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GIULIA GONÇALVES– UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – TERAPIA OCUPACIONAL 1 CADEIA DE INFECÇÃO Relembrando alguns conceitos... • Patógeno: microrganismo capaz de causar doença em humanos, animais, plantas. [Grego patho, doença, e gennan, produzir] ✓ Patógeno humano: capaz de crescer a 37º C ✓ Patógeno oportunista: aquele que causa doença apenas em indivíduos com comprometimento no sistema imune (mecanismos de defesa alterados) • Patogênese: processo multifatorial dependente do estado imune do hospedeiro e da natureza e do número de microrganismos na exposição inicial. • Patogenicidade: capacidade de um microrganismo causar doença. • Virulência: grau de patogenicidade de um microrganismo. Se refere a capacidade de invasão, infectividade e toxigenicidade. ✓ Fatores de virulência: características genéticas ou bioquímicas ou estruturais que favorecem o desenvolvimento de doença no hospedeiro. TRIADE DO PROCESSO INFECTIVO INFECÇÃO X DOENÇAS • Saúde – segundo OMS “O estado de completo bem-estar físico, mental e social e, não apenas a ausência de doenças; • Infecção – invasão do hospedeiro por microrganismos patogênicos. ✓ Presença de microrganismos em um local do corpo onde não é encontrado normalmente (patogênicos x microbiota); ✓ Pode ocorrer sem que desenvolva a doença, como por exemplo ter a infecção por HIV mas não ser imunossuprimido. • Doenças – alterações na saúde (homeostase) do hospedeiro, danos provocados pela presença do patógeno ou seus produtos ao hospedeiro. ✓ Danos diretos do patógeno ao hospedeiro – fatores de virulência. Patógeno pode GIULIA GONÇALVES– UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – TERAPIA OCUPACIONAL 2 causar alterações teciduais devido à expressão de fatores de virulência. ✓ Danos provocados pela ação de toxinas produzidas pelos patógenos. Hemolisinas (degradam hemácias), leucocidinas (degradam leucócitos). ✓ Danos provados pela resposta imune do próprio hospedeiro. COVID é um exemplo! FASES DA INFECÇÃO Exposição ao patógeno → que deve aderir à mucosa da pele → invasão pelo epitélio → crescimento de fatores de virulência → esses fatores podem ter ação como toxinas – em sítios distantes; danos diretos ou resposta imune exacerbada. Todas as três promovem dano tecidual e a manifestação da doença. ESTÁGIOS DO PROCESSO INFECTIVO Esses estágios coincidem com o contato prévio do patógeno, a invasão, a replicação. 1. O primeiro estágio é o contato com o agente infeccioso que uma vez em contato, há o período de incubação, em que o microrganismo invade o hospedeiro e há a infecção. Neste primeiro estágio não há sintomas da doença. 2. O segundo estágio é chamado período prodromal, é possível observar sinais e sintomas inespecíficos, como febre, dor de cabeça, mal estar, cansaço, ou seja, são sinais gerais. Quando há o aparecimento de sintomas, já houve a infecção, o patógeno está se adaptando para adquirir nutrientes e se preparando para o processo replicativo e assim, o aumento do número de microrganismos. 3. O terceiro período é o período de doença, em que há o aparecimento de sinais e sintomas específicos e severos da doença; há um aumento exagerado do número de microrganismos. Neste estágio existem duas saídas: recuperação, em que o indivíduo se recupera deste patógeno por meio de uma resposta imune eficaz e elimina o patógeno ou, juntamente com medicamentos, como antibióticos/antifúngicos, que auxiliam a eliminação do patógeno deste hospedeiro. Mas quando não a resposta, ou seja, o medicamento não fez efeito, não conseguiu eliminar o patógeno ou, a respostas imune não é o suficiente para auxiliar nesse projeto, pode ocorrer a morte do indivíduo. 4. Depois que o indivíduo se recupera, há o período de declínio, em que há diminuição dos sinais e sintomas; diminuição da replicação e consequentemente do número de microrganismos, por meio da ação do sistema imune. 5. Última etapa deste processo, é o período de convalescência, em que o indivíduo retorna a homeostase. GIULIA GONÇALVES– UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – TERAPIA OCUPACIONAL 3 CADEIA DE INFECÇÃO • Modelo usado para entender o processo de infecção; • Cada elemento representa uma etapa no processo de transmissão da infecção; • Todos os elementos devem estar presentes para que a infecção ocorra. Cadeia de infecção é composta por seis elementos que representam, cada um, uma etapa do processo infectivo, ou seja, que culmina no desenvolvimento da infecção e estabelecimento da doença, que pode gerar danos ao hospedeiro. Para que ocorra a infecção, todos esses seis componentes devem estar presentes e eles estão interligados uns aos outros. • Agente infeccioso – pode ser o agente bacteriano, fúngico, protozoário. • Reservatórios; • Porta de saída; • Meios de transmissão; • Porta de entrada; • Suscetibilidade do hospedeiro; AGENTE CAUSADOR • Microrganismo; ✓ Bactérias; ✓ Vírus; ✓ Fungos. • Parasitas ✓ Protozoários; ✓ Helmintos; Características dos agentes infecciosos • Patogenicidade: virulência (capacidade de crescer, multiplicar e causar doença) • Capacidade de invasão • Especificidade pelo hospedeiro • Resistência – capacidade de adaptar-se ao ambiente. RESERVATÓRIOS • Fontes de disseminação dos agentes infecciosos, local onde vivem e se reproduzem. Humanos ✓ Carreadores – sem sintoma aparente de infecção. ✓ Antroponoses: são as doenças onde o homem é o único reservatório, único hospedeiro e único susceptível (gripes, DST, febre tifóide). Obs: Os reservatórios humanos incluem os portadores e os doentes (casos clínicos). GIULIA GONÇALVES– UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – TERAPIA OCUPACIONAL 4 Animais • Selvagens ou domésticos • Zoonoses: doenças que se desenvolvem primariamente em animais e são transmitidas para humanos (raiva, hantavirose, febre amarela, etc.) • Anfixenoses: onde homens e animais são reservatórios (leishmaniose). Plantas • Fitenoses: as plantas são os reservatórios e o homem susceptível (cromoblastomicose – é uma micose subcutânea causada por um fungo que vive em uma planta A transmissão é pega pela lesão da pele humana “raspando” no espinho da planta, que contém os esporos do fungo, para o tecido cutâneo, causando comprometimento da região, com formação de placas, nódulos... obstruindo os vasos linfáticos). • ?? Insetos, Solo e água /?? Alimentos e Objetos PORTA DE SAÍDA Via pela qual o agente infeccioso deixa o reservatório para ser transferido ao hospedeiro. Reservatórios humanos • Trato respiratório: tosse, espirro (aerossóis), fala, sucção; • Trato genito-urinário: cateteres, contato sexual; • Trato gastrintestinal: saliva,fezes e vômitos; • Pele e membranas mucosas: contato direto,feridas e aberturas na pele; • Transplacental; ex: xica • Sangue: agulha (injeção) e transfusão de sangue. Modo de transmissão • Mecanismo de transferência do agente infeccioso do reservatório ao hospedeiro susceptível. • 4 rotas principais: ✓ Contato Direto – Contato físico entre a fonte e o hospedeiro susceptível, não há objeto intermediário. Pessoa-pessoa: toque, beijo, relação sexual. Animal-pessoa: toque, mordida, lambida. ✓ Contato Indireto – o agente infeccioso é transmitido do reservatório ao hospedeiro susceptível através de um objeto (Fômite) Tecidos – Toalhas – Lençóis – Dinheiro – Termômetro – Seringas – Sondas – Copo – Escova de dentes – Brinquedos. ✓ Veículos – são fontes secundárias, intermediárias entre o reservatório e o hospedeiro. Água, ar, alimentos, sangue, fluídos corporais, drogas, fluídos intravenosos. Água: contaminada por esgoto não tratado – cólera, leptospirose, shiguelose, etc. GIULIA GONÇALVES– UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA– TERAPIA OCUPACIONAL 5 Alimentos: não cozidos (crus), não refrigerados ou preparados sem condições de higiene – intoxicação salmonelose. Ar: transmissão de gotículas – aerossóis, partículas de poeira – tuberculose, histoplasmose (Esporos). ✓ Vetores – São seres vivos – Artrópodes - que transportam o agente desde o reservatório até o hospedeiro potencial. 2 formas de transmissão: Mecânica: transporte passivo – patas, asas ou partes do corpo ou trato gastrintestinal e onde não há multiplicação ou modificação do agente infeccioso. Ex: moscas, dengue. Biológica: processo ativo e mais complexo os agentes desenvolvem algum ciclo vital antes de serem disseminados ou inoculados no hospedeiro. É preciso do artrópode para que haja mudança desse agente causado para que possa infectar o agente suscetível. Picada ou mordida de pessoa infectada; ingestão de sangue infectado; patógeno se multiplica no vetor; picada ou vomito ou fezes em outro hospedeiro; transmissão. Ex: doença de chagas, malária, leishmaniose. Doença de chagas pode ser transmitida por meio do inseto, que por engano, é moído junto com o fruto. PORTA DE ENTRADA • A via de entrada do agente infeccioso no hospedeiro susceptível. • Membranas mucosas ✓ Trato respiratório; ✓ Trato genitourinário; ✓ Trato gastrintestinal; ✓ Conjuntiva; • Pele; • Parenteral; • Transplacentária. Porta de entrada preferencial: específica para desenvolvimento da doença Ex: Vibrio cholerae – infecção do trato GI – cólera Entrada por um corte na pele – ausência de cólera. I. MEMBRANAS MUCÓIDES Trato respiratório: inalação • Fácil penetração e a mais comumente utilizada; • Principais barreiras: muco, epitélio ciliar e epiglote e imunidade inata. • Resfriado comum, gripe, tuberculose, pneumonia, difteria, criptococose, aspergilose, histoplasmose, paracoccidioidomicose. Trato gastrointestinal: ingestão • Comida e água contaminada ou mãos contaminadas; • Principais barreiras: pH extremamente baixo no estômago, enzimas, muco, saliva (lisozima); GIULIA GONÇALVES– UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – TERAPIA OCUPACIONAL 6 • Salmonelose: Salmonella sp., Shigelose: Shigella sp, Cólera: Vibrio cholorea. Trato Urogenital: contato • Porta de entrada das doenças sexualmente transmissíveis; • Principais barreiras: fluxo urinário, pH ácido, muco, lactobacilos. • Gonorréia: Neisseria gonorrhoeae, Sífilis: Treponema pallidum, Clamidíase: Chlamydia trachomatis, AIDS: HIV, Herpes genital: Herpes simplex II, HPV. Conjuntiva: contato • Recobre o olho e as pálpebras; • Barreiras: lágrimas (lisozima), cílios. • Tracoma: Chlamydia trachomatis, • Conjuntivites: bacterianas (Staphylococcus sp / Streptococcus sp) ou virais (adenovírus). ii. PELE • Maior órgão do corpo – quando intacta é uma barreira efetiva para maioria dos microrganismos. • Porta de entrada: folículos capilares, glândulas sebáceas; • Barreiras: suor, óleo, cabelo, pelos; • Cromoblastomicose: Fonsecaea pedrosoi, Impetigo: Staphylococcus ou Streptococcus, Tinhas (micoses): fungos, Acnes: Propionibacterium acnes. iii. PARENTERAL • Microrganismos são depositados dentro de tecidos abaixo da pele ou da membrana mucosa; • Punções, Injeções, feridas (laceração, corte, arranhão, picada de inseto, queimadura, etc). • Cirurgias. SUSCEPTIBILIDADE DO HOSPEDEIRO • Uma pessoa ou animal com resistência diminuída a um patógeno, assim quando exposto ao agente infeccioso, desenvolverá a doença. • Fatores de predisposição Sexo (F/M); genética: defeitos na imunidade; estado nutricional; idade: infância e velhice; estilo de vida: estresse físico e mental; cirúrgias e procedimentos invasivos; doença pré-existente: AIDS, câncer, diabetes, etc.; uso de medicamentos; tratamento quimioterápico, transplantes. GIULIA GONÇALVES– UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – TERAPIA OCUPACIONAL 7 COMO PREVENIR UMA INFECÇÃO? Para que ocorra uma infecção é necessário que todos os elementos estejam presentes, então se há retirada/bloqueio de algum dos elementos, a infecção não acontece. HIV E AIDS • Mutação do vírus SIV de chimpanzés – HIV1 e HIV2; ambos causam a mesma doença, mas diferentes origens. • Transição para humanos – após 1930 – promiscuidade/ urbanização/ meios de transporte; • 1959 – 1º homem morto na África; • 1976 – Noruega – navegador –contato com África onde surgiu o vírus; • 1981: Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) foi relatada pela primeira vez nos EUA. • 1982 – 1º relato no Brasil; • Hoje: Estima-se que mais de 36 milhões de pessoas no mundo estejam infectadas pelo HIV; • Brasil: entre 2010 e 2015 — aumento de 2,3% de novos casos—no sentido oposto do indicador global (baixa de 4,5%). Estimativas sobre HIV e AIDS Boletim epidemiológico 2019: • 24,5 milhões de pessoas com acesso à terapia antirretroviral (coquetel); • 37,9 milhões de pessoas em todo o mundo vivendo com HIV (até o fim de 2018); • 1,7 milhão de novas infecções por HIV (até o fim de 2018); • 770. 000 de pessoas morreram de doenças relacionadas à AIDS (até o fim de 2018). ...desde o início da epidemia; • 74,9 milhões de pessoas foram infectadas pelo HIV (até o fim de 2018); • 32 milhões de pessoas morreram de doenças relacionadas à AIDS (até o fim de 2018). Estar infectado não significa estar com a doença!!! GIULIA GONÇALVES– UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – TERAPIA OCUPACIONAL 8 Transmissão do HIV • Modo de transmissão: contato com fluídos corporais: contato sexual, leite materno, placenta, seringas, órgãos transplantados, transfusão. ✓ Sangue: 1.000-100.000 vírus/mL; ✓ Sêmen 10-50 vírus/mL; ✓ Sobrevive 6h fora da célula. RELAÇÃO SEXUAL SANGUINEA TRANSMISSÃO VERTICAL • Desprotegida; • Durante a menstruação; • Relação anal receptiva; • Presença de outra DST (principalmente as ulceradas) • Receptores de sangue e hemoderivados; • Uso comum de drogas injetáveis ilícitas; • Exposição ocupacional a material biológico; • Consultório dentário; • Manicures; • Tatuagens. • Durante a gestação (menos frequente no primeiro trimestre) • Durante o trabalho de parto; • Durante o aleitamento ESTÁGIO DA INFECÇÃO POR HIV • Janela imunológica – tempo entre a infecção (contato inicial) e soro conversão (aparecimento de anticorpos detectáveis na corrente sanguínea); • Testes falsos-negativos; • Teste rápido – janela imunológica 30 dias. AIDS é a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, é o último estágio da doença, quando tem-se o aparecimento das doenças oportunistas e tumores. PROGRESSÃO DO HIV Antes da infecção, a quantidade de linfócitos TCD4 estão normais, quando há a infecção, começa-se a replicação viral, diminuindo esses linfócitos TCD4. Essa diminuição acarreta os sinais e sintomas iniciais da doença. Existem pessoas que ficam assintomáticas, mas outras, que desenvolvem sintomas como de gripe (febre, mal-estar). Vírus integra seu DNA com o do indivíduo e pode ficar latente, sem expressar seus genes que codificam as proteínas necessárias para formar uma nova partícula viral, podendo durar muitos anos. Porém, ao longo do tempo, não se sabe o porquê, o DNA viral que está integrado no genoma do linfócito TCD4, sai deste estado de latência e passa a sintetizar as proteínas virais, que uma vez produzidas, começa a multiplicar-se desenfreadamente. Cada vírus liberado infectará novas célula de linfócito TCD4, gerando doença crônica e a diminuição, cada vez maior, dos linfócitos TCD4. Chega um momento em que a medula não consegue mais fazer a produção de linfócitos TCD4 para substituir os que foram lesados, gerando o desenvolvimento da AIDS propriamente dita. Infecção inicial AIDS Período assintomático(latência) Aproximadamente 8~10 anos GIULIA GONÇALVES– UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – TERAPIA OCUPACIONAL 9 AIDS = baixa taxa de linfócitos TCD4 e alta taxa de cargas virais. Associação de HIV com outras doenças oportunistas É muito comum a candidíase bucal, na mucosa oral, já que o sistema imune está muito fragilizado e possui poucos linfócitos TCD4, a cândida, que faz parte da nossa microbiota, transita para a forma de pseudo- hifas e hifas, e filamento, levedura, e torna-se patogênica. Ou seja, se há candidíase, é um indicativo de que está havendo a replicação do vírus do HIV. DIAGNÓSTICO DO HIV Hoje utiliza-se para o diagnóstico métodos moleculares que detectam antígenos virais e RNA viral. 1. Detecção do antígeno do HIV. 2. Detecção de anticorpo contra o vírus (teste rápido) 3. Amplificação do DNA/RNA viral → Carga viral (quantificação plasmática de RNA viral); HIV porta o RNA, mas ao invés dele ser utilizado para produzir a proteínas, este RNA é convertido em DNA, pela transcriptase reversa. • Indicada para prever a progressão da doença e monitorar a resposta ao tratamento antirretroviral - antes do início do tratamento e controle de 2 a 4 meses. 4. Contagem de linfócitos T CD4+ em sangue periférico por citometria de fluxo. • Preditor de risco para doenças oportunistas, define a introdução do tratamento antiretroviral, e permite estadiamento da infecção; • TCD4+ inferior a 200 células/mm3. 5. Isolamento viral em cultura de células. Vírus no estado latente – quando ele fica dentro da célula sem expressar seus genes e gerando as proteínas virais, os compostos que atuam para bloquear a replicação Profilaxia pós-exposição (PEP) • Violência sexual; • Relação sexual desprotegida (sem o uso de camisinha ou com rompimento da camisinha); • Acidente ocupacional (com instrumentos perfuro-cortantes ou contato direto com material biológico). Início o mais rápido possível – de 2h após a exposição e no máximo em até 72 horas. Duração: 28 dias. Esquema Preferencial Tenofovir + Lamivudina + Dolutegravir. GIULIA GONÇALVES– UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – TERAPIA OCUPACIONAL 10 Profilaxia pré-exposição (PrEP) É tomada todos os dias e é uma prevenção. Truvada® • Tenofovir - nucleosídeo inibidor da transcriptase reversa; • Entricitabina - nucleosídeo inibidor da transcriptase reversa. Existe cura? Não. Mas recentemente um homem britânico recebeu células-tronco da medula óssea de uma pessoa que possui mutação no gene que codifica a proteína CR5, fazendo com que não haja replicação viral. Funcionalmente este paciente estava curado, mas são necessários maiores estudos. Porém não há cura, prevenção é a melhor maneira. Como quebrar a cadeia infectiva da AIDS? Executando as medidas preventivas que podem ser combinadas de forma a bloquear diferentes elementos dessa cadeia. A PEP é uma forma de bloquear a suscetibilidade do hospedeiro, já que a porta de entrada já foi ultrapassada. A PREP, também bloqueia o hospedeiro suscetível. A utilização do coquetel para proteção do bebê, na transmissão vertical, bloqueando a porta de saída. Quanto mais precoce o diagnóstico, mais rapidamente pode-se iniciar o tratamento e impedir que este indivíduo soropositivo infecte outras pessoas. Pois quando tratado com antecedência, há promoção da diminuição da carga viral, evitando inclusive, o desenvolvimento da imunossupressão. O uso de preservativo é uma forma de bloquear tanto a porta de entrada (indivíduo soro-negativo) quanto a de saída (indivíduo soro-positivo). Evitar seringas compartilhadas, como por exemplo em drogas injetáveis. Aedes aegypti Doenças que são transmitidas pelo vetor aedes aegypti, que é muito comum em regiões tropicais. Esse vetor transmite três doenças: dengue, chikungunya, zika, porém, recentemente foi estudado um novo vírus que pode ser transmitido também por este vetor. Esse vetor faz a transferência mecânica, sem alteração/modificação do agente causador, dentro desse mosquito. Doenças transmitidas pelo Aedes aegypti Principais caracterisiticas, sinais e sintomas • Dengue: febre, dor atrás dos olhos (retro orbicular) • Chikungunya: dor muscular, edema e dores nas articulações. • Zica: manchas vermelhas na pele (geram coceiras intensas) e conjuntivite. GIULIA GONÇALVES– UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – TERAPIA OCUPACIONAL 11 O período de incubação varia de um vírus para o outro e, apenas a dengue apresenta manifestações hemorrágicas, que podem evoluir para a morte do indivíduo. DENGUES • Vírus envelopado, RNA fita simples + • 4 tipos (DENV 1-4, novo sorotipo DENV 5 Malásia) ✓ DENV 2 e 3 – forma hemorrágica; ✓ Infecção com um tipo não protege contra os demais. • Formas clínicas: ✓ Febre dengue; ✓ Dengue hemorrágica; ✓ Choque. Principais sintomas DA DENGUE CLÁSSICA HEMORRÁGICA • Febre; • Dor de cabeça; • Dor atrás dos olhos; • Falta de apetite; • Dor nos ossos e nas articulações; • Manchas vermelhas; • Moleza e cansaço • Dificuldade de respiração; • Perda de consciência; • Confusão mental, agitação e insônia; • Sangramento na boca, gengiva e nariz; • Vômitos intensos; • Pulso fraco; • Fortes dores abdominais contínuas; • Pele pálida, fria e úmida. Infecção secundária + severa Anticorpos auxiliam entrada do vírus nas células → aumento do número de células infectadas → liberação citocinas (danos endoteliais e inflamação). Células infectadas: macrófagos, células dendríticas e monócitos Receptores: múltiplas moléculas. CICLO ENFECTIVO DA DENGUE Há o reservatório, que é o indivíduo a ser infectado. Esse reservatório será picado pelo mosquito aedes aegypti e assim, esse mosquito, que corresponde ao modo de transmissão, levará o vírus para outro indivíduo que não está infectado, tornando-se hospedeiro suscetível. ✓ Porta de saída: pele. ✓ Porta de entrada: pele Porém, recentemente houve um caso de dengue sexualmente transmitida, em Madri. O mosquito não é o reservatório, mas apenas o vetor. Tratamento Dengue • Alívio dos sintomas; • Nunca usar ácido acetil salicílico (Aspirina) leva a diminuição de plaquetas (hemorragia); • Casos graves: transfusão sanguínea; COMO PREVENIR? • Vacina (Dengvaxia); ✓ Vírus vivos atenuados (4 sorotipos); ✓ Indicação: indivíduos soropositivos que moram em áreas endêmicas, 9-45 anos; ✓ Contra-indicado: soronegativos (Estudos após 6 anos); ✓ Não disponível rede pública (3 doses/ 100 reais/ cada) GIULIA GONÇALVES– UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – TERAPIA OCUPACIONAL 12 ▪ 66% de proteção; 80%redução de hospitalizações;93% proteção contra formas mais graves da doença - após a 3ª dose da vacina". ZIKA VÍRUS Ciclo infectivo do Zika vírus • Está no meio selvagem e é passada pelos mosquitos para o meio urbano. • Zika é capaz de infectar células progenitoras neurais fetais. • Síndrome da Zika congênita: deficiência intelectual, paralisia cerebral, epilepsia, dificuldade de deglutição, anomalias dos sistemas visual e auditivo, além de distúrbio do comportamento • Microcefalia em bebês: ✓ Calcificações intracranianas; ✓ Artrogripose (contraturas congênitas) e pés tortos congênitos. COMO PREVENIR? O vírus não é adquirido apenas pela picada do mosquito, mas também pelo contato sexual e também transfusão sanguínea. Crianças que tiveram acesso à intervenção precoce obtiveram melhores prognósticos, mesmo com a síndrome. Ebola Existem três tipos do vírus ebola. Como o ebola é transmitido? Ele tem como reservatório morcegos silvestres e, as pessoas, ao entrarem em contato com as secreções desses morcegos ou animais que comeram esses morcegos, podem adquirir o vírus e, se espalham pelos fluidos corporais (suor, saliva, lágrimas, sangue e sêmen). Célulasalvo: hepatócitos, células endoteliais e fagócitos. Sintomas • Febre e dor de cabeça; • Dores musculares e nas articulações; • Fraqueza; • Diarreia e vômitos; • Perda de apetite; • Hemorragia interna e externa; • CID e FMO; • Período de incubação: 2 – 21 dias Hemorragia interna e externa – quando os monócitos são infectados, eles geram ativação de citocinas pró- inflamatórias, gerando uma resposta imune exacerbada (tempestade de citocina), que geram hipotensão, falta de oxigênio e nutrientes para os tecidos, levando à falência múltipla de órgãos. Há também um quadro de coagulação intravascular disseminada, favorecendo esse bloqueio de oxigênio e nutrientes para os tecidos, promovendo a morte de vários tecidos e a falência múltipla. GIULIA GONÇALVES– UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – TERAPIA OCUPACIONAL 13 TRANSMISSÃO É bem complexa. É dada pelo contato com animais silvestres, devido à caça, como forma de alimentação e, ao ter contato com as secreções destes animais infectados, o indivíduo pode adquirir o vírus e desenvolver a doença. Também pode ser adquirido pelo contato com as secreções de indivíduos doentes, também pelo contato sexual. Cadeia infectiva: Ebola • Ag. Causador: Ebola vírus • Reservatório: morcegos ou animais silvestres ou humanos; • Porta de saída: fluídos dos animais ou humanos; • Modo de transmissão: ✓ Contato direto (pele e mucosas – suor, saliva, contato sexual); ✓ Indireto (materiais médicos contaminados); ✓ Veículo (carne de animais contaminada) • Porta de entrada: fissuras na pele, incluindo micro-abrasões e respingos nas membranas mucosas. • Hospedeiro suscetível: qualquer indivíduo que entrar em contato. PREVENÇÃO • Evitar caça de animais silvestres e exposição aos fluidos corporais desses animais; • Não se alimentar desses animais; • Utilizar desinfetantes, como por exemplo o hipoclorito de sódio, pois como é um vírus envelopado, este desinfetante consegue eliminar. • Não manter contato com o indivíduo contaminado. • PROFISSIONAIS DE SAÚDE – utilizar proteção nos olhos, nariz, mãos, todas as mucosas devem estar recobertas. VACINAS Demorou vinte anos para que essa vacina fosse produzida. Merck (aprovada FDA) • rVSV-ZEBOV; • Vírus estomatite vesicular atenuado recombinante (Glicoproteína GV- vírus Zaire); • Zaire ebolavirus; • Intramuscular/ • 97,5% eficácia (14 meses); • 225.000 pessoas Guinea. J&J (Fase 2) • Ad26.ZEBOV / MVA-BN-Filo; • Sorotipo 26 de adenovírus humano (Ad26) (glicoproteína GV - vírus Zaire Mayinga); • Cepa multivalente do Vírus Vaccinia Modificado Ancara (MVA) contendo GP de ZEBOV, SEBOV, Marburg Virus e nucleoproteína de Tai Forest; GIULIA GONÇALVES– UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – TERAPIA OCUPACIONAL 14 • 2 doses – resposta 4-12 semanas Existem ainda, oito vacinas em teste. COVID- FASES DA COVID Estágio 1 – início da replicação viral nas células que possuem receptor AC2 e, o indivíduo pode ser assintomático. Estágio 2 – fase pulmonar; replicação viral. Há início da pneumonia, com dificuldades respiratórias e as características de diagnóstico. Estágio 3 – há resposta hiper-inflamatória com a liberação das citocinas, há os casos graves da doença. A resposta inflamatória é tão intensa que gera pneumonia, sepse, falência respiratória e até a morte. Complicações pulmonares e cardíacas da COVID19 – as complicações cardíacas também são decorrentes da interação do vírus com as células cardíacas, devido a presença do receptor ECA2. Há lesões do miocárdio, cardiomiopatia e arritmias e pode haver também, casos de hipertensão. Sobre as complicações pulmonares, são decorrentes da liberação desenfreada de citocinas, que leva à Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo. E, existem complicações extrapulmonares que, em alguns casos da doença, vão aparecendo e afetando diversos órgãos e tecidos como o trato digestivo, urinário com falência renal, alterações no sistema imune e hematológico, com alto risco de tromboembolismo, com a formação de coágulos. Alterações psicológicas, como ansiedade, depressão, pânico. Distúrbios neurológicos, como cefaleia, tontura, distúrbio de consciência. Além da diminuição do paladar, olfato. Aborto espontâneo, morte materna e parto prematuro. Infertilidade masculina. Ou seja, múltiplos órgãos podem ser acometidos. Source: Extrapulmonary manifestations of COVID-19 Condições que contribuem para as mortes de pacientes com COVID- Várias condições podem contribuir para as mortes dos pacientes com COVID, como as doenças de base ou doenças pré-existentes. Sendo estas, em ordem de maiores contribuintes. ✓ Doenças respiratórias; ✓ Hipertensão; ✓ Diabetes; ✓ Parada cardíaca; https://www.nature.com/articles/s41591-020-0968-3 GIULIA GONÇALVES– UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – TERAPIA OCUPACIONAL 15 ✓ Demência; ✓ Doenças isquêmicas do coração; ✓ Falência dos rins; ✓ Sepse; ✓ Insuficiência cardíaca; • Agente causador: SARS-COV2, que é um vírus envelopado de RNA que apresenta em sua superfície, glicoproteínas (spikes) que promovem interação do vírus e entrada nas células hospedeiras. • Reservatório: indivíduos infectados, seja sintomático ou não; • Porta de saída: majoritariamente pelo trato respiratório. Ex: tosse, espirro, fala. • Modo de transmissão: variado, podendo se dar pelo contato direto com a pessoa infectada ou indireto, por meio de objetos infectados. • Veículo: ar. • Porta de entrada: pelas mucosas, seja do trato respiratório, bucal ou conjuntiva. • Hospedeiro suscetível: alguns fatores de predisposição, como as doenças de base, facilitam a infecção nestes indivíduos. Ainda não se sabe se fatores genéticos favorecem este processo inflamatório intenso. Medidas preventivas Uso de máscaras, cobrir boca e nariz ao tossir e espirrar; evitar contato próximo entre as pessoas; lavar as mãos corretamente pois como é um vírus envelopado, é facilmente contido por meio da antissepsia. Além de ficar em casa, se possível! Essas medidas são importantes para tentar quebrar a cadeia de infecção pois como há reservatórios assintomáticos, a pessoa pode estar infectada, mas não saber. DESENVOLVIMENTO DE UMA VACINA • Seria uma forma de bloquear a cadeira infectiva. Há o desenvolvimento experimental, vacina pronta é inoculada em animais de laboratório. São avaliados parâmetros toxicológicos, do animal, de dois a quatro anos. Quando há resultados positivos, é submetida a agencias internacionais, o protocolo para que seja iniciada a fase clínica, ou seja, os testes. Esses testes clínicos apresentam três fases distintas: a fase um, fase dois e fase três e, quanto maior o nível da fase, maior o número de pessoas envolvidas. Cada fase possui seu tempo de duração, podendo variar até três anos, tendo um total de 5 – 7 anos até que todas as fases clínicas sejam finalizadas. Uma vez que os resultados sejam positivos nessas fases, é solicitada uma licença desse produto biológico na agência reguladora (Brasil – Anvisa), que avalia todos os resultados e processos, demorando cerca de 1 – 2 anos, para que a vacina seja liberada para produção em larga escala e haja a distribuição. GIULIA GONÇALVES– UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – TERAPIA OCUPACIONAL 16 Pesquisas em época de pandemia – há a estratégia delineada com a inoculação nos animais. São analisados os dados dos animais em meses (geralmente são em anos) e, os dados positivos possibilitam o andamento para as fases posteriores dos testes clínicos, que podem ter sobreposição, ou seja, enquanto uma fase está sendo realizada, outra está sendo inicializada, na intenção de ser mais rápido. Caso os resultados da fase clinica sejam positivos, a licença é solicitada às agências regulatórias e todos os dados são analisadospara que a produção e comercialização comece. Espera-se que processo dure entre 10 meses até 1 ano e meio. COVID VACINAS EM DESENVOLVIMENTO Algumas vacinas usam das spikes/espículas presentes na superfície do vírus para fazer a inativação do mesmo. • Vacina de vírus inativado; normalmente a inativação química, seja por formol, pois os aldeídos promovem as alterações de proteínas. • Vacina de vírus atenuado; são vírus modificados geneticamente para serem capazes de causar a doença, mas mantendo as proteínas de superfície. • Vacinas que usam domínio RBD; • Vacinas que são vírus que não apresentam o genoma, apenas a capa viral, que possui os antígenos. • Vacinas de vetores incompletos; • Vetores competentes – conseguem se propagar nas células hospedeiras. • Vírus inativado de outras espécies; • Vacinas de DNA – que carregam DNA contendo o gene que expressa o spike. • Vacinas de RNA. CORONAVAC “vacina chinesa” • Vírus inativado quimicamente; • + adjuvantes; • Intramuscular; • Transporte refrigerado. • Instituto Butantan. “Vacina de Oxford” • Adenovírus atenuado + proteína S; • Intramuscular; • Transporte refrigerado; • 2 doses? • Fiocruz.
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