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CASO 02 - PRATICA TRABALHISTA

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MERETÍSSIMO JUÍZO DA VARA FEDERAL DO TRABALHO DA COMARCA DE 
SETE LAGOAS - MG 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 NELSON AVIZ, nacionalidade, estado civil ignorado, 
técnico de informática, portador da carteira de 
identicidade n° xxx, inscrito no CPF sob n° xxx e CTPS sob 
n° xxx, n° PIS xxx, filiação xxx, residente e domiciliado 
em xxx, com endereço eletrônico xxx, vem por meio de seu 
advogado xxx, com endereço eletrônico xxx, com fulcro no 
art77, V, CPC, com endereço eletrônico xxx, perante este 
juízo, propor 
 
 
 RECLAMAÇÃO TRABALHISTA 
 
 
Em face de SOCIEDADE EMPRESÁRIA ALFA LTDA, pessoa jurídica 
de direito privado, CNPJ XXX, com sede na xxx, Sete Lagoas 
– MG, endereço eletrônico xxx, pelas razoes de fato e 
direito que passa a seguir 
 
1. DA COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA 
 Deixo de submeter a presente reclamação trabalhista, 
uma vez que, tal exigência não mais se faz necessária em 
virtude da suspensão promovida pelo STF do julgamento da 
ADI’s 2139 e 2160. 
 
2. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA (463,TST) 
 Requer gratuidade de justiça, na forma da Súmula 463 
do TST, conforme poderes que constam na procuração em anexo 
 
3. DA AUDIÊNCIA (334,CPC) 
A parte reclamante alega POSSUIR interesse na realização de 
audiência de conciliação/mediação para uma possível 
resolução consensual da lide. 
 
4. DO ART 840,§1º DA CLT 
 A presente reclamação submete os valores nela 
apontados apenas para atender meia exigência legal do art 
840,§1º da CLT, não vinculando eventual liquidação de 
sentença. 
 
5. DA RELAÇÃO CONTRATUAL 
 A parte reclamante foi contratada pela reclamada no 
dia 17/12/2017 para prestação de serviços de técnico em 
informática, com jornada de trabalho de 20h às 5h, de 
segunda à sábado com intervalo intrajornada de 20 minutos. 
O vinculo empregatício durou o prazo de 3 meses e 11 dias, 
pois aduz a reclamante que no dia 28/04/2018 sem razão ou 
justificativa, foi dispensada por justa causa, recebendo 
somente seu saldo de salário. Outrossim, alega o autor que 
em sua CTPS, na data de admissão da empresa, consta como 
função “auxiliar de registros gerais” e em anotação 
menciona-se que a dispensa se deu por “conduta inadequada”. 
Ademais alega que a reclamada realizou descontos indevidos 
do FGTS. 
 
6. DO MERITO 
 
 
6.1 DA JUSTA CAUSA 
É incontestável o direito do reclamante ao pleitear a 
extinção do vínculo por justa causa, consoante o disposto 
no art 482 da CLT, visto que não costa no rol do artigo 
comportamento justificável que se encaixasse a dispensa por 
justa causa. 
Ademais, de acordo com a súmula 212 do TST, o empregador 
precisa comprovar que as condutas do empregado feriram o 
disposto no artigo citado acima, o que não ocorreu no caso 
em tela. 
Podemos observar na decisão abaixo, um pouco do 
entendimento dos demais magistrados sobre o assunto 
discutido: 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. 
PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E 
ANTERIOR À LEI 13.467/2017. EMPREGADO 
CELETISTA CONCURSADO. DISPENSA IMOTIVADA. 
JUSTA CAUSA NÃO COMPROVADA. AUSÊNCIA DE 
IMEDIATIDADE. NORMA COLETIVA QUE PREVÊ A 
REALIZAÇÃO DE PRÉVIO PROCEDIMENTO 
ADMINISTRATIVO PARA DISPENSA DE EMPREGADOS. 
DIREITO AO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA NÃO 
OBSERVADOS. REVERSÃO . Para o Direito 
brasileiro, "justa causa" é o motivo 
relevante, previsto legalmente, que 
autoriza a resolução do contrato de 
trabalho por culpa do sujeito comitente da 
infração - no caso, o empregado. Para a sua 
caracterização, devem estar presentes os 
seguintes requisitos: a) tipicidade da 
conduta; b) autoria obreira da infração; c) 
dolo ou culpa do infrator; d) nexo de 
causalidade; e) adequação e 
proporcionalidade; f) imediaticidade da 
punição; g) ausência de perdão tácito; h) 
singularidade da punição (non bis in idem); 
i) caráter pedagógico do exercício do poder 
disciplinar, com a correspondente gradação 
de penalidades. No caso dos autos, o 
Tribunal Regional, após analisar 
detidamente o contexto fático-probatório 
dos autos, concluiu pela inexistência dos 
motivos que levaram à dispensa por justa 
causa do Autor, em virtude da ausência de 
requisitos imprescindíveis na aplicação da 
pena máxima ao empregado. Restou assentado 
na decisão recorrida que a Reclamada - não 
observa a "imediatidade do ato que 
supostamente gerou a aplicação da 
penalidade máxima". Além disso, o Tribunal 
Regional, interpretando as cláusulas 
normativas do Acordo Coletivo que dispõe 
sobre normas de pessoal, compreendeu que a 
Reclamada não logrou provar a regularidade 
do procedimento formal que autorizaria a 
dispensa do Empregado, notadamente a 
observância dos princípios do contraditório 
e ampla defesa. Fixadas tais premissas 
fáticas, torna-se inviável, em recurso de 
revista, reexaminar o conjunto probatório 
dos autos, por não se tratar o TST de 
suposta terceira instância, mas de Juízo 
rigorosamente extraordinário - limites da 
Súmula 126/TST. Agravo de instrumento 
desprovido. 
(TST - AIRR: 9392620175120001, Relator: Mauricio Godinho 
Delgado, Data de Julgamento: 18/12/2018, 3ª Turma, Data de 
Publicação: DEJT 07/01/2019) 
 
 
6.2 DAS VERBAS RESILITÓRIAS 
Como observado na síntese fática, o requerente foi 
dispensado recebendo somente o saldo de salário. 
Reconhecida a inexistência do justo motivo para rescisão 
contratual, faz jus ao empregado as seguintes verbas 
rescisórias: 
- Aviso prévio de 30 (trinta) dias, de acordo com o 
disposto no art 487 da CLT 
- Férias proporcionais (5/12) + o terço constitucional, 
disposto no art 7º da CRFB/88 C/C sumula 171 E 328 DO TST. 
- Décimo terceiro proporcional (4/12), disposto no art 3º 
da Lei 4.090/61 
- Multa de 40% do FGTS, disposto no art 18 da Lei 8.036/90. 
 
6.3 DO DESVIO DE FUNÇÃO 
O reclamante exercia função adversa ao cargo registrado em 
sua CTPS, a função exercida era de TECNICO EM INFORMATICA, 
que, como podemos observar na convenção coletiva da 
categoria, possui o piso salarial avaliado em R$1.800,00, 
enquanto a categoria registrada em sua carteira era de 
auxiliar de serviços gerais, com o salário de R$1.200,00. 
Nesse sentido, entendeu o Egrégio tribunal do Estado de 
Roraima: 
RECURSO ORDINÁRIO.OBREIRO. DESVIO DE 
FUNÇÃO. CONFIGURADO. O desvio de função 
está relacionado ao fato de que o 
empregado, apesar de contratado para 
desenvolver determinado cargo, passa a 
exercer outro, com atribuições de maior 
complexidade e remuneração superior, o que 
gera direito ao pagamento dos salários 
correspondentes à função que efetivamente 
exerce. Não há dúvida, portanto, de que o 
desvio de função, quando provado nos autos, 
confere ao empregado o direito de receber 
do seu empregador as diferenças salariais 
resultantes do exercício da função de 
remuneração superior à da que foi 
contratado, com as respectivas 
repercussões, como já pacificado na 
jurisprudência, em consonância com o teor 
da Orientação Jurisprudencial n.º 125, da 
SDI-1, do Colendo TST. Recurso a que se dá 
provimento parcial. (Processo: ROT - 
0000804-25.2016.5.06.0192, Redator: Paulo 
Alcantara, Data de julgamento: 04/02/2020, 
Segunda Turma, Data da assinatura: 
05/02/2020) 
(TRT-6 - RO: 00008042520165060192, Data de Julgamento: 
04/02/2020, Segunda Turma) 
 
Diante do exposto, requer a modificação da real função 
exercida, assim como o pagamento da diferença salarial para 
o correto enquadramento do cargo exercido conforme o 
disposto no art 29 da CLT. 
 
6.4 DAS HORAS EXTRAS 
O reclamante possuía carga horária de 20h às 5h, de segunda 
à sábado, computando 48h semanais, o que ultrapassa o 
limite estabelecido pela CLT. Assim sendo, requer o 
pagamento das horas extras e seus devidos reflexos legais, 
conforme art 58 e 59, §1º da CLT. 
Assim também entende o Egrégio Tribunal Superior do 
Trabalho: 
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA 
DO RECLAMANTE.Diante da contrariedade à OJ 
n.º 97 da SBDI-1 do TST, determina-se o 
processamento do Recurso de Revista. Agravo 
de Instrumento conhecido e provido. RECURSO 
DE REVISTA. PORTUÁRIO. INTEGRAÇÃO DO 
ADICIONAL NOTURNO NA BASE DE CÁLCULO DAS 
HORAS EXTRAS LABORADAS NO PERÍODO NOTURNO. 
DEVIDA. Nos termos da OJ n.º 97 da SBDI-1 
do TST, cuja diretriz também se aplica aos 
trabalhadores portuários, por força do 
artigo 7.º, XXXIV, CF/88, "O adicional 
noturno integra a base de cálculo das horas 
extras prestadas no período noturno." 
Precedentes. Decisão em sentido contrário 
deve ser reformada a fim de se adequar à 
jurisprudência pacífica desta Corte 
Superior. Recurso de Revista conhecido e 
parcialmente provido. AGRAVO DE INSTRUMENTO 
EM RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. Nega-se 
provimento ao Apelo quando não preenchidos 
os requisitos do art. 896 da CLT. Agravo de 
Instrumento conhecido e não provido . 
(TST - ARR: 11675920155080008, Relator: Maria de Assis 
Calsing, Data de Julgamento: 18/04/2018, 4ª Turma, Data de 
Publicação: DEJT 20/04/2018) 
 
 
6.5 DO INTERVALO INTRAJORNADA 
O reclamante trabalhou de segunda à sábado, de 20h às 5h 
com intervalo de 20 minutos para refeição,o que também está 
em desacordo com o legislação, visto que o disposto no art 
71 da CLT aduz que, o trabalho cuja duração exceda o 
período de 6h diárias, deverá haver a concessão de, no 
mínimo, 1 hora de intervalo. Dessa forma, requer que seja 
pago a multa prevista no art 71,§4º da CLT. 
 
6.6 DO ADICIONAL NOTURNO 
O adicional noturno é devido a quem trabalha entre as 22h 
às 5h, consoante o art73, §2°, clt. O mesmo dispositivo 
legal disciplina que o trabalho noturno terá remuneração 
superior ao diurno de pelo menos 20% sobre a hora diurna. 
Sendo assim, o reclamante faz jus ao adicional. 
 
6.7 DA DEVOLUÇÃO DO FGTS 
O reclamante apresentou cópias dos contracheques em que 
consta descontos do FGTS. De acordo com o art. 15 da Lei 
nº 9.036/90, é de obrigação do empregador o pagamento 
correspondente a 8% para o FGTS. 
 
 
6.8 DA MULTA DO ART 467 E 477, CLT 
O inadimplemento das verbas rescisórias no período legal, 
possibilita a aplicação da multas do art 467 e 477, §8°, 
clt. Sendo assim, requer a sua aplicação. 
 
7. DOS HONORÁRIOS 791-A CLT 
Com fulcro no art 791-A da CLT, requer a condenação da 
reclamada no pagamento dos honorários de sucumbência a 
serem fixados entre 5% e 20% sobre o valor que resultar a 
liquidação da sentença. 
 
8. DOS PEDIDOS 
Diante do exposto, requer: 
a) A citação da empresa reclamada para que passe a compor 
a relação processual 
b) A concessão do benefício da gratuidade da justiça 
c) Que sejam julgados procedentes todos os pedidos 
requeridos, quais sejam: 
• Afastamento da Justa Causa da Demissão; 
• Pagamento do valor R$xx referente às verbas 
rescisórias apontadas; 
• A correção da CTPS para a real função exercida, 
assim como o pagamento da diferença salarial apurada 
em R$xx 
• O pagamento de R$xx referente às horas extras devidas 
• Seja concedido o pagamento do valor de R$xx referente 
aos minutos diários de intervalo intrajornada que 
foram suprimidos durante todo período trabalhado 
• Seja concedido o pagamento do adicional noturno de 
20% sobre a jornada realizada 
• A devolução do FGTS no valor de R$xx 
• Seja concedido o pagamento de honorários advocatícios 
de sucumbência 
 
 
 
9. DAS FUTURAS PUBLICAÇÕES 
Requer que as futuras publicações sejam feitas em nome da 
advogada Maria Eduarda Azevedo Santos, OAB RJ/XX, na forma 
do art 272, CPC, sob pena de nulidade. 
10. DAS PROVAS 
Provará o alegado por todos os meios de prova em direito 
admitidos, especialmente pelo depoimento pessoal, prova, 
documental e testemunhal. 
DO VALOR DA CAUSA 
Dá-se à causa o valor de R$xx. 
 
 
 
 
Nesses termos 
Pede deferimento 
 
Rio de Janeiro, 03 de Maio de 2020 
 
MARIA EDUARDA AZEVEDO SANTOS 
OAB RJ/XXX

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