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Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal II RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - RESE É o recurso cabível para impugnar as decisões interlocutórias, expressamente previstas no artigo 581/CPP. Cuida-se de recurso cabível somente contra decisão de juiz singular, ou seja, não será cabível contra decisões de órgãos colegiados de Tribunais ou decisão monocrática de relator de processos que tramitam em segunda instância ou Tribunais Superiores. O caput do artigo 581 do CPP dispões que “caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença”. Observe que existe uma impropriedade técnica na redação do citado artigo, pois os despachos, ato de mera movimentação processual sem cunho decisório, não podem ser impugnados por meio do RESE, mas por meio da Correição Parcial, se ocorrer um error in procedendo. Apesar do artigo 581 do CPP elencar hipóteses de decisões interlocutórias como regra para interposição do RESE, há possibilidade de interposição de RESE contra sentença, como a decisão que concede ou nega habeas corpus e a decisão que julga extinta a punibilidade do agente. O Recuso em Sentido Estrito poderá ser "pro et contra" quando for cabível nas duas hipóteses de sucumbência (da acusação e da defesa). São os casos dos incisos V, VIII e IX; X, XI. Lado outro, o recurso será "secundum eventum litis" quando foi cabível apenas em uma das situações de sucumbências, como da decisão que não recebe a denúncia ou queixa (inexiste RESE para o despacho de recebimento). CABIMENTO: Antes de comentar cada umas das hipóteses previstas no artigo 581 CPP, ressalta-se que os incisos IX, XII, XVII, XIX, XX, XXI, XXIII e XXIV foram revogados pelo artigo 197 da lei de Execuções Penais. Para as hipóteses prevista nos citados incisos, será cabível o recurso de agravo em execução e não mais o RESE. Quanto aos demais casos: I. Decisão que não receber a denúncia ou a queixa. Alguns doutrinadores (minoritariamente) entendem que o rol previsto no artigo 581 do CPP é taxativo, sem admitir a possibilidade de ampliação das hipóteses ali previstas. No entanto, prevalece o entendimento de que é possível a interpretação extensiva. Sendo assim, será admitida a interposição do RESE contra decisão de não recebimento de aditamento da denúncia ou da queixa ou contra a decisão que rejeitar parcialmente a denúncia ou a queixa. Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal II Vale ressaltar também que nos crimes de competência originária dos Tribunais, no caso de não recebimento da inicial, o recurso cabível será o Agravo Regimental. Já nas infrações de competência do Juizado Especial Criminal, em não sendo recebida a inicial, o recurso cabível será apelação, nos termos do artigo 82 da Lei nº 9.099/95. O tribunal ad quem, ao dar provimento ao RESE no caso do inciso em análise, não exercerá a atividade de cassação da decisão do juízo ad quo, mas de substituição, conforme o entendimento sumular nº 709 do STF: Súmula 709/STF: Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela. Diante disso, vale ressaltar que o acordão que dá provimento ao recurso em sentido estrito contra decisão que rejeitou a denúncia passa a ser o marco interruptivo da prescrição. No caso de reconhecimento de nulidade da decisão do juízo a quo (reconhecimento de error in procedendo), o Tribunal devolverá os autos para o juízo de origem para que seja proferida nova decisão. Segundo a súmula 707 do STF, constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo. II. Decisão que concluir pela incompetência do juízo. Trata-se de decisões declinatórias proferidas nos autos do processo principal, não abarcando aquelas que acolhem exceções opostas por uma das partes. Se o juiz se declara incompetente de ofício, ambas as partes serão legitimadas a interpor o recurso em comento. Ressalta-se que é possível a interposição do RESE ainda que a declaração de incompetência ocorra antes de iniciada a ação penal. Caso o juiz negue a arguição de incompetência, essa decisão é irrecorrível, sendo admitida a impetração de habeas corpus ou a ventilação da matéria em preliminar de apelação. No caso de decisão de desclassificação na primeira fase do Júri, a qual está prevista no artigo 419/CPP, será cabível o RESE, com fulcro no dispositivo em comento. III. Decisão que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal II No processo penal, existe a previsão de oposição de exceções de suspeição (impedimento ou incompatibilidade); incompetência do juízo; litispendência; ilegitimidade da parte e coisa julgada, nos termos do artigo 95/CPP. O inciso em comento trata apenas de decisão que acolhe a exceção de coisa julgada, de ilegitimidade da parte, de litispendência ou de incompetência. A exceção de suspeição, sendo reconhecida pelo juiz, ocasionará na suspensão da marcha processual e remessa dos autos ao juiz substituto, não havendo parte sucumbente. Se o juiz nega a suspeição, o Tribunal de Justiça que tem competência para julgar a exceção. Caso o juiz negue as exceções citadas, essa decisão é irrecorrível, sendo admitida a impetração de habeas corpus ou a ventilação da matéria em preliminar de apelação. IV. Decisão que pronunciar o réu; Tanto a acusação, quanto a defesa serão legitimadas a interpor o RESE na hipótese em comento. Grande parte da doutrina entende que o assistente de acusação não tem legitimidade para tanto, pelos seguintes argumentos: 1) falta de previsão no artigo 271/CPP; 2) a pronúncia não causa qualquer prejuízo ao interesse do assistente de acusação que tem como objetivo único obter uma sentença condenatória, uma vez que não é analisado o mérito da questão nessa decisão. O STF, no entanto, entendeu que, não havendo recurso pelo MP, deve ser reconhecida a legitimidade do assistente de acusação para discutir a incidência de qualificadora no crime de homicídio. V. Decisão que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante; No que se refere à fiança, somente poderá ser interposto o RESE contra decisão judicial, não sendo cabível tal recurso para impugnar decisão de autoridade policial que fixar fiança. Assim, caso o MP discorde de uma fiança fixada pelo delegado de polícia, ele deverá requerer a cassação da fiança à autoridade judicial. Na possibilidade de interpretação extensiva no processo penal, como é cabível a interposição de RESE no caso de indeferimento de requerimento ou revogação de prisão preventiva, também será cabível quando se tratar de prisão temporária e/ou medidas cautelares de natureza pessoal. O RESE, na hipótese em comento, não tem efeito suspensivo. Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal II VI. (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008) VII. Decisão que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor; Vale frisar que caso o juiz negue o quebramento (arts. 327, 328 e 341/CPP) ou a perda da fiança (art. 344 e 345/CPP), o MP somente poderá insurgir contra essa decisão em preliminar de futura apelação, se houver. O RESE, na hipótese em comento, tem efeito suspensivo quanto à destinação do valor remanescente – art. 584, caput, do CPP. VIII. Decisão que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade; Vale lembrar que essa hipótese só será impugnada pelo RESE se tal matéria não for decidida no bojo de sentença condenatória ou absolutória, em razão do caráter preferível da apelação,nos termos do artigo 593, §4º/CPP. O artigo 397, inciso IV, do CPP consiste em mais uma impropriedade técnica, uma vez que o reconhecimento de causa extintiva de punibilidade não tem natureza absolutória, mas declaratório, conforme a súmula 18 do STJ. Logo, se o juiz absolve sumariamente o acusado com fundamento no artigo 397, inciso IV, o recurso cabível será o RESE. Segundo Nucci, essa decisão tem como natureza jurídica de decisão terminativa de mérito, pois afasta a pretensão punitiva do Estado, e por isso deveria ser impugnada por apelação (entendimento minoritário). IX. Decisão que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da punibilidade; Vale lembrar que essa hipótese só será impugnada pelo RESE se tal matéria não for decidida no bojo de sentença condenatória ou absolutória, em razão do caráter preferível da apelação, nos termos do artigo 593, §4º/CPP. Para que seja reconhecida a prescrição, a defesa também poderá se valer do HC, nos termos do artigo 648, inciso VII, do CPP, diferenciando-se do RESE por não permitir o exame aprofundado de provas em seu julgamento. X. Decisão que conceder ou negar a ordem de habeas corpus; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11689.htm#art4 Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal II Terão legitimidade recursal o MP, o advogado do querelante e o assistente de acusação, lembrando que neste último caso, sua atuação só é possível na fase judicial. Nesse caso, só será cabível quando o HC for negado pelo juiz de primeira instância. Se o juiz considerar o HC prejudicado, também será cabível o RESE, pois equipara-se a denegação da ordem. Vale ressaltar que eventual concessão da ordem de HC por juiz de 1ª instância está sujeita ao reexame necessário (recurso de ofício), conforme o disposto no artigo 574, inciso I/CPP. Segundo Nucci, por se tratar de decisão de mérito em uma ação de impugnação, deveria ser rebatida por meio de apelação (entendimento minoritário). Só a título de complementação, o HC é o meio mais célere para fazer cessar eventual constrangimento à liberdade de locomoção, nada impede a sua utilização pela defesa para impugnar a decisão do juiz de 1ª instância que nega a ordem de HC, perante a instância superior. XI. Decisão que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena; Se a decisão foi proferida na sentença condenatória, caberá o recurso de apelação, ainda que a parte queira se insurgir somente contra a parte da sentença que trate da suspensão condicional da pena (art. 593, §4º/CPP). Se a decisão for proferida pelo juiz da execução, o recurso cabível será o agravo em execução. Sendo assim, pode-se afirmar que a interposição de RESE contra decisão que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena foi tacitamente revogada pelo artigo 197 da LEP. No entanto, o STF, utilizando-se da interpretação extensiva, tem admitido a interposição do RESE decisão que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional do processo, prevista no artigo 89 da Lei nº 9.099/95. De todo modo, ainda que não concorde com tal possibilidade em razão de ausência de previsão legal, nada impede que o MP impetre um mandado de segurança ou o réu um HC. XII. Decisão que conceder, negar ou revogar livramento condicional - CABÍVEL AGRAVO EM EXECUÇÃO; Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal II XIII. Decisão que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte; A expressão “instrução criminal” deve ser interpretada em sentido amplo, no sentido de fase judicial. Ou seja, caso seja reconhecida uma nulidade mesmo antes da fase instrutória, o recurso cabível será o RESE. O inciso em comento você também fundamenta a utilização do RESE contra a decisão judicial que reconhece a ilicitude da prova com o consequente Desentranhamento dos autos. Vale frisar que, em razão do caráter residual do RESE, se a nulidade foi reconhecida em sede de sentença condenatória ou absolutória, o recurso cabível será a apelação. (art. 593, §4º/CPP) XIV. Decisão que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir; Depois do advento da lei 11.689/08, a lista geral dos jurados não mais será impugnada pelo RESE. Agora, contra a decisão que a estabelece, é cabível a reclamação interposta por qualquer pessoa, cuja natureza jurídica é de recurso administrativo, que será dirigida ao juiz-presidente do Tribunal do Júri (art. 429, caput, CPP) – entendimento majoritário. Somente a título de complementação, A lista geral de jurados deve ser publicada pela imprensa até o dia 10 de outubro de cada ano e divulgada nas portas nas varas meu tribunal do júri. Na lista constará o nome e a respectiva profissão do jurado. Ela pode ser alterada de ofício ou mediante reclamação, conforme explicado acima, até o dia 10 de novembro, dia em que será publicada a lista geral definitiva – art. 426/CPP. XV. Decisão que denegar a apelação ou a julgar deserta; O recurso será delegado quando o juiz verificar ausência dos pressupostos objetivos subjetivos de admissibilidade. A deserção ocorrerá quando o querelante deixar de pagar o preparo do recurso (só ocorrerá na ação penal privada). Em regra, contra a decisão que denega recurso pelo juízo a quo, é cabível a carta testemunhável, nos termos do artigo 639 do CPP. No entanto, quando a decisão denegar especificadamente a apelação, o recurso cabível será o RESE. Ressalta-se que no caso de decisão que recebe (juízo de prelibação), indevidamente, a apelação, cabe à parte contrária levantar sua irresignação em preliminar das contrarrazões, e não interpor recurso específico para debater tal erro. Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal II XVI. Decisão que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial; Os artigos 92 e 93 do CPP tratam de questões prejudiciais heterogêneas. Uma vez determinada a suspensão do processo em virtude de uma dessas questões prejudiciais, com a consequente suspensão da prescrição (art. 116, inciso I, do CP). Se o juiz tiver proferido tal decisão equivocadamente, a prescrição não ficará suspensa, podendo ser reconhecida a extinção da punibilidade em grau recursal. Ressalta-se que a 3ª Seção do STJ entendeu, utilizando-se da interpretação extensiva, ser cabível RESE para impugnar decisão que indefere produção antecipada de prova, nos termos do artigo 366 do CPP, por interpretação extensiva do inciso em comento (Informativo 640). XVII. Decisão que decidir sobre a unificação de penas; CABÍVEL AGRAVO EM EXECUÇÃO; XVIII. Decisão que decidir o incidente de falsidade; Observe que o RESE cabível contra a decisão de procedência e improcedência do incidente de falsidade. XIX. Decisão que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em julgado - CABÍVEL AGRAVO EM EXECUÇÃO; XX. Decisão que impuser medida de segurança por transgressão de outra- CABÍVEL AGRAVO EM EXECUÇÃO; XXI. Decisão que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774 - CABÍVEL AGRAVO EM EXECUÇÃO; XXII. Decisão que revogar a medida de segurança - CABÍVEL AGRAVO EM EXECUÇÃO; XXIII. Decisão que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a revogação - CABÍVEL AGRAVO EM EXECUÇÃO; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art774 Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal II XXIV. Decisão que converter a multa em detenção ou em prisão simples; Com a entrada em vigor da Lei nº 9.268/96, que alterou o artigo 51 do CP, o qual passou a prever que transitada em julgada a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor. Logo, desde então, não existe mais a possibilidade de conversão da pena de multa em detenção ou prisãosimples. XXV. Que recusar homologação à proposta de acordo de não persecução penal, previsto no art. 28-A desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) PROSSEGUIMENTO: Em regra, o RESE deve ser interposto no prazo de 5 dias, nos termos do artigo 586 do CPP. A maioria das situações descritas no artigo 581 gera o efeito suspensivo no recurso, paralisando o andamento do processo principal, ocasião em que não haverá problema caso o recurso seja processado nos próprios autos, sem a formação do instrumento (formação de “um novo processo” com cópias do processo original). As hipóteses que geram efeito suspensivo do RESE são as seguintes, nos termos do artigo 584, do CPP: a. contra a decisão que considera perdida a fiança (inciso VII, segunda parte); b. contra decisão que denega seguimento à apelação ou a considera deserta (inciso XV). c. contra a decisão que considera quebrada a fiança somente na parte referente à perda da metade de seu valor (inciso VII, primeira fase). Por outro lado, são hipóteses que é necessária a formação de instrumento para subida ao tribunal ad quem separado do processo principal (à parte): a. decisão que concluir pela incompetência do juízo; b. decisão concernente à liberdade do réu; c. indeferimento do reconhecimento da extinção da punibilidade; d. anulação da instrução no todo ou em parte; e. julgamento do incidente de falsidade. Para a subida ao Tribunal ad quem por instrumento, a parte interessada deverá indicar as peças que pretende incluir nos autos do RESE (artigo 587, caput, do CPP). Da mesma forma, o recorrido, ao se manifesta, também poderá indicar peças para compor um instrumento (artigo 587, do CPP). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 Professora Ana Paula Correia de Souza Direito Processual Penal II O instrumento deverá conter, obrigatoriamente, a decisão recorrida, a certidão da intimação do réu e o termo de interposição do recurso. Somente com a juntada desses documentos é que o Tribunal poderá realizar o juízo de prelibação. Frisa-se que nos dispositivos revogados pela LEP, que hoje são atacados por agravo em execução, também comporta a formação de instrumento para não prejudicar o andamento da execução da Pena. Uma outra situação em que se recomenda a formação de instrumento à parte é o caso de decisão de pronúncia em um processo com pluralidade de réus, uma vez que um dos réus não tenha interesse em recorrer, ocorrendo, portanto, o trânsito em julgado da decisão somente para esse réu, o qual será submetido a sessão plenária. Para o réu recorrente, impõe-se a formação de um traslado que irá instruir o RESE, sem prejuízo do andamento do processo principal – caso de desmembramento dos autos/ cisão processual. O prazo para a apresentação das razões recursais será de 2 dias, contados da interposição do recurso, ou do dia em que o escrivão, extraído o traslado, o fizer com vista ao recorrente e, em seguida, será aberta vista ao recorrido por igual prazo para contrarrazoar o recurso (art. 588). Independentemente da apresentação de contrarrazões, o recurso será concluso ao juiz para que ele decida acerca do juízo de retratação, reformando ou sustentando a sua decisão inicial, dentro de 2 dias, sendo que no caso de manutenção de sua decisão, o juiz mandará instruir o recurso com os traslados que lhe parecerem necessários (art. 589/CPP). Se o juiz acatar o juízo de retratação, a parte contrária, por simples petição, poderá recorrer da nova decisão, se couber RESE, não sendo mais lícito ao juiz modificá- la. Neste caso, independentemente de novos arrazoados, subirá o recurso nos próprios autos ou em traslado - art. 589, parágrafo único. Se diante do juízo de retratação, surge para o recorrido interesse recursal que não pode ser combatido com RESE, não será possível a aplicação do citado dispositivo legal. Quanto ao artigo 585, que estabelece que o réu não poderá recorrer da pronúncia senão depois de preso, salvo se prestar fiança, nos casos em que a lei a admitir, o STF entendeu que ocorreu a revogação tácita com o advento da lei 11.689 que alterou a redação do artigo 413, §3º, do CPP (Informativo 579). Para o julgamento do RESE, não existe a figura do relator, aplicando-se no mais, as regras previstas nos artigos 609 a 618 do CPP. O indeferimento do segmento do RESE será discutido em sede de carta testemunhável.
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