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DOENÇAS ADRENAIS SBCM 1: Endócrino – 2020.2 ANATOMIA E FISIOLOGIA DAS GLÂNDULAS ADRENAIS • Temos 02 adrenais, que ficam localizadas uma em cima de cada rim • Dividem-se em 02 porções: córtex e medula o Medula: produção de catecolaminas ▪ Doença: feocromocitoma o Córtex: divide-se em zona glomerulosa, fasciculada e reticular ▪ Zona glomerulosa: produção de aldosterona • Doença: hiperaldosteronismo primário ▪ Na zona fasciculada há produção de cortisol • Doença: Cushing adrenal FEOCROMOCITOMA Definição: tumor benigno de células cromafins da medula adrenal, produtor de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) Epidemiologia: • Acometimento de adultos jovens (30-40 anos) • Geralmente associado a uma hipertensão grave e/ou refratária ao tratamento com anti-HAS Quadro Clínico: é representado clinicamente pela tríade clássica composta por • Cefaleia • Palpitações • Sudorese Rastreamento: é realizado através da dosagem de metabólitos das catecolaminas na urina - Metanefrinas Fracionadas na Urina de 24h. • Quem? o Hipertensos jovens o Hipertensos graves o Incidentaloma adrenal (nódulo de adrenal) • Resultado? o Metanefrinas aumentadas = Feocromocitoma ▪ Fechado o diagnóstico, solicita-se ressonância de abdome para identificação da lesão nas suprarrenais. Tratamento: é cirúrgico, através de uma Adrenalectomia, que é a retirada da glândula acometida. • O paciente evolui com cura da hipertensão HIPERALDOSTERONISMO Definição: produção excessiva e autônoma de Aldosterona independente da sequência do SRAA Etiologia: • Hiperplasia adrenal bilateral (HAB): corresponde a 2/3 dos casos, não existe um tumor identificado, somente o hiperfuncionamento da adrenal • Adenoma produtor de Aldosterona (APA): corresponde ao 1/3 restante, consiste na presença de um tumor na zona glomerulosa do córtex da adrenal Fisiologia da Aldosterona e Fisiopatologia da doença: • Fisiologicamente, a Aldosterona é produzida pela ação do sistema Renina- Angiotensina-Aldosterona • A Aldosterona tem como ação aumentar a retenção de Sódio nos túbulos renais e favorecer a excreção de Potássio • Pela presença do tumor ocorre um aumento acentuado das concentrações de Aldosterona, logo há uma retenção maior de Sódio o que favorece a hipertensão arterial, e uma excreção maior de Potássio, levando à hipopotassemia Quadro Clínico e Epidemiologia: • Adultos jovens (30-40 anos) • Na maioria dos casos assintomáticos • Os pacientes sintomáticos são hipertensos • A associação Hipertensão + Hipopotassemia fala muito a favor do diagnóstico, está presente em até 40% dos casos • A dosagem de Sódio é normal Rastreamento: é feito através da relação entre a Aldosterona plasmática e a atividade Renina plasmática (ALDO/ARP) • Se tivermos uma produção autônoma independente de Aldosterona, a dosagem de Aldosterona vai estar elevada, tanto que bloqueia a produção de renina, então o paciente terá a concentração de Aldosterona alta com atividade da Renina baixa • Quem? o Hipertensão refratária o Hipertensão + Potássio baixo o Nódulo na adrenal com hipertensão • Resultado? ▪ Se > 30 = provável HAP, segue-se a partir daqui com uma investigação mais específica através de exames de imagem Tratamento: • Se HAB: tratamento medicamentoso com Espironolactona, que reduz a atividade da Adrenal - controle da hipertensão e normalização do Potássio • Se APA: tratamento cirúrgico com Adrenalectomia unilateral SÍNDROME DE CUSHING Definições: • Síndrome de Cushing Exógena: excesso de cortisol pela exposição crônica a quantidades excessivas de glicocorticoides exógenos, por exemplo pelo uso de pomadas de assaduras e imunossupressores • Síndrome de Cushing Endógena: excesso de cortisol pela exposição crônica a quantidades excessivas de glicocorticoides endógenos Fisiologia do Cortisol - eixo HHA: • O hipotálamo secreta CRH, que vai atuar na hipófise estimulando a produção de ACTH • O ACTH vai atuar na zona fasciculada do córtex da adrenal e vai estimular a produção de Cortisol Fisiopatologia da Síndrome de Cushing Endógena: • Adenoma Produtor de ACTH - Doença de Cushing: presença de um tumor na hipófise que leva ao aumento da produção de ACTH, e consequentemente ao aumento do estimulo para a produção de cortisol pela adrenal o Cushing endógeno ACTH Dependente - 80% dos casos • Tumor de Adrenal: aumento da produção do próprio Cortisol pela presença de uma tumoração na zona fasciculada da suprarrenal o Cushing endógeno ACTH Independente Quadro Clínico: • Ganho de peso • Hipertensão • Face em lua cheia • Estrias violáceas • Fraqueza muscular • Alterações menstruais • Redução da libido • Contusões fáceis • Equimoses • Diabetes tipo 2 • Fraturas Diagnóstico: • Primeiramente existe a suspeita clínica - o paciente relata sintomas que remetem à Síndrome de Cushing • Então solicita-se 01 ou mais dos seguintes exames: o Cortisol pós 1mg de Dexametasona: ▪ Administração de 1mg de Dexametasona às 23h de um dia, e coleta o sangue na manhã seguinte ▪ VR < 2mg ▪ Essa dose de Dexametasona bloqueia a produção de cortisol em condições normais, mas não bloqueia a ação do tumor, então a dosagem aumentada indica presença de tumor o Cortisol salivar às 00h: ▪ Perto da 00h o nosso cortisol está em um nível muito mais baixo do que no restante do dia ▪ Uma concentração aumentada de cortisol na saliva nesse horário já é diagnóstico para Cushing o C.L.U na urina de 24h • Se qualquer resultado vier alterado temos a confirmação da hipótese diagnóstica de Síndrome de Cushing, só então solicitamos a dosagem de ACTH o Se ACTH < 10, provável Síndrome de Cushing Adrenal, que será confirmada através de tomografia de adrenal o Se ACTH > 20, provável Doença de Cushing, que será confirmada através de ressonância de hipófise Cushing ACTH-independente: • Extremamente raro • Mais presente no sexo feminino • Idade média de 35 anos • Incidência: 0,6 casos/1 milhão hab./ano • Adenomas < 03 cm • Tratamento: adrenalectomia INSUFICIÊNCIA ADRENAL PRIMÁRIA Definição: destruição do córtex da suprarrenal, especialmente as zonas glomerulosa e a fasciculada, em decorrência de alguma patologia. Logo, não temos a síntese e secreção de aldosterona e cortisol. • A destruição de mais de 90% do córtex, leva ao aparecimento dos sintomas • Quais as doenças relacionadas? o Adrenalite auto-imune (Doença de Addison) ▪ É a causa mais comum, corresponde a 70% dos casos o Tuberculose o Paracoccidioidomicose Quadro Clínico: • Fraqueza • Hipotensão postural • Náusea e vômitos • Dor abdominal • Hiperpigmentação de pele e mucosas o O ACTH degradado é convertido em alfa-MSH que é um hormônio melanócito estimulante. Pela falta de aldosterona e cortisol, o ACTH vai aumentar muito e, consequentemente, a síntese de melanina pelos melanócitos. Logo, o paciente vai apresentar esse escurecimento da pele. Padrão Bioquímico Clássico: redução de Sódio e aumento de Potássio • A Aldosterona tem como ação a retenção de Na+ e a excreção de K+, se não temos Aldosterona essa ação fica inibida e o perfil bioquímico fica alterado Diagnóstico: • Clínico inicialmente, levando-se em consideração as queixas e outros possíveis diagnósticos • Laboratorial: cortisol sérico basal + ACTH ▪ Cortisol < 3 e ACTH > 100 = insuficiência adrenal confirmada ▪ Cortisol > 18 e ACTH normal = insuficiência adrenal descartada Tratamento: dupla terapia, uso diário • Falta de Cortisol => Glicocorticoides o Prednisona, Dexametasona, Prednisolona... • Falta de Aldosterona => Mineralocorticoide o Fludrocortisona
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