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SÍNDROMES HEMORRÁGICAS DA 2ª METADE DA GESTAÇÃO · Uma das principais causas de internação de gestantes no período anteparto · Aumento da morbimortalidade materna e perinatal · Aumento de partos operatórios · Atinge cerca de 3% das gestações · Costuma levar a busca imediata de pronto atendimento · Exame clínico é fundamental ao diagnóstico e conduta adequados: sobretudo especular (presença de sangramento, sua quantidade, coloração, por vezes etiologia), evitando toque vaginal inicialmente Causas · · Placenta prévia · Descolamento prematuro de placenta · Rotura uterina · Rotura de vasa prévia · Sangramento do colo no trabalho de parto · Cervicites · Pólipo endocervical · Ectrópio: pós relação sexual, devido micro-trauma · Câncer de colo de útero · Trauma vaginal PLACENTA PRÉVIA · Conceito: placenta que se implanta total ou parcialmente no segmento inferior do útero após 26 semanas de gestação, próximo à região ístmica, guardando alguma relação com o orifício interno do colo do útero (parcial x total), localizando-se entre o concepto e o colo uterino · Normal: inserção no corpo uterino, mais habitualmente na região fúndica · Antes de 26/28 semanas (a depender do autor): sem diagnóstico de placenta prévia, pois alterações futuras do tamanho do útero podem levar à inserção da placenta em região de corpo uterino, conforme habitual Classificação Ministério da Saúde · Baixa: localizada próxima ao colo uterino, sem atingi-lo · Marginal: atinge orifício interno do colo do útero, sem recobri-lo · Completa ou centro-total: recobre totalmente o orifício interno do colo do útero Classificação mais atual (FEBRASGO, COG) · Placenta prévia: recobre totalmente ou parcialmente o orifício interno do colo uterino · Centro-total: ocorre em aproximadamente 20% dos casos, obstruindo totalmente o orifício cervical interno · Centro-parcial: obstrui parte do orifício cervical interno. Classicamente seu diagnóstico só poderá ser realizado com a dilatação cervical de 3 a 4 cm · Marginal: a borda placentária está em contato com o orifício cervical interno, isto é, margeia sem recobri-lo · Placenta lateral ou de inserção baixa: borda placentária inserida no segmento inferior do útero em um raio de 2cm (também encontrei referências com 4 a 10 cm a depender da IG e até 7 cm) do orifício interno do colo uterino, sem atingi-lo Placenta lateral ou de inserção baixa Placenta prévia centro-total Placenta prévia centro-parcial Placenta prévia marginal Incidência · 1 a cada 200 gestações que chegam ao 3º trimestre · Fenômeno de migração placentária: placenta baixa no 2º trimestre sobre com o crescimento uterino, sem evoluir para placenta prévia · 5x mais comum em multíparas: importante dado epidemiológico Fatores de risco · Parto cesárea anterior · Cicatrizes uterinas prévias · Idade materna avançada · Multiparidade · Curetagens anteriores · Tabagismo: vasoconstrição generalizada (anóxia tecidual) · Técnicas de reprodução assistida · Gemelaridade: placenta muito grande se única ou duas placentas se duas (uma podendo se inserir mais inferiormente por questões espaciais) · História pregressa de placenta prévia · Comum a todos os fatores de risco: endométrio lesionado e/ou desfavorável à inserção placentária Fisiopatologia · Decidualização inadequada acaba por forçar o embrião a buscar outras regiões para implantar, ou seja, ocorre uma nidação tardia · Em geral, a placenta se encontra em fundo uterino: maior vascularização Quadro clínico · Sangramento genital indolor: sempre presente, sem causa aparente, de início de término súbitos, coloração vermelho vivo (rutilante) · Tônus uterino normal · Vitalidade fetal preservada Diagnóstico · História clínica + exame especular (pequena a moderada quantidade de sangue ou sangramento ativo vermelho vivo) · NÃO realizar toque vaginal na suspeita de placenta prévia: risco de descolamento caso essa seja centrototal · Suspeita: solicitar exame complementar · Ultrassonografia obstétrica: se possível, com componente transvaginal para precisar relação da borda placentária com orifício interno do colo do útero · Ressonância magnética: investigação de acretismo placentário (presente em cerca de 10% das placentas prévias), não realizado em regime de urgência Conduta · A depender de: idade gestacional, estabilidade fetal e estabilidade materna · Gestações pré-termo com sangramento controlável · Internação: estabilização materna e fetal (cardiotocografia), solicitação de exames laboratoriaias e investigação por exames laboratoriais · Repouso · Medidas para prematuridade: corticoide se < 34 semanas · Interrupção na maturidade fetal: 37 semanas (sempre) · Feto a termo (37 sem ou mais) · Parto sempre · Placenta prévia completa ou centro-total: resolução com cesárea programada + radiologia intervencionista em caso de suspeita de acretismo · Placenta prévia sem outras especificações NÃO é indicação absoluta de cesárea · Parto vaginal é possível desde que: placenta de inserção baixa ou marginal, não atingindo colo uterino, com bom controle do sangramento + sala cirúrgica de fácil acesso + amniotomia precoce (maior insinuação do polo cefálico, que comprime a borda placentária, reduzindo o sangramento) · Feto morto · Parto sempre · PPCT: cesárea · Demais casos individualizados: levando em consideração estabilidade hemodinâmica materna e seu futuro reprodutivo Complicações · Apresentações anômalas: localização prévia da placenta, estrutura relativamente grande, atrapalha insinuação do polo cefálico, predispondo a apresentações anômalas (pélvicas e córmicas) · Restrição de crescimento fetal · Ruptura prematura de membranas ovulares · Sofrimento fetal · Hemorragia do 3º e 4º períodos: sobretudo atonia uterina, pois inserção anômala da placenta ou presença de restos placentários podem atrapalhar miotamponamento do segmento inferior · Acretismo placentário: presente em 10% das placentas prévias · Mortalidade perinatal Acretismo placentário · Conceito: placenta aderida de maneira anormal na parede uterina, com ausência parcial ou total da decídua e penetração patológica no útero · Placenta normal: dequita levando consigo a decídua mais externa, chamada decídua funcional · Placenta acreta: invade decídua funcional chegando até decídua basal, não descolando completamente durante a dequitação · Placenta increta: maior invasão placentária, alcançando o miométrio parcialmente · Placenta percreta: invade todo o miométrio, chegando a serosa uterina e podendo invadir inclusive órgãos adjacentes (sobretudo bexiga e reto) · Diagnóstico: investigação na presença de história importante (cesárias anteriores, cirurgia uterina importante), realizar exames de imagem em paciente estável · Ultrassonografia: com doppler segundo protocolo do MS, exame examinador dependente · Ressonância: exame mais utilizado atualmente · Tratamento: em maternidade com estrutura para o manejo (banco de sangue + UTI materna e fetal) · Programar parto entre 36 e 37 semanas · Radiologia intervencionista: oclusão temporária das ilíacas internas após nascimento, redução importante do sangramento · Geralmente evolui com cesárea (retirada do concepto longe do local de inserção placentária) associada a histerectomia total (sempre tirar colo do útero para tratamento completo) · Se permanência de lesões após HT: associação de metotrexate após DESCOLAMENTO PREMATURO DE PLACENTA · Conceito: separação total ou parcial da placenta normalmente inserida antes da expulsão do feto em gestações acima de 20 semanas · 1 a 2% das gestações · Alta morbimortalidade maternofetal · Descolamento gera sangramento que pode ser ou não exteriozado (hemorragia oculta) Fatores de risco · Síndromes hipertensivas: HAC e/ou DHEG, em 50% dos casos · Traumas abdominais (20%): sobretudo automoblísticos · Ruptura prematura de membranas ovulares · Trombofilias: invasão placentária inadequada devido múltiplos pontos de vasoconstrição, tornando mais fácil seu descolamento · Descompressão uterina abrupta · Tumores uterinos · Tabagismo: mecanismo semelhante ao das trombofilias · Uso de drogas: classicamente cocaína - mecanismo semelhante ao das trombofilias/tabagismo associado à elevação da pressão arterial · Histórico de DPP · Idade materna avançada · Amniocentese/cordocentese: procedimento diagnósticos e/ou terapêuticos via punção que podem atingir vasos placentários causando hemorragias que culminam em seu descolamento prematuro Fisiopatologia · Cerca de 20% decorre de evento traumático único · Demais casos devido alterações na evolução da interface útero-placentária levando a fragilidade vascular: maior facilidade de descolamento precoce Quadro clínico · Sangramento vaginal escurecido: presente em 80% dos casos (demais não é exteriorizado)Sangramento oculto Sangramento visível HEMORRAGIA OCULTA COLO DO ÚTERO HEMORRAGIA PLACENTA ENDOMÉTRIO · Dor abdominal súbita e intensa · Hipertonia uterina: sangue irrita musculatura do miométrio, levando à sua contração · Vitalidade fetal prejudicada: geralmente com desacelerações e/ou bradicardia fetal, pois sangramento prejudica passagem de oxigênio maternofetal · Bolsa das águas tensa e aumento da altura uterina: por aumento da pressão da cavidade intramniótica secundário à hipertonia · Hemoâmnio: visualizado à amnioscopia e/ou amniotomia · Hemorragia oculta em 20%: presença de coágulo retroplacentário, necessário atentar para presença de dor abdominal importante, hipertonia uterina e presença de fatores de risco para DPP, bem como alterações da vitalidade fetal Diagnóstico · Essencialmente clínico · Ultrassom NÃO É NECESSÁRIO AO DIAGNÓSTICO DE DPP: pode ajudar em casos muito duvidosos (hemorragia oculta) e prematuros extremos, com os seguintes achados · Aumento da espessura placentária · Elevação da placa coriônica · Coágulos no estômago fetal · Alteração na ecogenicidade placentária Tratamento · Emergência, logo: estabilização hemodinâmica materna · Reposição volêmica caso necessário (choque hemorrágico, p. ex.) com AVP calibroso · Exames de entrada: hemograma completo, tipagem sanguínea, coagulograma, rotina DHEG se PA alterada · Feto vivo e viável: resolução da gestação · Via de parto: via mais rápida - cesárea na maioria das vezes (não é indicação absoluta), vaginal é possível se feto sem sinais de sofrimento e gestante estável · Se parto vaginal: amniotomia precoce (diminuição da pressão na cavidade uterina, redução do sangramento, insinuação do polo cefálico e aceleração do parto), possível realizar uso de uretônicos, monitorização fetal contínua, parto costuma ser taquitócito devido estímulo do sangue às contrações uterinas · Desfecho desfavorável é proporcional ao tamanho do descolamento · Feto morto: resolução da gestação pela via com menor risco materno, possível parto vaginal se estável hemodinamicamente, sinais de instabilidade ou trombofilia dão preferência à via alta · Máximo de 6h de trabalho de parto: para além disso é recomendada resolução via cesariana (coágulo retroplacentário consome fatores de coagulação podendo levar a CIVD) Complicações - Útero de Couvelaire: arroxeado, aumentado de volume, amolecido - sangue invade o miométrio, formando hematomas, tendo má contratilidade e maior risco de hemorragia puerperal DPP vs. PP
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