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INOTRÓPICOS POSITIVOS

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INOTRÓPICOS POSITIVOS
 
1. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 
Antes de iniciar especificamente sobre fármacos do 
tipo inotrópicos positivos, é importante salientar que a 
IC é composta por inúmeros mecanismos que atuam a 
fim de compensar o comprometimento cardíaco. Logo 
que ocorre o comprometimento da função cardíaca, 
ocorre também uma diminuição da pressão arterial 
que é percebida por barorreceptores presentes na 
aorta principalmente que enviam essa informação aos 
centros nervosos os quais ativam o sistema simpático. 
O aumento do efluxo simpático promove uma série de 
mudanças, ativando o sistema RAA que permite uma 
vasoconstrição e o aumento da pré-carga, assim como 
a partir da ligação com os receptores do tipo α1 nos 
vasos periféricos causando uma vasoconstrição e 
elevando a pressão arterial media. Porém, a elevação 
da PAM faz com que ocorra o aumento da pós-carga 
no VE já que está mais difícil expulsar sangue para a 
artéria. 
Portanto, com a pré-carga e a pós-carga aumentadas, 
a insuficiência cardíaca é agravada, o coração sofre um 
processo de hipertrofia e aos poucos perde sua função 
cardíaca de bomba. É nesse instante que entram os 
fármacos e estratégias terapêuticas para o combate a 
IC, atuando na diminuição da pré-carga e pós-carga e 
aumento da contratilidade como os INOTRÓPICOS 
POSITIVOS, os β-bloqueadores e os inibidores da ECA 
são alguns exemplos. 
2. INOTRÓPICOS POSITIVOS 
Os fármacos inotrópicos positivos como a DIGOXINA, 
DOBUTAMINA E INANRINONA são responsáveis por 
aumentar a força de contração cardíaca a partir de 
uma série de mecanismos distintos. 
 
A. DIGOXINA 
Quando ocorre o fim da contração muscular, o cálcio 
deve ser recuperado pelo reticulo sarcoplasmático ou 
eliminado via trocador de sódio-cálcio do meio interno 
ou intracelular. Esse trocador funciona eliminando o 
cálcio para o meio externo e colocando sódio para o 
meio interno, no entanto, isso só é possível devido a 
presença da bomba de sódio-potássio que elimina o 
sódio excedente para o meio extracelular e retoma o 
potencial de ação basal ou de repouso. Ou seja, a 
medida que o trocador coloca sódio para dentro, a 
bomba elimina sódio para fora em uma espécie de 
efeito compensatório. 
A digoxina age na bomba de sódio-potássio impedindo 
que o sódio seja eliminado para o meio extracelular, 
isso faz com que a concentração de sódio torna-se 
elevada já que o trocador coloca mais cedo e a bomba 
não consegue eliminar. Devido a esse aumento da 
concentração de sódio, o trocador inverte de função 
para evitar que mais sódio entre, eliminando esse 
excedente ao mesmo tempo que coloca mais cálcio 
para o meio intracelular. Nesse momento, o cálcio tem 
sua concentração intracelular elevada, fazendo com 
que o reticulo sarcoplasmático armazene mais cálcio e 
o libere em maiores quantidades em uma próxima 
contração muscular, aumentando a força de contração 
a partir do aumento da disponibilidade de cálcio no 
meio intracelular. 
 
A digoxina possui inúmeros efeitos adversos e para isso 
deve ser administrada cautelosamente. Por possuir 
uma janela terapêutica muito pequena, aumentos da 
dose pode provocar anorexia devido aos vômitos, além 
de cefaleia e vertigem. 
Além disso, pode provocar alterações elétricas no ciclo 
cardíaco como redução na condução AV e aumento da 
condução His-Purkinje podendo causar arritmias. 
A administração de digoxina em dosagens que causam 
desvios inotrópicos positivos desloca a curva de função 
ventricular para o normal. A maior contratilidade leva 
ao aumento do debito cardíaco e a diminuição dos 
reflexos simpáticos e do tônus vascular causa a queda 
na pressão ventricular diastólica final. 
Outras particularidades importantes da digoxina deve-
se a fármaco cinética desse fármaco. A meia-vida é de 
36 a 48 horas, a biodisponibilidade oral de 75%, a 
eliminação ocorre em 70% via excreção renal, além da 
janela terapêutica estreita e um volume de distribuição 
alto. Pode provocar hipopotassemia devido a afinidade 
pela bomba de sódio e doença renal crônica. 
Em pacientes que apresentam insuficiência cardíaca 
com fibrilação ventricular, a digoxina pode ser utilizada 
para combater esses sintomas devido a redução da 
condução no nodo atrioventricular (AV). Pode ser 
utilizada nas interações com outros medicamentos 
como β-bloqueadores (utilizados no combate de 
arritmias) bloqueadores de canais de cálcio (também 
utilizados no combate a arritmias), verapamil, 
quinidina, amiodarona (aumentam a disponibilidade 
de digoxina) e antibióticos (aumentam a absorção de 
digoxina). 
A toxicidade da digoxina pode ser tratada a partir da 
administração de potássio reduzindo a toxicidade de 
hipopotassemia. E em casos graves, anticorpos podem 
ser utilizados para eliminar a digoxina e a correção de 
arritmias pode ser feita pelo uso de antiarrítmicos. 
B. DOBUTAMINA 
A dobutamina é uma catecolamina sintética com efeito 
β1 adrenérgico puro predominante no coração que 
quando ligado a adrenalina, um dos efeitos é aumentar 
a contratilidade cardíaca. A dobutamina é um agonista 
que imita a adrenalina, tendo um efeito inotrópico 
positivo. Pode ter também um efeito β2 adrenérgico 
em menor proporção promovendo a vasodilatação e 
aumentando o retorno venoso que irá aumentar a pré-
carga e piorar o desempenho do coração, agravando 
quadros de IC. 
A dobutamina não é mais utilizada tanto como um 
inotrópico positivo devido aos efeitos adversos, sendo 
utilizada via infusão da IV continua, mas pode provocar 
risco de arritmias assim como a digoxina. 
 
C. IVABRADINA 
A ivabradina atua como um bloqueador do canal HCN 
responsável pela corrente IFUNNY na fase 4 do ciclo 
em que ocorre a despolarização lenta nas células 
marca-passo do coração. 
Ao reduzir a FC devido a diminuição do tempo de 
despolarização do nodo SA. Em pacientes com IC isso 
seria interessante para prevenir arritmias em um 
coração deficiente, agindo como uma proteção ao 
coração com efeito pró-arrítmico. Ou seja, ivabradina 
atua contra os efeitos do sistema simpático, fazendo 
com que o coração não seja “tão exigido” pelas 
mudanças proporcionadas pelo sistema simpático. 
 
 
D. LEVOSIMENDANO 
O levosimendano atua diretamente na contração do 
coração facilitando a interação da troponina com as 
moléculas de cálcio para realizar a contração muscular 
e evidenciando seu papel inotrópico positivo. 
Outro efeito é o efeito vasodilatador através ativação 
de canais de potássio sensíveis a ATP nas células lisas, 
promovendo uma hiperpolarização e inibição das 
correntes de cálcio que promovem um relaxamento da 
musculatura lisa e vasodilatação. 
A ativação de canais de potássio sensíveis a ATP nas 
mitocôndrias promovem também um efeito de 
proteção do coração (cardioproteção).

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