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2 - Concepções filosóficas sobre o homem_ Filosofia_ Antropologia e Ética - Turma 2 - 2020_1

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04/04/2020 2 - Concepções filosóficas sobre o homem: Filosofia: Antropologia e Ética - Turma 2 - 2020/1
https://pucminas.instructure.com/courses/9880/pages/2-concepcoes-filosoficas-sobre-o-homem 1/12
2 - Concepções �losó�cas sobre o
homem
1. CONFIGURAÇÕES SIMBÓLICAS DO HOMO SAPIENS
1.1. INTRODUÇÃO
1.1.1. O homo sapiens (sapiens) surgiu a partir do homo erectus, prevaleceu sobre todos de sua
espécie e se desenvolveu até os tempos atuais. O homo sapiens (sapiens) é, por excelência, o
animal racional. A racionalidade dá força ao livre-arbítrio, permitindo-lhe agir como lhe convier e
responder por seus atos. É ela, também, que lhe exige um sentido para viver e significar suas
escolhas e suas ações. 
 
1.2. HOMO SAPIENS SAPIENS
1.2.1. A expressão homo sapiens sapiens, ou seja, “o homem que sabe o que sabe”, denomina
a espécie humana, destacando a característica mais marcante do homem moderno, o cérebro
desenvolvido.
1.2.2. Características do homo sapiens sapiens
1.2.2.1. Postura mais ereta, que garante uma maior e melhor mobilidade do corpo.
1.2.2.2. Diminuição da quantidade de pelos no corpo.
Why humans run the world | Yuval Noah HarariWhy humans run the world | Yuval Noah Harari
1x 0:00 17:09
https://www.youtube.com/watch?v=nzj7Wg4DAbs
04/04/2020 2 - Concepções filosóficas sobre o homem: Filosofia: Antropologia e Ética - Turma 2 - 2020/1
https://pucminas.instructure.com/courses/9880/pages/2-concepcoes-filosoficas-sobre-o-homem 2/12
1.2.2.3. Anatomia (propriamente) humana.
1.2.2.4. Habilidade para fazer atividades manuais.
1.2.2.5. Cérebro bem desenvolvido, foi verificado que o cérebro evoluiu fisicamente,
tendo aumentado de tamanho.
1.2.2.6. Capacidade de pensamento e raciocínio lógico que permite a execução de
habilidades que são chamadas de comportamento humano – linguagem mais complexa e
revolução cognitiva.
1.3. CONFIGURAÇÕES SIMBÓLICAS DO HOMO SAPIENS 
1.3.1. Homo vivens
1.3.1.1. O fenômeno da vida é certo, óbvio e é dado a todos os seres vivos. Contudo, a
exigência de que ele tenha um significado, sua verdadeira “natureza” e sua origem são
complexas e se fazem um enigma para o homem. 
1.3.1.2. A vida humana é variadíssima e não se faz somente no aqui e no agora. Ele é,
tal como Sartre e outros existencialistas, o descreveram: um ser jogado e que se projeta no
mundo.
1.3.1.3. A vida humana é uma construção que não se conclui, pois se renova e se inova
constantemente segundo os valores próprios da dinâmica cultural e as escolhas e as decisões
que cada homem em sua individualidade persegue e busca significar.
1.3.2. Homo socialis
1.3.2.1. O homem é um ser gregário, ou seja, ele tem a propensão para viver junto com
os outros e fazê-los participantes de suas próprias experiências, seus desejos, compartilhando
com eles suas emoções, seus bens materiais e imateriais.
1.3.2.2. O homem é o conjunto das relações que mantem com todos os outros homens.
Cada homem se faz e se sente como membro de um grupo social.
1.3.2.3. Sozinho não pode vir a este mundo, não pode crescer ou educar-se. 
Historicamente, vemos os homens envolvidos uns com os outros. Primeiramente, em pequenos
grupos sociais (família, clã ou tribo) e, depois, em grupos maiores (aldeia, cidade, estado). 
1.3.3. Homo volens
1.3.3.1. O homem é um ser inquieto, dinâmico cujas ações nascem de sua decisão.
1.3.3.2. O homem é, enquanto indivíduo humano, o ser de desejos. É aquele que quer,
de modo imediato e pleno, realizar seus quereres. Além disto, no entanto, ele é o ser que avalia
seus desejos e possibilidades e – como animal racional que é – se autodetermina, fazendo de
sua vontade o guia de sua própria vida.
1.3.3.3. O homem é o ser livre e esta condição não se encontra em um ou outro homem,
mas em todos os homens. Ele é a soma de suas escolhas, o resultado de suas decisões.
04/04/2020 2 - Concepções filosóficas sobre o homem: Filosofia: Antropologia e Ética - Turma 2 - 2020/1
https://pucminas.instructure.com/courses/9880/pages/2-concepcoes-filosoficas-sobre-o-homem 3/12
1.3.4. Homo faber
1.3.4.1. Henri BERGSON criou a expressão homo faber para designar o homem pré-
histórico ante a necessidade de forjar ele próprio os utensílios indispensáveis à manutenção de
sua vida.
1.3.4.2. Compreende-se, conforme a expressão homo faber, que o homem se constitui
pelo trabalho. Ele se fez, como afirma MONDIM, essencialmente artifex, criador de formas e
fazedor de obras.
1.3.4.3. “... o trabalho é atividade tão importante para o estudo do homem como o
conhecimento, a liberdade e a linguagem. Hoje compreendeu-se que ‘o homem é
essencialmente artifex, criador de formas, fazedor de obras’...” (Id. Ib., 1980, p. 198).
1.3.4.4. BURKE e ORNSTEIN afirmam que a criação do machado pelos remotos
hominídeos deram um presente inigualável que transformou definitivamente o mundo humano.
Para eles, o mundo humano se desenvolve e progride graças a ação destes humanos especiais,
os fazedores de machado.
1.3.4.5. O homo economicus é um conceito que os economistas do século XIX
identificaram como as duas funções elementares exercidas por todo e qualquer agente
econômico: o consumo e a produção.
1.3.5. Homo religiosus
1.3.5.1. O termo RELIGIÃO vem do latim RELIGIO que significa “respeito pelo sagrado”.
Discute-se se a palavra não veio do latim RELIGARE, ou seja, atar ou ligar com firmeza. E,
ainda, investiga-se se deriva de RE (reforço de uma ideia) e LEGERE que significa ler.
1.3.5.2. A religião é uma manifestação tipicamente humana. Ela não está presente na
vida de outros seres vivos, mas somente na vida do homem.
1.3.5.3. A religião é a manifestação que marca profundamente, no tempo e no espaço,
todas as culturas.
1.3.5.4. A religião, afirma ALVES (2011), “se nos apresenta como um certo tipo de fala,
um discurso, uma rede de símbolos. Com estes símbolos os homens discriminam objetos,
tempos e espaços, construindo, com o seu auxílio, uma abóbada sagrada com que recobrem o
seu mundo. Por quê? Talvez porque, sem ela, o mundo seja por demais frio e escuro. Com seus
símbolos sagrados o homem exorciza o medo e constrói diques contra o caos”.
 ***
2. REFLEXÃO SOBRE O HOMEM NA CULTURA OCIDENTAL
Na antiguidade da CULTURA OCIDENTAL, a reflexão sobre o homem, provocada pelas
questões fundamentais sobre a origem, sentido e fim de sua existência, ocupam um lugar central
nas narrativas míticas, na argumentação filosóficas e na ciência. As respostas as indagações
levaram a diversas respostas e das respostas emergiram ideias e imagens que evidenciaram a
singularidade do ser humano e do seu lugar no mundo.
04/04/2020 2 - Concepções filosóficas sobre o homem: Filosofia: Antropologia e Ética - Turma 2 - 2020/1
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2.1. O APOLÍNEO E O DIONISÍACO NA CULTURA GREGA ARCAICA
2.1. A oposição entre o APOLÍNEO e o DIONISÍACO é uma das mais conhecidas expressões da
condição humana.
2.1.1. APOLO reflete o LADO LUMINOSO da visão grega do homem. É a PRESENÇA
ORDENADORA do LOGOS (razão) na vida humana, isto é, a claridade do pensar e agir
razoáveis.
2.1.2. DIONÍSIO traduz o LADO OBSCURO e TERRENO onde reinam as forças do DESEJO e
da PAIXÃO.
2.2. EXCELÊNCIA (ARETÉ), DESTINO (MOIRA) E A CONCEPÇÃO DE HOMEM
2.2.1. Do ponto de vista da vida social e política, a visão grega arcaica do homem é marcada
pela ideia de EXCELÊNCIA (areté). Inicialmente, concentra-se na excelência guerreira.
Posteriormente, ela é transferida para o herói fundador da cidade e, finalmente, é transposta à
figura do filósofo (sophos).
2.2.2. A areté se vincula ao conceito de justiça (dikê) e o herói fundador é celebrado como
legislador. O ethos (lugar)da areté guerreira e política se junta ao ethos laborioso do trabalho
dos campos, celebrado como escola da virtude o guerreiro, o político e o trabalhador.
2.2.3. As linhas que constituem a imagem grega arcaica do homem se interseccionam e
convergem no temeroso tema de moira, onde o homem se vê submetido à inexorabilidade do
destino.
O HOMEM SEGUNDO SUA EXCELENCIA
A visão grego-arcaica é marcada pela ideia ou conceito de areté, ou seja, excelência. A areté
se concentrou, inicialmente, na excelência guerreira, na figura do sábio e, finalmente, na figura
do legislador. Nos seus diversos desdobramentos ou evoluções a excelência pode ser definida
como virtuose, ou seja, como qualidade que implica em elevadíssimo nível de competência no
desempenho ou realização de uma atividade.
O conceito de excelência aplicado ao conceito de homem significa, então, pensar o humano
segundo suas habilidades e competências elevadas à um nível superior. Quem é o herói
guerreiro? É aquele que alcançou um nível de habilidade superior aos demais guerreiros. O
sábio e o legislador, igualmente, são reconhecidos por suas qualidades superiores aos demais
homens.
Considerando-se o que se afirmou acima, pode-se dizer que o homem, ou melhor, que ser
homem significa buscar (um) a excelência naquilo que se escolheu. Para alcançá-la deve-se ter
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como norte diretivo as aptidões daqueles que alcançaram um patamar superior no desempenho
de suas atividades. Desse modo, o homem, no sentido excelente dessa acepção, é aquele cuja
vontade se orientou e permitiu um desempenho na direção da virtuosidade.
Nas várias concepções sobre o homem assinalou-se, mas não se deixou claro, a excelência.
Dizer, por exemplo, que o homem é resultado de uma tensão entre o apolíneo e o dionisíaco
não significa afirmar o que é a excelência. Fica subentendido, no entanto, que os seres
humanos somente alcançarão a excelência quando conseguirem equilibrar estes dois polos
antitéticos.
O homem bom é o homem excelente? Podemos dizer que sim, mas é preciso defender esse
posicionamento com argumentos que demonstrem a bondade como sinônimo de virtuosidade. A
compreensão do homem como estrutura biopsíquica, conforme Aristóteles, implica em defender
que o homem virtuoso, ser de paixões e desejos e animal racional e político encontrou o
equilíbrio entre os extremos falta e carência, alcançando uma moralidade que o define e traduz
sua excelência.
O animal-máquina pensante, segundo a acepção cartesiana, não é excelente senão segundo a
sua racionalidade. Entretanto, nem mesmo Descartes considera a razão como suficiente para
afirmar a excelência dos seres humanos. Será o bom uso da razão que tornará isso possível.
Para Nietzsche, a vontade de potência força capaz de superar uma moral subserviente torna o
homem excelente. Sendo assim, o equilíbrio razão e emoção deve permitir ao homem ser além
do bem e do mal. Enfim, o homem bom, o ser humano em sua excelência, é aquele que procura
ser o melhor no desempenho de suas ações, nas relações que mantém com os seus
contemporâneos no âmbito social, político e econômico.
2.3. CONCEPÇÃO DO HOMEM NO PERÍODO ANTROPOLÓGICO - SÓCRATES:
2.3.1. Na visão socrática, só é possível pensar o homem segundo um princípio interior presente
em cada ser humano (PSYCHÉ – ALMA), ou melhor, conforme uma EXCELÊNCIA (ARETÉ) que
se encontra em sua alma, fonte de sua grandeza. É na ALMA, afirma SÓCRATES, que reside a
opção profunda que orienta a vida humana para o justo ou para o injusto e é ela, portanto, a
essência do ser humano.
A ALMA SEDE DA ARETÉ
A “alma”, segundo Sócrates, é a sede de uma areté que permite medir o homem segundo a
dimensão interior na qual reside a verdadeira grandeza humana. É na “alma\ em suma, que tem
lugar a opção profunda que orienta a vida humana segundo o justo ou o injusto, e é ela,
portanto, que constitui a verdadeira essência do homem, sede de sua verdadeira areté.
Sócrates introduz assim no campo das idéias antropológicas a ideia da personalidade moral
sobre a qual irá assentar todo o edifício da Ética e do Direito em nossa civilização. Ele é
considerado justamente o fundador da filosofia moral e, de alguma maneira, pode ser
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considerado igualmente o fundador da Antropologia filosófica. Tendo em seu centro a noção de
“alma”, os traços principais que vamos encontrar na ideia socrática do homem são os seguintes:
- A teleologia (doutrina dos fins e meios) do bem e do melhor como via de acesso para a
compreensão do homem.
- A valorização da ética do indivíduo.
- A primazia da faculdade intelectual do homem (intelectualismo socrático).
 VAZ, Henrique Cláudio Lima. Antropologia Filosófica – Tomo 1 – São Paulo: Loyola, 1991. p. 34
– 35.
2.4. CONCEPÇÃO SOFISTA:
2.4.1. Os filósofos sofistas definem o homem como animal racional e, em sua inflexão
antropológica, o definem segundo a oposição entre convenção (nómos) e natureza (physis),
conforme uma natureza humana onde se identifica os predicados e as exigências essenciais do
que se designa humano.
2.4.2. O homem é um ser dotado de logos, isto é, de palavra e de discurso e, por isso, é capaz
de demonstrar e persuadir. s sofistas concebem, ainda, um individualismo relativista
(formulações céticas sobre a verdade) e um desenvolvimento progressivo da cultura que
alimentará o pensamento antropológico ao longo de toda a sua história: o homem é um ser de
necessidade e carência e, em razão disso, procura suprir com a cultura aquilo que lhe é negado
pela natureza.
2.5. CONCEPÇÃO PLATÔNICA DE HOMEM
2.5.1. A antropologia platônica sintetiza a tradição pré-socrática da relação do homem com o
kosmos, a tradição sofística do homem como ser de cultura (paidéia) destinando à política e a
herança socrática do “homem interior” e “alma” (psyché).
2.5.2. O homem é, para PLATÃO, a unidade ALMA-CORPO e se ordena pelo movimento
profundo e essencial da realidade das ideias.
A ANTROPOLOGIA PLATÔNICA
A antropologia platônica pode ser considerada uma síntese na qual se fundem a tradição
pré-socrática da relação do homem com o kosmos, a tradição sofística do homem como ser
de cultura (paidéia) destinado à vida política e a herança dominante de Sócrates do “homem
interior” e da “alma” (psyché).
[...]
Na verdade, a antropologia platônica apresenta uma unidade que resulta da síntese
dinâmica de temas, cuja oposição se concilia do ponto de vista de uma realidade
04/04/2020 2 - Concepções filosóficas sobre o homem: Filosofia: Antropologia e Ética - Turma 2 - 2020/1
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transcendente à qual o homem se ordena pelo movimento profundo e essencial de todo o
seu ser: a realidade das ideias. É essa ordenação transcendente que explica, no homem, a
polaridade constitutiva da vida da alma em sua condição terrena.
VAZ, Henrique Cláudio Lima. Antropologia Filosófica – Tomo I. São Paulo: Loyola, 1991.
p. 35 – 36.
2.6. ANTROPOLOGIA ARISTOTÉLICA
2.6.1. ARISTÓTELES é considerado, e com razão, um dos fundadores da ANTROPOLOGIA
como ciência, pois foi o primeiro a realizar uma síntese filosófica na sua concepção de homem.
2.6.2. Traços da concepção antropológica aristotélica:
2.6.2.1. O homem é uma estrutura biopsíquica, ou seja, é um ser composto de ALMA (psyché) e
CORPO (soma). A alma é a perfeição ou o ato do corpo e sua definição.
2.6.2.2. O homem é um animal racional (zoon logikón), pois pertence, por sua essência, ao
âmbito da physis. Contudo, se distingue dos outros seres da natureza em virtude de sua
racionalidade. 
2.6.2.3. O homem é um ser ético-político e, em sua expressão acabada, é essencialmentedestinado à vida na pólis e, somente nela, pode se realizar como ser racional. Ele é anthropos
phýsei politikon zoon.
O HOMEM, UM ANIMAL POLÍTICO[1] (https://pucminas.instructure.com/courses/9880/pages/2-
concepcoes-filosoficas-sobre-o-homem)
Quando Aristóteles proclama que o homem é por natureza um animal político (anthropos physei
politikon zoon), diz que a exigência da perfeição, a procura do bem melhor, a tendência para a
realização daquilo que é o seu bem o impelem para a polis. Não diz que o homem se une na
polis por um bem menor, como aquele que o leva à constituição da família, em nome da
satisfação das necessidades vitais. Não diz apenas que o homem é um animal social, um
animal que tende para a constituição de comunidades em geral, porque nem todas as
comunidades são políticas. Diz que um determinado bem, o impele para uma certa espécie de
comunidade, a polis. E que esse determinado bem é, precisamente, o bem melhor. O bem que,
por natureza, lhe exige, não apenas que viva, mas que viva bem. O homem é um animal
político, um animal da polis, um animal que tem tendência para constituir uma polis, que é a
mais perfeita das comunidades e não uma qualquer sociedade. Ele podia ser um animal
meramente social ou meramente familiar, sem ser um animal político. E por ser animal político,
não deixa de ser um animal social e familiar, onde, além da base social, há a inevitável raiz
animal. É que para Aristóteles o homem é um ser complexo: pertence ao mundo terrestre
(sublunar), mas faz parte do mundo celeste (supralunar). Ele não é um deus nem um bruto, mas
tem algo de deus e de animal. E a polis está cosmicamente situada na parte superior do mundo
sublunar: aquele que não tem polis, naturalmente e não por força das circunstâncias, é ou um
ser degradado ou está acima da humanidade. A razão da distinção do homem face os outros
https://pucminas.instructure.com/courses/9880/pages/2-concepcoes-filosoficas-sobre-o-homem
04/04/2020 2 - Concepções filosóficas sobre o homem: Filosofia: Antropologia e Ética - Turma 2 - 2020/1
https://pucminas.instructure.com/courses/9880/pages/2-concepcoes-filosoficas-sobre-o-homem 8/12
animais está no facto de que, ontologicamente, o homem é único animal que possui a palavra.
O único animal que razoa, que é um animal racional, como dirão os romanos. O único animal
comunicacional, como hoje diríamos. Assim, em Aristóteles, temos que a voz do homem não se
reduz a um conjunto de sons. Não é apenas simples voz (phone), não lhe serve apenas para
indicar a alegria e a dor, como acontece, aliás, nos outros animais, dado que é também uma
forma de poder comunicar um discurso (logos). Graças a ela o homem exprime não só o útil e o
prejudicial, como também o justo e o injusto. É com base nestes pressupostos que Aristóteles
proclama: o homem é o único dos animais que possui a palavra. Ora, enquanto a voz não serve
senão para indicar a alegria e a dor , e pertence, por este motivo, também aos outros animais
(dado que a respectiva natureza vai até à manifestação das sensações de prazer e de dor, e a
significá-las uns aos outros), o discurso serve para exprimir o útil e o prejudicial, e, por
conseguinte, também o justo e o injusto: porque é especificidade do homem, relativamente aos
outros animais, ser o único que tem o sentimento do bem e do mal, do justo e do injusto e
doutras noções morais e é a comunidade destes sentimentos que gera a família e polis.
Qualquer outra leitura deste entendimento aristotélico do conceito de animal político, não nos
faria entender o que o mesmo autor escreve logo a seguir: a polis é, por natureza anterior à
família e a cada um de nós considerado individualmente. O todo, com efeito, é necessariamente
anterior à parte, dado que o corpo inteiro, uma vez destruído, faz com que não haja nem pé,
nem mão, senão por mera homonomia ou no sentido em que se fala de uma mão de pedra: uma
mão, deste género, será uma mão morta.
MALTEZ, José Adelino (dir.). Animal político. Disponível em
http://www.iscsp.ulisboa.pt/~cepp/indexfro1.php3
http://www.iscsp.ulisboa.pt/~cepp/conceitos_politicos/animal_politico.htm
(http://www.iscsp.ulisboa.pt/~cepp/indexfro1.php3?
http://www.iscsp.ulisboa.pt/~cepp/conceitos_politicos/animal_politico.htm) . Acesso em 03 de janeiro de
2020.
2.6.2.4. O homem é um ser de PAIXÃO e DESEJO. A paixão e o desejo intervêm decisivamente
tanto na práxis ética e política como na poíesis (poética, fundamentando o que é o homem.
2.7. CONCEPÇÃO BÍBLICA DO HOMEM
2.7.1. O homem é CARNE (basar) na medida em que se revela a fragilidade de sua existência;
2.7.2. O homem é ALMA (nefesh) na medida em que esta compensa a fragilidade de seu corpo;
2.7.3. .O ser humano é ESPÍRITO (ruah), ou seja, é manifestação superior de vida e de
conhecimento. O espírito permite ao homem entrar em relação com Deus.
2.7.4. O homem é CORAÇÃO (leb), isto é, sede de afetos e paixões e onde se enraizam
inteligência e vontade, lugar da conversão à Deus, mas também do pecado.
O CORPO, A ALMA E O ESPÍRITO[2] (https://pucminas.instructure.com/courses/9880/pages/2-
concepcoes-filosoficas-sobre-o-homem)
http://www.iscsp.ulisboa.pt/~cepp/indexfro1.php3?http://www.iscsp.ulisboa.pt/~cepp/conceitos_politicos/animal_politico.htm
https://pucminas.instructure.com/courses/9880/pages/2-concepcoes-filosoficas-sobre-o-homem
04/04/2020 2 - Concepções filosóficas sobre o homem: Filosofia: Antropologia e Ética - Turma 2 - 2020/1
https://pucminas.instructure.com/courses/9880/pages/2-concepcoes-filosoficas-sobre-o-homem 9/12
O homem é corpo, alma e espírito. Seu corpo é a parte material e perecível, deixa de existir tão
logo a morte o visite. Ele pertence à terra e com ela está em contato, fazendo o homem
consciente do que é o mundo material. A alma é o princípio, o sopro de vida. E com ela se
relacionam nossa inteligência, nossa personalidade e nossa vontade. A alma proporciona ao
corpo o sopro de vida e o intelecto, utilizando os órgãos sensoriais para apreender as
impressões e usando o corpo para expressar-se. Ela faz o homem consciente de si mesmo. O
espírito é o princípio ativo da vida espiritual, religiosa e imortal e é capaz de receber
conhecimentos diretamente de Deus e de manter com Ele uma comunhão espiritual que
transcende os raciocínios da ala. Ela torna o homem consciente da existência de Deus.
2.8. CONCEPÇÃO AGOSTINIANA DO HOMEM
2.8.1. A VISÃO AGOSTINIANA do homem define o homem como ser uno, isto é, como
EPISÓDIO CULMINANTE DA CRIAÇÃO de todo universo. Ele é a ENCARNAÇÃO DO VERBO,
resultado da palavra criadora de Deus. Além disso, é UM SER ITINERANTE, ou seja, transita ao
longo de duas linhas distintas, mas dialeticamente relacionadas, o itinerário da MENTE e o
itinerário da VONTADE. Em razão disso, o homem se encaminha conforme a direção do amor
que o move, isto é, Deus SER-PARA-DEUS /CIDADE DOS HOMENS CIDADE DE DEUS.
A CIDADE DE DEUS
Para SANTO AGOSTINHO, os homens são entendidos como:
“dois gêneros de sociedade humana, que, [...] podemos chamar de duas cidades. Uma delas é a
dos homens que querem viver segundo a carne, a outra, a dos que querem viver segundo o
espírito, cada qual em sua própria paz. E a paz de cada uma delas consiste em ver realizados
todos os seus desejos[3] (https://pucminas.instructure.com/courses/9880/pages/2-concepcoes-
filosoficas-sobre-o-homem) ”.
A “existência dessas duas cidades é uma figuração da escolha livre que os homens fazem na
aplicação do seu amor. A cidade de Deus e a cidade dos homens são, na verdade, atitudes
individuais e sociais que eles apresentam na procura por sua felicidade.
Dois amores fundaram, pois, duas cidades, as saber: o amor próprio, levado ao desprezo a
Deus, a terrena; o amor a Deus, levado ao desprezo de si próprio, a celestial. Gloria-se a
primeira em si mesma e a segundo em Deus, porque àquela busca a glória dos homens e tem
esta por máxima a glória a Deus, testemunha de sua consciência. Aquela ensoberbece-se em
glória e diz a seu Deus: Sois minha glória e quem me exalta a cabeça. Naquela, seus príncipese as nações avassaladas veem-se sob o jugo da concupiscência de domínio; nesta, servem em
mútua caridade, os governantes, aconselhando, e os súditos, obedecendo[4]
(https://pucminas.instructure.com/courses/9880/pages/2-concepcoes-filosoficas-sobre-o-homem) .
[...]
Santo Agostinho acredita que os homens foram criados para viver em harmonia com o seu
Criador e que estes buscam incansavelmente a verdade e a felicidade. Tais realizações só
https://pucminas.instructure.com/courses/9880/pages/2-concepcoes-filosoficas-sobre-o-homem
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04/04/2020 2 - Concepções filosóficas sobre o homem: Filosofia: Antropologia e Ética - Turma 2 - 2020/1
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serão alcançadas na medida em que os homens entrarem em comunhão com Deus, ou seja,
individual ou socialmente devem render a devida honra ao que realimente merece ser honrado e
amado. É fazendo entender a origem das escolhas feitas pelos homens que vivem em
sociedade, que Agostinho mostra que, “a filosofia moral vai se desenvolver como filosofia da
história: discernir, sob a multiplicidade dos povos e dos acontecimentos, a persistência das duas
cidades desde o início do mundo e destacar a lei que permite pressagiar um destino para
elas”[5] (https://pucminas.instructure.com/courses/9880/pages/2-concepcoes-filosoficas-sobre-o-
homem)
OLIVEIRA, J. Soares. A moral como meio para a felicidade humana em Santo Agostinho.
Rio de Janeiro: Clube dos autores, 2016. p. 71 – 73.
 
 2.9. CONCEPÇÃO DO HOMEM NO HUMANISMO
2.9.1. A época que ficou conhecida com o nome de RENASCENÇA (século XIV ao XVI) foi
assinalada por transformações de toda ordem na Europa ocidental, dando origem a uma
civilização brilhante, com traços que definem nitidamente sua originalidade com relação ao
período medieval que a precedeu.
2.9.2. .O homem na antropologia renascentista:
2.9.2.1. Homo universalis emerge das profundas transformações do mundo ocidental que
provoca uma dilatação dos horizontes estreitos da cristandade geograficamente (ciclo das
descobertas) e humanamente (encontro com novas culturas e civilizações).
2.9.2.2. Prolongamento e ampliação da tradição do anthropos phýsei politikon zoon aristotélico,
dando-lhe um novo conteúdo, pois nela o esquema mecanicista se estenderá à explicação da
vida e do homem.
2.9.2.3. O corpo humano, segundo a tradição cartesiana, é integrado ao conjunto dos artefatos e
das máquinas e somente a presença do ESPÍRITO, manifestando-se sobretudo na linguagem,
separa o homem do animal-máquina.
EX MACHINA
Os animais e o corpo humano nada mais são do que máquinas, “autômatos”, como os define
Descartes, ou “máquinas semoventes”, mais ou menos complicadas, semelhantes a “relógios,
compostos de rodas e molas, que podem contar as horas e medir o tempo”.
[...] aquilo que chamamos de “vida” é redutível a uma espécie de entidade material, isto é, a
elementos sutilíssimos e puríssimos, que, levados do coração ao cérebro por meio do sangue,
se difundem por todo corpo e presidem às principais funções do organismo. Daí a exaltação da
teoria da circulação do sangue proposta por Harvey, seu contemporâneo, que publicou seu
famoso ensaio sobre o movimento do coração em 1627.
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04/04/2020 2 - Concepções filosóficas sobre o homem: Filosofia: Antropologia e Ética - Turma 2 - 2020/1
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Descartes [...] nega aos organismos qualquer princípio vital autônomo, tanto vegetativo como
sensório, convencido de que, se eles possuíssem alma, a teriam revelado pela palavra, que “é o
único sinal e a única prova segura do pensamento oculto e encerrado no corpo.
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia: do humanismo a Descartes. São
Paulo: Paulus, 2004. p. 201.
 ***
REFERÊNCIAS:
ALVES, Rubem. O que é religião. 12. ed. São Paulo: Loyola, 2011.
BURKE, James; ORNSTEIN, Robert. O presente do fazedor de machados: os dois gumes da
história da cultura humana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
CABRAL, Roque (Dir.). Logos - Enciclopédia luso-brasileira de filosofia. Lisboa/São Paulo: Verbo,
1990.
CASSIRER, Ernst. Antropologia filosófica. São Paulo: Mestre Jou, 1977.
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Moderna, 1999.
CORETH, E. Que es el hombre? Esquema de uma antropologia filosófica. Barcelona: Herder,
1976.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 11. ed. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 1996. p. 54-59.
MONDIM, Batista. O homem, quem é ele? São Paulo: Paulus, 1980.
RABUSKE, Edivino. Antropologia filosófica. Petrópolis: Vozes, 1987. p. 136-143
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia: do humanismo a Descartes. São
Paulo: Paulus, 2004. p. 201.
VAZ, Henrique Cláudio Lima. Antropologia filosófica I. São Paulo: Loyola, 1991. 
 
NOTAS:
[1] (https://pucminas.instructure.com/courses/9880/pages/2-concepcoes-filosoficas-sobre-o-homem)
Texto disponível em www.iscsp.ulisboa.pt/~cepp/indexfro1.php3?
http://www.iscsp.ulisboa.pt/~cepp/conceitos_politicos/animal_politico.htm
(http://www.iscsp.ulisboa.pt/~cepp/indexfro1.php3?
http://www.iscsp.ulisboa.pt/~cepp/conceitos_politicos/animal_politico.htm) . Acesso em 02 de
março de 2018.
[2] (https://pucminas.instructure.com/courses/9880/pages/2-concepcoes-filosoficas-sobre-o-homem)
Texto baseado em informação extraída de http://genesisum.blogspot.com/2011/05/corpo-
https://pucminas.instructure.com/courses/9880/pages/2-concepcoes-filosoficas-sobre-o-homem
http://www.iscsp.ulisboa.pt/~cepp/indexfro1.php3?http://www.iscsp.ulisboa.pt/~cepp/conceitos_politicos/animal_politico.htm
https://pucminas.instructure.com/courses/9880/pages/2-concepcoes-filosoficas-sobre-o-homem
http://genesisum.blogspot.com/2011/05/corpo-alma-e-espirito-o-que-e-cada-um.html
04/04/2020 2 - Concepções filosóficas sobre o homem: Filosofia: Antropologia e Ética - Turma 2 - 2020/1
https://pucminas.instructure.com/courses/9880/pages/2-concepcoes-filosoficas-sobre-o-homem 12/12
alma-e-espirito-o-que-e-cada-um.html (http://genesisum.blogspot.com/2011/05/corpo-alma-e-
espirito-o-que-e-cada-um.html) . Acesso em 02 de dezembro de 2018.
[3] (https://pucminas.instructure.com/courses/9880/pages/2-concepcoes-filosoficas-sobre-o-homem)
AGOSTINHO, A cidade de Deus, XIV, 1.
[4] (https://pucminas.instructure.com/courses/9880/pages/2-concepcoes-filosoficas-sobre-o-homem)
AGOSTINHO, A cidade de Deus, XIV, 28.
[5] (https://pucminas.instructure.com/courses/9880/pages/2-concepcoes-filosoficas-sobre-o-homem)
GILSON, Étienne. Introdução ao estudo de Santo Agostinho, 2010. P. 328.
http://genesisum.blogspot.com/2011/05/corpo-alma-e-espirito-o-que-e-cada-um.html
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