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MATEMÁTICA FINANCEIRA Professor Fábio Pereira de Andrade 35 BLOCO 6: TÉCNICAS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTO - VALOR PRESENTE LÍQUIDO, PAYBACK DESCONTADO E TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) Introdução Em uma perspectiva prática, o cotidiano das organizações demanda tomadas de decisões, dentre as quais se destacam às relativas a aquisição de novos equipamentos e/ou contratação de novos serviços. A partir dessa demanda, a matemática financeira propõe um conjunto de técnicas que possibilita aos gestores tomarem decisões com embasamento técnico. Considerando essa abordagem técnica, segundo Gitman (2010), a análise deve tomar por base o fluxo de caixa da empresa. Ainda em conformidade com os apontamentos do autor supracitado, o fluxo de caixa pode ser entendido de duas formas complementares, porém distintas. O critério de demarcação para os dois significados se relaciona com o prazo. No curto-prazo, o fluxo de caixa contempla a elaboração da Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC) e a montagem de Orçamento de Capital. A DFC relaciona-se com a necessidade de explicar as variações da conta caixa do Balanço Patrimonial de Empresas. Enquanto o Orçamento de capital se relaciona com o monitoramento do fluxo de recursos de curto-prazo e com as projeções de recebimentos e pagamentos. A possibilidade de projetar o fluxo de caixa é extremamente importante para as técnicas de análise de investimento, pois, em uma abordagem inicial, as técnicas se fundamentam em uma comparação entre o valor investido para aquisição de um equipamento e os fluxos de caixa gerados por esse equipamento. Assim, a comparação é criada a partir de um valor de desembolso conhecido, com valores esperados a partir do investimento. Segundo Gitman (2010) a possibilidade de projeção a partir do Orçamento de Capital se fundamenta pelo registro histórico de três fluxos de recursos: 1) Fluxos Operacionais, os quais sintetizam as entradas e saídas relativas à produção ou venda de produtos e serviços. 36 2) Fluxos de Investimentos, os quais sintetizam as entradas e saídas relativas à venda de ativos imobilizados ou investimentos em participações societárias. 3) Fluxos de Financiamentos, os quais sintetizam as entradas e saídas relacionadas ao capital social da empresa. Valor Presente Líquido Após a abordagem introdutória, cabe apontar as especificidades da comparação. Dessa forma, a técnica do Valor Presente Líquido (VPL) consiste em um cálculo cujo resultado expressa a diferença entre o montante gasto com o investimento e a soma dos valores presentes dos fluxos de caixa gerados (exclusivamente) pelo investimento. Em termos específicos, Gitman (2010) define VPL como a soma dos valores presentes dos fluxos de caixa subtraído o valor do investimento inicial e dos investimentos incrementais. A fórmula a baixo rege o cálculo do VPL: NPV = VPL em inglês, Net Present Value FC = Fluxo de Caixa do Período, isto é, o saldo líquido de entrada e saída. K = Taxa de Juros I0 = Investimento Inicial, valor desembolsado à vista para entrada ou pagamento único para compra de equipamento ou contratação de serviço. Ii = Investimentos incrementais, isto é, novos investimentos, realizados após o I0. Cabe destacar que o fato de os valores serem divididos por (1 + K)i ilustra o desconto da taxa de juros! O resultado da aplicação dessa fórmula é um valor em unidade monetária. Como critério de decisão, se o VPL gerado for maior ou igual a zero o investimento deve ser realizado. Pois a 37 aquisição do equipamento/serviço cobre todos os custos envolvidos e gera valor para a empresa. Exemplo: A Gráfica FFA precisa adquirir um novo equipamento, cujo custo é R$ 145.000,00, a partir de um orçamento de caixa, é possível prever que serão gerados os seguintes fluxos de caixa ao longo de 4 anos: 1° Ano : R$ 71.000,00 2° Ano : R$ 74.000,00 3° Ano : R$ 80.000,00 4° Ano : R$ 50.000,00 Considerando que o equipamento é vendido exclusivamente pelo fabricante, que trabalha com juros de 20% ao ano para o financiamento. Diante dessas informações, pergunta-se: é recomendável realizar esse investimento? Ano Fluxo de Caixa Valor Presente Valor Presente Líquido 0 - R$ 145.000 - R$ 145.000 - R$ 145.000 1 R$ 71.000 71000/1,20 = R$ 59.166,67 -145000 + 59166,67 = - R$ 81.833,33 2 R$ 74.000 74000/(1,2)2 =R$ 51.388,89 - R$ 81.833,33 + 51389,89 = - R$ 30.444,44 3 R$ 80.000 80000/(1,2)3 = R$ 49.296,30 - R$ 30.444,44 + 49296,30 = R$ 18.851,86 4 R$ 50.000 50000/(1,2)4 = R$ 24.112,65 R$ 18.851,86 + 24112,65 = R$ 42.964,51 O resultado da fórmula aplicada à tabela mostra que o VPL desse equipamento é R$ 42.964,51. Assim, por ser superior a zero, indica-se o investimento, em termos específicos, após descontar o pagamento de juros em relação aos fluxos de caixa gerados pelo equipamento verifica-se que o equipamento agrega R$ 42.964,51 para a empresa. 38 É possível gerar o mesmo resultado através da calculadora financeira HP12C, nesse caso: 71000 CHS g PV (CF0) 74000 g PMT (CFj) 80000 g PMT (CFj) 50000 g PMT (CFj) 20 i f PV (NPV) PayBack Descontado Em termos iniciais, a decisão de investimento, além de considerar o valor gerado por equipamentos e serviços precisa considerar o tempo para obter esse retorno. Quanto maior for o tempo para obter o retorno de um investimento, menos interessante será a alocação de recursos para essa finalidade. Tendo em vista esse problema, a matemática financeira oferece uma ferramenta que possibilita descobrir o tempo necessário para que o investimento realizado e as despesas com juros sejam cobertas pelos valores gerados. Em termos técnicos, segundo Gitman (2010) o Payback descontado mensura o tempo necessário para que os fluxos de caixa sejam iguais ao investimento realizado. O critério de avaliação varia conforme os objetivos organizacionais, em termos amplos, quanto menor o prazo, mais favorável para aprovação. Retomando o Exemplo: A Gráfica FFA precisa adquirir um novo equipamento, cujo custo é R$ 145.000,00, a partir de um orçamento de caixa, é possível prever que serão gerados os seguintes fluxos de caixa ao longo de 4 anos: 1° Ano : R$ 71.000,00 2° Ano : R$ 74.000,00 3° Ano : R$ 80.000,00 39 4° Ano : R$ 50.000,00 Considerando que o equipamento é vendido exclusivamente pelo fabricante, que trabalha com juros de 20% ao ano para o financiamento. Diante dessas informações, pergunta-se: qual o payback descontado? Ano Fluxo de Caixa Valor Presente Valor Presente Líquido 0 - R$ 145.000 - R$ 145.000 - R$ 145.000 1 R$ 71.000 71000/1,20 = R$ 59.166,67 -145000 + 59166,67 = - R$ 81.833,33 2 R$ 74.000 74000/(1,2)2 =R$ 51.388,89 - R$ 81.833,33 + 51389,89 = - R$ 30.444,44 3 R$ 80.000 80000/(1,2)3 = R$ 49.296,30 - R$ 30.444,44 + 49296,30 = R$ 18.851,86 4 R$ 50.000 50000/(1,2)4 = R$ 24.112,65 R$ 18.851,86 + 24112,65 = R$ 42.964,51 A tabela mostra que o retorno do investimento ocorreu durante o terceiro ano, ou seja, o payback descontado ocorreu ao longo do terceiro ano. Para atribuir maior especificidade, é possível trabalhar como uma regra de três para definir a quantidade de meses após o segundo ano. Primeiro procedimento: 1) Dividir o VPL do último ano negativo pelo Fluxo de Caixa do primeiro período positivo: R$ 30.444,44 : R$ 49.296,30 =0,617 2) Multiplicar o resultado gerado por 12 0,617 x 12 = 7,5 meses Resposta específica: o payback descontado ocorre em 2 anos e 7 meses. Taxa Interna de Retorno (TIR) 40 A Taxa Interna de Retorno (TIR) é uma técnica que mensura em taxa o retorno gerado pelo investimento. Segundo Gitman (2010) a TIR é uma taxa que iguala as entradas e saídas de caixa de um investimento. Como critério de decisão, a TIR deve ser comparada com taxa de juros gerada. Caso a TIR seja maiorou igual a taxa de Juros, o investimento será viável. Retomando o exemplo: A Gráfica FFA precisa adquirir um novo equipamento, cujo custo é R$ 145.000,00, a partir de um orçamento de caixa, é possível prever que serão gerados os seguintes fluxos de caixa ao longo de 4 anos: 1° Ano : R$ 71.000,00 2° Ano : R$ 74.000,00 3° Ano : R$ 80.000,00 4° Ano : R$ 50.000,00 Considerando que o equipamento é vendido exclusivamente pelo fabricante, que trabalha com juros de 20% ao ano para o financiamento. Diante dessas informações, pergunta-se: qual a Taxa Interna de Retorno (TIR)? Considerando a taxa de juros cobrada o investimento é viável? É possível gerar o resultado através da calculadora financeira HP12C, nesse caso: 71000 CHS g PV (CF0) 74000 g PMT (CFj) 80000 g PMT (CFj) 50000 g PMT (CFj) 20 i f PV (IRR) 41 TIR = 85,46% Assim, a Taxa de Retorno é 85,46%, assim, como a taxa de juro é inferior a TIR, o investimento é viável! REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. 10. ed. São Paulo: Pearson, 2009. LAPONI, Juan Carlos. Matemática Financeira. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
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