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ROTEIRO PARA PODCAST OU VÍDEO SOBRE O FILME MILAGRE NA CELA 7
Milagre na cela 7 é um drama turco, ambientado no início da década de 1980 e dirigido por Mehmet Ada Öztekin. Conta a história de Mehmet (Aras Bulut Iynemli), apelidado de Memos, homem que tem a idade mental parecida com a da filha Ova, (Nisa Sofiya Aksongur), conforme explica a personagem Vovó à Ova, uma criança de seus 8 anos. 
A vida dele de Memos vira de “pernas pro ar” quando ele é acusado do assassinato de Seda, colega de Ova e filha de um importante comandante militar turco. O pai de Seda, importante militar Turco, com o suposto objetivo de fazer justiça (às suas maneiras), pressiona o tribunal até que Memos seja condenado à morte.
Mesmo sem provas contundentes, Memos é preso e torturado, escapando de ser morto pelos colegas de cela pelo fato de existir uma ordem expressa para que ninguém o matasse, uma vez que o pai de Seda queria garantir sua execução. 
Porém, antes da execução Memos consegue transmitir uma mensagem para Ova, afirmando que “o Gigante Caolho” é testemunha de que ele não cometeu o assassinato. Ova volta as ruínas, a qual ela e Memos chamava de Gigante Caolho para checar se existe alguém lá que tenha testemunhado o acidente. Lá encontra um soldado desertor que afirma ter visto tudo e que Memos realmente é inocente. 
Com a ajuda dos colegas de cela da Cela 7 e também do Diretor do Presídio, Ova busca localizar o soldado desertor para que ele testemunhe em favor de Memos, o qual é encontrado e levado à presença do pai de Seda, sendo por esse executado, para que fosse enterrada qualquer possibilidade de absolvição de Memos, garantindo assim a pena de morte. 
O desfecho do filme se dá com manobras feitas pelos colegas de cela de Memos e pelo Diretor do Presídio para garantir a fuga de Memos, o qual sai do país em busca de exílio. 
UMA LEITURA DO FILME A PARTIR DO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO
Antes de se falar em qualquer injustiça ou violação de Direito é necessário lembrar da proibição à tortura e a pena de morte, previstas no art. 5º, III, XLVII, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, enquanto um desdobramento da Dignidade da Pessoa Humana e do Estado Democrático de Direito. 
Embora a lei penal da época na Turquia previsse a pena de morte, sabe-se que as injustiças provocadas por esse tipo de pena, quando do cometimento de erro, são impossíveis de reparação por parte do Estado, uma vez que a vida tem valor em si mesma e de forma imensurável. 
O princípio in dubio pro reo justifica-se principalmente diante da desproporcionalidade do prejuízo causado ao réu diante de eventual erro do judiciário. Daí o princípio da proporcionalidade ter como principal característica avaliar os benefícios e prejuízos da aplicação da lei diante das garantias fundamentais e das liberdades individuais previstas na Constituição da República de 1988. 
No caso da personagem Memos, além de se levantar o questionamento a cerca da inimputabilidade do mesmo, diante de sua deficiência intelectual, conforme dispõe o art. 26 do Código Penal, deve-se refletir sobre a presunção de inocência, preconizada pelo inciso LVII do art. 5º, o qual dispõe que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. 
Nesse sentido, antes que ele fosse levado à prisão, deveria lhe ser garantido a liberdade (provisória) para que, após o devido processo legal e uma condenação em última instância, ele pudesse cumprir sua pena, ainda que injusta.
O assassinato da testemunha pelo comandante deveria, em respeito ao princípio in dubio pro reo, favorecer a personagem Memos, uma vez que, mesmo sabendo de sua inocência, o pai de Seda ainda desejasse a morte de Memos, por acreditar que, de alguma forma, ele induziu sua filha a cair no precipício. 
Para a aplicação de uma pena de tamanha magnitude é necessário que não exista nenhuma dúvida quanto a autoria do crime, o que não ocorreu no enredo do filme, uma vez que nenhuma prova foi produzida contra Memos, sendo esse condenado simplesmente pela presunção de culpa gerada pelo pai de Seda. 
Sendo assim, faltou o respeito aos mandamentos do princípio do devido processo legal, preconizado pelo inciso LIV do art. 5º da CF/88, o qual afirma que “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. Esse devido processo legal presume a presença de defensor, constituído ou nomeado, nos termos da Lei nº 10.792/03, para proteger os direitos do réu, o que não foi visto no filme, em relação a Memos, o que poderia levar a anulação total do feito. 
Não se pode esquecer também que foram violados os princípio da ampla defesa e do contraditório, uma vez que Memos não teve nenhuma oportunidade de se defender das acusações a ele imputadas, com consequente prejuízo da garantia da prestação contínua da jurisdição, preconizada pela EC Nº 45 de 2004. 
O filme mostra, portando, uma flagrante violação aos direitos fundamentais e, principalmente, o mais importante de todos, qual seja, a vida, mediante a condenação à pena de morte. Não se pode olvidar também a degradação da dignidade da pessoa humana, bem como o direito à liberdade, ambos violados por ações arbitrárias praticadas por agentes do Estado. 
Diante de flagrante erro, omissão, negligência ou imperícia do Estado diante de seu dever de garantir o devido processo legal e a aplicação de pena proporcional ao delito, cabe a responsabilização do Estado, nos termos da Teoria Geral das Obrigações, com fulcro nos arts. 186. 187 e 927, ambos do Código Civil de 2002. 
O art. 927 afirma que “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. Na mesma seara, o art. 186, também do Código Civil, dispõe que “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. 
Conclui-se, portanto, que diante das inúmeras injustiças cometidas contra Memos, diante da impossibilidade de se voltar ao passado para corrigi-las, cabe a reparação do dano praticado pelo Estado, a título de danos morais e materiais, nos moldes dos artigos supramencionados, mesmo diante da impossibilidade de mensuração do prejuízo causado. 
A reparação do dano não tem como objetivo recuperar o prejuízo, uma vez que isso é impossível, mas, possibilitar que, a pessoa lesada possa reconstruir sua vida dignamente, com condições de se defender de possíveis ingerências do Estado, com a constituição de quantos advogados sejam necessários e com a garantia de qualidade de vida para sua família, também lesada.

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