Buscar

VIOLÊNCIA CONTRA MULHER

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Núbia pereira- Odontologia 
Referências: Livro Genival Veloso de França 11º edição e 
OLIVEIRA, 2019/ NASCIMENTO et al., 2019/ PIRES et al., 2018/ LEITE et al., 
2019/ SANTOS et al., 2019. 
 
 
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER 
 
A violência contra a mulher compreende qualquer ato ou conduta baseada no 
gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à 
mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada . Segundo levantamento 
realizado pelo Monitor da Violência³ em 2017, doze mulheres são assassinadas 
diariamente, em média, no Brasil. São 4.473homicídios dolosos, sendo 946 
feminicídios. Esse aumento de 16,5% no número de feminicídios também se 
deve à progressiva evolução do registro desses casos. O município de Fortaleza 
(CE) ocupa o 3° lugar no ranking das cidades nordestinas que mais registram 
violência doméstica física contra mulher; 18,97% das mulheres sofreram alguma 
agressão pelo menos uma vez na vida, enquanto 27,01% foram vítimas de 
violência emocional e 6,98% de violência sexual. A violência de gênero ainda 
sofre o desafio de superar a invisibilidade, já que é difundida a ideia de que a 
violência entre parceiros íntimos é um problema exclusivo do casal. Esse 
conceito disfarça a análise estatística da violência, seja pela ausência de 
denúncias, pela cultura de normalidade da agressão5 ou mesmo pela falta de 
capacitação do profissional de saúde em diagnosticar casos ou por omissões 
diante da mesma. No Brasil, algumas medidas vêm sendo tomadas com o intuito 
de oferecer amparo às vítimas. No final de 2006, foi promulgada a Lei Maria da 
Penha (LMP) n° 11.340/06, que qualificou a violência contra a mulher (VCM) 
como uma violação dos direitos humanos e um comportamento criminal no país, 
tornando-se um importante marco para o país7,8. Além da LMP, a Lei do 
Feminicídio n° 13.104/15, sancionada em 2015, colocou a morte de mulheres no 
rol de crimes hediondos e diminuiu a tolerância nesses casos. Entretanto, muitas 
vítimas ainda omitem a violência e não acreditam nas alternativas de punição 
determinadas em lei. Acredita-se que o menor nível educacional e a maior 
dependência financeira do parceiro, são fatores que diminuem as alternativas de 
fuga para esses atos violentos. A região de cabeça e pescoço é um dos sítios 
mais atingidos nesse tipo de agressão. Esse fato torna os odontolegistas, 
agentes efetivos no atendimento, identificação e prevenção dos agravos do 
complexo maxilomandibular à saúde de tais mulheres 6,14. Assim como, o 
profissional de saúde tem o dever de notificar os casos de violência que tiver 
conhecimento, a fim de cumprir o dever ético de preservação da dignidade, da 
saúde e da vida do ser humano, podendo responder pela omissão. O Estado 
também tem o papel de preservar a integridade física dos cidadãos, cabendo a 
ele tomar as ações necessárias para prevenção, investigação e punição dos 
casos de agressão física, o que torna a Perícia Forense do Estado do Ceará 
(PEFOCE) fundamental na averiguação. os casos de agressões na face trazem 
um comprometimento físico e social muito importante na vida das periciadas, 
pois o agressor pode dar “preferência” pelas agressões na face da vítima devido 
ao caráter simbólico de humilhação que o agressor dá para a mulher quando 
atinge seu rosto10, já que dessa maneira torna visível a agressão e com isso 
prejudica a beleza feminina, atributo muito valorizado socialmente, gerando um 
sofrimento moral intenso desses casos (OLIVEIRA, 2019).A violência doméstica 
representa não só a mais dolorosa ocorrência de ordem afetivo sentimental, por 
atingir o âmago da estrutura familiar, senão também um assunto da mais alta 
complexidade sob o ponto de vista médico-pericial. Esta não é uma situação 
nova. Hoje ela se torna mais clara pela oportunidade de denúncia pelos 
movimentos em defesa dos direitos humanos e pelos movimentos feministas e 
de defesa da dignidade da mulher. Acrescente-se a isso a evolução econômico-
social da mulher na sociedade contemporânea. Sem nenhuma dúvida, tem sido 
a mulher a maior vítima da violência no meio familiar. Por uma distorção histórica 
e cultural, as mulheres, principalmente em determinadas regiões de nosso país, 
sempre foram tratadas com restrições, preconceitos e limites. Mesmo que exista 
uma luta permanente e um sentimento desfavorável a essas posições, pouco 
tem sido o avanço de suas conquistas sociais. As estatísticas, em geral, atestam 
que apenas 10% das agressões contra mulheres são denunciadas e sua 
incidência maior se dá em torno dos 30 anos de idade. E a idade do agressor, 
em torno de 42 anos. A contribuição pericial nessa forma de agressão é de 
fundamental interesse para sua efetiva reparação, tanto pela caracterização das 
agressões físicas com suas mais variadas formas de lesões, como pela 
avaliação das agressões psíquicas, algumas delas aproximadas da chamada 
síndrome de estresse pós-traumático (FRANÇA, 2017). A violência contra as 
mulheres está presente em diversas culturas, estando relacionada a questão de 
gênero, ou seja, do poder estabelecido pelo homem nas relações afetivas. Desde 
cedo as mulheres são ensinadas a obedecer e satisfazer seus parceiros íntimos, 
e esse comportamento, passou a determinar os papeis de gênero e contribuir 
para a prática da violência nas relações íntimas. Além da relação de controle e 
dominação do homem sobre a mulher, fatores como o ciúme, a questão 
financeira, a infidelidade do parceiro, a maternidade sem planejamento e o abuso 
de álcool, contribuem e intensificam os conflitos nas relações íntimas (PIRES et 
al., 2018). a Lei Maria da Penha, esta que tornou-se um meio para represar a 
violência doméstica e familiar contra a mulher (BRASIL, 2006). Na referida lei, a 
violência doméstica contra a mulher é definida como qualquer ação ou omissão 
baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou 
psicológico e dano moral ou patrimonial (NASCIMENTO et al., 2019). tendo sido 
observada a íntima relação entre violência e o consumo de álcool, comuns ao 
público masculino2, 15, 16. Em um estudo de abrangência nacional, afirmam 
que 38,1% dos homens que agrediram as suas esposas estavam sob o efeito do 
álcool, o que demonstra sua magnitude quando contrastado com a prevalência 
de 9% para brasileiros adultos que fazem uso regular do álcool. Há de se 
destacar que o uso de álcool não pode ser apontado como o único responsável 
básico pelas agressões, mas que esse atua como potencializador da violência 
por parceiro íntimo (VPI), sendo a relação álcool/violência conjugal estreita18,19. 
A ingestão do álcool tem sido, constantemente, citada como fator precipitante da 
violência doméstica, o que pode ser explicada pelo efeito desinibidor da conduta 
dos agressores, como um meio de minimizar a responsabilidade pelo 
comportamento violento; além disso, a combinação do uso de álcool com a 
prática de violência pode agir como fator denunciante da personalidade 
impulsiva. o uso de risco do álcool entre homens agressores do parceiro íntimo, 
aliado aos padrões culturais do patriarcado, ao ciúme e aos comportamentos 
impulsivos, parece contribuir para a ocorrência da repetição de episódios de 
violência conjugal18, 22,29 como observado neste estudo (SANTOS et al., 
2019). É importante destacar que a literatura evidencia a maior ocorrência de 
violência entre mulheres cujos parceiros estão desempregados, possuem baixa 
escolaridade, são usuários de álcool e drogas e testemunharam a violência na 
família8. Somando-se a isso, nota-se que as crises de ciúmes têm aparecido 
como causa de violência contra a mulher, tornando claro o quanto as questões 
culturais e de gênero estão associadas à perpetração desse agravo (LEITE et 
al., 2019).

Outros materiais