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Fungos

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FUNGOS 
 
 O reino Fungi é composto por: 
 
. Organismos macroscópicos e microscópicos 
. Unicelulares (Leveduras) e pluricelulares (Cogumelos) 
. Eucariontes 
. Heterotróficos por Absorção, ou seja, organismos que absorvem os nutrientes 
do meio onde vivem. Para isso, libertam enzimas digestivas que degradam o meio 
orgânico em moléculas simples de absorver. Os fungos são, então, na sua maioria 
Decompositores ou Saprófitos, pois alimentam-se de matéria orgânica em 
decomposição. Quando são Parasitas, alimentam-se de substâncias do hospedeiro 
vivo, e quando são Predadores, alimentam-se de pequenos animais que capturam. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os fungos mais conhecidos são as Leveduras, Bolores, Mofo e Cogumelos. 
Podem ser classificados em 4 divisões: 
 
. Chytridiomycota: fungos encontrados em ambientes marinhos, lagos, solo e 
fontes hidrotermais. Podem formar colónias com hifas ou viverem de forma solitária. 
A grande maioria das espécies é decompositora, embora existam parasitas. São os 
únicos que se reproduzem com esporos, que têm flagelos – Zoósporos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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. Zygomycota: geralmente encontrados no solo e não formam corpo de 
frutificação. Encontramos os mofos neste grupo. Encontramos, também, neste grupo 
espécies de valor económico (fabrico de molho de soja, medicamentos anti-
inflamatórios e anticoncecionais). A maioria dos seus representantes têm Hifas 
Cenocíticas (ver em baixo) e reprodução assexuada por esporos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
. Ascomycota: maior grupo de fungos, encontram-se em ambientes marinhos, de 
água doce e terrestres. Têm Hifas Septadas (ver em baixo) e formam uma estrutura 
chamada Asco, onde se formam esporos. Cada fungo pode ter mais de um asco, 
que se pode unir a outros formando o Corpo de Frutificação. Neste grupo incluem-
se os fungos produtores de penicilina e utilizados no fabrico de queijo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
. Basidiomycota: maioria dos fungos macroscópicos (cogumelos) e destaca-se 
pela produção do Basídio, uma estrutura produtora de esporos, além de possuir 
Hifas Septadas. 
 
 
 
 
 
 
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Existem fungos que são utilizados no fabrico de queijos (roquefort e gorgonzola), 
e no fabrico de antibióticos (penicilina). Também existem fungos venenosos para o 
ser humano, capazes de causar a morte de quem o ingere, e alguns provocam efeitos 
alucinogénios semelhantes aos provocados por LSD, provocando sérios danos ao 
sistema nervoso. 
 
CONSTITUIÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os fungos são constituídos por uma Parede Celular, tal como as células vegetais, 
mas, ao contrário destas que contêm Celulose, os fungos têm Quitina e Glucanos. A 
quitina é encontrada no exoesqueleto dos artrópodes. 
 
 
 
 
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 Os fungos multicelulares são constituídos por Hifas – filamentos ramificados. As 
hifas têm citoplasma e núcleos, e podem apresentar diversas formas. Estas estruturas 
começam por ser tubulares e ramificam-se continuamente formando uma rede, mais 
ou menos densa – Micélio. 
 
As hifas podem ser Cenocíticas ou Septadas. As Cenocíticas são filamentos 
contínuos repletos de citoplasma e com alguns núcleos. As Septadas têm 
compartimentos correspondentes a células com 1-2 núcleos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pelo facto de ser filamentoso, o micélio ganha uma grande superfície, através da 
qual realiza a absorção de nutrientes. Por vezes, as hifas organizam-se formando 
Corpos Compactos, como nos cogumelos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Reprodução dos fungos pode ser Sexuada ou Assexuada, sendo o vento um 
importante condutor que espalha os esporos e fragmentos de hifas, favorecendo a 
proliferação de fungos. 
 
 A respiração pode ser aeróbia (utilizam oxigénio), anaeróbia (fermentação) ou 
facultativa. Um exemplo de um fungo facultativo é a Saccharomyces cerevisiae, uma 
levedura utilizada em condições anaeróbias nos processos de fabrico de pães e 
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bebidas alcoólicas, como cerveja e vinho. Neste caso, o fungo realiza Fermentação 
Alcoólica, ou seja, transforma açúcar em álcool e dióxido de carbono (importante no 
crescimento do pão). 
 
MICOSES 
Os fungos podem atuar como parasitas de animais, provocando doenças como 
Micoses que afetam a pele, Candidíase Oral (“Sapinhos”), uma infeção na boca, 
Candidíase Vaginal (DST) e Histoplasmose (pulmões). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As micoses são infeções causadas por fungos que atingem a Pele, as Unhas e os 
Cabelos. Na pele humana também existem diversas espécies de fungos que, em 
condições normais, não causam doença. 
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A queratina é uma substância que está presente na superfície da pele, unhas e 
cabelos, e constitui uma fonte de nutrientes para estes fungos que, sempre que 
encontram condições favoráveis ao seu crescimento, se reproduzem e passam a 
causar a doença. Essas condições, que alteram o equilíbrio entre o fungo e seu 
hospedeiro, podem ser o calor, a humidade, uma diminuição das defesas ou o uso 
de antibióticos a longo prazo. 
 
Existem diversos tipos de micoses superficiais, sendo as mais comuns: 
 
• Pitiríase Versicolor: doença crónica, que aparece e desaparece 
ciclicamente. O fungo que a causa pertence ao género Malassezia e é mais 
frequente nos adolescentes e jovens. O aspeto típico da doença é a 
presença na pele de manchas brancas, agrupadas ou isoladas, com 
descamação, localizadas na parte superior dos braços, tronco, pescoço e 
rosto. Mais raramente, estas manchas são escuras ou avermelhadas. Nestes 
casos, é possível que a pele não recupere a sua pigmentação normal ou 
que sejam necessários muitos meses após o tratamento da infeção para 
que tal suceda. O tratamento desta doença é feito com antifúngicos tópicos 
ou orais - Clotrimazol. 
 
• Tinhas: micoses superficiais causadas por diversos tipos de fungos. Podem 
afetar os pés (pé de atleta), o couro cabeludo, as unhas, a barba ou 
qualquer outra parte do corpo e apresentam-se sob a forma de manchas 
vermelhas, com descamação, de contorno bem definido e podendo 
ocorrer a formação de bolhas ou crostas. A queixa mais comum é a 
comichão, que pode ser muito intensa ou até dolorosa. As lesões causadas 
pelo ato de coçar podem infetá-las. O tratamento é feito com cremes 
antimicóticos: Miconazol, Clotrimazol, Econazol e Quetoconazol. 
 
• Candidíase: infeção causada por fungos do género Candida. Este género 
pode causar micoses superficiais ou profundas, de maior gravidade. Uma 
forma de apresentação são os "sapinhos" nos recém-nascidos, que 
assumem a forma de placas esbranquiçadas na mucosa oral; em idosos, é 
mais comum as fissuras nos cantos da boca ou a formação de lesões em 
placa vermelhas delimitadas que apresentam uma exsudação 
esbranquiçada e fissuras a nível das pregas da pele (por baixo das mamas, 
nas axilas). As micoses causadas pela Candida tendem a causar comichão 
ou ardor. Quando este fungo afeta as unhas, tende a crescer na sua base, 
provocando uma inflamação dolorosa, com formação de pus. As unhas 
podem tornar-se brancas ou amarelas e destacar-se do dedo. Tratamento: 
Econazol. 
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As micoses superficiais por Candida são facilmente curadas mediante a 
utilização de cremes ou loções antifúngicas. O creme deve ser aplicado, 
habitualmente, durante 7 a 10 dias. Como se trata de uma infeção 
oportunista, é fundamental identificar os fatores de base, tentando corrigi-
los, de modo a evitar novos episódios. 
 
• Onicomicoses: afetam as unhas dos pés e das mãos. São mais frequentes 
depois dos 55 anos e são raras na infância. As unhas infetadas apresentam 
uma coloração diferente e ficam deformadas e espessas, podendo 
descolar-se. Esta doença é tratada com medicamentos locais ou orais. O 
tratamento é difícil e demorado, podendo durar mais de 1 ano.Uma 
interrupção prematura pode determinar o seu fracasso. 
 
ANTIMICÓTICOS 
 Também conhecidos como Antifúngicos, são medicamentos que matam 
(Fungicidas) ou inibem o crescimento (Fungistáticos) de fungos, utilizados para tratar 
ou prevenir micoses como pé de atleta, dermatofitoses, candidíase, entre outras. 
Estes medicamentos são, normalmente, obtidos com receita médica, mas alguns 
estão disponíveis como medicamentos de venda livre. 
 
• Polienos: estes medicamentos ligam-se a esteróis na membrana celular dos 
fungos, principalmente ao Ergosterol. Isto vai alterar a Temperatura de 
Transição da membrana (temperatura a que se dá uma mudança radical no 
estado físico da membrana), diminuindo a sua fluidez. A célula vai começar 
a perder potássio, sódio, entre outros iões, morrendo. As células animais 
têm colesterol em vez de ergosterol, logo são menos suscetíveis aos 
efeitos. Exemplo: Anfotericina B, Candicidina, Nistatina, Rimocina. 
 
• Triazóis e Imidazóis: antifúngicos azólicos inibem uma enzima necessária 
para formar o ergosterol. Sem ergosterol na membrana, os fungos ficam 
com danos estruturais e funcionais, levando à inibição do seu crescimento. 
Exemplo de Triazóis: Fluconazol, Itraconazol, Voriconazol. Exemplo de 
Imidazóis: Miconazol (Daktarin), Clotrimazol (Canesten), Econazol (Gyno 
Pevaryl). 
 
• Alilaminas: inibem outra enzima necessária para a síntese de ergosterol. 
 
• Equinocandinas: podem ser utilizados para tratar infeções fúngicas 
sistémicas em pacientes imunocomprometidos. Impedem a síntese de 
Parede Celular. Estes medicamentos NÃO são bem absorvidos quando 
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administrados pela via oral; assim, são normalmente administrados por via 
intravenosa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INFEÇÕES VAGINAIS 
 
Flora Vaginal: Staphylococcus, Lactobacilos, Streptococcus, Gardnerella vaginalis. 
 
Tipos de Infeções Vaginais: Vaginite Bacteriana (30-50%), Vulvovaginite Fúngica (20-
25%) e Tricomoníase (15-20%). 
 
VAGINITE BACTERIANA 
Metade dos doentes são assintomáticos, metade apresenta queixas de 
corrimento com cheiro a peixe. 
 
Sintomas: corrimento, prurido, comichão, irritação, sensibilidade, inflamação ou 
ferida, dor ao urinar e durante as relações sexuais. 
 
Diagnóstico: pH vaginal > 4.5, presença de vestígios celulares, teste positivo ao 
cheiro a peixe e corrimento. 
 
Fatores de Risco: gravidez, DIU, lactação, atividade sexual. 
 
TRICOMONÍASE 
Provocada pela Trichomonas vaginalis, é uma DST, 10-50% das mulheres são 
assintomáticas e é mais prevalente em mulheres com < 30 anos. 
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Sintomas: corrimento vaginal profuso ou espuma, mais raramente dor no abdómen 
baixo, prurido, perda de sangue logo após menstruação. 
 
Fatores de Risco: atividade sexual, vários parceiros sexuais, gravidez e menopausa. 
 
VULVOVAGINITE 
Infeção fúngica pela Candida albicans. 
 
Sintomas: prurido intenso, corrimento esbranquiçado espesso, sem odor 
desagradável, eritema vulvar ou vaginal. 
 
Fatores de Risco: gravidez, contracetivos com estrogénios, diabetes, antibióticos de 
largo espetro, roupa justa, colonização gastrointestinal, atividade sexual. 
 
Fluxograma de decisão para terapêutica de infeções vaginais e fúngicas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Terapêutica de Infeções Bacterianas e por Protozoários 
 
. Com prescrição médica 
- Metronidazol Oral: 2g (Toma única); 1g (2x/dia); 250-500mg (3x/dia) → 7 dias. 
 
Na gravidez: Metronidazol em gel vaginal, Clindamicina em creme vaginal. Não 
ingerir bebidas alcoólicas. 
 
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Terapêutica de infeções Fúngicas 
 
. Grupo farmacológico preferencial 
- Imidazóis e Triazóis. Comprimidos vaginais de Dotrimazol e 500mg ou pomada 
vaginal de Triconazol a 6,5%. 
 
Recomendações: 
. O tratamento deve ser iniciado à noite, antes de deitar. 
. Lavar a área vaginal com água e sabão suave e secar completamente, antes de 
aplicar o creme ou comprimido vaginal. 
. O tratamento deve efetuar-se durante o tempo recomendado, sem interrupções. 
. Evitar relações sexuais durante o período de tratamento.

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