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PRINCÍPIOS, FONTES E FINALIDADE DO PROCESSO PENAL

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DIREITO PROCESSUAL PENAL I
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL
1 Princípio da inércia: cabe ao órgão de acusação (MP ou QUERELANTE - ofendido) promover a ação penal. OBS: este princípio não impede que o juiz determine a produção de provas durante a instrução processual, a despeito de duras críticas pela doutrina. 
2 Princípio do devido processo legal: a essência é um binômio o contraditório e ampla defesa. Art. 5º, LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
· Ampla defesa e contraditório: 
CF/88 - Art. 5º (...) LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
Contraditório quer dizer se opor a uma posição contrária a minha, e ampla defesa já tem um conceito maior, é formada pela defesa técnica que é obrigatória e irrenunciável (se o réu não apresenta defesa o judiciário intima a defensoria pública) e auto defesa que é facultativa, pode ser renunciável, quem faz é o próprio acusado. A autodefesa se caracteriza pelo a) direito de audiências: o acusado, durante o interrogatório, pode apresentar sua versão dos fatos ao juiz ou não (direito do silêncio); b) direito da presença: é assegurado ao acusado o direito de acompanhar todos os atos da instrução processual; c) capacidade postulatória automática excepcional: recorrer da sentença condenatória. 
3 Duração razoável do processo: 
CF/88 - Art. 5º (...) LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
Não significa que o processo deve ocorrer rapidamente para julgar a todo custo, mas deve ter uma duração razoável, já que um processo penal abala muito o psicológico dos envolvidos, gera constrangimento, é possível prorrogações, mas não prorrogações indefinidas. (jurisprudência STF, INQ 4.442 - a mera instauração de um inquérito pode trazer algum tipo de constrangimento ás pessoas. Por outro lado, os órgãos de persecução criminal devem ter a possibilidade de realizar as investigações (...)
QUESTÃO
IDIB - Sobre as disposições constitucionais aplicáveis ao Direito Processual Penal, analise os itens a seguir:
I. Costuma-se falar que o princípio da individualização da pena tem caráter meramente relativo, já que não foi contemplado na Constituição Federal.
II. Na seara processual penal, o princípio da razoável duração do processo deve ser harmonizado com outros princípios constitucionais, não podendo ser considerado de maneira isolada e descontextualizada do caso concreto, a pretexto de acelerar a condenação do acusado.
III. O princípio da não autoincriminação garante o pleno direito ao silêncio do acusado, mas não impede que o mesmo seja investigado pelos fatos sobre os quais não se pronunciou.
Analisados os itens, pode-se afirmar corretamente que:
A) Apenas o item I está correto.
B) Apenas o item II está correto.
C) Apenas o item III está correto.
D) Apenas os itens I e II estão corretos.
E) Apenas os itens II e III estão corretos (CORRETO). 
4 - Princípio do Non Bis in idem: uma pessoa não pode ser punida duas vezes pelo mesmo fato. O Non bis in idem inclui: 
a) proibição à dupla condenação pelo mesmo fato
b) proibição ao duplo processo pelo mesmo fato: exemplo, fulano é absolvido por falta de provas e a condenação transita em julgado. Não se pode posteriormente, caso venha a surgir provas novas denunciar novamente pelos mesmos fatos, 
c) proibição da dupla utilização da mesma circunstância durante a dosimetria da pena: exemplo, juiz condena réu por homicídio qualificado e utiliza a mesma circunstância que qualifica o crime para aumentar a reprimenda durante sua individualização. 
Não se pode utilizar o art. 61, II, A do CP (motivo torpe), para agravar homicídio qualificado por motivo torpe, artigo 121, § 2º, I, do CP. 
O STF (ADO 26/DF), em 2019 considerou a homofobia e a transfobia como crime de racismo, neste mesmo julgado o tribunal entendeu que homicídio motivado por tal circunstâncias é qualificado (motivo torpe) = ou seja, juiz pode qualificar homicídio por motivo torpe ou considerá-lo simples e agravá-lo por motivo torpe. 
6 – Princípio da não autoincriminação: “nemo tenetur se detegere” – ninguém é obrigado a fazer prova contra si. Decorre do princípio do devido processo legal e da conjugação de 3 dispositivos da CF/88: ampla defesa (art.5º LV) + direito ao silêncio + presunção de inocência (art. 5º LVII)
a) Direito ao silêncio: Art. 5º, LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre eles de permanecer calado, sendo lhe assegurada a assistência da família e de advogado. 
Art. 186, CPP - Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas. Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa.
- Liberdade de autodeterminação no interrogatório – é o direito de apresentar sua verdade dos fatos, ainda que não represente a verdade (não existe, no Brasil, o crime de perjúrio, que é mentir para autoridade judicial). 
- Direito de não ser compelido a fazer prova contra si:
reconstituição dos fatos; 
soprar bafômetro/fornecer padrões gráficos. 
Exceções: participação de audiência de reconhecimento (jurisprudência). Há mais uma observação: Lei n. 7.210/84 (lei de execução penal) – pacote anticrime inseriu nessa lei um dispositivo, o § 8º do artigo 9º A – “constitui falta grave a recusa de condenado em submeter-se ao procedimento de identificação de perfil genético” – a recusa causa problemas de progressão de regime, argumenta-se que ele não estaria fazendo prova contra si pois já foi condenado. Esse pacote criou o banco de dados, e por essa razão esse perfil genético é exigido. 
b) Presunção de inocência: art.5 º LVII
c) Ampla defesa: art. 5º, LV. 
7 – Princípio da vedação à prova ilícita: 
art. 5º, LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; 
As provas ilegais se dividem em: provas ilícitas (violam normas materiais) e provas ilegítimas (violam normas processuais) ambas são proibidas, seja por força da constituição, ou código penal. 
OBS: jurisprudência admite o uso de prova ilícita em caso de ser única capaz de demonstrar a inocência do réu (exceção à regra). 
CPP, Art. 157.  São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.            	    
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.    	   
§ 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. (Teoria da descoberta inevitável)
Prova ilícita por derivação, é uma prova lícita que deriva de uma prova ilícita – exemplo, busca e apreensão de drogas feita corretamente, no entanto, a polícia só ficou sabendo da local onde haveria drogas através de tortura, essa ilicitude contamina a autorização de busca e apreensão, a torna ilícita. Mas há exceções, conforme § 2º, teoria da descoberta inevitável. 
§5º do art. 157 do CPP foi incluído pelo Pacote Anticrime, mas teve sua eficácia suspensa cautelarmente pelo STF - o juiz que teve contato com a prova ilícita não possa julgar o processo, pois foi contaminado, mas esse dispositivo está suspenso cautelarmente pelo STF (ADI 6.305/DF, Min. Luiz Fux – Jan.2020). 
§ 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não poderá proferir a sentença ou acórdão.   (Contaminação do juiz que teve contato com a prova ilícita)
Existem teorias que excepcionam a ilicitude das provas ilícitas porderivação
Teoria da ilicitude por derivação ou teoria dos frutos da árvore envenenada:
Significa que provas válidas produzidas posteriormente acabam por se tornar ilícitas em razão de um nexo causal existente com a prova original, que descumpriu a CF ou leis infraconstitucionais, da qual derivam (como a ideia teológica do “pecado original”)
CPP, Art. 157 (...)
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras – salvo se romper o nexo causal ou se a prova derivada foi obtida de fonte diversa da anterior. 
Provas ilícitas não são admitidas no Proc. Penal brasileiro. 
Exceções: 
1. (relembrando) quando for a única prova capaz de provar a inocência do réu;
2. Teoria da descoberta inevitável: demonstra-se que a prova ilícita derivada seria produzida de qualquer modo, independentemente da prova ilícita originária;
3. Teoria da fonte independente: quando o MP demonstra que teve acesso a novas evidências a partir de uma fonte autônoma, sem vinculação c/ a prova ilícita
4. Teoria do nexo atenuado: A prova derivada da originária ilícita tem seu nexo causal amenizado em virtude do decurso do tempo ou pela colaboração do acusado (ex. delação premiada)
Serendipidade ou encontro fortuito de provas (STF: “CRIME ACHADO”)
Ocorre quando a autoridade policial, ao investigar determinado crime, com autorização judicial, encontra, ao acaso, prova relacionado a crime ou pessoas diversas (que desconhecia originariamente).
É possível no direito brasileiro! 
(Ex. interceptação autorizada para crime de drogas e acaba por encontrar provas para o crime de roubo)
A doutrina fala de serendipidade objetiva - encontra outro crime - e objetiva quando encontra outros crimes e outros criminosos. 
8 - Princípio da obrigatoriedade da fundamentação das decisões judiciais
CF/88, Art. 93. (...)
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; - fundamentação é importante em razão da ampla defesa, para que o advogado saiba recorrer da decisão adequadamente. Há exceções a esse princípio: 
1. A decisão que recebe a denúncia pode ter uma fundamentação breve (não precisa de uma “fundamentação complexa”) Jurisprudência majoritária entende ser possível uma fundamentação breve. 
2. Decisão do tribunal do júri não precisa ser fundamentada (Jurados - juízes leigos) 
3. É aceita a fundamentação referida (“per relationem”). O juiz faz referência ou remissão a argumentos das partes, precedente ou decisão anterior ou manifestação do MP para fundamentar sua decisão.
9 - Princípio da publicidade
CF/88, Art. 93. (...)
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos (...) podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;
Art. 5º (...)
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
10 - Princípio do duplo grau de jurisdição
Não está previsto (expresso) na CF/88 (é um princípio implícito!)
Há previsão no Pacto de S.J. da Costa Rica:
Art. 8º (...)
2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas:
 h) direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior.
(STF: Norma de hierarquia SUPRALEGAL)
Art. 5º CF § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais – tratado internacional de direitos humanos pode ter a hierarquia de emenda da constituição ou norma supralegal (abaixo da CF e acima das outras leis). Atualmente, apenas 2 tratados de Direito humano têm força de EC: a Convenção da ONU sobre PCD e o Tratado de Marraquexe tradução de obras visuais (direito autorais). PSJCR é norma supralegal. Tratado de outra área é lei ordinária. 
QUESTÃO
O princípio do duplo grau de jurisdição está previsto na legislação brasileira? Implicitamente na constituição sim, mas expressamente no pacto de S.J da Costa Rica (pacto assinado e ratificado e aprovado pelo congresso, vale como lei interna, norma supralegal abaixo da constituição e acima das normas). 
11 - Princípio do juiz natural
Art.. 5º (...)
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
(É vedado o tribunal de exceção!) não tem um tribunal feito para julgar aquele caso, ele é previamente previsto pela lei. 
Princípio do Promotor Natural: a parte tem o direito de ser processada pelo promotor de justiça “competente”. Veda-se a “acusação de exceção” (Procurador Geral da Justiça indica determinado promotor apenas para a acusação de determinado caso - exceção - concordância do promotor da comarca)
Princípio do Defensor Público Natural: INDICA QUE NÃO SE PODE AFASTAR O DEFENSOR PÚBLICO, ARBITRARIAMENTE, DA ATUAÇÃO EM DETERMINADO PROCESSO
OBS: Varas especializadas (Não fere princípio do juiz natural). Também não fere Câmaras com juízes de primeira instância e não desembargadores. 
FONTES DO PROCESSO PENAL
Fontes Materiais (é quem “produz” as normas de processo penal): UNIÃO é quem cria as normas de processos penal (art. 22, I da CF/88)
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
CF/88 - Art. 22 (...)
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo – LC federal pode autorizar Estado (município não) a legislar sobre aspectos específicos lei processual penal. 
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional – pode editar uma medida provisória sobre lei de processo penal? Não, é vedada 
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:                
I – relativa a: (...)     
     b) direito penal, processual penal e processual civil; 
Fontes formais: são aquelas que apresentam ou tornam conhecidas as normas processuais. São as leis (CF e legislação infraconstitucional) e os tratados e convenções internacionais sobre processo penal, que o Brasil for signatário.
FINALIDADES DO PROCESSO PENAL
IMEDIATA: viabilizar o jus puniendi estatal – direito de punir (aplicação da lei PENAL violada ao caso concreto)
MEDIATA: alcançar a paz social

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