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CICATRIZAÇÃO Definição É um processo dinâmico que visa o reparo de tecidos lesados, com intuito de restabelecer e manter a função dos mesmos. Ela sofre ações do organismo e alterações com o passar do tempo. Por exemplo, uma cicatriz cirúrgica que possui formato de uma ‘linha’, pode com o passar do tempo praticamente sumir ou ficar muito discreta, como também pode engrossar, formar queloide ou hipertrofiar. Conceitos - Feridas → é uma solução de continuidade porque perdemos a integridade da pele; qualquer ferida; - Objetivo da cicatrização → restabelecer a integridade e tentar devolver a função dos tecidos afetados; - Numa cicatrização nunca o tecido retorno ao estado prévio, há somente um reparo da região. Tipos de Ferimentos - Perfurante → ferimento da agulha; (1) - Inciso/cortante → lesão cirúrgica, por exemplo, onde há a incisão e corte do tecido; (2) - Contuso → é o ferimento de uma ‘pancada’; (3) - Abrasão → são os ralados; (4) - Avulsão → é quando arranca/avulsiona pedaços de tecidos do local; (5) - Desenluvamento → é a lesão que a pele é retirada e fica ‘pendurada’;(6) - Lacerante → o mecanismo de lesão é por rasgo ou arrancamento tecidual; Ex.: mordida de cão. (7) - Esmagamento → pode ser leve ou grave quando há perda de tecido e inviabilização da região. Classificação da Cicatrização → Cicatrização por Primeira Intenção Ocorre em um ferimento com pouca perda tecidual, os bordos são facilmente aproximado, não há tecido de granulação visível e, normalmente, possuem uma boa qualidade estética Exemplo: incisão cirúrgica com sutura primária → Cicatrização por Segunda Intenção Ocorre em ferimentos com muita perda tecidual, os bordos da ferida são muito afastados, necessita tecido de granulação abundante e a estética é prejudicada. Deixamos ela aberta para cicatrizar sozinha O risco de uma hipertrofia ou queloide é grande. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG 21 3 4 5 7 6 → Cicatrização por Terceira Intenção ou Primeira Intenção Retardada O ferimento possui um afastamento dos bordos importante, mas também está muito contaminado. Primeiro, lavamos e limpamos, deixamos ele granular/ cicatrizar para que haja uma retração e aproximação das bordas e, então, posteriormente, é feito a sutura. Esse tipo de cicatriz possui uma boa qualidade. Fisiologia da Cicatrização A cicatrização é um processo dinâmico composto por 3 fases que se entrelaçam, sem limites definidos ou preciso, ou seja, eles podem se ‘misturar’. Didaticamente são divididas em: fase inflamatória, fase proliferativa e fase de remodelagem ou maturação. → Fase Inflamatória Inicia no momento que ocorre a lesão, possui o objetivo de tentar promover a limitação da lesão e tem duração média de 5 dia. Essa fase pode ser alterada por infecções ou contaminações, aumentando a sua duração por um longo período de tempo, interferindo na qualidade final da cicatrização. Nessa fase ocorre: hemostasia e migração de leucócitos para o local da lesão para fazer a defesa contra agentes patológicos. Início: sinalizadores bioquímicos e celulares são liberado pelo organismo. Primeiro é liberado noraepinefrina e serotonina para causar uma vasoconstrição para promover a hemostasia Após isso, com o passar das horas/dias, há liberação de histamina e prostaglandinas para promoção da vasodilatação que é possível notar a olho nú por meio da presença de edema, hiperemia, etc. A vasodilatação é para facilitar a migração das células de defesa para o local da lesão Principais Células: macrófagos que farão a fagocitose dos corpos estranhos → Fase Proliferativa Essa fase também é conhecida como fase de fibroplasia. O colágeno fornece matriz de suporte para o crescimento do novo tecido e é responsável pela força tensil da cicatriz Alguns elementos são importantes para a síntese do colágeno, como o oxigênio, ferro, vitamina C, zinco, magnésio e proteínas. Qualquer deficiência de algum desses elementos, causará uma falha na fase proliferativa e a cicatriz possuirá uma qualidade ruim. Início: essa fase começa em média 48h após o trauma e é responsável pela remodelação da nova matriz extracelular, por meio de síntese se colágeno e formação de tecido de granulação - ‘carninha do ferimento'. Há uma contração da ferida. Principais processos: angiogênese, neoepitelização, flutuação e maturação Angiogênese → formação de novos microvasos na região da lesão para nutrir, oxigenar e promover cicatrização mais veloz. Por esse motivo, toda cicatriz nova é vermelha. Neopitelização → o tecido de granulação começa a criar um epitélio. Flutuação → é quando a cicatriz começa a engrossar um pouco, geralmente no 2º mês, e depois abaixa novamente e começa a clarear. Maturação → Fase de Remodelagem / Maturação É a fase de reorganização da matriz com o equilíbrio da síntese e degradação do colágeno Didaticamente, começa em 3 semanas e pode durar de 1-2 anos. Ocorre a reorganização estrutural da cicatriz. Nessa fase que se confere força tensil à ferida, apesar de nunca a cicatriz retornar à resistência normal. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Modelagem da Cicatriz: há redução da concentração de colágeno, destruição do colágeno, redução do estímulo da síntese de mais colágeno. A força tênsil final da cicatriz é, geralmente, 80% da força original. Fatores Influenciadores da Cicatrização Por ser um processo fisiológico, diversos fatores podem interferir no processo de cicatrização, como a idade, comorbidades, estado nutricional, terapia medicamentosas, entre outras. Existem algumas medidas profiláticas e pós-operatórias para auxílio da cicatrização. Por exemplo: cremes, tiras de silicones, malhas compressivas, Lasers - porém, nenhuma delas garante que a cicatriz será perfeita, já que é fisiológico e depende do organismo do paciente Desnutrição Ela é um problema sério devido o baixo aporte proteico que influenciará no aumento da fase inflamatória. O paciente apresenta demora na cicatrização, elas podem ficar por meses abertas, e quando cicatrizam apresentam um tecido débil/frágil. Ex.: paciente pós-bariátrica é um paciente desnutrido crônico. Deficiência de Vitaminas - Vitamina A: fatores de crescimento; Dificuldade na fase proliferativa; - Vitamina B: co-fatores enzimáticos; Todas as fases; - Vitamina C: síntese de colágeno; - Vitamina D: reparação óssea (+ cálcio); - Vitamina K: coagulação; Fase inicial de hemostasia. Hipoxemia Interfere na síntese de colágeno, na fase inflamatória e na reepitelização, além de aumento o risco de infecções. Ex.: paciente que possui úlcera vascular na perna e possui deficiência na oxigenação do tecido. Diabetes Deficiência na resposta inflamatória e maior risco de infecções. Infecções Podem interferir em todas as fases da cicatrização Corticoterapia Interfere na fase inflamatória, prejudicando cicatrização. Podem ser utilizados intencionalmente na fase de maturação/ remodelação para melhorar cicatrizes patológicas (p.ex., cicatriz hipertrófica). Quimioterápicos O efeito imunossupressor interfere em todas as fases Tabagismo Possui efeitos diretos na microcirculação prejudicando todas as fases da cicatrização Há risco aumento de deiscência (abertura da sutura), necroses e infecções Se o paciente não aceitar parar de fumar totalmente, indiciar a parada de 3- 4 meses antes da cirurgia e, se o paciente insistir no retorno, voltar com o tabagismo cerca de 2 meses após a cirurgia. Lembrando que o narguile e cigarros eletrônicos possuem efeitos aumentados, mais do que o cigarro, predicamento mais ainda a cicatrização. Cicatrizes Patológicas São cicatrizes que possuem sua evolução alterar por diversos fatores e podem acometer qualquer fase da cicatrização. Geralmente, têm na sua evolução uma fase inflamatória intensa e estendida. Basicamente, as alterações se dão na produção, distribuição e remodelagem docolágeno → Cicatriz Hipertrófica vs. Quelóide São caracterizadas, em comum, por um aumento importante de fibras de colágeno e essas fibras são distribuídas de forma desorganizada na cicatriz. A cicatriz hipertrófica e o queloide possuem características e comportamentos diferentes Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Imagens: 1 cicatriz hipertrófica e 2 queloide. → Cicatrizes Atróficas São cicatrizes que possuem a epiderme delgada, menor densidade de fibras de colágeno e fibroblasto. É comum em pacientes de idade avançada, desnutridos e em uso de imunossupressores. Muitas vezes, o paciente pode iniciar com uma cicatriz hipertrófica e no tratamento com corticoide ela abaixa e, posteriormente, alarga transformando em atrófica. Exemplos: estrias. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG
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