Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES Aula 6 - A Gestão dos Funcionários no Paradigma Fordista A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES Conteúdo Programático desta aula ▪ Conceitos e objetivos da gestão de funcionários enquanto sistema de RH, em uma perspectiva positivista, e como processos de mediação pluridimensionais, em uma perspectiva materialista e dialética; ▪ Características, conceitos e funções da Administração de Funcionários no paradigma fordista; ▪ Crítica à Administração de Funcionários no paradigma fordista; ▪ O processo de alienação do trabalhador nas organizações modernas. A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE A GESTÃO DE FUNCIONÁRIOS - Para tratar da Administração de RH no paradigma fordista e no flexível utilizaremos os conceitos utilizados anteriormente para tratar da Administração das Organizações: o “paradigma tradicional de gestão” e o “novo paradigma de gestão”, respectivamente. O “paradigma tradicional de gestão” compreende a administração como um ato regulatório, que visava modelar o processo de produção para o alcance de metas de custo e tempo. Administrar consistia em controlar e monitorar todos os eventos do processo de produção em si com base no a) o conhecimento científico, b) os instrumentos de controle e predição, c) autoridade gerencial. A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE A GESTÃO DE FUNCIONÁRIOS - No “novo paradigma de gestão”, a administração no paradigma flexível deixa de privilegiar o controle sobre o processo de trabalho (marca registrada do paradigma fordista) para exercer o controle sobre os resultados desse processo. - O desafio da administração não é mais o ajustamento das pessoas aos planos, mas o desenvolvimento das pessoas para enfrentar os imprevistos da realidade e da competitividade, no contexto, agora, da gestão das organizações. - Emerge, assim, um novo paradigma de gestão, pautado na inovação, flexibilidade, descentralização e integração. A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE A GESTÃO DE FUNCIONÁRIOS - Ao longo do processo de organização do trabalho, dentre vários fatores, pelo aumento da competitividade, incorporação da tecnologia e de novos padrões de qualidade, desenvolveu-se historicamente um processo de gestão de funcionários que acompanhou a estrutura e exigências dos modelos produtivos – fordista e flexível. - Assim, no “paradigma tradicional de gestão de funcionários” temos a Administração de Funcionários que compreende os momentos das Relações Industriais e da Administração de Recursos Humanos. - Já o “novo paradigma de gestão de funcionários” se expressa pela Gestão de Pessoas como forma de alavancar o desempenho dos funcionários para garantir o sucesso das organizações. A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS - CONCEITO Consiste no conjunto de políticas e práticas necessárias para conduzir os aspectos da organização relacionados às "pessoas" ou recursos humanos, incluindo atividades como: recrutamento, seleção, treinamento, recompensas e avaliação de desempenho. Tais políticas orientam um conjunto de decisões integradas sobre as relações de emprego que influenciam na eficácia dos funcionários e das organizações. (Chiavenato, 1999) MODELO DE MOLDURA PARA IMAGEM COM ORIENTAÇÃO VERTICAL A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS - OBJETIVO Tem como finalidade a obtenção da colaboração eficaz das pessoas (funcionários, empregados, recursos humanos ou qualquer outra denominação utilizada) para o alcance dos objetivos organizacionais e/ou individuais, através de processos e atividades específicas (seleção de pessoal, treinamento, avaliação e remuneração dos empregados etc.). MODELO DE MOLDURA PARA IMAGEM COM ORIENTAÇÃO VERTICAL A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS – DIFERENTES ABORDAGENS - A abordagem dos sistemas, numa perspectiva positivista, considera o sistema de recursos humanos (RH) como um subsistema da organização. - A perspectiva materialista e dialética, segundo as teorias sócio-psicológicas das organizações, considera a administração de RH como processos de mediação pluridimensionais. A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES O RH ENQUANTO SUBSISTEMA DA ORGANIZAÇÃO •Processo de interiorização de condutas que se expressa pela tese da reciprocidade. •O RH como um conjunto de práticas, princípios, valores, regras de conduta e políticas que visam modelar a contribuição do individuo para a organização. •Um sistema de troca, onde o indivíduo trabalha, esforça-se e desempenha suas tarefas com eficiência; e a organização recompensa o funcionário, dando a ele segurança e status. A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES O RH ENQUANTO SUBSISTEMA DA ORGANIZAÇÃO Como os indivíduos possuem diferentes valores, crenças, comportamentos, atitudes, etc., o sistema de RH concebe um conjunto de práticas variadas como forma de pagamento a sua contribuição, esperando atingir de alguma forma todos os empregados. Exemplos: salários, benefícios, prêmios, gratificações, elogios, oportunidades de crescimento e desenvolvimento, promoções, condições adequadas de trabalho. A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES O RH ENQUANTO SUBSISTEMA DA ORGANIZAÇÃO • Cada elemento do sistema de RH tem valor diferente para os indivíduos, tendo em vista as suas características e necessidades pessoais. • Cada “contribuição” do empregado tem valor de utilidade diferente para a organização conforme as suas expectativas em relação aos empregados. • São exemplos de “contribuições” dos empregados: dedicação, trabalho, esforço, desempenho, pontualidade, lealdade, assiduidade, etc. A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES O RH ENQUANTO SUBSISTEMA DA ORGANIZAÇÃO - SÍNTESE •A organização reforça as suas expectativas com autoridade e poder; o empregado reforça a sua expectação com o melhor desempenho possível. •O importante para o RH consiste em garantir que cada participante da organização mantenha relações de reciprocidade com a instituição, visando que estes continuem a fornecer suas contribuições em troca dos incentivos da organização. •O sistema de RH visa promover o chamado equilíbrio dinâmico da organização, ou seja, garantir o êxito da instituição em recompensar seus participantes com a quantia adequada de incentivos e motivá- los a continuarem fazendo parte da organização, dando a sua contribuição e, com isto, favorecendo o crescimento organizacional. A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES RH ENQUANTO PROCESSOS DE MEDIAÇÃO PLURIDIMENSIONAIS • O processo de RH é compreendido como um conjunto dinâmico de processos de mediação, os quais produzem ideologia e práticas de poder, operacionalizadas por meio de dispositivos: entrevistas de avaliação de desempenho, manuais do funcionário. • Estes processos produzem e são produzidos pela organização. • Podem ser entendidos como um conjunto dinâmico de respostas às contradições da empresa capitalista. A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕESNÃO ESCOLARES • O processo de mediação se coloca como a aliança entre as restrições (coerções) da empresa e os privilégios oferecidos ao individuo. • Os privilégios funcionam como um terceiro termo que vem ocultar a contradição entre os objetivos da empresa, os do sistema capitalista (o lucro e a dominação) e os objetivos dos trabalhadores. (PAGÉS et al., 2006, p. 27) MODELO DE MOLDURA PARA IMAGEM COM ORIENTAÇÃO VERTICAL RH ENQUANTO PROCESSOS DE MEDIAÇÃO PLURIDIMENSIONAIS A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES O RH ENQUANTO PROCESSOS DE MEDIAÇÃO PLURIDIMENSIONAIS - SÍNTESE • Trata-se de desenvolver as forças produtivas: a iniciativa, a atividade intelectual, a criatividade e a cooperação entre os trabalhadores, dando aos profissionais fontes de satisfação (salários altos, trabalho interessante, momentos de prazer etc.) e, ao mesmo tempo, garantir o controle, a subordinação destes mesmos trabalhadores ao alcance dos objetivos da empresa e do sistema capitalista. • Os processos de mediação visam responder a esta dupla necessidade: desenvolvimento e controle do sistema produtivo, transformando e ocultando as contradições do sistema capitalista. (PAGÈS et al., 2006) A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES A SUBORDINAÇÃO DO INDIVÍDUO À ORGANIZAÇÃO Ao estudarmos o conceito de mediação podemos identificar, na verdade, o processo de subordinação do indivíduo à organização. Isto ocorre pela oferta de vantagens de todo tipo e pela implementação de processos de mediação, tais como: a abstração, a objetivação, a desterritorialização e a canalização. A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES A abstração consiste na introdução da lógica dominada pelas relações mercantis no conjunto das relações sociais. O trabalho perde suas características próprias para ser valorizado apenas em função do resultado verificável do que produz. O resultado do processo de abstração consiste no individual distanciar-se de suas atividades pessoais e sociais, da realidade concreta e vivida, do seu contexto global. A SUBORDINAÇÃO DO INDIVÍDUO À ORGANIZAÇÃO A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES A objetivação confronta cada individuo de acordo com sua utilidade para o sistema produtivo a partir de critérios os quais ele não necessariamente compreende, concorda e/ou elabora. O seu rendimento e o seu grau de adaptação às regras e mecanismos do sistema são avaliados quantitativamente, buscando uma “objetivação” que visa sobrepor a subjetividade do individuo. MODELO DE MOLDURA PARA IMAGEM COM ORIENTAÇÃO VERTICAL A SUBORDINAÇÃO DO INDIVÍDUO À ORGANIZAÇÃO A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES A desterritorialização separa o indivíduo de suas raízes sociais e culturais, a fim de torná-lo mais suscetível à adesão ao código, valores e princípios da organização. Os seus efeitos plenos levam a história de vida do indivíduo a ser marcada mais pelo ritmo dos acontecimentos de sua carreira (admissão, promoções, aumentos etc.) do que pela cadência dos fatos de sua vida “pessoal” (nascimentos, falecimentos, aniversários etc.). A SUBORDINAÇÃO DO INDIVÍDUO À ORGANIZAÇÃO A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES A canalização promove o direcionamento das energias do indivíduo para as atividades produtivas da empresa. Ele introjeta a necessidade de vencer, de atingir objetivos, de tornar cada minuto de sua atividade proveitosa para a empresa. Trata-se de assegurar a transformação da energia pessoal em força de trabalho e não em revolta contra a exploração. A SUBORDINAÇÃO DO INDIVÍDUO À ORGANIZAÇÃO A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES SUBORDINAÇÃO DO INDIVÍDUO À ORGANIZAÇÃO - IMPLEMENTAÇÃO DE PROCESSOS DE MEDIAÇÃO Com os processos de mediação – abstração, canalização, objetivação, a desterritorialização - os quais produzem práticas de poder, sob a forma de diretrizes organizacionais e programas de RH, as organizações constroem sistemas poderosos de dominação, onde o trabalhador adere a estes sistemas “voluntariamente”, muito mais que percebe a coerção externa ao cumprimento de regras. (PAGÉS et al., 2006). A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES RH “Mecanicista”/ “Antigo” Características RH RH “Holístico”/ “Século XXI” Empresa como uma Máquina e as pessoas como suas engrenagens. Conceito de Empresa e de empregados Empresa como um sistema dinâmico e orgânico, as pessoas como suas parceiras. Visão fragmentada da organização, geralmente restrita a sua função ou departamento. Entendimento do negócio pelo empregado Visão sistêmica da organização, com compreensão do negócio da empresa, seus serviços e produtos. PARADIGMAS MECANICISTA E HOLÍSTICO DE RH A gestão de funcionários acompanhou as mudanças ocorridas nas organizações. Vejamos as suas características no modelo fordista e no modelo flexível. (Adaptação: BOOG, 1994; CHIAVENATO, 1999; MEISTER, 1999) A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES RH “Mecanicista”/ “Antigo” Características RH RH “Holístico”/ “Século XXI” Centralizador, trabalho individual. Estilo de liderança/ organização do trabalho Descentralizador, trabalho em equipe. Gerência de RH, a qual centraliza a administração de pessoal. Função de administração de pessoal Líderes tornam-se gestores de pessoas em parceria com o RH. Recursos Humanos Visão da organização em relação aos empregados Talentos, Seres Humanos. PARADIGMAS MECANICISTA E HOLÍSTICO DE RH A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES RH “Mecanicista”/ “Antigo” Características RH RH “Holístico”/ “Século XXI” Nível operacional e burocrático . Nível de atuação do RH Nível estratégico. Lento. Agilidade do RH Rápido. Reativa. Intervenção do RH na realidade da organização Pró-ativa. Execução de serviços especializados. Tipo de atividade do RH. Consultoria interna. Centralizado. Modelo de RH Descentralizado. PARADIGMAS MECANICISTA E HOLÍSTICO DE RH A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES AS PRÁTICAS DA ADMINISTRAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS NO PARADIGMA FORDISTA • A partir da revolução industrial, com o surgimento da organização da manufatura através das fábricas, a questão da gestão de funcionários estrutura-se como foco na legislação e na resolução de conflitos trabalhistas. • O seu departamento denominava-se Relações Industriais. • Com as organizações se tornando cada vez mais complexas, a função de administração de recursos humanos se especializou gradativamente, dando origem às funções tão conhecidas de recrutamento e seleção de pessoal, cargos e salários, higiene e saúde, treinamento e desenvolvimento e monitoramento dos funcionários A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES AS PRÁTICAS DA ADMINISTRAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS NO PARADIGMA FORDISTA • Associam-se ao funcionamento e das organizações mecanísticas (CHIAVENATO, 1992) ou mecanicistas (BOOG, 1994). • Há uma estrutura burocrática rígida, uma minuciosa divisão do trabalho, a definição prévia e praticamente definitiva dos métodos e procedimentos de trabalho, ciclos de atividades rotineiros e repetidamente executados e uma centralização das decisões. A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIANAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES AS CARACTERÍSTICAS DA ADMINISTRAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS NO PARADIGMA FORDISTA • A área de RH constitui-se em uma área centralizadora, com função de comando das relações de trabalho, por meio do estabelecimento de normas e procedimentos e do controle da aplicação destes instrumentos (BOOG, 1994). • Sua atuação resume-se aos aspectos operacionais e táticos das atividades de administração de pessoal. • Sua visão é predominantemente restrita ao interior da empresa. • Há a ênfase em regras e procedimentos formalizados por escrito, os quais definem os comportamentos das pessoas de maneira prévia, estável e definitiva. (CHIAVENATO, 1994) A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES AS CARACTERÍSTICAS DA ADMINISTRAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS NO PARADIGMA FORDISTA • O sistema de RH baseia-se no controle externo, seja ele exercido pelo chefe diretamente e ou pelo profissional de RH, como fiscalizador e controlador, com base em ordens e interdições, apoiado por um sistema de coerções previamente definido. • O fordismo tinha uma visão do trabalhador como um mero recurso de produção. Como tal deve ter o perfil de um trabalhador obediente e disciplinado. A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES AS CARACTERÍSTICAS DA ADMINISTRAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS NO PARADIGMA FORDISTA • Articula à organização do trabalho do modelo fordista onde havia uma administração autocrática, fiscalizadora e restritiva (MUNDIM e RICARDO, 2004). • A hierarquia baseava-se na autoridade rígida, definida a partir da posição do individuo na organização. A autoridade consistia, em poucas palavras, no poder de comandar. • O sistema de gestão de funcionários enfatizava a criação de políticas que facilitassem o controle. • “No processo seletivo, por exemplo, buscavam-se pessoas com características de disciplina e conformidade para serem contratadas. Elas deviam cumprir exatamente o que fosse ordenado.” (BITENCOURT, 2010, p. 81) A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES AS CARACTERÍSTICAS DA ADMINISTRAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS NO PARADIGMA FORDISTA • Considera-se o relacionamento entre pessoas e organizações como antagônico e conflitante. • Acredita-se que os objetivos das organizações - lucro, produtividade, eficácia, redução de custos - eram incompatíveis com os objetivos dos indivíduos - melhores salários e benefícios, conforto no trabalho, segurança no trabalho e no emprego, desenvolvimento e realização pessoal. A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES AS CARACTERÍSTICAS DA ADMINISTRAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS NO PARADIGMA FORDISTA • O trabalho individual, rotineiro e fixo tem apoio no sistema de RH ao postular cargos ocupados por especialistas nas respectivas tarefas, com atribuições delimitadas e definidas. • Cada indivíduo se empenha na sua tarefa específica como se esta fosse distinta e separada das demais tarefas da empresa. • Os cargos são estabelecidos definitivamente, isto é, não sofrem mudanças no decorrer do tempo. • Os cargos são remunerados de acordo com sua importância relativa para o alcance dos objetivos da organização. • Trata-se de um estilo de administração duro, rígido, autocrático, onde as pessoas devem ser coagidas, controladas, recompensadas e punidas. A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES AS CARACTERÍSTICAS DA ADMINISTRAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS NO PARADIGMA FORDISTA • O modelo fordista mantém-se com base em esquemas de restrições, de fiscalização e controle cerrados, de medidas coercitivas e punitivas. (CHIAVENATO, 1994) • O sistema de RH empenha-se em levar as pessoas a trabalharem dentro de padrões e esquemas previamente planejados e organizados, tendo exclusivamente o alcance dos objetivos da empresa como meta e não os objetivos das pessoas. A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES AS PRÁTICAS DE ADMINISTRAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS IMPLEMENTADAS NAS ORGANIZAÇÕES MODERNAS COMO SISTEMAS DE MEDIAÇÕES • O modelo de RH baseia-se em um conjunto de “procedimentos de ajuste do indivíduo a um estereótipo de eficiência já estabelecido pela empresa. O homem, como paciente desses processos, recebe as ações de ajuste comportamental da organização.” (DUTRA, 2001, pág. 13) •Neste paradigma, parte-se do pressuposto que os indivíduos são controláveis e passivos. • Na empresa clássica, a noção de organização é pouco desenvolvida, consiste em uma entidade fria, o lugar do capital e do dinheiro. A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES AS PRÁTICAS DE ADMINISTRAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS IMPLEMENTADAS NAS ORGANIZAÇÕES MODERNAS COMO SISTEMAS DE MEDIAÇÕES • A relação da empresa com o trabalhador se dá por meio do chefe, o qual o indivíduo ama ou odeia. • A dependência psicológica é personalizada na figura do chefe, o qual exerce um papel autoritário e muitas vezes arbitrário. • Este tem sua autoridade vinculada a sua posição na hierarquia. Trata-se do poder da posição. A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES AS PRÁTICAS DE ADMINISTRAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS IMPLEMENTADAS NAS ORGANIZAÇÕES MODERNAS COMO SISTEMAS DE MEDIAÇÕES •O trabalhador mantém-se então sob a tutela estrita e “mesquinha” do chefe, dos “tiranos locais”. “Educador” do trabalhador neste tipo de empresa, o chefe apresenta-se como aquele todo poderoso, que exerce o controle e dispõe de um sistema claro de punições, coerções e recompensas. •Trata-se de um sistema inconsciente do tipo paternal. •A organização moderna baseia-se “na imposição concreta de ordens e proibições, que implicam a imposição de restrições no nível das tarefas.” (PAGÈS et al., 2006, p. 49) A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES AS PRÁTICAS DE ADMINISTRAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS IMPLEMENTADAS NAS ORGANIZAÇÕES MODERNAS COMO SISTEMAS DE MEDIAÇÕES • Na empresa capitalista clássica, os seus domínios ficam relativamente isolados quanto aos seus aspectos econômicos, ou seja, nela se trabalha para ganhar a vida. • Não são lançados os instrumentos de dominação da parceria indivíduo/empresa e da auto-realização pessoal. • Os incentivos tendem a ser eminentemente financeiros. A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES AS PRÁTICAS DE ADMINISTRAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS IMPLEMENTADAS NAS ORGANIZAÇÕES MODERNAS COMO SISTEMAS DE MEDIAÇÕES • As empresas capitalistas clássicas se apóiam nos aparelhos ideológicos da sociedade global: religião, escola, família, etc.. É por eles reforçada e os reforça. • A escola adequada ao modelo fordista preparava os trabalhadores com base na disciplina, na repetição e na memorização. O que se veria mais tarde no comportamento do indivíduo na empresa. A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES REFLEXÕES • Após a crise do Fordismo, o atual tipo ideal de paradigma de produção – o flexível - encontra-se puro somente no âmbito da teoria. • Não existe uma mera substituição de um paradigma produtivo por outro, no caso, o fordista pelo flexível. • Parece não haver uma implantação da especialização flexível de forma homogênea nas empresas. • Até dentro da mesma organização o novo paradigma de produção atinge diferentemente os trabalhadores do sexo feminino e do masculino. • Ser operário qualificado é diferente para homens e mulheres, os quais experimentam também diferentes noções de carreira. (SOUZA, SANTANA e DELUIZ, 1999) A Gestão de Funcionáriosno Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES PRÁTICAS DA ADMINISTRAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS - Controle da jornada de trabalho com cartões de ponto ou marcações eletrônicas sofisticadas. - Descrição da organização do trabalho por meio de cargos fixos e pouco flexíveis os quais orientam avaliações de desempenho burocráticas. A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES - Remuneração baseada na descrição das tarefas exigidas por cada cargo na estrutura organizacional e nos requisitos de seu desempenho adequado. (BITENCOURT, 2010) - Salário fixo de acordo com o nível do cargo ocupado. (CHIAVENATO, 1999) - Processos de treinamento baseados em ações isoladas e superficiais com foco na tarefa. PRÁTICAS DA ADMINISTRAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES PRÁTICAS DA ADMINISTRAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS - Sistema de punições pautado em advertências e suspensões. - Processos de comunicação pobres e pouco transparentes (comunicar o “mínimo possível”). - Pessoas tratadas impessoalmente, meramente como recursos de produção. A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES SÍNTESE DA AULA - A administração de recursos humanos tem como fim último a obtenção da contribuição dos profissionais para os resultados do negócio, ou seja, a maior agregação de valor aos clientes e à sociedade. - As políticas, programas e técnicas utilizadas visam garantir o maior empenho dos funcionários considerando os objetivos organizacionais e/ou individuais. - A atuação do RH é explicada, segundo a abordagem positivista, pela tese da reciprocidade e, de acordo com a abordagem marxista e dialética, pelo conjunto de mediações pluridimensionais que visam, em última instância, transformar e ocultar as contradições do sistema capitalista. A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES SÍNTESE DA AULA - Na Administração de Funcionários, as práticas de gestão utilizadas pela área de RH para garantir o “empenho” dos trabalhadores no paradigma fordista ocorre a partir de um modelo centralizado e reativo, com enfoque na resolução de problemas. Sua atuação se dá, de modo geral, nos níveis tático e operacional, de forma burocrática. - O processo de alienação do trabalhador nas organizações modernas ocorre por meio do controle e da coersão, exercidos, basicamente, pela figura do chefe em uma organização do tipo paternal. Tal processo de mediação mostra-se em consonância com as fórmulas da organização do trabalho no modelo fordista onde havia uma administração autocrática, fiscalizadora e restritiva. A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES CONCLUSÕES A gestão de funcionários acompanha as transformações nos paradigmas produtivos ao mesmo tempo em que, por sua função de promoção da cultura organizacional e modelagem dos comportamentos dos indivíduos, acabar por forjar as mudanças necessárias na organização para que os objetivos de valorização do capital sejam alcançados. A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES CONCLUSÕES De uma abordagem de Administração de Funcionários pela coerção e controle a uma abordagem de Gestão de Pessoas por meio da adesão dos indivíduos aos valores e princípios da empresa, o sistema de RH refina seus instrumentos de poder que farão com que o indivíduo se motive não pelo fazer, mas pelo crer; não pelo presente, mas sim pelo futuro com as “inúmeras” possibilidades de sucesso; não pelo concreto, mas pela fantasia da sua auto-realização e felicidade, por meio de sua adesão progressiva à corporação. A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BITENCOURT, C. (Org.). Gestão contemporânea de pessoas - novas práticas, conceitos tradicionais. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010 BOOG, G. G. Os Novos Paradigmas do Mundo dos Negócios. In ____ (Coord.) Manual de Treinamento e Desenvolvimento – ABTD. 2 Ed. São Paulo: MAKRON Books, 1994, p. 1 – 13. CHIAVENATO, I. Gestão de Pessoas - O novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro, Ed. Campus, 1999 ___________ Gerenciando Pessoas o passo decisivo para a administração participativa. São Paulo: Makron Books, 1994 A Gestão de Funcionários no Paradigma Fordista – AULA 6 PEDAGOGIA NAS INSTITUIÇÕES NÃO ESCOLARES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DUTRA, J. S. Gestão por competências um modelo avançado para o gerenciamento de pessoas. São Paulo: Editora Gente, 2001 MEISTER, J.C. Educação Corporativa – A Gestão do Capital Intelectual através das UNIVERSIDADES CORPORATIVAS. São Paulo: Makron Books, 1999 PAGES, M. et al. O Poder das Organizações. São Paulo: Atlas, 2006 SOUZA, Donaldo Bello de, SANTANA, Marco Aurélio; DELUIZ, Neise. Trabalho e Educação: Centrais Sindicais e Reestruturação Produtiva no Brasil. Rio de Janeiro: Quartet, 1999
Compartilhar