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NUTRIÇÃO CLÍNICA Paula Gabriela Loss Neto Doença celíaca Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a etiologia autoimune e os fatores genéticos e am- bientais relacionados ao desenvolvimento da doença celíaca e sua epidemiologia. Listar a diversidade de manifestações clínicas e métodos diagnósticos. Definir a conduta dietoterápica na doença celíaca. Introdução A doença celíaca, uma enteropatia crônica, caracteriza-se pela intolerância permanente ao glúten. Essa fração proteica é encontrada principalmente no trigo, na cevada e no centeio. A predisposição genética leva ao desencadeamento de mecanismos autoimunes, apresentando uma sintomatologia nem sempre restrita ao trato gastrintestinal, o que dificulta o seu diagnóstico. O tratamento da doença celíaca tem como base a dieta restrita de glúten. Portanto, é fundamental que o nutricionista conheça os aspectos básicos da doença celíaca e domine o conhecimento fisiológico e técnico-dietético para o efetivo tratamento dessa patologia. Neste capítulo, você vai conhecer mais sobre a etiologia autoimune e os fatores genéticos e ambientais que se relacionam com essa doença, bem como as suas manifestações clínicas e os métodos diagnósticos. Além disso, vai entender sobre a conduta dietoterápica em relação a essa doença. Epidemiologia, etiologia e fisiopatologia da doença celíaca Epidemiologia Em termos mundiais, a prevalência da doença celíaca é estimada em torno de 1%. Entretanto, estudos demonstraram variação entre 0,3% e 1%, o que leva a considerar o grande número de casos sem diagnóstico. Estudos na Suécia mostraram uma prevalência de até 3%. Sendo mais frequente entre mulheres, a doença celíaca apresenta uma pro- porção de 2:1. Quanto à idade ao diagnóstico, a maior parte das manifestações clássicas tem início na infância, na faixa etária compreendida entre 1 e 3 anos. Porém, as manifestações podem surgir em qualquer idade; a inespecificidade de alguns sintomas e o quadro atípico podem atrasar o diagnóstico por anos. Apesar da descrição de uma predominância da doença celíaca na população branca, estudos no Brasil apontam a manifestação da doença em mulatos. Ainda que faltem dados oficiais nacionais, é estimado que cerca de 300 mil brasileiros sejam portadores, e que a incidência seja maior na região Sudeste. Sobre isso, é importante considerar que os maiores centros universitários e hospitalares se encontram nessa região, levando à maior probabilidade diagnóstica. Embora poucas pesquisas tenham sido realizadas no Brasil com a população pediátrica, esses estudos demonstram que a prevalência da doença celíaca no Brasil não difere muito dos valores europeus. Estudos brasileiros de rastrea- mento clínico e de base epidemiológica estimam que 1 a cada 474 adultos e 1 a cada 184 crianças sejam portadores de doença celíaca não diagnosticada. Pesquisas no Brasil e no exterior apontam para o aumento da incidência da doença celíaca, com manifestação de seu quadro típico – mas principalmente com um quadro clínico atípico. Para avaliar esses dados, é preciso ter em mente que o período estudado, em termos evolutivos, é curto para alterações gênicas desse porte. Logo, a hipótese fica restrita a mudanças ambientais, como a exposição ao glúten durante a infância e a maior acurácia dos métodos diagnósticos, assim como a maior atenção e informação por parte da clínica médica durante a investigação de sintomas típicos e atípicos. Etiologia e fisiopatologia A doença celíaca é fruto da interação entre a exposição ao glúten e fatores genéticos, imunológicos e ambientais. O contato das células intestinais de indivíduos geneticamente predispostos com a gliadina – fração proteica do Doença celíaca 148 glúten – provocaria uma resposta imune, com produção de anticorpos e dano tissular. Portanto, o consumo de alimentos com glúten em sua composição causa a atrofi a de vilosidades intestinais, podendo implicar restrição da área absortiva. O glúten está presente em cereais como o trigo, a cevada e o centeio, e é formado em grande parte por frações proteicas insolúveis em água. Entre seus componentes principais, destacam-se as prolaminas, classificadas em gliadinas (constituídas por proteínas monoméricas) e gluteninas (constituídas por proteínas poliméricas). A concentração aumentada de glutamina e de resíduos de prolina colabora para que sua digestão seja incompleta pelas peptidases gástricas e pelo epitélio intestinal. Disso resultam peptídeos residuais de até 33 aminoácidos, cuja alta estabilidade contra a quebra proteica, com sua consequente degradação incompleta, potencializa seu papel imunogênico e, por conseguinte, seus efeitos tóxicos. A doença celíaca nem sempre tem seu diagnóstico óbvio, uma vez que pode afetar órgãos além do trato gastrintestinal e sua sintomatologia pode ocorrer em qualquer idade. Estudos sobre fatores genéticos têm demonstrado polimorfismos relativos aos antígenos de histocompatibilidade, com altos níveis de associação com a doença celíaca. Gêmeos monozigóticos apresentam incidência de cerca de 70%, e irmãos que partilham o mesmo antígeno de histocompatibilidade, 30%. Foi observado que a grande maioria dos portadores compartilham polimorfismos em genes como HLA DQ2 ou HLA DQ8 da classe II do sistema HLA. O sistema HLA é o sistema de histocompatibilidade, que se relaciona com a resposta inflamatória autoimune e com a verificação de compatibilidade para transplante de órgãos. As moléculas expressas por meio desses alelos em células do sistema imune, como as apresentadoras de antígenos e linfócitos B, interagem com os peptídeos residuais do glúten. Além desses genes, foram associados com a ocorrência de doença celíaca o lócus de suscetibilidade ao diabetes tipo 1 e ainda genes não associados ao lócus do complexo de histocompatibilidade. Apesar dos fortes componentes genéticos na etiologia da doença celíaca, e de os haplótipos HLA DQ2 e DQ8 possuírem essa alta associação, um estudo de revisão investigou o consumo de trigo e a incidência dos haplótipos em diversos países. Houve disparidade na incidência da doença celíaca, mesmo em locais geograficamente próximos, com consumo semelhante de trigo e presença dos polimorfismos. Como exemplo, pode-se citar a incidência de 2,4% na Finlândia, ao passo que, em Karelia, na Rússia, a incidência é de 0,2%; valores em torno de 5,6% foram encontrados na Argélia, enquanto 149Doença celíaca apenas 0,28% da população foi acometida na Tunísia. Isso indica um desenho epidemiológico mais complexo, com a interação de outros fatores ambientais e outros possíveis polimorfismos envolvidos na incidência da doença celíaca. A resposta imune ao glúten envolve tanto o sistema imune adaptativo, quanto o inato. Em associação, eles propiciam um microambiente pró-infla- matório, com a presença de infiltração intraepitelial, atrofia das vilosidades e hiperplasia das criptas intestinais, diminuindo a superfície absortiva. Devido à sua complexidade, a doença celíaca já foi comparada a um iceberg: os casos com apresentação sintomática clássica corresponderiam à porção visível, enquanto os de apresentação assintomática, à parcela submersa. Assim, ela se constitui em um problema para a administração de saúde pública, uma vez que portadores não diagnosticados poderão apresentar complicações relativas à qualidade de vida. O estudo da doença celíaca levou à constatação de um espectro de pacientes que seriam alérgicos ao glúten, mas que não se encaixariam no diagnóstico da doença celíaca, aumentando o número de pacientes que necessitam de restrição de glúten na dieta. Manifestações clínicas e diagnóstico da doença celíaca O diagnóstico da doença celíaca baseou-se por décadas na análise do quadro clínico, seguido da execução de biópsia intestinal – buscando encontrar as lesões típicas da doença, como a atrofi a das vilosidades e a hiperplasia dascriptas. Atualmente, o desenvolvimento de testes sorológicos, testagem de anticorpos e detecção de outras alterações histológicas e genéticas permitiu observar outras formas de manifestação da doença celíaca, que não são consti- tuídas por quadro clínico ou alterações histológicas clássicas. Na Tabela 1, você pode conferir a classifi cação das diversas manifestações da doença celíaca. Doença celíaca 150 Doença celíaca assintomática Apesar de alterações histológicas serem frequentes nesses pacientes, a ausência de sintomas leva ao diagnóstico apenas em testes realizados por outros motivos ou pesquisas de screening populacional Doença celíaca sintomática A ingestão de glúten fica associada a uma sintomatologia evidente, tanto extraintestinal, quanto relativa ao trato gastrintestinal Doença celíaca clássica Os sintomas manifestos são principalmente disabsortivos, como presença de esteatorreia, perda de peso e deficiência vitamínica-mineral. A biópsia revela atrofia de vilosidades. Outra característica dessa forma de manifestação é a regressão dos sintomas e das lesões histológicas após a retirada do glúten dietético Doença celíaca não clássica Apesar de a manifestação clínica e do aspecto histológico assemelharem-se muito à forma clássica, os sintomas do trato gastrintestinal não incluem disabsorção Doença celíaca subclínica São as alterações laboratoriais (como diagnóstico de anemia ferropriva, aumento imotivado de transaminases, osteoporose e até mesmo alterações detectadas durante uma endoscopia) que evidenciam probabilidade de doença celíaca, apesar da ausência de queixas clínicas Doença celíaca potencial A presença em exames laboratoriais de anticorpos séricos indica um risco aumentado de portar a doença, mesmo com a mucosa intestinal normal. Doença celíaca refratária Mesmo com uma dieta isenta de glúten por mais de 12 meses, os sintomas persistem, com sinais de má absorção, e o exame histológico constata a atrofia das vilosidades Tabela 1. Classificação das manifestações da doença celíaca. Não só as formas de apresentação da doença celíaca são variadas: a idade de manifestação também não é estanque. Ela pode se manifestar em qualquer idade, com apresentações diversas – intestinais e extraintestinais – e não são raros atrasos e dificuldades no diagnóstico. A diarreia e sintomas intestinais, apesar de classicamente ligados à suspeita de doença celíaca, não são os sintomas mais frequentes em adultos. Nessa fase da vida, a maior prevalência é de sintomas extraintestinais não clássicos, a saber: dermatoses, estomatite aftosa, osteoporose, anemia ferropriva, de- ficiências vitamínico-minerais e até mesmo transtornos neuropsiquiátricos. 151Doença celíaca Durante a infância, os sintomas mais prevalentes são a dor abdominal recor- rente e a baixa estatura. Outros sintomas podem incluir anorexia, distensão abdominal, vômitos, irritabilidade, fadiga crônica, elevação de transaminases e diarreia. Vale considerar que pesquisas demonstraram que apenas 10% da população pediátrica apresentou diarreia, sendo a incidência inversamente proporcional à idade. Quanto aos exames para investigação, é preciso considerar a idade do paciente e a complexidade de manifestação da doença. Por vezes, o diagnóstico é realizado por associação de testes imunológicos e testagem de presença de anticorpos, e até mesmo exames invasivos, podendo passar ainda por testagem genética. Para paciente acima dos dois anos de idade, o anticorpo antitransglutami- nase IgA é indicado como investigação inicial, ao passo que, para menores de dois anos, deve ser realizada a dosagem de imunoglobulinas e de anticorpos de classe IgG para peptídeos deamidados da gliadina. Os resultados devem ser analisados levando em consideração o hábito de consumo de glúten e o uso de imunossupressores. A partir de um teste sorológico como os descritos acima, com resultado positivo ou negativo (tratando-se de paciente com fatores de risco ou maior probabilidade, pela sintomatologia, de apresentar doença celíaca), a indicação é de seguir a investigação com a realização de uma endoscopia digestiva alta. Esse exame deve incluir múltiplas biópsias do intestino delgado. As alterações esperadas variam desde as discretas, como uma maior presença de infiltrado de linfócitos intraepiteliais, até anormalidades significativas, como atrofia completa da mucosa, apoptose epitelial aumentada, hiperplasia de criptas e perda de vilosidades. A sorologia específica, nos casos de atrofia de vilosidades, confirma o diagnóstico. A doença celíaca ainda exige investigação para outras patologias com quadro clínico semelhante. O diagnóstico diferencial da doença celíaca deve levar em consideração uma infecção por H. pylori, presença de doença autoi- mune e de doenças inflamatórias intestinais, além de crescimento bacteriano anormal no intestino delgado. Situações específicas de difícil diagnóstico podem levar à necessidade de realização de um “desafio de glúten”. Esse desafio é um teste padrão-ouro que associa a administração de uma dieta rica em glúten (equivalente a 3 g/ dia durante duas semanas e, se tolerado, durante mais seis semanas), seguida de uma nova dosagem de anticorpos e biópsia intestinal. Encontrando-se alterações compatíveis, o diagnóstico fica confirmado. Ainda pode ocorrer de Doença celíaca 152 o exame sorológico demonstrar a presença de anticorpos, mas sem alterações histológicas. Nesse caso, a doença celíaca é classificada como potencial. Em geral, os testes disponíveis são suficientemente adequados para fornecer o diagnóstico de doença celíaca. Porém, ainda há casos de extensa investigação, que culminam em resultados equivocados ou insuficientes. Devido a esse obstáculo no diagnóstico, técnica e testes vêm sendo estudados para aumentar a acurácia e rapidez do diagnóstico, com custos menores. Exemplo disso são as técnicas endoscópicas que incluem o uso de laser integrado para avaliação da mucosa, ou a marcação da mucosa intestinal com elementos tintos, como o azul de metileno, demonstrando alta sensibilidade a alterações presentes na doença celíaca e, ainda, o uso de espectro luminoso de diferente absorção pela hemoglobina, permitindo observar a estruturação vascular da mucosa intestinal. Métodos não invasivos e efetivos também precisam ser estudados, uma vez que diminuiriam os custos e otimizariam a prática clínica. Entre eles, destacam- -se os trabalhos que avaliam os níveis séricos de proteína intestinal ligante de ácidos graxos. Essa substância é liberada quando há dano à mucosa intestinal: seu mecanismo de avaliação seria semelhante ao de outras enzimas dosadas indicadoras de dano em órgãos alvo, como fígado e coração. Porém, apesar da alta sensibilidade, como a origem do dano não é definida pela dosagem, a especificidade fica bastante limitada. A dosagem metabólica da sinvastatina – droga utilizada para controle dos níveis séricos de colesterol – também está sendo estudada, uma vez que o citocromo que catalisa o metabolismo da droga está reduzido quando há atrofia de vilosidades. Logo, maiores níveis de metabólitos da sinvastatina poderiam indicar uma atrofia de vilosidades sem a realização de exame histológico. Outro fator importante para a suspeita e o diagnóstico rápido da doença celíaca é reconhecer quais são as populações mais vulneráveis: essa patologia está associada a uma série de outras comorbidades. Considerando que a doença celíaca está relacionada com genes do complexo de histocompatibilidade, entre outros, é possível prever outras patologias associadas a essas alterações, que possuem incidência associada com a doença celíaca. Doenças autoimunes têm uma prevalência bem maior em portadores de doença celíaca, comparadas com a população em geral, chegando a até 5%. Exemplos dessas patologias são hepatite autoimune, cirrose biliar primária, dermatite herpetiforme, tireoidite de Hashmoto, doença de Graves e diabetes melitotipo 1. Além disso, a doença celíaca foi observada como sendo um fator de risco para alguns tipos de neoplasia, como adenocarcinomas de intestino delgado. 153Doença celíaca Apesar do difícil diagnóstico e da incidência crescente, não há indicação formalizada por agências de saúde nacionais ou internacionais para triagem populacional de celíacos. Contudo, pacientes pertencentes a grupos de risco podem ser investigados, mesmo na ausência de sintomas clássicos. A triagem deve considerar o custo e a reprodutibilidade dos exames; além disso, deve- -se iniciar com a avaliação sorológica menos invasiva e de menor custo. Na Tabela 2, você pode conferir os grupos de risco que precisam de atenção, principalmente os sinais atípicos e os pacientes que devem ser testados: Indicação de teste por sintomatologia Teste por grupo de risco Pacientes que apresentem sintomas desabsortivos, diarreia e distensão abdominal, incluindo pacientes com quadro sugestivo de síndrome do intestino irritável (SII) ou intolerância a lactose Pacientes com diabetes tipo 1 devem ser testados, caso apresentem sintomas sugestivos; portadores de síndrome de Down também têm maior probabilidade de desenvolver doença celíaca Pacientes que apresentem sinais como anemia ferropriva, deficiência de vitamina B12 e/ou ácido fólico, elevação persistente de transaminases, neuropatia periférica, migrânea recorrente, estomatite aftosa, atraso na puberdade, baixa estatura, infertilidade sem outra etiologia que explique o aparecimento das alterações Parentes de primeiro grau de portadores de doença celíaca, principalmente se apresentarem evidência clínica ou alteração laboratorial indicativa Tabela 2. Grupos de risco da doença celíaca. Terapia nutricional na doença celíaca A terapia nutricional é de extrema importância no tratamento da doença celíaca, pois, em todas as suas formas de manifestação, é a exclusão do glúten da dieta que levará à remissão dos sintomas e das alterações morfológicas da mucosa intestinal. Nesse contexto, o nutricionista deve estar atento a dois fatores centrais, que definirão o sucesso do tratamento: Doença celíaca 154 consumo voluntário de glúten, por não adesão à dieta; consumo involuntário de glúten, por desconhecimento dos alimentos que o contêm, por contaminação de alimentos naturalmente isentos, ou ainda pelo uso de medicamentos que contenham glúten como excipiente. É importante que o nutricionista tenha estratégias para lidar com esses dois tipos de situações, informando e observando a necessidade de orientação técnica e suporte psicológico para lidar com uma grande restrição alimentar durante toda a vida. Adesão à dieta O controle da doença celíaca vai além das difi culdades em identifi car o glúten oculto em preparações: tem obstáculos relativos à adesão voluntária à dieta. Sendo uma doença crônica, com uma restrição severa durante toda a vida, não é raro períodos de não adesão à dieta ou consumo intermitente de glúten, com impacto na qualidade de vida e aumento de risco de complicações. Um dos estudos que demonstram a não adesão indicou que cerca de 29,5% não cumpriam a dieta isenta de glúten, sendo a faixa etária superior aos 21 anos a com maior taxa de desobediência. Inúmeros motivos foram elencados para a adesão irregular à dieta restrita em glúten: a falta de orientação sobre a patologia e os alimentos, o hábito de consumo de alimentos derivados do trigo e a falta de motivação para o aprendizado de técnicas culinárias para o preparo de alimentos sem glúten. Não se pode negar que, culturalmente, a alimentação é um elemento central das relações humanas, com impacto na socialização. Por isso, o nutricionista deve levar em consideração a identidade cultural e a condição social, e obser- var quais valores relativos à alimentação o paciente possui, antes de propor estratégias. Um estudo brasileiro revelou que os indivíduos com diagnóstico recente de doença celíaca manifestaram maior impacto psicoafetivo, tanto com a desco- berta de uma condição crônica, como com a necessidade de uma dieta rígida por toda a vida, com a eliminação de alimentos habituais. Medo, ansiedade e negação da doença são reações psíquicas encontradas com frequência, em pesquisas no Brasil e no exterior. O sentimento de exclusão social, solidão ou revolta também foi frequente, principalmente em relação à falta de locais que garantam cardápios sem contaminação para celíacos. Não raro, toda a rede social do indivíduo vê-se 155Doença celíaca na obrigação de readaptar-se; além disso, situações cotidianas antes do diag- nóstico agora podem ser motivo de estresse e de preocupação para o celíaco. Por outro lado, a compreensão e colaboração familiar, com a criação de uma rede de apoio, foram fatores que facilitaram a aceitação do diagnóstico e o comprometimento com o tratamento. Tanto no auxílio com o preparo das refeições, quanto na adaptação das relações sociais, a rede de apoio é um grande facilitador. Por esse motivo, o nutricionista deve identificar a rede de apoio do paciente e buscar esclarecer a família a respeito da importância do suporte e do im- pacto negativo da não adesão na qualidade de vida do paciente. É importante manter uma comunicação empática e construir uma relação de confiança entre profissional e paciente. Ainda, é essencial informar adequadamente o paciente sobre a importância de seguir a restrição. As consequências do consumo de glúten por celíacos vai muito além de desconforto gástrico e diarreia: há também a osteoporose antes da menopausa, em mulheres, e a dermatite (está em estudo também a associação entre doença celíaca e condições como a infertilidade e depressão). Além disso, deve ser considerado o aumento no risco de desenvolvimento de algumas formas de câncer no trato gastrintestinal. O site Entrevista Motivacional (2014) apresenta essa técnica de comunicação baseada em elementos da terapia cognitivo-comportamental. A técnica pode ser utilizada por profissionais treinados, visando a adesão a comportamentos. Sua utilização iniciou e concentra-se na abordagem de usuários de drogas; porém, já foi testada para adesão inclusive a compor- tamentos alimentares. Disponível em: https://goo.gl/9ykBWB Doença celíaca 156 Consumo involuntário de glúten Mesmo o paciente esclarecido e com boa adesão à dieta pode, involuntaria- mente, consumir glúten, seja por falha na rotulagem ou por contaminação cruzada. Ainda, não é raro o uso do glúten como excipiente em medicações. A orientação ao portador de doença celíaca quanto à escolha dos alimentos prontos para o consumo, diminuindo o risco de contaminação cruzada, e sobre alimentos que podem conter glúten (como molhos espessados, vegetais empanados, etc.) é importante para evitar o consumo involuntário. A Lei nº 10.674, de maio de 2003 (BRASIL, 2003), obriga que os produtos alimentícios comercializados informem sobre a presença de glúten, como medida preventiva e de controle da doença celíaca. A Lei nº 8.543, de 23 de dezembro de 1992 (BRASIL, 1992), determina a impressão de advertência em rótulos e embalagens de alimentos industrializados que contenham glúten, a fim de evitar a doença celíaca ou síndrome celíaca. Primeiramente, é necessário dominar o conhecimento técnico básico, que consiste em identificar que cereais como trigo, centeio, cevada e aveia contêm glúten, ao passo que milho, arroz, batata e mandioca não. Outros grupos alimentares estão liberados, e as necessidades nutricionais deverão ser calculadas conforme sexo e faixa etária, seguindo as recomendações para indivíduos saudáveis. A Tabela 3 mostra quais os alimentos e seus respectivos derivados que contêm glúten. 157Doença celíaca Contém glúten Derivados e produtos Trigo Pães, massas, biscoitos, cucas, panetones, gérmen de trigo, espessante em molhos Malte Cerveja, ovomaltine, farinha de malte Cevada Farinha, grãos utilizados na fabricação de bebidas não alcoólicassemelhantes ao café, cerveja Centeio Pães, massas, biscoitos, cucas, ração animal, vodca Tabela 3. Alimentos que contêm glúten e seus respectivos derivados. É importante destacar que quatro ingredientes básicos utilizados na fabri- cação de alimentos e bebidas contêm glúten: o trigo, a cevada, o centeio e o malte. Logo, o paciente celíaco não deve consumir nem cerveja, nem vodca. Dependendo do nível de contato com animais de estimação, a ração destes também deverá ser isenta. A aveia é isenta de glúten; todavia, seu plantio e beneficiamento junto ao trigo a contraindica para pacientes celíacos. Para garantir aveia isenta de glúten, é necessário que, desde o seu plantio, sejam tomados cuidados: não realizar plantio de trigo ou qualquer grão com glúten na mesma área ou em entressafra, bem como utilizar maquinário exclusivo para embalagem e pro- cessamento e local sem contaminação para armazenamento. Apesar do alto custo desse tipo de produção, o número crescente de pacientes celíacos e com espectro alérgico ao glúten demandou do mercado a oferta de aveia isenta de glúten. Esses produtos já podem ser encontrados em alguns supermercados e lojas especializadas. A aveia como opção de cereal aumenta as opções de substituição do paciente celíaco, além de possuir em sua composição fibras solúveis, como a β-glucana, e estar positivamente relacionada com a saúde cardiovascular. Doença celíaca 158 Um estudo brasileiro realizado por Piccolotto analisou a presença de glúten em alimentos industrializados disponíveis para compra. Entre os resultados, dos 98 alimentos que seriam naturalmente isentos de glúten, apenas 19 não apresentaram a proteína após ensaio imunoenzimático. Esses achados são preocupantes, uma vez que mesmo alimentos naturalmente isentos e rotulados como isentos podem estar contaminados. O papel da gluteína na produção de alimentos é relativo à sua elasticidade, favorecendo a estrutura nas massas alimentícias. Sua presença afeta signifi- cativamente a qualidade sensorial e características cinestésicas, de hidratação e de atividade superficial. Consequentemente, esses cereais são muitas vezes adicionados durante o processamento e o preparo de alimentos na indústria, em domicílio ou nos serviços de alimentação. É comum a adição de trigo na produção de cafés instantâneos, achocolatados em pó, sorvetes, papas enlatadas/ desidratadas, iogurtes e alimentos infantis. O Codex Alimentarius orienta desde 2008 que todos os produtos com menos de 20 ppm (partes por milhão) de glúten podem ser considerados adequados para a maioria dos celíacos e receber a inscrição “Não contém glúten”. Essa é a principal informação a ser buscada no rótulo. É preciso ainda orientar o paciente que, devido à larga aplicação do glúten, mesmo alimentos que logicamente estariam isentos – como os derivados de carnes – podem ter glúten em sua composição. Por isso, a leitura dos rótulos é essencial. No Brasil, os pais de alguns celíacos fundaram a Acel- bra (Associação dos Celíacos do Brasil – Seção São Paulo), em fevereiro de 1994. A Associação de Celíacos tem por meta a orientação dos pacientes quanto à doença e à dieta sem glúten, assim como sua divul- gação. Além disso, a Acelbra trabalha ativamente na fiscalização da Lei nº 8.543 e da Lei nº 10.674, relativas à obrigatoriedade de divulgar a presença de glúten nos alimentos. de produtos e receitas sem glúten. Acesse o link ou código QR a seguir para consultar orientações básicas para celíacos e tabelas de alimen- tos, entre outras informações. https://goo.gl/9TKuW 159Doença celíaca Salsichas, sopas, molhos, salgadinhos, croutons, molho de soja, misturas de arroz, wafers, algumas marcas de fubá, caldos para cozinhar, chocolates, purê de batatas, refeições prontas, bombons, chicletes podem conter glúten. A Acelbra, em parceria com universidades e pesquisadores, publica sobre as marcas e a presença de glúten em alimentos industrializados. É necessário considerar a contaminação não apenas no processo de in- dustrialização ou durante o plantio e beneficiamento, como observado com a aveia e com uma série de produtos industrializados. A contaminação cru- zada é definida como a transferência de traços ou partículas de glúten de um alimento para outro, tanto de forma direta como indireta, podendo ocorrer na área de manipulação de alimentos, e até mesmo durante o transporte e a comercialização de alimentos originalmente isentos de glúten. Logo, o preparo domiciliar dos alimentos pode constituir-se em grande fonte de contaminação e de consumo involuntário de glúten. Por isso, técnicas de boas práticas na fabricação de alimentos devem ser intensamente treinadas em locais que produzem refeições e alimentos isentos de glúten, e também na residência dos pacientes. O paciente deve ser orientado não somente a respeito da leitura atenta de rótulos, como também sobre como proceder em casa, a fim de evitar contaminação. Veja alguns exemplos de cuidados básicos de boas práticas para a não contaminação por glúten: É necessário escolher matéria-prima isenta de glúten. Todos os alimentos que são forem in natura deverão conter, em seu rótulo, a mensagem “Não contém glúten” e pertencer a fabricantes confiáveis. Para produtos novos ou marcas desconhecidas, mesmo com a rotulagem adequada, pode ser necessário entrar em contato com o serviço de atendimento ao cliente para certificar-se do processo de produção e se a marca fabrica outros alimentos com glúten. A Acelbra lista periodi- camente alimentos aprovados em isenção de glúten. É indicado orientar o paciente a verificar a lista, em caso de dúvida. Se não for possível outro ambiente, na residência do paciente, para confecção dos alimentos sem glúten, a higienização deverá ser completa, e os utensílios deverão ser separados dos utilizados para alimentos com glúten. Itens que entram em contato direto com os alimentos, como papel filme, papel manteiga e papel alumínio, não devem ser reutilizados. Superfícies não porosas, como as de silicone, devem ser preferidas na aquisição de utensílios para alimentos sem glúten, facilitando a higienização e descontaminação. Doença celíaca 160 Formas, conchas ou escumadeiras velhas guardam resíduos. É preferível a aquisição de itens separados para a produção de alimentos sem glúten. Cuidados devem ser tomados inclusive durante a higienização de louças, panos e toalhas utilizados, de forma que os itens utilizados na fabricação com e sem glúten não estejam juntos. É importante orientar o paciente a observar sua cozinha: qualquer lugar onde migalhas se acumulam (na frente do micro-ondas ou em cima da mesa, por exemplo) são possíveis focos de contaminação de panos, utensílios e ingredientes. A poeira do trigo pode ficar até 24 horas em suspensão; por isso, antes manipular o trigo (como para empanar, sovar ou enfarinhar), os ali- mentos sem glúten devem estar cobertos e protegidos. O paciente deverá escolher a melhor forma de organizar uma logística familiar que evite a contaminação: se, ao fazer sanduíche, por exemplo, os sem glúten serão feitos primeiro, ou se ele terá à sua disposição talheres e condimentos em separado, a fim de evitar contaminação. O uso de sanduicheiras e grelhas também deverá ser observado: ou haverá uma apenas para alimentos sem glúten, ou deverão ser aparelhos de fácil remoção e higienização da parte que entra em contato com o alimento. Nunca utilizar para panificação formas enfarinhadas com trigo. Nunca fritar em óleo em que empanados com trigo ou farinha de rosca foram fritos. O nutricionista também deve estar capacitado para orientar sobre o preparo de receitas sem glúten e técnicas dietéticas para a obtenção de bons resultados, mesmo sem o uso desses cereais. A farinha de arroz é bastante utilizada, em substituição à farinha de trigo; porém, os resultados nem sempre ficam satis- fatórios em termos sensoriais. A ausência do glúten, que confereelasticidade, geralmente resulta em massas mais densas e quebradiças. Cabe lembrar que o amido de milho, a fécula de batata e de mandioca, a farinha de batata doce e de coco, a goma de tapioca, além do polvilho – doce e azedo – podem ser utilizados em diferentes proporções, para a massa alcançar seus objetivos. Estabilizante e espessante, a goma xantana também pode ser utilizada para conferir maior elasticidade. Além disso, feijão branco, grão de bico e outras leguminosas podem ser utilizadas na confecção de pães. Será necessário estimular o paciente e os familiares a testarem novas receitas e combinações de farinhas sem glúten, para obter os resultados desejados, especialmente na panificação. 161Doença celíaca Acesse o link ou código QR a seguir para conhecer algumas receitas sem glúten, disponibilizadas pela Acelbra. https://goo.gl/y7kC4Q 1. Sobre a epidemiologia da doença celíaca, é correto afirmar: a) Atinge sobretudo a população masculina. b) Atinge apenas a população caucasiana, sem casos registrados em população negra ou mulata. c) A incidência no Brasil é estimada como muito baixa, em relação aos países europeus. d) Tem-se observado aumento de sua incidência no Brasil e no mundo. e) Atinge apenas a população adulta. 2. Sobre as manifestações clínicas e a etiologia da doença celíaca, é correto afirmar: a) Apenas sintomas intestinais caracterizam a doença celíaca. b) Sua etiologia é apenas genética, sendo identificadas mutações nos genes do complexo HLA como a causa da doença. c) A doença celíaca pode ocorrer de forma assintomática, com presença de anticorpos e de alterações histológicas. d) Doenças autoimunes, principalmente diabetes tipo 1, não se relacionam com a doença celíaca. e) A doença celíaca não aumenta o risco para neoplasias. 3. Sobre a manifestação e o diagnóstico da doença celíaca, é correto afirmar: a) Seu diagnóstico é simples, bastando apenas testes sorológicos para anticorpos. b) A biópsia duodenal não é necessária quando há presença de anticorpos em grande quantidade. c) O diagnóstico diferencial da doença celíaca inclui supercrescimento bacteriano em síndrome do intestino irritável. Doença celíaca 162 d) A alteração de exames laboratoriais pode ser indicação para teste de doença celíaca, mas só se estiverem presentes sintomas intestinais. e) A investigação de doença celíaca só é indicada para pacientes com diabetes tipo 1 se a sintomatologia for grave. 4. Sobre as orientações do nutricionista ao paciente celíaco, é correto afirmar: a) O paciente precisa ser orientado apenas a não consumir derivados de trigo. b) A orientação deve focar nos rótulos de alimentos industrializados, apenas. c) O paciente deve ser orientado sobre o risco de contaminação cruzada, inclusive em casa. d) O paciente deve ser orientado a não realizar refeições fora de casa. e) A orientação de leitura de rótulos fica restrita aos alimentos, uma vez que medicamentos não utilizam glúten como excipiente. 5. Sobre a adesão à dieta restrita em glúten, é correto afirmar: a) A adesão à dieta restrita em glúten é simples e não costuma ser um problema do tratamento da doença. b) O profissional deve ser rígido e exigir que o paciente cumpra com as combinações. c) A restrição de glúten não causa impacto psicoafetivo nem social ao paciente. d) A comunicação deve ser empática, e o nutricionista deve auxiliar o paciente a identificar e criar uma rede de apoio. e) A adesão à dieta é um problema somente na infância, não tendo impacto na vida adulta. 163Doença celíaca ASSOCIAÇÃO dos Celíacos do Brasil. São Paulo: ACELBRA, c2018. Disponível em: <http://www.acelbra.org.br/2004/index.php>. Acesso em: 24 jan. 2018. ASSOCIAÇÃO DOS CELÍACOS DO BRASIL. Vida sem glúten: receitas fáceis. Rio de Janeiro: ACELBRA, 2012. Disponível em: <http://www.fenacelbra.com.br/acelbra_rj/ wp-content/uploads/2013/03/viva_sem_gluten_receitas_faceis.pdf/>. Acesso em: 24 jan. 2018. BRASIL. 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Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo:
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