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Interpretacao de Exames Bioquimicos e a Interacao Droga X Nutriente

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Brasília-DF. 
Interpretação de exames BIoquímIcos 
 e a Interação droga x nutrIente
Elaboração
Daniela Martins da Silva
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO .................................................................................................................................. 5
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA ..................................................................... 6
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
CONCEITOS ........................................................................................................................................ 9
CAPÍTULO 1 
FARMACOLOGIA E INTERAÇÃO ENTRE ALIMENTOS E NUTRIENTES ............................................... 9
CAPÍTULO 2 
FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA DAS INTERAÇÕES ................................................ 15
UNIDADE II
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS ................................................................................................. 21
CAPÍTULO 1
FÁRMACOS PARA O SISTEMA DIGESTÓRIO ............................................................................. 21
CAPÍTULO 2
ANTIDIABÉTICOS .................................................................................................................... 26
CAPÍTULO 3
ANTI-HIPERTENSIVOS E HIPOLIPIDEMIANTES .............................................................................. 29
CAPÍTULO 4
ANTI-INFLAMATÓRIOS E ANTI-INFECCIOSOS ............................................................................ 37
CAPÍTULO 5
ANTINEOPLÁSICOS ................................................................................................................ 44
CAPÍTULO 6
ANSIOLÍTICOS E ANTIDEPRESSIVOS ......................................................................................... 50
UNIDADE III
TRATAMENTO DA OBESIDADE .............................................................................................................. 55
CAPÍTULO 1
OBESIDADE E TRATAMENTO .................................................................................................... 55
UNIDADE IV
HORMÔNIOS SEXUAIS ........................................................................................................................ 60
CAPÍTULO 1
REGULAÇÃO HORMONAL E MEDICAMENTOS ......................................................................... 60
UNIDADE V
MEDICAMENTOS E LEITE MATERNO ..................................................................................................... 66
CAPÍTULO 1
LEITE MATERNO E FÁRMACOS ................................................................................................ 66
UNIDADE VI
DROGAS DE ABUSO ........................................................................................................................... 72
CAPÍTULO 1
INTERAÇÕES DROGAS DE ABUSO VERSUS ALIMENTO .............................................................. 72
UNIDADE VII
DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES E EXAMES LABORATORIAIS ....................................................................... 78
CAPÍTULO 1
DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES E EXAMES LABORATORIAIS .......................................................... 78
PARA (NÃO) FINALIZAR ...................................................................................................................... 88
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 89
5
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem 
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela 
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade 
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos 
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma 
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para 
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar 
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a 
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
6
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de 
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões 
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao 
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e 
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos 
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
7
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não 
há registro de menção).
Avaliação Final
Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, 
que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única 
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber 
se pode ou não receber a certificação.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
8
Introdução
Embora a interação alimento-medicamento desperte o interesse dos profissionais da saúde devido 
a sua importância, é um assunto que ainda precisa ser estudado e pesquisado. As informações são 
frequentemente contraditórias e algumas vezes inespecíficas. Embora essas interações raramente 
ocasionem consequências fatais, é relativamente frequente o surgimento de efeitos adversos, 
mais ou menos importantes, imprevisíveis ou que originam respostas farmacológicas diversas em 
intensidade nem sempre esperadas para uma determinada dosagem. 
Os alimentospodem modificar os efeitos dos fármacos, fundamentalmente por interferência no 
seu comportamento farmacocinético, designadamente nos processos de absorção, distribuição, 
metabolismo e excreção ou no seu comportamento farmacodinâmico, originando efeito contrário 
ao esperado. 
Desde a década de 1980, a Joint Commission on Accreditation of Hospital vem incentivando 
profissionais como farmacêuticos e nutricionistas a monitorar as interações fármaco-nutriente que 
ocorrem com pacientes internados, bem como a orientá-los a este respeito quando eles deixam o 
hospital. Portanto, na equipe de saúde, esses profissionais desempenham um papel importante na 
identificação dessas interações e na educação de pacientes em programas de aconselhamento. 
Um maior conhecimento por parte dos profissionais da área da saúde acerca das interações conduz 
a um controle mais efetivo de possíveis deficiências nutricionais e permite a intervenção com 
estratégias para suplementar essas deficiências. Para que o profissional possa prescrever um plano 
dietético de modo apropriado, é necessário o conhecimento e a correta avaliação da função de órgãos e 
sistemas. Sendo assim, a solicitação e a correta interpretação dos exames complementares impõem-
se ao profissional de saúde que avalia o paciente. Os exames laboratoriais serão responsáveis por 
detectar insuficiências orgânicas e alterações nas concentrações de nutrientes e/ou seus metabólitos. 
Por essa razão, a prescrição de nutrição, seja oral, enteral e/ou parenteral, pressupõe a correta 
solicitação e avaliação de exames laboratoriais.
Objetivos
 » Compreender as interações entre medicamentos e nutrientes.
 » Compreender a função dos medicamentos e como estes podem prejudicar a absorção 
de alimentos.
 » Discutir a prevenção e o tratamento da deficiência de nutrientes causada por 
medicamentos.
 » Fornecer noções sobre os exames laboratoriais necessários para identificação de 
deficiência de nutrientes em pacientes utilizando medicamentos.
9
UNIDADE ICONCEITOS
CAPÍTULO 1 
Farmacologia e interação entre 
alimentos e nutrientes
Conceitos em farmacologia
A farmacologia pode ser definida como o estudo dos efeitos das substâncias químicas sobre a função 
dos sistemas biológicos. Foi reconhecida como ciência na segunda metade do século XIX, onde os 
princípios científicos passaram a ser considerados no estabelecimento das práticas terapêuticas. 
Tendo em vista que, desde as civilizações mais antigas, remédios com base em ervas ou outros 
produtos naturais de origem vegetal, animal ou mineral eram amplamente utilizados para combater 
as diversas enfermidades que acometiam o homem e os animais domésticos que com ele conviviam, 
surgiu a necessidade de melhorar a qualidade da intervenção terapêutica dos médicos que, naquela 
época, eram proficientes na observação clínica e diagnósticos, porém amplamente incompetentes 
quando se tratava de terapia. O avanço de diversas ciências como a fisiologia e a química contribuiu 
muito no sentido de esclarecer os mecanismos químicos e biológicos pelo qual os medicamentos 
atuam e a estrutura química correspondente a cada substância. Hoje, a medicina moderna baseia-
se, em grande parte, em fármacos como principal instrumento de terapia, já que o estudo dos 
medicamentos aperfeiçoou-se ao longo do tempo. 
Ao falar de interações entre medicamentos e alimentos, é essencial compreender alguns conceitos 
básicos acerca dos fármacos. Embora muito utilizados, os termos remédio, medicamento e fármaco 
possuem significados diferentes. 
 » Remédio: é uma palavra normalmente usada pelo leigo como sinônimo de 
medicamento ou especialidade farmacêutica. Portanto, remédio pode ser tudo 
aquilo que cura ou evita as enfermidades. Não só as substâncias químicas podem 
ser consideradas remédios, mas também alguns agentes físicos como massagens, 
duchas etc. 
 » Medicamento: são utilizados para prevenção, alívio de sintomas, cura e 
diagnóstico de doenças e são constituídos de princípio ativo ou fármaco adicionado 
de veículo. Pode ser considerado o mesmo que fármaco, mas especialmente quando 
se encontra na sua forma farmacêutica. 
10
UNIDADE I │ CONCEITOS
 » Fármaco: sinônimo de princípio ativo, é a substância química de constituição 
definida que pode ter aplicação em farmácia como preventivo, curativo ou agente 
de diagnóstico (Quadro 1).
 » Droga: este termo, também empregado em diversas situações, refere-se à matéria-
-prima mineral, vegetal ou animal da qual se podem extrair um ou mais princípios 
ativos, sendo assim, os agentes terapêuticos de origem sintética não são drogas.
Quadro 1. Finalidade dos fármacos.
FINALIDADE DOS FÁRMACOS EXEMPLOS
Fornecimento de elementos carentes ao organismo Vitaminas, sais minerais, proteínas, hormônios.
Prevenção de uma doença ou infecção Soros e vacinas.
Combate a uma infecção Quimioterápicos, incluindo antibióticos.
Bloqueio temporário de uma função normal Anestésicos e anticoncepcionais orais.
Correção de uma função orgânica desregulada
Disfunção (insuficiência cardíaca): cardiotônicos;
hipofunção (insuficiência na suprarrenal): hidrocortisona; hiperfunção 
(hipertensão): metildopa.
Destoxificação do organismo Antídotos.
Agentes auxiliares de diagnóstico Radiopacos.
Os medicamentos costumam possuir nomes muito longos e complicados. Para facilitar a 
compreensão, existem órgãos internacionais que definem um nome mais curto e simplificado para 
os medicamentos, o que conhecemos como nome genérico. No Brasil, adotamos os nomes dados 
pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e também pela Farmacopeia Brasileira. 
O nome genérico é o nome da substância ativa, aquela que exerce a ação principal no 
medicamento. Contudo, os medicamentos podem também possuir um nome comercial ou marca 
comercial, que é um nome individual selecionado e usado pelo fabricante. Os medicamentos 
com nome comercial podem ser divididos entre os similares e os de referência. A diferença 
entre eles é que o medicamento considerado de referência pertence ao fabricante que introduziu 
o medicamento no mercado e que tem direito a patente. Após o período de exclusividade da 
patente, outros fabricantes podem comercializar esse mesmo medicamento e, se estes forem 
registrados com nome comercial, passa a ser um similar. O medicamento genérico passa 
por testes de bioequivalência e biodisponibilidade para comprovar que possui as mesmas 
características e qualidade do medicamento referência ao qual se equivale e que os torna 
intercambiáveis, diferentemente do medicamento similar, que não passa pelos testes e que, 
embora possua mesmo princípio ativo e mesma concentração, não é idêntico ao de referência 
(GUIA DE MEDICAMENTO, 2011; KOROLKOVAS; BURCKHALTER, 1988).
Os medicamentos são apresentados para comercialização em diferentes formas farmacêuticas. 
A forma farmacêutica (Quadro 2) é a maneira como se apresenta um medicamento pronto para 
ser administrado. É o estado final que se apresentam as substâncias medicamentosas depois de 
submetidas a uma ou mais operações farmacêuticas, com o fim de facilitar a administração e obter 
o efeito desejado.
11
CONCEITOS │ UNIDADE I
Quadro 2. Tipos de preparações farmacêuticas.
PREPARAÇÕES FORMAS FARMACÊUTICAS
Líquida Soluções, suspensões, emulsões, xaropes, elixires, loções, linimentos.
Sólida Comprimidos, drágeas, cápsulas, pílulas, supositórios, óvulos.
Semissólida Pomadas, cremes, pasta, gel.
Os fármacos podem ser administrados por diferentes vias e estão disponíveis em diversas formas 
farmacêuticas, adequadas a essas vias (Quadro 3). As vias de administração podem ser divididas 
em enteral e parenteral. A enteral é relacionada ao aparelho digestório (via oral), onde ocorre o 
efeito de primeira passagem, ou seja, biotransformação no fígado.A parenteral é aquela que não 
está relacionada ao aparelho digestivo, pois não ocorre o efeito de primeira passagem como, por 
exemplo, as vias subcutâneas, intramuscular, endovenosa, dérmica, retal, entre outras.
Quadro 3. Vias de administração x formas farmacêuticas.
VIAS FORMAS FARMACÊUTICAS
Oral Comprimidos, cápsulas, drágeas, xaropes e soluções.
Via aérea Aerossóis e soluções.
Via dérmica Pós, pomadas, géis, cremes, loções.
Via transvaginal Óvulos, pomadas e cremes.
Via retal Supositórios, pomadas e cremes.
Via oftálmica Colírios e pomadas estéreis.
Via auricular Soluções de gotejamento.
Vale ressaltar que alguns fármacos, na forma de soluções injetáveis, podem ser administrados pela 
via intramuscular, subcutânea, endovenosa, raquidiana ou intratecal. 
Entre as formas farmacêuticas existentes, destacam-se aquelas utilizadas por via oral, podem se 
apresentar na forma líquida ou sólida.
As formas líquidas são de absorção mais rápida em relação às sólidas, pois não dependem da 
dissolução do veículo que contém o fármaco, nem da solubilização deste nos líquidos intracelulares, 
pois o fármaco já está livre e solubilizado. Entre as formas sólidas, as cápsulas são as mais 
prontamente absorvidas, seguidas pelos comprimidos e drágeas. Isso ocorre pelo fato de a cápsula 
ser constituída por uma matriz gelatinosa, facilmente dissolvida em contato com a água, enquanto o 
comprimido necessita ser desintegrado para a liberação do fármaco (GOMEZ; VENTURINI, 2009).
A drágea é uma forma especial de comprimido utilizada para impedir que este entre em contato com 
a mucosa do estômago, provocando lesão. É um comprimido normal, recoberto por uma camada 
de polímero biodegradável, resistente à dissolução no estômago, sendo o fármaco liberado apenas 
próximo ao intestino. A drágea pode ser comparada a um confete de chocolate que gradualmente 
será dissolvido ao longo do sistema digestivo, sendo o fármaco liberado lentamente. A neosaldina® 
é um exemplo desse tipo de medicamento (GOMEZ; VENTURINI, 2009).
12
UNIDADE I │ CONCEITOS
Os medicamentos na forma sólida, cuja liberação e absorção são mais lentas, podem ser 
considerados mais seguros, pois, além de existir uma possibilidade maior de reversão dos casos 
de sobredose, contêm a dose exata a ser administrada, diferentemente dos líquidos cujos limites 
do frasco dosador nem sempre são respeitados. Embora os comprimidos que não possuem 
sulco não devam ser partido, para evitar erro de dosagem, é comum essa prática entre as 
pessoas leigas. 
Conceitos em interação entre medicamentos 
e nutrientes
Todas as pessoas têm necessidades nutricionais, ou seja, devem ingerir diariamente certa quantidade 
de nutrientes para que seu organismo funcione adequadamente. Essa quantidade varia de indivíduo 
para indivíduo. Entretanto, a partir de muitos estudos em populações saudáveis, foi elaborada pelo 
Food and Nutrition Board (FNB) uma tabela de recomendações nutricionais, chamada RDA, que 
estabelece valores capazes de cobrir as necessidades da maior parte da população. Esses valores 
são, então, utilizados como base para a adequação de nutrientes na dieta, o que só pode ser obtido 
a partir de uma alimentação saudável e variada, ou seja, um indivíduo normal que se alimenta 
corretamente, sem restrições alimentares, é capaz de obter todos os nutrientes necessários para 
um bom funcionamento do organismo. Entretanto, existem algumas doenças ou alterações no 
metabolismo que podem alterar a absorção de alguns nutrientes, como a anemia e a osteoporose, 
exigindo assim uma suplementação. Outro fator considerável são as exigências da vida atual, que 
levam os indivíduos a longas jornadas de trabalho, com curtos intervalos, gerando má alimentação 
e estresse acentuado. A consequência muitas vezes é a obesidade, que corresponde a um excesso de 
calorias e desnutrição.
Assim, os suplementos nutricionais ganharam popularidade rapidamente, visto que são preparações 
destinadas a complementar a dieta e a fornecer os nutrientes como vitaminas, minerais, fibras, ácidos 
graxos ou aminoácidos que podem estar faltando ou não podem ser consumidos em quantidade 
suficiente na dieta de uma pessoa.
Da mesma forma, o significado das interações entre nutrientes e medicamentos também está 
aumentando. Mulheres pós-menopáusicas tomam cálcio e vitamina D para prevenir a osteoporose; 
muitos homens tomam betacaroteno e vitamina E para ajudar a prevenir ataques cardíacos. Um 
grande número de pessoas conscientes das necessidades nutricionais estão tomando vitaminas 
ou minerais por uma variedade de razões: ajudar a garantir uma gravidez saudável, fortalecer 
o sistema imunológico, reduzir o risco de câncer. Embora mais estudos sejam necessários para 
confirmar se esses benefícios para a saúde são significativos, os médicos e os pacientes já aceitam 
que as interações droga-nutriente são consideráveis.
Em alguns casos, um mineral ou vitamina pode tornar um medicamento ineficaz, como, por exemplo, 
a tetraciclina, que se liga fortemente ao cálcio, formando um complexo insolúvel; os pacientes que 
fazem uso desse medicamento são frequentemente alertados a “evitar os laticínios”. Essa advertência 
deve estender-se a suplementos de cálcio e até mesmo a antiácidos com carbonato de cálcio, mas 
isso nem sempre é feito. Mesmo que o médico tenha conhecimento que a fenitoína perde 50% da 
13
CONCEITOS │ UNIDADE I
sua eficácia na prevenção de convulsões quando tomadas com a vitamina B6, ele pode não saber 
quando um paciente está se automedicando com essa vitamina para sintomas pré-menstruais ou 
síndrome do túnel do carpo, por exemplo. Assim, a falta de informação sobre os medicamentos e 
suplementos que o paciente está utilizando pode gerar consequências graves. 
Certos medicamentos podem depletar o corpo de um nutriente específico, como drogas antilipêmicas 
(colestiramina) podem interferir com a absorção de um número de nutrientes, incluindo vitaminas 
lipossolúveis como A, D, K e, possivelmente, E. Um suplemento multivitamínico pode ser desejável, 
mas não deve ser tomado associado ou logo após o medicamento. 
Um pobre estado nutricional pode prejudicar o metabolismo de drogas. Pessoas que estão em maior 
risco de interações droga-nutriente são aquelas que:
 » possuem alguma doença hepática, renal ou gastrointestinal;
 » são nutricionalmente comprometidas devido a doenças crônicas;
 » perderam peso recentemente ou estão desidratadas;
 » estão em terapia com múltiplas drogas ou tratamento prolongado;
 » estão nos extremos de idade, com alterações na massa corporal magra, fluidos 
corporais e concentração de proteínas plasmáticas totais.
Mais informações sobre o efeito dos fármacos na nutrição podem ser encontradas 
no artigo: ZYL, M. V. The effects of drugs on nutrition. South African Journal of 
Clinical Nutritional, v. 24, n. 3, p. S38-S41, 2011. Disponível em: <http://www.ajol.
info/index.php/sajcn/article/view/69810/57893>.
Os medicamentos podem afetar o estado nutricional de várias formas; alguns produzem anorexia e 
perda de peso, outros produzem aumento de peso. Podem diminuir a motilidade gastrointestinal ou 
provocar diarreia, vômito e náuseas (Quadros 4, 5 e 6).
Quadro 4. Drogas que produzem alteração no peso.
ANOREXIA OU PERDA DE PESO GANHO DE PESO
Amantadina Antidepressivos tricíclicos (exceto nortriptilina).
Digoxina Valproato.
Fluoxetina Betabloqueadores.
Levodopa Contraceptivos orais.
Lítio Antipsicóticos.
Metformina Esteroides.
Topiramato Esteroides anabólicos.
Nortriptilina
14
UNIDADE I │ CONCEITOS
Quadro 5. Drogas que diminuem a motilidade gastrointestinal.
OPIÁCEOS EFEITOS ANTICOLINÉRGICOS
Morfina Antidepressivos tricíclicos.
Codeína Oxibutinina.
Ondansentrona Propantelina.
Quadro 6. Drogas que provocamdiarreia, vômito e náuseas.
NÁUSEA E VÔMITO DIARREIA 
Quimioterápicos Eritromicina.
Potássio Metoclopramina e domperidona.
Preparações com ferro Misopristil.
Antibióticos Inibidor da bomba de prótons.
Anestésicos Antivirais e antirretrovirais.
Opiáceos Sais de magnésio.
Nicotina Ferro e lítio.
Levodopa Acarbose; digoxina e metformina.
15
CAPÍTULO 2 
Farmacocinética e farmacodinâmica 
das interações
Farmacocinética
O fenômeno de interação fármaco-nutriente pode surgir antes ou durante a absorção gastrintestinal, 
durante a distribuição e o armazenamento nos tecidos, no processo de biotransformação ou mesmo 
durante a excreção. Assim, é importante compreender os fármacos cuja velocidade de absorção e/
ou quantidade absorvida pode ser afetada na presença de alimentos, bem como aqueles que não são 
afetados. Por outro lado, muitos deles, incluindo antibióticos, antiácidos e laxativos podem causar 
má absorção de nutrientes (MOURA; REYES, 2002).
A maioria dos fármacos administrados oralmente é absorvida por difusão passiva, enquanto os 
nutrientes são absorvidos, preferencialmente, por mecanismo de transporte ativo. A primeira 
resulta da difusão do fármaco pela membrana plasmática para dentro da célula epitelial e dali para 
o sangue, enquanto o segundo envolve proteínas especializadas, inseridas na membrana plasmática 
das células que, gastando energia, transportam o fármaco de fora para dentro da célula e dali para o 
sangue (GOMEZ; VENTURINI, 2009). Quando se administra um fármaco por via oral, sua absorção 
pelo tubo gastrintestinal e, consequentemente, sua concentração sanguínea são dependentes de 
vários fatores (ROE; 1984) como pode ser visto no Quadro 7.
O alimento é indispensável à manutenção e à ordem da saúde e sua importância está associada 
à sua capacidade de fornecer ao corpo humano, nutrientes necessários ao seu sustento. Para 
isso, é fundamental a sua ingestão em quantidade e qualidade adequadas, de modo que funções 
específicas como a plástica, a reguladora e a energética sejam satisfeitas, mantendo assim a 
integridade estrutural e funcional do organismo. No entanto, essa integridade pode ser alterada 
em casos de falta de um ou mais nutrientes, com consequente deficiência no estado nutricional e 
necessidade de suplementação (MOURA; REYES, 2002). 
Entretanto, os nutrientes também são capazes de interagir com fármacos, sendo um problema 
de grande relevância na prática clínica, devido às alterações na relação risco/benefício do 
uso do medicamento. Essas interações são facilitadas, pois os medicamentos, na sua maioria, 
são administrados por via oral. Os nutrientes podem modificar os efeitos dos fármacos por 
interferirem em processos farmacocinéticos, como absorção, distribuição, biotransformação e 
excreção (YAMREUDEEWONG et al., 1995; OLIVEIRA, 1991), acarretando prejuízo terapêutico. 
A absorção dos nutrientes e de alguns fármacos ocorre por mecanismos semelhantes e 
frequentemente competitivos e, portanto, apresentam como principal sítio de interação o trato 
gastrintestinal (TGI).
16
UNIDADE I │ CONCEITOS
Quadro 7. Fatores que exercem influência sobre a biodisponibilidade.
ASPECTOS RELACIONADOS AOS FÁRMACOS VARIAÇÕES INDIVIDUAIS
Solubilidade Idade.
Tamanho da partícula Ingestão de alimentos.
Forma farmacêutica Tempo de trânsito intestinal.
Efeitos do fluido gastrintestinal Microflora intestinal.
Metabolismo pré-sistêmico Metabolismo intestinal e hepático.
pKa do fármaco Patologia gastrintestinal.
Natureza química (sal ou éster) PH gastrintestinal.
Liberação imediata ou lenta
Circulação entero-hepática
Como os alimentos em algumas circunstâncias podem tanto afetar a farmacocinética como 
a farmacodinâmica dos medicamentos, o clínico deve estar atento em incluir no seu projeto 
terapêutico os cuidados mínimos necessários em relação à dieta do seu paciente. De um modo 
geral, mas nem sempre, os alimentos retardam o esvaziamento gástrico e diminuem o melhor 
contato dos medicamentos com a mucosa absortiva, com a consequente diminuição da absorção 
dos medicamentos. Os alimentos gordurosos e bebidas ácidas tendem a diminuir de maneira 
mais intensa o esvaziamento com pKa mais ácido, diminuindo a absorção dos que apresentam um 
pKa mais básico e que são absorvidos no intestino delgado de forma predominante. Os alimentos 
grelhados na brasa produzem hidrocarbonetos policíclicos que são indutores das isoenzimas do 
citocromo P450, podendo, na dependência das quantidades ingeridas e da frequência, aumentar o 
metabolismo hepático dos medicamentos. 
O chá e o café formam precipitados insolúveis com alguns medicamentos, entre os quais se destacam a 
clorpromazina e o haloperidol, havendo significativa diminuição da absorção desses medicamentos. 
Além disso, poderão antagonizar, por uma ação estimuladora direta no sistema nervoso central 
(SNC), o efeito terapêutico dos ansiolíticos e, por uma ação diurética, poderão facilitar a excreção 
renal do lítio e causar alguma diminuição do seu nível terapêutico. Obviamente, essa ocorrência 
dependerá das quantidades e da frequência de ingestão dessas bebidas. Deve-se destacar que a 
cafeína, especificamente, é capaz de bloquear os receptores de adenosina, os canais de cálcio e a 
decomposição intracelular do Monofosfato cíclico de Adenosina (AMPc). Tais características poderão 
conduzir a uma significativa estimulação do SNC, seguida, posteriormente e muito provavelmente, 
em razão de seu uso prolongado e em grandes quantidades, de um déficit de memória. 
A alta concentração de íons de cálcio presentes no leite poderá formar complexos menos solúveis e 
diminuir a absorção dos medicamentos com pKa mais ácido quando ingeridos conjuntamente. Um 
grande aporte de ingestão de ferro, principalmente nas apresentações multivitamínicas e nos sucos de 
uva, poderá ligar-se aos grupos catecol da levodopa formando complexos insolúveis, com diminuição 
da absorção da levodopa. A mais grave interação dos alimentos com medicamentos ocorre entre 
os inibidores da monoamino oxidase (IMAO) e os alimentos contendo tiramina, principalmente os 
17
CONCEITOS │ UNIDADE I
fermentados, vinhos e queijos. Essa interação poderá aparecer precocemente, em torno de 3 horas 
após a ingestão. Poderão ocorrer crises hipertensivas graves a ponto de conduzir ao óbito. Caso ocorra 
essa interação com surgimento de hipertensão arterial, nos casos leves, deve-se utilizar a nifedipina 
20 mg por via oral, e, nos casos mais graves, o medicamento de escolha é a fentolamina, na dose 
aproximada de 5,0 mg por via intravenosa lentamente.
O clínico poderá utilizar, na dieta do paciente depressivo, alimentos ricos em serotonina, como a alface, 
a banana, a ameixa e o peito de frango, a fim de potencializar o efeito terapêutico dos antidepressivos. 
Poderá fazer uma dieta rica em fenilalanina, que é precursora da noradrenalina e dopamina, 
encontrada de forma abundante na carne vermelha, para também potencializar os antidepressivos. 
Poderá, ainda, retirar essa carne vermelha rica em precursores noradrenérgicos/dopaminérgicos dos 
pacientes com transtorno de ansiedade em uso de ansiolíticos. Por fim, vale lembrar que o paciente 
em estado de carência alimentar, por qualquer razão, apresenta menor taxa de albumina no plasma, o 
que pode aumentar significativamente a fração livre circulante dos medicamentos, com possibilidade 
maior de ocorrer efeitos indesejáveis e tóxicos não previstos (SUCAR, 2003). 
O processo de absorção dos fármacos pode ser condicionado pelos alimentos ou por alguns dos 
seus componentes, quer quanto à velocidade, quer quanto à quantidade de fármaco absorvida. Essa 
influência poderá ser de natureza fisiológica, originando uma modificação do esvaziamento gástrico 
ou um aumento da motilidade intestinal, ou denatureza físico-química, em que se destacam os 
fenômenos de quelação e de adsorção (GOMEZ; VENTURINI, 2009).
A modificação da velocidade de esvaziamento gástrico é o fator com maior implicação em relação à 
absorção, e o efeito poderá ser de atraso, redução, aumento ou antecipação da absorção (SMITH; 
BIDLACK, 1984).
Analgésicos e anti-inflamatórios, por exemplo, são com frequência administrados com alimentos. O 
objetivo é diminuir as irritações da mucosa gástrica provocadas, principalmente, pela administração 
desses medicamentos por tempo prolongado. De acordo com a maioria das pesquisas realizadas, 
os nutrientes diminuem a velocidade de absorção dos fármacos, provavelmente por retardarem o 
esvaziamento gástrico (SOUICH et al., 1992). 
Entre os fármacos nos quais se verifica uma redução pronunciada no processo de absorção, por 
interação com constituintes da dieta, podem-se destacar as tetraciclinas que formam quelatos não 
absorvíveis com íons di ou trivalentes (MAIA et al., 2010), particularmente abundantes em alimentos 
ou bebidas contendo cálcio e em alimentos fortificados com ferro. Outro exemplo clássico é o da 
administração concomitante de fenoximetilpenicilina potássica, por via oral, com alimentos, o que 
ocasiona uma notável diminuição na biodisponibilidade do fármaco. Fazendo com que a absorção 
da penicilina ocorra, principalmente, no duodeno e no íleo, devido ao processo de decomposição no 
estômago decorrente do pH ácido e da presença de enzimas digestivas, os alimentos que favorecem a 
secreção ácida e o retardamento do esvazimento gástrico constituem importante fator de diminuição 
da biodisponibilidade do medicamento (VILAPLANA, 2002; MARINÉ et al., 1986).
Existem, porém, alguns medicamentos cuja absorção ou biodisponibilidade é aumentada pela 
presença de alimentos. Na maioria das situações, esse acréscimo na absorção está relacionado com 
alterações no pH gástrico, na solubilidade do fármaco ou no esvazimento gástrico. 
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UNIDADE I │ CONCEITOS
As interações que se repercutem no processo de distribuição são pouco relevantes clinicamente, 
sendo que as interações que conduzem a alterações do metabolismo dos fármacos resultam, 
principalmente, da interferência das enzimas de fase I, conhecidas como sistema enzimático 
citocromo P450, que, ao sofrer influência dos constituintes da alimentação, pode resultar numa 
inibição ou indução enzimática. Nesse âmbito, têm sido identificadas numerosas interações, 
com significado clínico, entre o sumo de toranja e diversos medicamentos. Essas interações 
traduzem-se num efeito inibitório provocado provavelmente por alguns flavonoides, como a 
naringenina encontrada em frutas cítricas, como toranja, laranja, limão, mexerica e outras, sobre 
o metabolismo dos fármacos metabolizados pelo CYP 3A4, o que ocasiona um aumento das suas 
concentrações plasmáticas, com eventual risco para o doente. Nessas circunstâncias, as interações 
conhecidas permitem contraindicar a ingestão das frutas citadas durante a terapêutica com, por 
exemplo, terfenadina, diazepam, carbamazepina, lovastatina, atorvastatina e sinvastatina (KANE; 
LIPSKY, 2000).
No que diz respeito à eliminação dos fármacos, esse processo pode ser condicionado ao pH urinário, 
que influencia o processo de reabsorção tubular dos ácidos e das bases fracas por alteração do 
grau de ionização das moléculas. Entre os medicamentos que acidificam a urina estão a carne de 
aves, o peixe, as uvas, o pão e o queijo, sendo que os frutos (com exceção das uvas), os legumes 
(com exceção do milho e da lentilha), o leite, as natas e a manteiga são alimentos suscetíveis de 
alcalinizar a urina (MARINÉ et al., 1986). 
Quando administramos um medicamento via endovenosa, não ocorre absorção, pois o fármaco 
está totalmente disponível no sangue ao final da injeção, não necessitando atravessar nenhuma 
membrana. Ao contrário, na via oral, o fármaco precisa atravessar várias membranas e nunca é 
100% absorvido, sendo parte retida na mucosa e excretada com as fezes. 
 » A absorção do fármaco pelo trato gastrintestinal pode ser influenciada por:
 » presença de alimentos no sistema digestório; 
 » alteração da motilidade intestinal;
 » aumento da absorção de fármacos lipossolúveis;
 » variação do pH;
 » formação de complexos inativos ou não absorvíveis;
 » lesão de mucosa;
 » alteração da microflora intestinal;
 » alteração do fluxo sanguíneo.
A absorção dos fármacos ocorre, na sua maioria, já no estômago. Como o sistema digestivo está envolvido 
nos processos de digestão e absorção de nutrientes, a presença de alimentos altera a biodisponibilidade 
dos fármacos, reduzindo sua concentração plasmática por interferir na sua absorção pela mucosa 
intestinal. Esse parâmetro farmacocinético sofre a maior interferência de alimentos e representa o 
mais comum e clinicamente importante tipo de interação entre alimentos e medicamentos.
19
CONCEITOS │ UNIDADE I
Distribuição e metabolismo
Depois de administrada e absorvida, a droga é distribuída, isto é, transportada pelo sangue e outros 
fluidos a todos os tecidos do corpo. Apesar de ser um todo funcional, o organismo divide-se em 
diferentes compartimentos bem delimitados pelas membranas biológicas. 
Inicia-se a análise da distribuição a partir do momento em que a droga chega ao sangue, e então são 
estudados a concentração plasmática da droga, a permeabilidade do endotélio capilar, a ligação da 
droga às proteínas plasmáticas e à biodisponibilidade e o volume de distribuição da droga.
No sangue, quase todas as drogas subdividem-se em duas partes: uma livre, dissolvida no plasma, 
e outra que se liga às proteínas plasmáticas, especialmente à fração albumínica. A droga e a 
proteína formam um complexo reversível, passível de dissociação. Do ponto de vista farmacológico, 
somente a parte livre é que pode ser distribuída, além de atravessar o endotélio vascular e atingir 
o compartimento extravascular. A parte ligada às proteínas plasmáticas constitui fração de reserva 
das drogas e só se torna farmacologicamente disponível no momento em que se converte em porção 
livre. Forma-se, no sangue, um equilíbrio entre a parte ligada e a parte livre da droga. À medida que 
a parte livre é utilizada pelo organismo, a parte ligada vai-se desligando para substituir aquela parte 
livre que é distribuída, acumulada, metabolizada e excretada (SILVA, 2002).
Muitos constituintes dos alimentos também se ligam à albumina e podem competir com fármacos 
pelo seu sítio de ligação. Um exemplo disso é a competição que ocorre entre ácidos graxos livres, 
cujos níveis estão aumentados após refeições ricas em gorduras, e alguns fármacos que, por se 
ligarem aos mesmos sítios na albumina, são deslocados por competição, aumentando os seus efeitos 
adversos (GOMEZ; VENTURINI, 2009).
As modificações químicas que ocorrem nos fármacos resultam de transformações enzimáticas que 
quase sempre ocorrem em sequência e são denominadas reações de fase I e de fase II. As reações de 
fase I consistem em reações de oxidação, redução ou hidrólise, que normalmente introduzem um 
grupo funcional mais reativo na molécula, o qual serve de suporte para uma posterior conjugação, 
sendo os produtos frequentemente mais reativos e mais tóxicos que as moléculas originais. As reações 
de fase II consistem em reações de conjugação com ácido glicurônico, com sulfato ou com acetato 
produzindo metabólitos menos reativos e consequentemente menos tóxicos. As reações de fase I e 
de fase II normalmente ocorrem no fígado, com exceção de algumas drogas que são metabolizadas 
no plasma, como alguns bloqueadores neuromusculares nos pulmões, como as prostaglandinas, ou 
no intestino, como o salbutamol. Essas reações ocorrem pela ação de enzimas como, por exemplo, do 
complexo enzimático docitocromo P450. Muitas dessas enzimas metabolizam também nutrientes 
e têm como cofatores vitaminas e minerais. Isso significa que, de algum modo, dependendo do 
fármaco ou do nutriente envolvido, pode haver competição pelas mesmas enzimas. 
Excreção
A eliminação de substâncias, que consiste na sua perda irreversível do corpo, ocorre por meio 
de dois processos: metabolismo e excreção. O metabolismo, como já citado, envolve a conversão 
enzimática de um componente químico em outro, enquanto a excreção consiste na eliminação do 
20
UNIDADE I │ CONCEITOS
corpo da substância quimicamente inalterada ou de seus metabólitos. As principais vias das quais 
as substâncias e seus metabólitos são removidos do corpo são: os rins, o sistema hepatobiliar e os 
pulmões (esse último importante para anestésicos voláteis/gasosos).
As substâncias são, em sua maioria, removidas do corpo pelos rins, em sua forma inalterada ou 
como metabólitos polares. Algumas substâncias são secretadas na bile pelo fígado, porém, a maioria 
é então reabsorvida pelo intestino (RANG et al., 2003).
Embora não existam estudos sobre a real interferência dos nutrientes sobre a excreção de fármacos, 
o pH da urina pode ser influenciado por alimentos. Entre os alimentos que alcalinizam a urina estão 
vegetais, amêndoas, castanhas, coco, frutas cítricas e produtos derivados do leite. Outros alimentos 
tendem a acidificar a urina, como, por exemplo, pão, bacon, milho, lentilha, carnes, peixes, aves e 
ovos. Assim, a taxa de excreção de alguns fármacos pode ser modificada. 
Em contrapartida, fármacos como os diuréticos, por sua ação sobre transportadores renais, podem 
influenciar a secreção de nutrientes de modo significativo. Esses medicamentos são utilizados não 
só para tratamento de edema, mas também como anti-hipertensivos, sendo utilizados por longo 
tempo. Diuréticos como os tiazídicos (hidroclorotiazida), os de alça (furosemida) e o ácido etacrínico 
produzem depleção de potássio e aumentam a excreção de magnésio e zinco.
Farmacodinâmica 
As interações de natureza farmacodinâmica, que são menos frequentes, ocorrem quando o efeito do 
fármaco no seu local de ação é modificado pela presença do alimento ou concretamente de alguns 
dos seus constituintes. Nesse tipo de interação, poderá ser constatado um efeito aditivo resultante da 
administração concomitante de fármacos que atuam no SNC (como hipnóticos, anti-histamínicos) 
com álcool, que apresenta, igualmente, uma atividade depressora.
Em outras situações, a interação origina um efeito do tipo antagônico. Por exemplo, como os 
anticoagulantes prolongam o tempo de protrombina, seu efeito é antagonizado pela vitamina K, 
muito abundante em certos alimentos como aveia, trigo, fígado ou espinafre (STOCKLEY, 1999).
Outro tipo de interação, de natureza farmacodinâmica, com consequências clinicamente relevantes, 
está relacionada a alterações na atividade de várias enzimas. Na literatura, há muitas referências à 
presença de tiramina em elevada quantidade em alguns alimentos e bebidas, quais sejam, bebidas 
alcoólicas fermentadas (cerveja), queijos curados e fermentados, carnes defumadas e outros que 
interferem no tratamento crônico com IMAOs, como já citado. Isso ocorre devido ao fato de a 
tiramina ser geralmente metabolizada pelas monoaminoxidases intestinais e hepáticas que, ao 
serem inibidas, dão origem a um aumento de tiramina na corrente sanguínea. Ao atuar como 
simpaticomimético indireto, a tiramina pode originar graves crises hipertensivas que, em situações 
limite, poderão culminar em hemorragia cerebral e coma. Em 1964, foram registrados 38 casos 
de hemorragia cerebral, dos quais 21 revelaram-se fatais em doentes utilizando IMAOs, em que se 
constatou serem consumidores regulares de queijos e outros alimentos e bebidas ricos em aminas 
pressoras, como a histamina, que são passíveis de determinar a mesma síndrome. Entre esse tipo 
de alimento estão o queijo gruyère, alguns peixes e molhos exóticos e o marisco (MARINÉ et al., 
1986).
21
UNIDADE IIMEDICAMENTOS 
VERSUS ALIMENTOS
CAPÍTULO 1
Fármacos para o sistema digestório
Antiulcerosos e antiácidos
O trato gastrointestinal tem como função armazenar, digerir e absorver nutrientes, eliminando os 
resíduos que não são aproveitados pelo organismo. Tal função é regulada pelo sistema nervoso 
central, sistema nervoso entérico e hormônios localizados no próprio TGI. Náusea, vômito e refluxo 
podem inibir diretamente a ingestão de alimentos, enquanto há a recusa de alimento nos casos 
de gastrite ou úlcera, pela dor associada ao aumento da secreção de ácido durante o processo de 
digestão. A diarreia, por sua vez, está associada a perdas nutricionais tão importantes que podem 
levar à morte (GOMEZ; VENTURINI, 2009).
Úlcera é o termo médico para uma ferida aberta. A úlcera péptica desenvolve-se dentro do 
revestimento do estômago ou do intestino delgado. De 5% a 10% dos norte-americanos apresentam 
uma úlcera péptica em alguma fase da vida. Há dois tipos de úlcera péptica. A que ocorre no estômago 
é chamada de úlcera gástrica. Se a úlcera se desenvolve no intestino delgado, ela é denominada de 
acordo com o local onde se apresenta. A mais comum é a úlcera duodenal, que se desenvolve no 
duodeno, primeira porção do intestino delgado. 
O estômago possui o muco secretado por células especializadas, que, além de secretar o bicarbonato, 
formam uma camada inerte semelhante a um gel que protege a mucosa contra o suco gástrico. O 
desequilíbrio entre a produção de muco e a secreção ácida pode resultar em lesão da mucosa, que se 
manifesta como uma inflamação (gastrite), podendo progredir para a erosão (úlceras). 
A bactéria Helicobacter pylori (H.pylori) é muito relacionada ao aparecimento da úlcera, embora se 
deva verificar a possibilidade de algum distúrbio associado à hipersecreção de algumas glândulas. 
Além disso, alimentos condimentados, cigarro, álcool, alguns medicamentos como o ácido 
acetilsalicílico e fatores emocionais como estresse podem alterar a produção de muco e assim expor 
a parede gástrica à ação do ácido clorídrico. 
O refluxo também pode produzir dor e queimação semelhantes à gastrite e à úlcera, mas, neste 
caso, a dor está localizada no esôfago. Isso pode ocorrer quando o indivíduo come excessivamente 
22
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS
no jantar ou deita imediatamente após a refeição noturna. Quando o paciente apresenta azia e 
refluxo frequentemente, pode ser o caso de doença do refluxo gastroesofagiano, cujo tratamento é 
semelhante ao indicado para os pacientes com gastrite e úlcera. 
As substâncias do trato gastrintestinal que regulam a secreção ácida gástrica podem ser liberadas na 
corrente sanguínea como a gastrina, um hormônio local como a histamina ou um neurotransmissor 
como acetilcolina liberada por neurônios. 
O mecanismo de ação dos três secretagogos sobre a célula parietal não está bem esclarecido, mas 
os farmacologistas apresentam a hipótese da célula única. De acordo com essa hipótese, a célula 
parietal possui repectores H2 para a histamina, receptores M2 muscarínicos para a acetilcolina 
e receptores de gastrina. A estimulação desses receptores estimula uma bomba de prótons que 
secreta hidrogênio para o lúmen. O cloro utilizado para a formação de ácido clorídrico é ativamente 
transportado para o interior de canalículos existentes na célula, que se comunicam com a luz das 
glândulas gástricas e, portanto, com a luz do estômago. 
O tratamento da úlcera (Quadro 8), quando causada pela bactéria H. pylori, é uma associação de antibióticos 
e antiácidos ou antiulcerosos, e, quando não é causada pela bactéria, utiliza-se apenas antiácidos 
ou antiulcerosos. 
Quadro 8. Medicamentos utilizados no tratamento de úlceras.
CLASSE FARMACÊUTICA AÇÃO NOMECOMERCIAL NOME GENÉRICO
Antibiótico Amoxil® Amoxicilina
Antiácidos/Antiulcerosos
Antagonista de receptor H2 Tagamet® Cimetidina
Antak® Ranitidina
Famox® Famotidina
Inibidor da bomba de prótons Losec®, vitrix® Omeprazol
Noprol®, zurcal®, Pantozol® Pantoprazol
Diprox®, lanzol®, prazol® Lanzoprazol
Antiácidos Neutralização do ácido Gastrol®, gelmax®, maalox plus®, gelmax®, 
simeco plus®
A inibição da secreção gástrica por medicamentos como os inibidores de receptor H2 e inibidores 
da bomba de prótons interfere na secreção do fator intrínseco, liberado com o HCl pelas células 
parietais. O fator intrínseco é essencial para a absorção de vitamina B12 pelo nosso organismo. 
Portanto, o tratamento crônico com esses medicamentos pode resultar em sintomas como fadiga, 
anemia, formigamento das extremidades ou outros, relacionados à deficiência da vitamina B12, 
sendo necessário monitorar seus níveis.
A vitamina B12 é absorvida no trato intestinal por mecanismos ativos ou de difusão 
passiva, dependendo do fator intrínseco, que é uma enzima mucoproteica, presente 
na secreção gástrica (OLIVEIRA; MARCHINI, 1998). 
23
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II
A dosagem de B12 no sangue é o método padrão para diagnosticar a sua deficiência, definida quando 
o valor está abaixo de 150 pg/ml. No entanto, já foi observada deficiência em pessoas com níveis 
normais de B12 no exame, o que representa valores de 200 a 300 pg/ml. 
O paciente deve ser orientado a realizar uma dieta rica em vitamina B12, sendo sugerida a ingestão 
de ovos, leite e derivados, frutos do mar, fígado e peixe.
Em relação a uma possível suplementação ou tratamento farmacológico, em alguns casos, deve-se 
considerar a necessidade de suplementação, como em pacientes idosos tratados cronicamente. O 
tratamento farmacológico pode ser feito por injetáveis ou por dose oral.
Além da interferência na absorção de vitamina B12, também é importante analisar 
que a redução da acidez gástrica produzida pelos medicamentos antiácidos e 
antiulcerosos altera a digestão de proteínas e prejudica a perfeita digestão dos 
alimentos. Assim, a indicação desses fármacos deveria ser restrita a situações 
específicas de desconforto ou necessidade. 
Como os antiácidos reduzem o conteúdo gástrico, disponibilizando menor 
quantidade de solução para desintegração de comprimidos e dissolução do fármaco, 
a velocidade de sua absorção é retardada.
Os antiulcerosos também alteram o pH urinário, modificando a taxa de excreção 
de outros fármacos administrados concomitantemente. Além disso, a presença de 
alimentos pode reduzir a aborção dos derivados da cimetidina, sendo recomendada 
sua administração uma hora antes das refeições (GOMEZ; VENTURINI, 2009). 
É muito comum a automedicação com antiácidos de venda livre devido a propagandas em diversos 
veículos de comunicação, em que são recomendados para azia, má digestão e excessos cometidos 
após as refeições. Entre os mais populares estão os sais de magnésio e alumínio e o bicarbonato de 
sódio (Quadro 9).
Quadro 9. Antiácidos mais conhecidos.
NOME DO ANTIÁCIDO NOMES COMERCIAIS
Hidróxido de magnésio Leite de magnésia®, natusgel®, alca-luftal®, gastrol®, maalox plus®, gelmax®, mylanta plus®.
Hidróxido de alumínio Pepsamar®, alca-luftal®, engov®, maalox plus®, gastran®, gastrogel®, gelmax®, mylanta plus®.
Bicarbonato de sódio Alka-Seltzer®, estomazil®, sal de Andrews®, sonrisal®.
O hidróxido de magnésio é um sal presente em antiácidos em associação com o hidróxido de 
alumínio, pois, se utilizado sozinho, produz diarreia.
O hidróxido de alumínio combina-se com o cálcio, o fosfato e o ferro presentes nos alimentos, formando 
sais insolúveis e aumentando a excreção desses nutrientes nas fezes. Sendo assim, pacientes com 
dieta deficiente em cálcio, fósforo ou ferro têm aumentado o risco de osteoporose, anemia, mialgia, 
parestesia e fadiga pelo uso prolongado desse antiácido. Além disso, o alumínio, se absorvido, pode ser 
tóxico para o sistema nervoso central, sendo os idosos e crianças mais suscetíveis a essa intoxicação.
24
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS
O bicarbonato de sódio produz gazes após a dissociação com o ácido clorídrico, relacionados aos 
efeitos adversos de distensão estomacal e flatulência. O uso frequente e em altas doses produz 
alcalose, uma vez que o cálcio presente pode ser absorvido. Quando ingerido com leite, pode gerar a 
síndrome do leite álcali, caracterizada por náuseas, vômitos, dor de cabeça, confusão mental, perda de 
apetite, hipercalcemia e cálculo renal. Pela presença de sódio, pacientes com insuficiência cardíaca ou 
hipertensos, submetidos a dietas com restrição de sódio, devem evitar o uso desses antiácidos. 
Laxantes
Um dos principais trabalhos que o cólon realiza é absorver água dos resíduos alimentares. À medida 
que o resíduo alimentar permanece no cólon, ele perde progressivamente seu conteúdo de água. 
Com o tempo, o resíduo fica muito seco e difícil de passar. 
O tempo entre as evacuações pode variar de um indivíduo para outro. Algumas pessoas evacuam 
duas ou três vezes por dia. Outras, somente três ou quatro vezes por semana. Entretanto, se for 
apenas uma ou duas vezes por semana, já pode ser sinal de constipação.
A constipação pode ocorrer por muitas razões e tende a tornar-se mais comum com a idade. À 
medida que a idade avança, os músculos do trato digestivo tornam-se menos ativos. O estilo de 
vida também pode mudar. Os fatores que aumentam o risco de constipação incluem a ingestão 
insuficiente de líquidos e de fibras, além de ser efetuado pouco exercício. 
Além disso, certos medicamentos podem tornar a digestão mais lenta, produzindo constipação. 
Entre eles estão os narcóticos e os antiácidos que contêm alumínio. Algumas pessoas com síndrome 
do intestino irritável experimentam episódios alternados de diarreia e constipação. 
Geralmente, a constipação é uma condição temporária que pode ser facilmente corrigida. Entretanto, 
há ocasiões em que a constipação pode indicar um problema mais sério. 
Estão bem estabelecidos os critérios clínicos para o tratamento da constipação 
intestinal infantil no adulto ou no idoso. Contudo, o uso popular de laxativos 
e purgativos sustentado por propagandas de cunho meramente comercial 
veiculadas pela mídia e, às vezes, indevidamente sustentado por orientação 
médica, persiste como forma de “tratamento” medicamentoso de escolha daquele 
“sintoma”, com significante prejuízo para os pacientes. Os laxantes e purgantes 
não se prestam para o tratamento de doença alguma e, em casos excepcionais, 
sob orientação médica criteriosa, podem ser prescritos para a evacuação intestinal 
abrupta, em geral, necessária como preparo pré-operatório, para procedimentos 
radiológicos e endoscópicos intestinais, entre outros motivos. Excepcionalmente, 
sob adequada orientação médica, os laxantes e congêneres serão aconselháveis, 
como adjuvante inicial, no tratamento da constipação intestinal crônica (SANTOS 
JUNIOR, 2003). 
As interações com alimentos ocorrem principalmente com laxantes emolientes e estimulantes. 
25
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II
Os emolientes lubrificam e amolecem as fezes, impedindo a sua dessecação, e diminuem a 
tensão superficial das fezes. Essa classe é representada pelo óleo mineral (nujol®), glicerina e 
óleo de rícino. O ducosato de sódio também pode ser classificado como emoliente, embora não 
seja lubrificante, pois possui propriedade detergente, reduzindo a consistência das fezes. Esses 
laxantes estão associados à deficiência de vitaminas lipossolúveis como caroteno e vitaminas A, D 
e K, pois não são absorvidos e, como solubilizam essas vitaminas, elas são eliminadas nas fezes. O 
uso crônico desses laxantespode ocasionar o aparecimento de letargia, vômito, queda de cabelo, 
hiperqueratose, queratomalácia, osteomalacia e até mesmo cegueira noturna. 
Os laxantes estimulantes aumentam diretamente a motilidade do intestino, decorrente da irritação 
da mucosa intestinal. São glicosídeos extraídos de várias espécies de plantas (sene, aloe, ruibarbo, 
cáscara sagrada). O efeito laxativo depende da liberação dos compostos antraquinônicos, a partir de 
enzimas bacterianas.
Óleo de rícino, que é obtido das sementes de Ricinus comunis, além de ser emoliente também 
tem efeito estimulante, pois contém uma substância chamada ácido ricininoleico que irrita a 
mucosa gástrica. 
Outros laxantes que pertencem a essa classe são a fenolftaleína (agarol®), o bisacodil (lacto-purga® 
e dulcolax®) e o picossulfato de sódio (guttalax®), muito usados na preparação para exames ou 
cirurgia intestinal. 
O uso crônico de laxantes estimulantes acarretam redução da absorção de glicose e das vitaminas D 
e K, bem como de proteínas, cálcio e outros eletrólitos. 
A agressão à mucosa gástrica produzida pelos laxantes estimulantes pode alterar a flora intestinal, 
produzir inflamações da mucosa e prurido anal, além de cólicas, náuseas e vômitos. Seu uso crônico 
está associado ao aparecimento de nefrite e de uma pigmentação melanótica benigna da mucosa 
colônica, além do risco de diarreia crônica, esteatorreia, cólon catártico, hipoalbuminemia e 
gastroenteropatia, com perda de capacidade da musculatura intestinal para evacuação. 
O efeito inicial dos laxantes é a redução do peso por perda de líquido pelas fezes, e, como muitas 
vezes os laxantes são utilizados com diuréticos em fórmulas para emagrecimento, ocorre maior 
perda de água e eletrólitos como potássio e cálcio. 
A hipopotassemia consequente do uso abusivo de laxantes estimulantes pode resultar em parestesia 
progressiva e dolorosa, com fasciculação e perda do reflexo do tendão. A dor e a fraqueza muscular são 
revertidas pela reposição de potássio encontrado na banana, no tomate, em vegetais de folha verde 
e em cereais. O desequilíbrio eletrolítico pode ocasionar também distúrbios cardiovasculares como 
arritmia cardíaca, além de fraqueza, cansaço e atonia da bexiga. Esses sintomas são agravados pela 
perda de cálcio nas fezes que, associada à perda de vitamina D, está relacionada com o aparecimento 
de osteoporose e osteomalacia em humanos. 
Como os laxantes aceleram o tempo de esvaziamento gástrico, podem reduzir a absorção de nutrientes 
e de alguns fármacos, influenciando assim a digestão e a absorção dos alimentos, podendo reduzir 
a biodisponibilidade dos nutrientes. 
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CAPÍTULO 2
Antidiabéticos
O diabetes é um distúrbio metabólico caracterizado pela incapacidade do organismo de utilizar 
adequadamente a glicose.
O organismo converte o açúcar dos alimentos em glicose, que, com a ajuda de outros fatores, como 
a insulina (hormônio produzido no pâncreas), entra nas células, sendo utilizada como energia. 
No organismo diabético, essa glicose não consegue penetrar nas células, acumulando-se na 
corrente sanguínea. 
Veja alguns artigos sobre diabetes, insulina, hipoglicemia e outros assuntos nos 
seguintes sites:
<http://www.diabete.com.br/artigo/main.asp?cat=1>
<http://www.slideshare.net/1950/diabetes-431580>.
Insulinas
Há vários tipos de insulina, classificadas de acordo com o tipo de ação. As mais comuns são:
 » Insulina de curta duração: leva de 30 a 60 minutos para cair na corrente sanguínea 
e tem ação de duas a seis horas.
 » Insulina de ação intermediária: depois de aplicada, tem ação de duas a doze horas. 
 » Insulina de ação prolongada: demora cerca de duas horas para cair na corrente 
sanguínea. Tem ação de até 24 horas.
 » Insulina de ação rápida: como o próprio nome diz, é rápida. Depois de injetada, leva 
de 5 a 10 minutos para fazer efeito. 
Medicamentos
Os hipoglicemiantes orais apresentam mecanismos de ações semelhantes, compartilhando a 
propriedade de estimular a secreção de insulina pelas células β-pancreáticas e/ou sensibilizar 
receptores periféricos de insulina. Eles pertencem basicamente a três diferentes classes 
farmacológicas: sulfonilureias, biguanidas e tiazolidinedionas. 
 » Sulfonilureias: estimulam o pâncreas a liberar a insulina armazenada e a 
aumentar a quantidadde insulina na corrente sanguínea, além de aumentarem a 
27
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II
sensibilidade dos receptores periféricos de insulina. Em excesso, podem ocasionar 
hipoglicemia no usuário. Esse medicamento pode aumentar o apetite do paciente, 
podendo causar aumento de peso. 
 » Biguanidas: têm ação sobre os receptores da insulina, diminuindo a resistência 
a ela. Podem causar efeitos colaterais como diarreia e ânsia de vômito, causando 
efeitos complexos no fígado. A ingestão destes fármacos com as refeições ou a 
redução da dosagem pode diminuir tais efeitos adversos, sendo estes transitórios 
e diminuindo em algumas semanas de tratamento. O uso crônico pode produzir 
depleção de vitamina B12. Pacientes com problemas hepáticos e renais não devem 
tomar esse medicamento. Normalmente são receitados para obesos.
 » Tiazolidinedionas: agonista potente e seletivo para os receptores “gama” ativados 
pelo proliferador de peroxissomo (PPARγ). Em seres humanos, os receptores 
PPARγ são encontrados em tecidos-alvo, importantes para a ação da insulina, como 
tecido adiposo, musculoesquelético e fígado, levando à redução das concentrações 
de glicose no sangue. É contraindicado para indivíduos com insuficiência cardíaca. 
Pode ocorrer aumento de peso devido ao uso dessa medicação. Entre os principais 
efeitos adversos observados estão náuseas, vômito, urina escura, bem como, afora 
hipoglicemia, anemia e ganho de peso.
 » Inibidor da alfaglicosidase: não são hipoglicemiantes orais, porém, são 
utilizados como adjuvantes no tratamento do diabetes. É um medicamento que tem 
atuação no nível do tubo digestivo. Inibe as enzimas alfaglicosidases que atuam 
sobre os hidrocarbonetos dos alimentos, impedindo a absorção do açúcar produzido 
por eles. Com a proliferação do excesso de glicose absorvida pelo intestino grosso, 
há a ocorrência de diarreia e flatulência nos usuários dessa medicação. 
Quadro 10. Hipoglicemiantes mais utilizados.
CLASSE NOME GENÉRICO NOMES COMERCIAIS
Sulfonilureia
Clorpropamida Diabinese
Glibenclamida Daonil
Glicazida Diamicron
Glipizida Minidiab
Biguanidas
Metformina Glifage
Inibidor da alfa glicosidase
Ascarbose Glucobay
Tiazolidinediona
Pioglitazona Actos
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UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS
Hipoglicemiantes e interação com alimentos
Entre os hipoglicemiantes orais e adjuvantes utilizados no tratamento do diabetes, a metformina é a 
única que apresenta interação com nutriente (TRIPLITT, 2006), produzindo deficiência de vitamina 
B12 em cerca de 30% dos pacientes (TOMKIN et al., 1971). Isso tem sido atribuído, em parte, à 
alteração na motilidade intestinal ou ao excessivo crescimento bacteriano em função da redução da 
absorção de glicose pela metformina. Também existe a hipótese de que haja redução na captação do 
complexo vitamínico B12-fator intrínseco, pois esse hipoglicemiante atua sobre transportadores de 
cálcio (BAUMAN et al., 2000). Como a captação desse complexo é dependente de cálcio, tem sido 
sugerida a suplementação de cálcio para reduzir a deficiência de vitamina B12 pela metformina, 
além do consumo de leite e derivados e alimentos como fonte de vitamina B12, como bife de fígado, 
miúdos, mariscos e ostras. 
Como o diabetes tipo 2 é caracterizado por vários distúrbios metabólicos que levam 
a um quadro hiperglicêmico, os hipoglicemiantes orais representam a terapêutica 
mais adotada, em adição às mudançasno estilo de vida. Farhat e colaboradores 
(2007) realizaram um levantamento bibliográfico sobre as interações desses 
medicamentos com alimentos e concluíram que apenas a nateglinida apresenta 
interação clinicamente importante, ocorrendo redução de sua absorção.
Para saber mais sobre o tema, leia: FARHAT, F. C. L. G.; IFTODA, D. M.; SANTOS, P. H. 
Interações entre hipoglicemiantes orais e alimentos. Saúde Rev., v. 9, n. 21, p. 57-62, 
2007. Disponível em: <www.unimep.br/phpg/editora/revistaspdf/saude21art08.pdf>.
29
CAPÍTULO 3
Anti-hipertensivos e hipolipidemiantes
Anti-hipertensivos
A hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco das doenças cardiovasculares, explicando 
40% das mortes por acidente vascular encefálico e 25% daquelas por doença arterial coronariana 
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2002). Embora no Estado de São Paulo a 
mortalidade por doenças do aparelho circulatório venha apresentando uma tendência decrescente 
nos últimos anos, elas ainda representam 30% do total de óbitos, constituindo-se no principal grupo 
de causa de morte. 
A hipertensão e suas complicações são, também, responsáveis por um grande número de 
hospitalizações, a um custo alto para o sistema de saúde. Além dos custos diretos com o tratamento 
dos doentes, a perda de produção decorrente da morbidade e da mortalidade por hipertensão gera 
um custo econômico importante para a sociedade. A hipertensão é uma das principais causas de 
aposentadoria por invalidez e de incapacidade temporária (SHIRASSU, 2002).
Tratamentos não medicamentosos e alterações do estilo de vida têm sido recomendados para o 
controle da pressão arterial e outras doenças crônicas: abandono do tabagismo, controle do peso, 
redução do consumo de bebidas alcoólicas, exercício físico, redução da ingestão de sal. Alguns 
autores, entretanto, questionam a eficácia das intervenções educativas na mudança dos estilos de 
vida e, consequentemente, na prevalência dos fatores de risco das doenças crônica (EBRAHIM; 
SMITH, 1997). O que se observa é que, muitas vezes, torna-se necessário o tratamento do paciente 
portador de hipertensão arterial com medicamentos anti-hipertensivos. Muitos estudos de 
intervenção têm demonstrado que a terapia anti-hipertensiva reduz a morbidade e a mortalidade 
por doenças cardiovasculares (MANCIA; GIANNATTASIO, 1996), até mesmo em pacientes idosos 
com hipertensão sistólica isolada (MAKINO, 2000). 
Os medicamentos para hipertensão são divididos em seis classes principais: diuréticos, inibidores 
adrenérgicos, vasodilatadores diretos, inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA), 
bloqueadores dos canais de cálcio e antagonistas do receptor AT2 da angiotensina II (AII). A 
combinação de fármacos é frequentemente utilizada, já que a monoterapia inicial é eficaz em apenas 
40% a 50% dos casos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2002).
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. IV Diretrizes brasileiras de hipertensão – 
Capítulo 6: Tratamento medicamentoso. Revista Brasileira de Hipertensão, v. 17, 
n. 1, p. 31-43, 2010.
Diuréticos
Os diuréticos geralmente são de primeira escolha no tratamento da hipertensão, sendo utilizados 
também para redução de edemas. O emprego de diuréticos se justifica porque a diurese reduz a 
30
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS
volemia (volume de sangue nos vasos) e, com isso, diminui a resistência periférica, resultando em 
menor sobrecarga sobre o coração. Muitas vezes são utilizados em associação com outros anti-
hipertensivos como, por exemplo, os betabloqueadores (antagonistas β-adrenérgicos), com o 
objetivo de aumentar a eficácia farmacológica e reduzir os efeitos adversos, uma vez que a associação 
permite a redução da dose administrada para ambos. Como a hipertensão é uma doença crônica, 
esses medicamentos serão utilizados por longos períodos e, no caso dos diuréticos, há um risco 
elevado de produzir deficiência nutricional.
Os diuréticos aumentam a excreção de sódio e de água do corpo, por meio de uma ação sobre os rins. 
O efeito primário consiste em diminuir a reabsorção de sódio e cloro filtrado, sendo o aumento da 
perda de água secundário à excreção aumentada de cloreto de sódio. 
Uma das consequências da inibição do transporte de sódio pelos diuréticos tiazídicos e diuréticos 
de alça é a perda concomitante de potássio. Sendo assim, o paciente que utiliza esses diuréticos 
apresenta hipocalemia (deficiência de potássio), além de outros efeitos adversos como hipotensão, 
impotência, hiperglicemia e hiperlipidemia. 
Entre os grupos de fármacos utilizados para hipertensão, os diuréticos são os que apresentam maior 
efeito sobre o estado nutricional do paciente e, por isso, merecem um destaque maior. A perda de 
nutrientes pelos rins está relacionada ao mecanismo de ação destes, pois, ao inibirem o transporte 
do sódio, eles também inibem a reabsorção de outros íons que são também excretados pela urina.
A deficiência de potássio originada pelos diuréticos tiazídicos e de alça corresponde a níveis séricos 
menores do que 3,5 mmol/L e está associada a náuseas, vômitos, paralisia muscular, câimbras, 
arritmias, confusão, sonolência e fadiga. Nesse caso, recomenda-se a ingestão de alimentos como 
banana, frutas cítricas e ameixa para reposição de íons como potássio. 
Os diuréticos poupadores de potássio são menos potentes, mas apresentam a vantagem de não 
eliminar o potássio. Contudo, existe o risco de hipercalemia (níveis séricos de potássio acima de 5,5 
mmol/L), portanto, nesses pacientes, a recomendação é a redução desse mineral na alimentação. O 
excesso de potássio manifesta-se sob a forma de alterações no ritmo cardíaco e paralisia flácida. Os 
usuários desses diuréticos devem procurar enriquecer sua dieta com ácido fólico e cálcio, pois esses 
nutrientes são excretados na urina de modo significativo, podendo resultar em anemia, depapilação 
lingual, insônia, confusão, fadiga, câimbra, fratura óssea, entre outros. 
Há dois tipos de diuréticos: os que atuam diretamente nos túbulos renais, modificando 
a sua atividade secretora e absorvente, e aqueles que modificam o conteúdo do 
filtrado glomerular, dificultando indiretamente a reabsorção da água e sal.
Grupos que atuam diretamente nos túbulos: 
 » Diuréticos de alça: atuam na alça de Henle, porção ascendente. Os diuréticos 
de alça removem uma grande quantidade de sódio dos rins, produzem o 
aumento do fluxo urinário e são mais poderosos do que os tiazídicos. Eles 
são frequentemente utilizados em pacientes com insuficiência cardíaca 
congestiva e também são especialmente úteis em emergências. Embora os 
31
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II
mais comuns sejam por via oral, em hospitais podem ser administrados por 
via intravenosa para tratar pacientes com grande excesso de líquido.
 » Diuréticos tiazídicos: atuam no túbulo distal. Tratam a maioria de 
pacientes com pressão alta e são os mais utilizados para os cardíacos. 
Os tiazídicos aumentam moderadamente a eliminação de urina e são os 
únicos diuréticos que também agem como vasodilatadores sanguíneos, 
o que também ajuda a diminuir a pressão arterial.
 » Diuréticos poupadores do potássio: atuam nos receptores da aldosterona 
nos túbulos distais. Previnem a perda de potássio, um problema dos 
outros tipos de diuréticos acima. São frequentemente utilizados em 
pacientes com insuficiência cardíaca congestiva e são quase sempre 
prescritos em conjunto com os outros dois tipos de diuréticos acima.
Grupos que modificam o filtrado: 
 » Diuréticos osmóticos: são compostos de substâncias hidrofílicas que 
retêm água por pressão osmótica.
Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/
Diur%C3%A9tico>.
Podemos então verificarque os diuréticos, além de causarem deficiência nutricional, também 
provocam efeitos gastrintestinais como vômito, náusea, anorexia e perda da sensibilidade gustativa 
e olfativa, que pode inibir a ingestão de alimentos, aumentando ainda mais o risco de desnutrição. 
Hidralazina
Entre os outros fármacos cardiovasculares que apresentam interação com nutrientes, encontramos 
o vasodilatador hidralazina, que, além de sofrer redução na sua absorção em até 80% na presença 
de alimentos, tem a capacidade de antagonizar a vitamina B6 e aumentar sua excreção renal, 
produzindo sua deficiência no organismo (SEMPLE et al., 1991). 
Como a vitamina B6 está presente na maioria dos alimentos, mas grande parte é perdida durante 
o cozimento e processos industriais, recomenda-se a ingestão de alimentos cuja biodisponibilidade 
dessa vitamina seja maior, como, por exemplo: banana, nozes, brócolis, couve-flor e, ainda, carnes, 
em que a concentração do nutriente em 100 g de alimento é mais alta. 
A hidralazina também aumenta a perda urinária de manganês, sendo importante sua reposição 
por meio de alimentos como gérmen de trigo, soja assada e frutas oleaginosas (nozes, amendoim, 
amêndoa, avelã).
Captopril, propanolol e clonidina
Segundo estudo realizado por Salvetti e colaboradores (1985), o captopril tem sua absorção 
reduzida pela presença de alimento no estômago, por essa razão, é recomendado que esse 
medicamento não seja tomado junto com as refeições, deve-se tomar pelo menos uma hora antes 
32
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS
ou duas horas depois. Como o captopril diminui a produção de aldosterona, ocorre a elevação 
de potássio sérico, sendo assim, deve-se evitar o consumo de alimentos ricos em potássio, como 
banana, melão, laranja e tomate (LOURENÇO, 2001).
O propranolol tem a absorção retardada por alimentos ricos em carboidratos, enquanto refeições 
ricas em proteínas aumentam sua biodisponibilidade. O aumento da biodisponibilidade do 
propranolol pela dieta rica em proteínas resulta, provavelmente, da redução do seu metabolismo de 
primeira passagem, uma vez que os aminoácidos absorvidos competem pelas enzimas hepáticas que 
degradam esse fármaco (SEMPLE; XIA, 1995).
A clonidina é uma agonista central de alfa 2 com propriedade anti-hipertensiva. Por reduzir a 
excreção de sódio pelos rins, é necessária sua restrição na dieta. 
Hipolipidemiantes
Dislipidemia, hiperlipidemia ou hiperlipoproteinemia é a presença de níveis elevados ou anormais 
de lipídios e/ou lipoproteínas no sangue. Os lipídios e o colesterol são transportados pela corrente 
sanguínea na forma de complexos macromoleculares de lipídios e proteínas, conhecidos como 
lipoproteínas. As lipoproteínas consistem num cerne central de lipídio hidrofóbico envolvido 
por um revestimento mais hidrofílico de substâncias polares – fosfolipídios, colesterol livre e 
apolipoproteínas associadas (RANG et al., 2003).
Existem quatro classes principais de lipoproteínas, que diferem na sua proporção relativa de 
lipídios do cerne e no tipo de apoproteína. Além disso, diferem quanto a seu tamanho e densidade, 
e esta última propriedade, que é determinada por ultracentrifugação, constitui a base de sua 
classificação em:
 » lipoproteínas de alta densidade (HDL);
 » lipoproteínas de baixa densidade (LDL);
 » lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL);
 » quilomícrons.
As anormalidades nos lipídios e lipoproteínas são extremamente comuns na população geral e 
são consideradas um fator de risco altamente modificável para doenças cardiovasculares devido à 
influência do colesterol, uma das substâncias lipídicas clinicamente mais relevantes, na aterosclerose. 
Algumas formas de dislipidemia podem também predispor à pancreatite aguda.
Existem as dislipidemias primárias, de causa genética, e as dislipidemias secundárias, provenientes 
de outros quadros patológicos como, por exemplo, o diabetes mellitus.
Para o diagnóstico, são medidos laboratorialmente os níveis plasmáticos de colesterol total, LDL, 
HDL e triglicerídeos.
33
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II
Os níveis dos lípidos existentes são avaliados por meio de análises de sangue, que deve ser colhido 
em jejum. Um nível de colesterol total no soro inferior a 200 mg/dl é considerado um valor desejável 
para os adultos, com as LDL abaixo de 130 mg/dl e as HDL acima de 35 mg/dl. Os níveis de colesterol 
podem ser expressos como percentagem de HDL, ou seja, o quociente entre o colesterol total e o 
colesterol HDL. Uma relação igual ou inferior a 4,5 é considerada desejável. Se os níveis de HDL 
forem particularmente altos e os níveis de LDL correspondentemente baixos, um nível de colesterol 
total no soro acima de 200 mg/dl pode não ser prejudicial.
A farmacoterapêutica para quadros de dislipidemia baseia-se em diversas classes de fármacos, como 
resinas sequestrantes de ácidos biliares, fibratos, ácido nicotínico, inibidores seletivos da absorção 
de colesterol e inibidores da 3-hidroxi-3-metilglutaril coenzima A (HMG-Coa) redutase (estatinas 
ou vastatinas).
Mecanismo de ação e efeito hipolipemiante dos 
inibidores da HMG-Coa redutase
Os inibidores da 3-hidroxi-3-metilglutaril coenzima A (estatinas ou vastatinas) são fármacos que 
causam a inibição parcial e reversível da enzima HMG-Coa redutase, enzima-chave na rota da 
síntese do colesterol endógeno. Os inibidores da HMG-Coa redutase possuem uma porção similar 
ao ácido mevalônico, inibindo a conversão de HMG-Coa em mevalonato (GOLDSTEIN; BROWN, 
1990). Em humanos, a biossíntese de colesterol a partir de acetil-Coa fornece cerca de 60% a 70% 
do colesterol circulante, o que faz com que a inibição da via sintética seja uma forma bastante 
eficiente de terapia hipolipemiante.
A redução de colesterol intracelular promove um aumento da expressão dos receptores de LDL 
(LDL-R) na superfície dos hepatócitos e resulta em maior recaptação de LDL circulantes. Como 
um mecanismo hipolipemiante adicional, os inibidores da HMG-Coa redutase reduzem os níveis 
de lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL) por inibição da sua síntese e promoção de 
seu catabolismo. As VLDL são precursores das LDL e a inibição de sua produção resulta em uma 
redução adicional dos níveis de LDL. A inibição da formação de VLDL é secundária à inibição da 
síntese do colesterol, por ser necessário para a formação da lipoproteína e pela redução dos níveis 
de apolipoproteína B, a principal apolipoproteína presente em LDL.
Quadro 11. Hipolipemiantes mais conhecidos.
HIPOLIPEMIANTES NOME GENÉRICO NOME COMERCIAL
Inibidores da HMG-Coa redutase ou estatinas Lovastatina Mevacor®
Neolipid®
  Reducol®
Sinvastatina Androlip®
Clinfar®
Sinvastacor®
  Zocor®
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UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS
HIPOLIPEMIANTES NOME GENÉRICO NOME COMERCIAL
Pravastatina Mevalotin®
  Pravacol®
Torvastatina Citalor®
    Lipitor®
Resinas de ligação de ácidos biliares
Colestiramina Questran®
  Colestipol Colestid®
Fibratos
Genfibrozil Lopid®
Clofibrato Sinteroid®
  Lipofacton®
Fenofibrato Lipidil®
    Lipanon®
Atualmente, seis estatinas estão no mercado: atorvastatina, fluvastatina, lovastatina, pravastatina, 
rosuvastatina e sinvastatina. Dados dos maiores estudos randomizados envolvendo esses fármacos 
mostraram que as estatinas são as mais eficientes em baixar os níveis de colesterol total (18% a 
25%) e LDL colesterol (25% a 55%). Além disso, reduzem moderadamente os níveis de triglicerídeos 
(10% a 15%) e aumentam da mesma forma os níveis de HDL colesterol (5% a 10%). Esses estudos 
também mostraram que a utilização de estatinas diminui os riscos de eventos cardíacos fatais e não 
fatais independentemente de outros fatores como idade, sexo, tabagismo,