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- Introdução Crise epiléptica não existe! É crise convulsiva. A epilepsia é uma doença caracterizada por um conjunto de crises convulsivas, dentro de um período de tempo. Ainda são bem prevalentes Risco de até 10% de evento em qualquer período de vida Maioria auto-limitada, cessando antes do atendimento (pós-ictal) = chegam letárgico, com cansaço físico Alguns pacientes já tem história de epilepsia e outros é a primeira crise. Crises convulsivas não devem durar >5 min. Após esse período, já tem maior risco de lesões neuronais. É comum ter pacientes dependente de álcool e terem crises convulsivas por abstinência de álcool (tônico clônicas) A maioria dos pacientes tem convulsões tônico clônicas (generalizada – paciente se debate), podendo ser acompanhada de cianose central. Tônico clônicas generalizadas = despolarizações anárquicas, súbitas, com movimentos ritmados e rigidez muscular Movimentos não ritmados, que o paciente tira a roupa, por exemplo, e que lembra da crise, faz pensar mais em características psíquicas e não tanto em convulsões. Pacientes epilépticos podem ter crises conversivas e convulsivas. A conversiva é quando o paciente atribui que está tento crise convulsiva, mas sabe-se que tem muito o lado psíquico envolvido. Se o paciente chega em pós-ictal, não há necessidade de medicações. Esse paciente precisa de suporte hemodinâmico e investigação da causa da convulsão. Diazepam é o amortivo de crise convulsiva, porque ele ajusta os receptores, bloqueando a crise. Terminologia Crise convulsiva: expressão clínica de descarga anormal elétrica de tecido cerebral. Crise aguda sintomática: decorrente de causa imediata identificada (distúrbio metabólico, intoxicação, abstinência, insulto agudo...) Epilepsia: crises convulsivas recorrentes (>2) Crise isolada: 1 ou + crises em 24h – pode ser primeira manifestação de epilepsia, sem história ou causa conhecida. Lembrar Primeira crise convulsiva da vida, sempre é necessário investigar. Na anamnese, é importante lembrar das medicações contínuas, doenças prévias (câncer, vasculares, neuropsiquiatricas) Fazer exame físico geral e neurológico, solicitar exames (TC de crânio e labs). Tipos Crises focais (parciais): de acordo com o território cerebral, geral reações específicas. o Ex.: tempo-parietal: crise de ausência e movimentos mastigatório Generalizadas: tônico clônicas (maioria na emergência). Etiologia Idiopáticas: alteração de função dos canais iônicos, geralmente com caráter familiar Secundárias: lesões vasculares, neoplasias, infecções de SNC... Na emergência Crises iniciais: Maioria por intoxicação por drogas estimulantes (ex.: cocaína) ou abstinência de drogas depressoras (ex.: álcool). Lesão neurológica aguda (comprometimento cortical) Maior causa na emergência Risco mínimo de epilepsia – descartar a causa base antes de dar o diagnóstico Clínica: Crise tônico clônica generalizada (CTCG) Na chegada, 90% estão em pós-ictal o Sonolência, confusão e agressividade* o Amnesia, mialgia e cefaleia Estável hemodinamicamente *Agressividade é mais comum em encefalites (sífilis e outras ISTs). Avaliação Anamnese: o Febre, rigidez de nuca, confusão mental (meningite/encefalite...) o História de TCE o Distúrbios metabólicos: hipo/hiperglicemia, distúrbios hidroeletrolíticos (hiponatremia), hipóxia (baixa oxigenação do sangue) o História de doença ou lesão neurológica prévia. o Lesão neurológica aguda: AVCH, AVCI, Tumores primários de SNC o Etilismo crônico pesado, com redução do consumo (abstinência) Exames: o Kernig/Brudzinsk – irritação meníngea o HGT, gasometria arterial, eletrólitos Manejo 1. deitar paciente na maca, acesso venoso, oxigenação 2. Sinais vitais + HGT (se hipoglicemia HGT<60md/dL, corrigir com 2 amp. de 10mL de glicose hipertônica em soro glicosado a 50%) 3. Suporte avançado a vida (ACLS) 4. Neurológico: rigidez de nuca, fundo de olho (HIC), déficits 5. Sempre buscar causas: infecções, metabólico, tóxicos... * Infecções: febre, irritação meníngea, vômito em jato (vômito não precedido de náuseas). Crise aguda sintomática: Identificar causa secundária. Não administrar BZD se crise houver cessado ou em pós ictal o Acentua depressão de SNC (bloqueia receptores) o Efeito curto (30 min) – não utilizar para prevenção o Mal epilético – crises recorrentes, intensas, com duração > 5 min = dano neurológico. Usar diazepam! Se não funcionar na segunda vez, hidantalizar (previne recorrências - fenitoína) + sedação + intubação + midazolam Secundária a lesão neurológica = evitar recorrência. o Fenitoína – retirar na 12ª semana de uso 5 a 6 ampolas em soro de 250mL e fazer durante 1h-1:30. Monitorização cardíaca + oxigênio enquanto hidantalização Crise única: Não devem receber alta! Não iniciar agentes anti-epilépticos antes de saber o que está acontecendo, a menos que as crises não estejam cessando. Realizar estratificação de risco: o TC de crânio sem contraste: descartar sangramentos e lesão maiores o EEG: depende de especialista Exames complementares: o Sódio, potássio, cálcio iônico, magnésio, glicemia, ureia, creatinina, hemograma, plaquetas, TP e KTTP Avaliação neurologista Crise em doente com epilepsia: Avaliar causas que levaram a nova crise: o Má aderência ao tratamento (voltar a usar medicações corretas) o Troca da medicação (período adaptativo – acompanhar com neurologista) o Infecção (geralmente de sistema urinário, porque altera metabolismo e reinicia crises convulsivas) o Se repetiu crise = fica no hospital para observação + exames Mal epiléptico: Emergência médica! Condutas após 5 minutos de crise sustentada ou 2 ou + crises sem que seja recuperada a consciência entre os ataques Tratamento imediato e adequado após 5 minutos de crise sustentada = diazepam -→ diazepam + hidantaliza -→ sedação + midazolam (5 amp em 250mL de soro 10ml/h) Mortalidade de até 20% Tratamento com benzodiazepínico (diazepam 10 a 20 mg – cada ampola tem 10mg) o Duração de 30 min o Aborta crises em até 80% o Cuidado: depressão respiratória Antiepilético de ação prolongada (fenitoína): o 10-20mg/kg diluído, EV, em SF 0,9% em 1 hora o Evita recorrências o Precisa de monitorização continua o Risco: hipotensão e arritmia Fenobarbital: casos refratários o 10 mg/kg (50 mg/min) o Mais usado quando parou o fenobarbital e convulsionou por sua Chegou em crise = diazepam! Em 5 min, teve nova crise? Repito diazepam e faço fenitoína para evitar novas crises Se não voltar ao padrão normal = midazolam + intubação + sedação ausência (voltar aos níveis séricos do uso prévio) o Risco: depressão nível de consciência – suporte ventilatório o Alternativa: valproato EV 30 mg/kg (10min) Se persistência da crise (após BNZ e fenobarbital sem efeito): o Sedação e IOT o Monitorização com EEG o Midazolam 0,2 mg/kg de ataque, EV lento (5 amp a 10mL/h) Manutenção 1-10 mcg/kg/min 2 ampolas em 100mL de SF 0,9% em acesso venoso periférico e depois 10mL/h o Manter em UTI Diagnóstico diferencial Crise conversiva (paciente lembra do que aconteceu, movimentos são ritmados ou por vontade própria) o Sinal do pente positivo: paciente chega na maca desacordado com olho fechados e não responde. Os olhos estão fechados com força (paciente forçando) – se eleva o braço do paciente e solta. Se for uma crise conversiva, ele desvia o braço para trás, não caindo na face. Se cai em cima do rosto, é mais provável que seja um pós ictal. Pânico (não perde consciência, não tem movimentos ritmados, com gritos) Síncope