Sabine Alexandra Holler. Rio de Janeiro: Eselvier, 2011.
MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: 
EPU, 1986.
OLIVEIRA, Ari Batista de. Andragogia - a educação de adultos. Disponível em: 
http://www.diocese-braga.pt/catequese/sim/biblioteca/publicacoes_online/200/
ANDRAGOGIA.pdf. Acesso em 08/01/2020. 
Gabarito
Questão 1 – Resposta: C
Resolução: Conforme a criança vai crescendo, ela também vai 
amadurecendo e se tornando cada vez mais independente, de ação 
e de pensamento, por isso, o professor precisa se adaptar às novas 
necessidades e interesses. 
https://andragogiabrasil.com.br/ciencias-agogicas/
http://pt.slideshare.net/Vicentana/andragogia-a-aprendizagem-nos-adultos
http://pt.slideshare.net/Vicentana/andragogia-a-aprendizagem-nos-adultos
http://www.diocese-braga.pt/catequese/sim/biblioteca/publicacoes_online/200/ANDRAGOGIA.pdf
http://www.diocese-braga.pt/catequese/sim/biblioteca/publicacoes_online/200/ANDRAGOGIA.pdf
3535 35
Questão 2 – Resposta: A
Resolução: A promoção da interação e da troca de experiências 
entre alunos e professor acontece quando os alunos percebem o 
professor como parceiro que lhes auxiliam a aprender.
Questão 3 – Resposta: C
Resolução: A base do aprendizado por laço duplo é o 
questionamento e a reflexão das variáveis governantes, ou seja, 
teorias em uso, valores, suposições.
3636 
Educação do jovem e do adulto 
Autora: Roberta Rotta Messias de Andrade
Objetivos
• Estudar o conceito e os pressupostos da Educação 
de Jovens e Adultos (EJA).
• Conhecer a Educação de Jovens e Adultos (EJA) no 
contexto brasileiro.
• Conhecer a metodologia de alfabetização de 
adultos de Paulo Freire.
3737 37
1. Introdução
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino, 
destinada a jovens e adultos, que abrange todos os níveis da 
educação básica, criada com o objetivo de minimizar as desigualdades 
de formação educacional.
PARA SABER MAIS
As ideias de Paulo Freire foram de grande influência 
para a abordagem de ensino sociocultural em que se 
entende que a educação precisa formar educandos 
críticos a ponto de poderem modificar sua realidade. 
Para saber mais sobre esta abordagem de ensino, leia 
o livro de Maria da Graça Nicoletti Mizukami intitulado 
Ensino: as abordagens do processo.
Fonte: MIZUKAMI, M. G. N. Ensino: as abordagens do 
processo. São Paulo: EPU, 1986.
Fala-se sobre a necessidade de promover a educação aos adultos 
desde a década de 1930, mas foi na década seguinte, 1940, que a EJA 
foi entendida como uma política pública de acesso à escolarização para 
adultos que não haviam terminado a educação básica. 
Nas décadas seguintes, foram criados diversos programas 
governamentais com o objetivo de promover, de maneira 
ampla, formação escolar para pessoas excluídas da escola e, 
consequentemente, aumentar o nível de escolaridade da população 
brasileira. Nesse período, o governo assumiu a responsabilidade por 
essa modalidade de educação, o que possibilitou a distribuição de 
fundos públicos para a manutenção de programas educacionais.
3838 
Na década de 1960, o Ministério da Educação (MEC) organizou o 
Programa Nacional de Alfabetização de Adultos, que utilizou as ideias e 
orientações de Paulo Freire. Dentre essas orientações estava a ideia de 
que a educação de adultos nessa modalidade deveria ser crítica, voltada 
à transformação social, ao diálogo e ao entendimento do papel de 
protagonista dos educandos.
Porém, durante o governo militar, essa e outras ações acabaram por 
desaparecer parcial ou completamente, em função das ações repressivas, 
pois as iniciativas existentes estavam relacionadas às ideias de Paulo 
Freire, para quem a educação é essencialmente política e libertadora. 
Em 1969 o governo criou o Movimento Brasileiro de Alfabetização 
(Mobral), que funcionou até a metade da década de 1980, por meio de 
comissões municipais por todo o Brasil. Apesar de as comissões serem 
descentralizadas, a orientação, supervisão pedagógica e produção de 
material didático tinha um rígido controle central. 
A ideia do Mobral era o de alfabetizar apenas e quando o analfabetismo 
fosse erradicado, mas na década de 1970, ele teve de diversificar sua 
atuação e passou a oferecer uma condensação do curso primário da 
época, o que possibilitou o desenvolvimento de uma Educação de Jovens 
a Adultos mais organizada (PIERRO; JOIA; RIBEIRO, 2001).
A estrutura restante do Mobral tornou-se Fundação Educar, que passou 
a apoiar iniciativas estaduais, municipais e da organização civil, que 
incorporaram educadores ligados à experiência da educação popular, 
até então realizadas prioritariamente na educação não formal. 
A Fundação Educar foi extinta na década de 1990 e não houve nenhum 
programa governamental de Educação de Jovens e Adultos até 1996, 
quando foi criado o Programa Alfabetização Solidária (PAS), que 
lembrava as campanhas das décadas de 1940 e 1950. Em 1998 foi criado 
o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), que 
visava a educação de adultos em áreas de assentamento.
3939 39
Mais tarde, nos anos 2003, foi criado o Programa Brasil Alfabetizado, 
que enfatizava o trabalho voluntário; em 2004, o programa foi 
reformulado e revisado. 
A Lei de Diretrizes Básicas da educação brasileira (LDB)/96, em seu 
artigo 37, define que a Educação de Jovens e Adultos é destinada às 
pessoas que não tiveram acesso ao ensino fundamental e médio ou não 
conseguiram completá-los em idade própria de forma gratuita e flexível, 
que possibilitasse a conclusão de seus estudos.
A EJA foi criada visando alunos jovens a adultos que não tiveram 
oportunidade de concluir sua formação básica. De maneira geral, são 
alunos trabalhadores que deixaram a escola por motivos de ingresso no 
mercado de trabalho ou alta defasagem educacional. 
Em 2018, havia no Brasil quase 11,3 milhões de analfabetos entre 
pessoas com 15 anos ou mais, o que representava 6,8% da população. 
Esse número é menor do que o ano anterior, quando a porcentagem 
era de 6,9%; essa diferença diz respeito a 121 mil analfabetos a menos, 
segundo os dados do IBGE, divulgados pelo O Globo (2019).
Em 2018, os dados do IBGE mostravam que 47,4% da população com 
25 anos ou mais tinham completado, ao menos, o ensino médio (2019). 
Apesar de a quantidade de pessoas analfabetas ao longo do tempo 
ter diminuído, o Brasil ainda está longe de atingir a meta definida 
no Plano Nacional de Educação, no qual está definido que a taxa 
de pessoas alfabetizadas da população com 15 (quinze) anos ou 
mais até 2015 deveria ser de 93,5%. Atualmente, em 2019,segundo 
reportagem do Globo, essa taxa ainda é de 93,2%, ou seja, ainda 
abaixo da meta.
As matrículas na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA), em 
2018, foram de 3,5 milhões, o que representa uma queda de 1,5% em 
relação ao ano anterior, segundo o Estado de Minas (2019). 
4040 
Dentre as dificuldades encontradas pelos estudantes, pode-se destacar: 
excesso de trabalho e problemas familiares que prejudicam os estudos; 
escolas distantes da moradia ou do trabalho; ausência de exigência de 
escolarização nos empregos disponíveis; e aprendizado que não tem 
relação com a vida do aluno.
A distância entre o que é ensinado e a aplicação na vida do aluno 
também é um dos motivos pelo qual ele larga a escola no período regular. 
Um dos grandes nomes da Educação de Jovens e Adultos é Paulo Freire. 
Ele foi um dos primeiros educadores a trazer a realidade do educando 
para a sala de aula com o objetivo de alfabetizá-los.
Uma característica da EJA é a flexibilidade. A LDB/96 prevê que 
a educação formal esteja disponível gratuitamente e de forma 
apropriada, considerando as características dos alunos, sua 
condição de vida e de trabalho e seus interesses. Por isso, a oferta 
da modalidade de EJA tem uma grande variedade de possibilidades: 
ensino presencial ou a distância, cursos seriados ou modulares, 
material didático em módulos, avaliação em módulos ou por 
disciplinas. Pierro, Joia e Ribeiro (2001) escrevem que:
As iniciativas de educação a distância dominantes são as que se realizam 
por televisão, em regime de livre recepção ou (muito raramente) recepção 
organizada, em telepostos que combinam reprodução de programas 
em vídeo, uso de materiais didáticos impressos e acompanhamento de 
monitor. (p. 62)
O grande diferencial da EJA é a aceleração dos estudos, já que se leva, ao 
mínimo, a metade de tempo prevista à conclusão de um grau de ensino.
No que tange ao controle do Ministério da Educação (MEC), os cursos 
de EJA que oferecem o ensino fundamental I deram continuidade aos 
programas de alfabetização e acabaram por ter mais liberdade, tanto 
do local de oferta (igrejas, escolas, centros comunitários...), quanto à 
4141 41
duração. Pierro, Joia e Ribeiro (2001) alegam que essa liberdade deve 
ter ocorrido porque esses programas não representavam o término da 
educação básica, no entanto, os programas de ensino fundamental II 
tiveram que se submeter à regulação mais rígida.
2. Paulo Freire e EJA
Paulo Freire foi o educador brasileiro de maior notoriedade mundial. 
Ele nasceu em 1921 em uma família de classe média em Recife; perdeu 
seu pai quando tinha 13 anos e passou a ter dificuldades econômicas. 
Formou-se em Direito, mas atuou profissionalmente no magistério; 
em 1963 foi preso e exilado, quando foi para o Chile e publicou sua 
obra mais emblemática: Pedagogia do Oprimido. Retornando ao Brasil 
ingressou na vida universitária, tornou-se secretário de educação de 
São Paulo; foi nomeado doutor honoris causa em 28 universidades 
em vários países e teve sua obra traduzida em mais de 20 idiomas. 
Morreu em 1997 de enfarte.
Para Paulo Freire o objetivo da educação era conscientizar o educando 
para que ele pudesse se libertar de sua condição de oprimido; para 
Freire, a escola deveria formar criticidade no aluno e não continuar 
com a educação elitista e bancária, em que os professores depositavam 
seu conhecimento no aluno que acumularia esse conhecimento. Freire 
entendia que a educação deveria ser essencialmente política.
Foi nesse contexto que ele desenvolveu um método de alfabetização de 
adultos, com o qual ensinou 300 pessoas a ler e escrever em 45 dias.
Seu método consiste basicamente em relacionar a imagem ao som e à 
palavra. Ele percebeu isso, segundo sua viúva Ana Maria Araújo Freire 
(2006), com seu filho de dois anos; ele vira uma placa de Nescau na rua e 
começou a cantarolar a música da propaganda associando a palavra da 
placa com o alimento que ele consumia.
4242 
A partir desse fato, ele começou a refletir sobre a lógica do que 
acontecera e elaborou um caminho cognitivo-epistemológico, chamado 
de método Paulo Freire de alfabetização.
Ele primeiro testou seu método com sua então empregada doméstica, 
conhecida como mãe, de aproximadamente 50 anos.
Em seu livro Educação como prática da liberdade, Paulo Freire propõe a 
aplicação de seu método em cinco fases, conforme esquema a seguir: 
Figura 2 – Fases do método Paulo Freire
Fonte: elaborada pelo autor.
A primeira fase é o “levantamento do universo vocabular dos alunos”. 
O objetivo desta fase é conhecer o grupo com o qual se trabalhará, 
conhecendo o grupo e estreitando a relação entre professor e aluno 
de maneira informal e carregada de emoções e sentimentos; essa 
aproximação permitirá maior interação entre professor e aluno, o que 
auxilia a aprendizagem. Nesse processo o educador precisa também 
anotar as palavras utilizadas pelo grupo de alunos. Esta etapa talvez 
seja a mais importante, pois é partir dela que todo o trabalho de 
alfabetização será feito a partir da realidade do aluno. 
A segunda etapa é a “escolha das palavras selecionadas do universo 
vocabular pesquisado”. Essa escolha não é aleatória, ela deve ser 
pensada por três critérios: riqueza fonética; dificuldades fonéticas 
em uma sequência gradativa de dificuldade; uso da palavra de forma 
que ela seja utilizada em uma determinada realidade social, cultural, 
política...
Levantamento 
do universo 
vocabular dos 
alunos
Escolha das 
palavras
selecionadas 
do universo 
vocabular 
pesquisado
Criação de 
situações 
existenciais
Elaboração de 
fichas-roteiro
Elaboração de 
fichas para a 
decomposição 
das famílias 
fonéticas
4343 43
A terceira etapa é a “criação de situações existenciais”. Neste momento, 
o educador precisa escolher situações típicas e desafiadoras do grupo de 
alunos para levar à sala de aula. Essas situações precisam ser carregadas 
de elementos que serão discutidos e decodificados pelo grupo com 
a ajuda do educador. Neste momento, o educador tem a chance de 
proporcionar aos educandos reflexão sobre a sua realidade.
Na quarta fase, “elaboração de fichas-roteiro”, o educador precisa 
organizar fichas que o auxiliarão a promover o debate com seus alunos. 
Essas fichas devem servir de base, mas não podem ser rígidas para que 
o educador não corra o risco de cercear o pensamento do aluno.
A quinta e última fase é a “elaboração de fichas para a decomposição 
das famílias fonéticas”. A partir dos vocábulos geradores, retirados da 
realidade do aluno, o educador deve utilizar slides, cartazes, fotografias, 
ou seja, diferentes materiais.
Apesar do seu método de alfabetização, Paulo Freire pensava a 
educação como um todo e dizia que um professor engajado em uma 
prática transformadora procura desmistificar e questionar a realidade 
e levar seu aluno a refletir sobre sua condição para que consiga 
transformar sua realidade.
Dessa forma, o professor procura criar em seus alunos condições para 
que a consciência ingênua seja superada e que se possa perceber as 
contradições da sociedade e dos grupos em que vivem.
ASSIMILE
O maior representante de educadores de adultos 
no Brasil foi Paulo Freire, que desenvolveu uma 
metodologia de alfabetização de adultos a partir da 
realidade dos educandos.
4444 
A metodologia de Freire consiste basicamente em relacionar 
imagem e som com situações do dia a dia do aluno.
Paulo Freire tinha como principal objetivo a alfabetização 
de adultos, necessidade ainda latente no Brasil, a fim de 
cumprir as metas definidas no Plano Nacional de Educação. 
A educação de jovens e adultos que não terminaram a 
escola no tempo adequado é apenas uma vertente da 
Andragogia. No entanto, pensar na aprendizagem de 
adultos à luz de Paulo Freire permite que entendamos 
a educação como um ato político, capaz de mudar a 
realidade daquele aluno.
TEORIA EM PRÁTICA
Por vezes, como professores, deparamo-nos com alunos 
com dificuldade em acompanhar o que está sendotratado 
em sala de aula simplesmente por não ter aprendido alguns 
conceitos base na escola. Da mesma forma é muito fácil, 
infelizmente, encontrarmos alunos que não conseguem 
entender o que leem e apenas reproduzem o está escrito 
no texto. Há ainda algumas vezes que podemos encontrar 
os chamados “analfabetos funcionais”.
Essas dificuldades afetam a capacidade de o aluno aprender 
tanto pelo conteúdo em si, mas também pela questão 
emocional e de autoimagem negativa que ele pode ter. 
A partir do que você já estudou sobre a Andragogia, faça 
uma relação das fases da alfabetização propostas por Paulo 
Freire com os pilares da Andragogia.
4545 45
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. Assinale a questão mais adequada aos preceitos 
Freirianos sobre educação:
a. A educação é política e deve ser utilizada para que o 
aluno adulto alcance sua autonomia.
b. A política envolvida na educação de adultos tem 
apenas o objetivo de permitir que melhore de vida, 
sem considerar a sociedade em que ele vive.
c. O aluno adulto precisa conhecer conteúdos da 
educação formal, que não seria possível se não fosse 
aprendido na escola. 
d. Apenas o professor tem o conhecimento suficiente 
para instruir os alunos, crianças e adultos.
e. A educação política proporcionada pela educação tem 
o objetivo de inserir o aluno no processo eleitoral.
2. O processo de alfabetização criado por Paulo Freire 
parte do cotidiano do aluno. Sobre as fases desse 
processo, é correto afirmar que:
a. A fase de levantamento do universo vocabular dos 
alunos é determinada pela pesquisa sistemática da 
vida dos alunos a fim de conhecer sua realidade.
b. A etapa de escolha das palavras selecionadas do 
universo vocabular pesquisado deve ser criteriosa 
e precisa levar em conta questões de fonética, seu 
uso e a possibilidade de utilizá-las para proporcionar 
reflexão sobre a realidade. 
4646 
c. A criação de situações existenciais consiste em 
escolher momentos da vida do educador que possa 
ser utilizada em sala de aula.
d. A elaboração de fichas-roteiro é a organização das 
situações existenciais que auxiliarão o debate em 
sala; uma vez elaborada a ficha, essa não pode ser 
modificada. 
e. A quinta fase é a elaboração de fichas para a 
decomposição das famílias fonéticas, em que o 
educador separa os vocábulos e faz os alunos 
repetirem várias vezes para memorizá-los. 
3. A metodologia de alfabetização de adultos desenvolvida 
por Paulo Freire tem relação com alguns pilares da 
Andragogia. Assinale a alternativa correta:
a. A metodologia de Freire permite que o aluno entenda 
a necessidade daquele saber e se envolva mais no 
processo de aprendizagem podendo, assim, melhorar 
de vida e de amigos.
b. O autoconceito do aprendiz analfabeto é alto e ele não 
precisa de nenhum estímulo para aprender.
c. Ao partir das experiências dos alunos, Paulo Freire 
consegue articular a alfabetização com o dia a dia 
deles, possibilitando suas prontidões em aprender.
d. A aplicação prática do que será aprendido ficaria 
mais clara se Paulo Freire partisse da experiência dos 
alunos para ensinar.
4747 47
e. A motivação do aprendiz para a aprendizagem está 
centrada justamente no incentivo do professor.
Referências bibliográficas
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https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/18317-educacao.html. 
Acesso em: 14 dez. 2019.
FERREIRA, Paula. Brasil ainda tem 11,3 milhões de analfabetos. O Globo. Disponível 
em: https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/brasil-ainda-tem-113-milhoes-
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FREIRE, Ana Maria Araújo. Paulo Freire, uma história de vida. Indaiatuba: Villa das 
Letras Editora, 2006.
FREIRE. Paulo. Educação como prática da liberdade. 34. ed. Paz e Terra: São 
Paulo, 2011. 
FREIRE. Paulo. Pedagogia do Oprimido. Paz e Terra: São Paulo, 2005.
KNOWLES, Malcolm S.; HOLTON, Elwood F.; SWANSON, Richard. Aprendizagem 
de resultados: uma abordagem prática para aumentar a efetividade da educação 
corporativa. Tradução: Sabine Alexandra Holler. Rio de Janeiro: Eselvier, 2011.
MODALIDADE EJA recebe 3,5 m ilhões de matrículas em 2018. Estado de Minas, 20 
fev. 2019, Educação. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/especiais/
educacao/2019/02/20/internas_educacao,1032169/modalidade-eja-recebe-3-5-
milhoes-de-matriculas-em-2018.shtml. Acesso em: 14 dez 2019.
PIERRO, Maria Clara Di; JOIA, Orlando; RIBEIRO, Vera Masagão. Visões da Educação 
de Jovens e Adultos no Brasil. Cadernos Cedes, ano XXI, n. 55, novembro/2001, 
p. 58 – 77.
STRELHOW, Thyeles. Breve história sobre a educação de jovens e adultos no Brasil. 
Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n. 38, p. 49-59, jun. 2010.
Gabarito
Questão 1 – Resposta: A
Resolução: A educação, para Paulo Freire, é essencialmente política, 
e deve proporcionar a emancipação do educando.
https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/18317-educacao.html
https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/brasil-ainda-tem-113-milhoes-de-analfabetos-23745356
https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/brasil-ainda-tem-113-milhoes-de-analfabetos-23745356
https://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/2019/02/20/internas_educacao,1032169/modalidade-eja-recebe-3-5-milhoes-de-matriculas-em-2018.shtml
https://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/2019/02/20/internas_educacao,1032169/modalidade-eja-recebe-3-5-milhoes-de-matriculas-em-2018.shtml
https://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/2019/02/20/internas_educacao,1032169/modalidade-eja-recebe-3-5-milhoes-de-matriculas-em-2018.shtml
4848 
Questão 2 – Resposta: B
Resolução: A etapa de escolha das palavras selecionadas do 
universo vocabular pesquisado deve levar em consideração as 
possibilidades de seguir com o questionamento da realidade 
dos alunos a fim de proporcionar reflexão, além de possibilitar a 
alfabetização.
Questão 3 – Resposta: C
Resolução: Ao partir das experiências dos alunos, Paulo Freire 
consegue articular a alfabetização com o dia a dia do aluno, 
possibilitando sua prontidão em aprender, a motivação e a 
orientação para a aprendizagem.
4949 49
Adultos em processo de 
formação continuada 
Autora: Roberta Rotta Messias de Andrade
Objetivos
• Pensar sobre a formação continuada como um 
processo vital para o desenvolvimento profissional.
• Conhecer as principais ideias sobre educação 
continuada e suas possibilidades.
• Refletir sobre possibilidades de atuação na 
educação continuada.
5050 
1. Introdução
Os tempos de hoje mudam tão rapidamente que temos cada vez 
mais a sensação de que estamos defasados, seja em relação às 
novas informações que surgem a cada dia, ou às tarefas que temos 
de executar. De fato, a cada dia aparecem novas ideias, conceitos, 
teorias, técnicas. 
A necessidade de se manter atualizado diante de tantas novidades é 
urgente; e cada vez mais difícil também. Não só pela quantidade de 
informação que se tem disponível, mas também pela quantidade de 
possibilidades de atualização, de artigos a cursos, passando por livros, 
congressos, entre outros.
Essa necessidade de atualização constante sempre foi real, mas nos 
dias de hoje ela se torna mais do que fundamental. Uma maneira de se 
manter constantemente atualizado é por meio da formação continuada. 
PARA SABER MAIS
Os cursos de graduação no Brasil são: bacharelados, 
licenciaturas e cursos superiores de Tecnologia. Todos 
eles permitem ao egresso prosseguir em seus estudos em 
programas de pós-graduação stricto senso, mestrado ou 
doutorado.
1.1 Formação continuada
Falar em formação, de maneira ampla, significa falar em 
desenvolvimento, o que pressupõe continuidade. Pode-se dizer que a 
formação continuada é uma formação constante ao longo da vida. 
5151 51
Quando se fala em formação, costumeiramente, se pensa em um curso 
específico para uma profissão: no ensino superior seria a graduação, 
na educação profissional seriam os cursos técnicos. A esse primeiro 
“treino” parauma profissão chamamos de formação inicial. São sobre os 
conhecimentos adquiridos nela que os novos, adquiridos na formação 
continuada, serão alicerçados.
Assim, formação continuada é entendida como a formação após essa 
primeira etapa, como a pós-graduação, normalmente ligada à nossa 
atuação profissional. Fazer um curso de pós-graduação ligado à sua 
área de conhecimento é uma maneira formal de educação. 
O importante em uma formação continuada é que haja 
intencionalidade por parte do educando em aprender, o que está 
diretamente relacionado a alguns pilares da Andragogia que vimos até 
o momento: necessidade de saber, prontidão para aprender, orientação 
para aprendizagem e motivação.
No entanto, a intencionalidade da aprendizagem sozinha não garante o 
sucesso de uma formação continuada; se não tivermos meio de colocar 
em prática o que foi aprendido, esse novo conhecimento tenderá a cair 
no esquecimento. Quantas vezes, em nossas profissões, vimos alguma 
coisa que nos chamou a atenção, como uma nova técnica, conceito ou 
instrumento, e quando retornamos para o dia a dia não conseguimos 
colocá-lo em prática e ele caiu no esquecimento? 
De acordo com Christov (2003), para que um programa de formação 
continuada ocorra com sucesso, é preciso pensar em três aspectos:
1. Um contexto de trabalho – instituição, empresa, cidade etc.
2. Compreensão de que o programa apenas não será responsável 
por todas as melhoras.
3. Condições para a viabilização de melhorias – vontade dos 
envolvidos, recursos financeiros e organização do trabalho.
5252 
Por vezes, quando há ausência do contexto de trabalho em programas 
de formação o educando pode entender que aquele novo conhecimento 
não será aplicado e, portanto, pode se fechar a ele.
Outras vezes, a empresa acredita que um programa de formação feito 
por seus funcionários vai melhorar sua empresa, mas sem que haja o 
terceiro quesito nenhum programa terá o efeito esperado.
As condições para viabilizar as melhorias podem ser o item mais 
importante, pois sem vontade dos envolvidos, funcionários e chefes, 
nenhuma mudança será efetiva; se houver vontade ,e não recursos, 
as mudanças também não serão efetivas. Da mesma forma, se houver 
vontade e recursos, mas a organização do trabalho se mantiver a 
mesma, pode ser que o resultado esperado também não seja atendido.
A formação continuada pode acontecer por meio da educação formal 
ou da educação não formal. A primeira diz respeito a programas 
formais oferecidos por escolas e instituições de ensino superior, eles 
têm objetivos específicos, seguem uma diretriz educacional com 
currículos e possuem supervisão de um órgão superior, no caso do 
Brasil, o Ministério da Educação. 
A educação não formal é mais flexível, não há um currículo a ser 
seguido e pode ser oferecida por inúmeras instituições, educacionais 
ou não educacionais. Nesse escopo têm-se as mais variáveis formas, 
desde cursos estruturados, como treinamentos, até palestras, 
discussões, pesquisas, entre outros.
O fato é que para estarmos sempre nos formando ou nos 
desenvolvendo, temos à disposição diversas possibilidades.
Andrade (2011) estudou o desenvolvimento profissional docente de 
professores de cursos superiores de tecnologia. No que tange à fonte 
para esse desenvolvimento, ela percebeu que as respostas foram 
bastante variadas. As fontes de atualização mais comuns utilizadas 
pelos professores estão destacadas a seguir:
5353 53
Quadro 1 – Desenvolvimento profissional de 
professores de cursos superiores de tecnologia
1 A experiência e a prática profissional adquirida.
2 A observação atenta do desenvolvimento dos alunos com os 
quais trabalho.
3 A troca de ideias com os colegas no grupo de trabalho.
4 A formação escolar de base que recebi.
5 Consulta a livros e revistas especializadas.
6 As reuniões de planejamento da Instituição.
7 Minha experiência pessoal e familiar.
8 As orientações pedagógicas fornecidas em cursos.
9 A observação do comportamento dos colegas.
10 A participação em seminários e congressos sobre Educação.
11 Os cursos de atualização promovidos pela direção da Instituição.
12 As publicações voltadas para a Educação Superior.
Fonte: Andrade (2011).
A experiência foi a principal fonte de atualização dos professores. Esse 
fato corrobora com o que vimos nas aulas anteriores. A educação de 
adultos deve partir da experiência, não à toa ela é o elo mais importante 
em programas pensados para adultos. 
A segunda fonte de desenvolvimento profissional docente foi a 
observação atenta de seus alunos. Da mesma forma que a primeira, 
a segunda fonte também é relacionada com a prática docente. 
Novamente, é preciso pensar que qualquer possibilidade de formação 
continuada de adultos precisa partir do contexto do trabalho.
A terceira e a nona fonte de desenvolvimento estão relacionadas à 
coletividade: troca de ideias com os colegas no grupo de trabalho e a 
observação do comportamento dos colegas. A observação é uma forma 
de interação entre as pessoas, ainda que sem palavras. 
5454 
A formação continuada ocorre na interação e na troca de experiências, 
portanto, a coletividade é fator essencial no planejamento de programas 
formais ou não formais. 
Da mesma forma, as possibilidades de formação continuada 
precisam promover reflexão nos educandos; é por meio dela que as 
práticas, conceitos, experiências serão revisitadas e, possivelmente, 
ressignificadas, contribuindo assim para a aprendizagem e para o 
desenvolvimento profissional.
Dentre as outras fontes de desenvolvimento, podemos ainda destacar: 
experiências sociais fora do ambiente de trabalho (formação escolar 
recebida, experiência pessoal e familiar); situações promovidas no 
próprio trabalho (reuniões de planejamento da instituição, orientações 
pedagógicas fornecidas em cursos, cursos de atualização promovidos 
pela direção da instituição); e outras fontes de conhecimento (consulta a 
livros e revistas especializadas, participação em seminários e congressos 
sobre Educação e publicações voltadas para a educação superior).
Os cursos oferecidos com o objetivo de promover a educação 
continuada também são bastante variáveis, segundo Andrade (2011). 
Pouco mais da metade dos professores questionados alegaram ter feito 
algum tipo de curso nos últimos dois anos com cargas horárias que 
variavam entre 8 a 80 horas.
Isso mostra que a formação continuada pode ser de inúmeras formas, 
desde que seja intencional e promova interação entre as pessoas e 
reflexão sobre suas práticas.
2. Desenvolvimento profissional docente
A formação continuada está relacionada a programas de formação, 
nos quais buscamos novos conhecimentos, mas o desenvolvimento 
profissional é mais amplo do que apenas a educação formal.
5555 55
Podemos encontrar diversos conceitos de desenvolvimento profissional, 
pois ele tem se modificado ao longo do tempo conforme a evolução 
da compreensão sobre o assunto. Carlos Marcelo (2009) considera o 
desenvolvimento profissional como um processo a longo prazo, no qual 
se integram diferentes oportunidades e experiências que promovem o 
crescimento profissional. 
Nesse processo, desenvolvido no local de trabalho, tem-se momentos 
coletivos e individuais; o importante é que eles contribuam para o 
desenvolvimento de competências profissionais por meio de diferentes 
experiências, formais ou informais.
Nos processos formais, como vimos, temos os cursos promovidos por 
instituições. Já os processos informais acontecem no dia a dia, por meio 
da reflexão que fazemos de nossas ações e ideias.
Para os professores, Carlos Marcelo (2009) explica que as experiências e 
práticas são condições essenciais para o desenvolvimento profissional. 
Para a experiência, ele afirma que são três as categorias que influenciam 
crenças e conhecimento dos professores: as pessoais; as baseadas em 
conhecimento formal (entendido como aquele que é trabalhado na 
escola); e a experiência escolar de sala de aula.
O elemento prática tambémpossui três elementos, para o autor: 
conhecimento para a prática, conhecimento na prática e conhecimento 
da prática. 
Os conhecimentos para a prática, segundo o autor, são aqueles 
que trazemos dos processos formais, principalmente os cursos de 
formação inicial. 
Os conhecimentos na prática e o conhecimento para a prática 
relacionam-se com o local de trabalho, especialmente com a interação 
com colegas e alunos, quando são percebidas necessidades de 
aperfeiçoamento profissional. 
5656 
Carlos Marcelo (2009) explica que o desenvolvimento profissional 
docente possui sete características: é um processo de longo prazo; 
baseia-se no construtivismo; ocorre em contextos concretos; 
relaciona-se com os processos de reforma da escola; é um processo 
colaborativo; pode adotar diferentes contextos e formas; e envolve 
reflexão na prática e sobre a prática.
Ser um processo a longo prazo é uma das características mais 
marcantes do desenvolvimento profissional. Aprendemos ao longo 
do tempo com as experiências que temos, principalmente se elas 
foram relacionadas aos conhecimentos prévios que já temos, ou seja, 
refletimos sobre a nova experiência e a relacionamos com outras 
vividas ou conceitos aprendidos anteriormente.
O desenvolvimento é construído pelo professor de forma ativa 
quando realiza tarefas relacionadas ao ensino (planejamento, 
observação, reflexão, processos administrativos). Começamos a 
lecionar com várias dúvidas de como atuar; conforme passamos por 
diferentes experiências, vamos nos desenvolvendo. O profissional 
tem de estar aberto às novas aprendizagens e à observação 
atenta de sua ação. Na observação atenta e cuidadosa dos alunos, 
o professor percebe quais estratégias estão sendo mais bem 
recebidas e quais precisam ser revistas. 
A cada período letivo, o professor do ensino superior reelabora seu 
plano de ensino, revisando seus objetivos educacionais e estratégias 
de aula, refletindo sobre suas práticas. Essa ação, muitas vezes 
inconsciente, coloca o professor no papel ativo da sua própria 
aprendizagem.
O contexto concreto diz respeito às formas de contratação, jornadas de 
trabalho, recursos materiais e humanos. Situações que variam em cada 
instituição. Cada experiência nos proporciona aprendizado, que, por sua 
vez, contribui para o nosso desenvolvimento profissional. 
5757 57
O contexto concreto leva à característica proposta por Carlos Marcelo (2009) 
de que o desenvolvimento profissional se relaciona com os processos de 
reforma da escola. Sempre que a instituição muda, por qualquer que seja o 
motivo, as relações de poder e de trabalho são afetadas. A cada mudança, é 
preciso se adequar à nova realidade, aprendendo a agir de novas maneiras, 
reorganizando as formas de trabalho.
O desenvolvimento profissional é um processo colaborativo; acontece 
em diversas situações nas quais o professor se relaciona com alunos, 
com os colegas ou com instâncias administrativas da coordenação da 
instituição.
Pelo que vimos até agora, podemos perceber que o desenvolvimento 
profissional ocorre em diferentes contextos e formas. Portanto, não 
existe um modelo que dê conta de proporcionar o desenvolvimento do 
docente a contento em todas as realidades. 
Parece óbvio, mas quando estamos em cursos de formação continuada, 
muitas vezes, os docentes buscam “receitas” de como agir. Isso não 
é possível, pois depende de sua experiência anterior, do local onde 
trabalham, de sua formação e de seus conhecimentos prévios.
Apesar de precisarmos de outras pessoas para aprendermos sobre o 
mundo que nos cerca, precisamos de momentos individuais, quando 
podemos refletir sobre o que foi vivido.
Cada experiência vivida tem um significado diferente para cada pessoa; 
não podemos aprender com a experiência do outro. Isso faz com que o 
desenvolvimento seja pessoal, individual.
Para que a experiência seja uma fonte de aprendizagem do docente, 
ele precisa ter certo envolvimento do profissional; a aprendizagem e 
o desenvolvimento dependem da “implicação afetiva” de cada um em 
determinada situação. 
5858 
Parte do processo individual do professor relaciona-se com a reflexão 
sobre sua própria prática. Essa reflexão permite ao professor aprender 
cada vez mais, recorrendo a conhecimentos e a experiências vividas.
O processo de reflexão para o desenvolvimento profissional tem 
sua base nos escritos de Schön (1992), que desenvolveu a proposta 
de profissional reflexivo, no qual estão envolvidos três conceitos 
interdependentes: o conhecimento-na-ação, a reflexão-na-ação, e a 
reflexão sobre a ação e sobre a reflexão-na-ação. 
O conhecimento na ação é o componente inteligente que orienta a 
atividade humana e se manifesta no saber fazer e saber explicar o 
que se faz. Ao mesmo tempo em que se faz uma ação, pode-se pensar 
nela, em um processo de diálogo; essa seria o que Schön chama de 
reflexão-na-ação. 
Esta reflexão pode ser considerada o primeiro espaço de confronto 
entre a realidade prática e a teoria aprendida, podendo nascer, a partir 
daí, uma nova teoria, conceito ou esquema. 
A reflexão sobre a ação e a reflexão-na-ação ocorrem após a prática, 
é um momento de avaliação do que aconteceu. O professor pode 
modificar sua compreensão daquela experiência e, assim, reconstruir 
sua prática. Para isso, é necessário haver uma avaliação cuidadosa de 
suas ações, procedimentos, estratégias.
Assim, o desenvolvimento profissional docente é um processo de longo 
prazo que ocorre de forma contextualizada e em um tempo específico. 
Em cada experiência que vive, curso que frequenta ou relação que 
estabelece ao longo da vida, o docente está se desenvolvendo. 
Dessa forma, a formação continuada está relacionada a programas 
de formação, nos quais buscamos novos conhecimentos, enquanto 
o desenvolvimento profissional é mais amplo; diz respeito a todas as 
experiências do docente que o permitem melhorar como pessoa ou 
como profissional.
5959 59
TEORIA EM PRÁTICA
Por vezes, somos chamados a elaborar programas de 
capacitação de profissionais em diferentes contextos, 
educacionais ou em empresas. 
A partir disso, o que deve ser considerado no 
desenvolvimento desse programa para que ele seja 
proveitoso para o desenvolvimento profissional dos 
funcionários e para a empresa? 
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. Quais pilares da Andragogia podem ser relacionados 
à intencionalidade de um adulto em se desenvolver 
continuamente?
a. Motivação, orientação para a aprendizagem, 
prontidão para aprender e necessidade de saber.
b. Motivação, necessidade de saber, papel das 
experiências e prontidão para aprender.
c. Motivação, orientação para a aprendizagem, 
necessidade de saber e autoconceito do aprendiz.
d. Motivação, orientação para a aprendizagem, 
necessidade de saber e papel da experiência.
e. Motivação, orientação para a aprendizagem, 
autoconceito do aprendiz e prontidão para aprender.
6060 
2. Sobre formação continuada, escolha a 
alternativa adequada:
a. A formação continuada pode ter diversas fontes, e as 
que mais têm sucesso são as feitas no mesmo lugar 
em que o educando trabalha.
b. A formação continuada pode ter diversas fontes, mas 
apenas os cursos formais podem proporcionar real 
desenvolvimento.
c. A formação continuada pode ter diversas fontes 
e todas são importantes desde que possibilitem 
desenvolvimento.
d. A formação continuada tem diversas fontes e apenas 
as que são feitas fora do contexto de trabalho são 
importantes.
e. A formação continuada pode ter diversas fontes, mas 
apenas as que são de fontes informais proporcionam 
melhor reflexão sobre a própria prática.
3. A formação continuada precisa promover a reflexão 
e a interação entre as pessoas. Isso se justifica em 
função de:
a. A reflexão é resultado da interação entre pessoas e 
só pode ser atingida se o educando tiver capacidade 
de estudar por conta própria
b. A reflexão é resultado de estudos aprofundados por 
meio de cursos e leituras.
6161 61
c. A interação promove troca de

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