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Introdução ao Direito Previdenciario

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SUMÁRIO 
 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................... 2 
UNIDADE 2 – A PROTEÇÃO SOCIAL AO TRABALHADOR ................................... 4 
2.1 SURGIMENTO E EVOLUÇÃO .................................................................................... 4 
2.2 DA CARIDADE À ASSISTÊNCIA ................................................................................ 7 
2.3 O ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL, POLÍTICA SOCIAL, SEGURIDADE SOCIAL ................ 9 
UNIDADE 3 – AS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS E A PROTEÇÃO SOCIAL .... 11 
UNIDADE 4 – A SEGURIDADE SOCIAL NA CRFB/88 ........................................... 13 
4.1 OBJETIVOS DA SEGURIDADE SOCIAL .................................................................... 15 
4.2 O TRIPÉ DA SEGURIDADE SOCIAL ......................................................................... 15 
4.2.1 Saúde ........................................................................................................ 16 
4.2.2 Assistência Social ..................................................................................... 18 
4.2.3 Previdência ............................................................................................... 22 
UNIDADE 5 – FUNDAMENTOS DA SEGURIDADE SOCIAL .................................. 23 
UNIDADE 6 – MODELOS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL ........................................... 25 
6.1 SISTEMAS CONTRIBUTIVOS E NÃO CONTRIBUTIVOS ................................................ 26 
6.2 SISTEMAS CONTRIBUTIVOS DE CAPITALIZAÇÃO E REPARTIÇÃO ............................... 28 
6.3 SISTEMAS PRIVADOS DE PREVIDÊNCIA .................................................................. 29 
6.4 O SISTEMA DE PILARES – MODELO BRASILEIRO .................................................... 30 
UNIDADE 7 – REGIMES PREVIDENCIÁRIOS ........................................................ 32 
7.1 O REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS) ............................................ 34 
7.2 REGIMES DE PREVIDÊNCIA DE AGENTES PÚBLICOS OCUPANTES DE CARGOS EFETIVOS 
E VITALÍCIOS ............................................................................................................ 35 
7.3 REGIME PREVIDENCIÁRIO COMPLEMENTAR .......................................................... 35 
7.4 REGIME DOS MILITARES DAS FORÇAS ARMADAS .................................................. 37 
UNIDADE 8 – A CONSTITUICIONALIZAÇÃO DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
(MARCELO LEONARDO TAVARES) ...................................................................... 39 
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 65 
 
 3 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO 
 
Iniciamos o curso de especialização em Direito Previdenciário afirmando que 
a Seguridade Social é uma necessidade que baliza o Estado na busca de 
estabelecer a justiça social mediante a redistribuição de renda e a assistência aos 
menos favorecidos. 
Concordamos com Fillipo (2007) quando ressalta que as discussões em 
torno do tema Seguridade Social deveriam ocupar um lugar de destaque na agenda 
brasileira, especialmente num país com índices elevados de pobreza em algumas 
regiões, crescente aumento da população de idosos e alto índice de acidentes de 
trabalho e de mortes em acidentes de veículos, que oneram expressivamente as 
despesas com saúde pública e previdência social. 
Mesmo com atrasos e participando de uma luta sem fim, temos visto 
avanços nas três áreas que formam seguridade social no Brasil (saúde, previdência 
e assistência social) as quais serão analisadas ao longo deste curso. 
De todo modo, o que se espera é um estado de bem-estar social que avance 
sempre no caminho da universalidade e inclusão e temos os estudiosos e 
operadores do Direito Previdenciário que muito têm a contribuir com tais avanços. 
Neste primeiro momento, o foco está justamente em delinear a proteção 
social ao trabalhador; relembrar o caminho percorrido pelas constituições; 
apresentar os fundamentos, os modelos e os regimes da Previdência Social. O 
último tópico traz justamente um estudo especial muito bem elaborado pelo Senhor 
Juiz Federal e professor MARCELO LEONARDO TAVARES, intitulado “A 
Constitucionalização do Direito Previdenciário”. 
Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como 
premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um 
pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados 
cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, 
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, 
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
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redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas 
opiniões pessoais. 
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se 
outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, 
podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos 
estudos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UNIDADE 2 – A PROTEÇÃO SOCIAL AO TRABALHADOR 
2.1 Surgimento e evolução 
CELSO BARROSO LEITE e LUIZ PARANHOS VELLOSO (1963 apud 
TAVARES, 2008) assinalam que se costuma atribuir o berço da previdência social a 
instituições de cunho mutualista de que se tem notícia na Grécia e Roma antigas, ou 
ainda a recuados períodos da história chinesa. Durante a idade Média, certas 
corporações profissionais mantiveram seguros sociais para seus membros. 
O marco de criação da assistência social, tema a ser exaustivamente 
trabalhado ao longo do curso, encontra-se na Inglaterra e data de 1601, com a 
edição da Lei dos Pobres (Poor Law), a qual regulamentou a instituição de auxílios e 
socorros públicos aos necessitados. 
Para CARLOS ALBERTO PEREIRA DE CASTRO e JOÃO BATISTA 
LAZZARI (2009), o direito à proteção social do trabalhador pelo Estado tem sua 
gênese relacionada ao desenvolvimento da sua estrutura e da discussão histórica 
sobre quais deveriam ser as suas funções. 
O Estado Contemporâneo possui, entre suas funções, a proteção social dos 
indivíduos em relação a eventos que lhes possam causar a dificuldade ou 
até mesmo a impossibilidade de subsistência por conta própria, pela 
atividade laborativa. Tal proteção, que tem formação embrionária do Estado 
Moderno, encontra-se consolidada nas políticas de Seguridade Social, 
dentre as quais se destaca, para os fins deste estudo, a Previdência Social 
(CASTRO; LAZZARI, 2009, p. 33). 
 
A verdade é que o ser humano, desde os primórdios da civilização, tem 
vivido em comunidade e a evolução histórica da proteção social teve na assistência 
mútua familiar o seumarco inicial, pois os pais, cônjuges, irmãos e filhos 
providenciavam auxílio para outros membros da família que não possuíam mais 
condições de trabalhar, considerando a família célula-mãe da sociedade, sendo a 
principal responsável pela proteção social aos necessitados. 
 
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Com o desenvolvimento das relações sociais, ocorreu a formação de novos 
grupos de pessoas que encontram afinidades nas relações de trabalho, sendo, 
portanto, o trabalho um gerador de afinidades e infortúnios (GUSMÃO, 2012). 
Neste convívio, para sua subsistência, aprendeu a obter bens, trocando os 
excedentes de sua produção individual por outros bens. Com o desenvolvimento das 
sociedades, o trabalho passou a ser, numa determinada fase da história – mais 
precisamente na Antiguidade Clássica –, considerado como ocupação abjeta, 
relegada a plano inferior, e por isso confiada a indivíduos cujo status na sociedade 
era excludente – os servos e escravos. Dizia Aristóteles que para se obter cultura 
era necessário o ócio, razão pela qual deveria existir o escravo. Muitos mencionam 
advir desta época a etimologia do vocábulo trabalho – derivando do latim tripalium 
(MORAES FILHO; MORAES, 1993, p. 17). 
Mais adiante no tempo, dentro do chamado sistema feudal, aparecem os 
primeiros agrupamentos de indivíduos que, fugindo das terras dos nobres, fixavam-
se nas urbes, estabelecendo-se, pela identidade de ofícios entre eles, uma 
aproximação maior, a ponto de surgirem as denominadas corporações de ofício, nas 
quais se firmavam contratos de locação de serviços em subordinação ao “mestre” da 
corporação. 
Mas é com o Estado Moderno – assim considerado em contraposição ao 
modelo político Medieval, como antecedente, e ao Estado Contemporâneo, como 
sucessor daquele –, a partir da Revolução Industrial, que desponta o trabalho tal 
como hoje o concebemos. O surgimento dos teares mecânicos, dos inventos 
movidos a vapor e das máquinas em geral estabeleceu uma separação entre os 
detentores dos meios de produção e aqueles que simplesmente se ocupavam e 
sobreviviam do emprego de sua força de trabalho pelos primeiros. Paralelamente a 
esse fenômeno, a Revolução Francesa e seus ideais libertários proclamaram a 
liberdade individual plena e a igualdade absoluta entre os homens, conceitos que, 
tempos após, foram contestados tal como concebidos naquela oportunidade 
(CASTRO; LAZZARI, 2009). 
Nos primórdios da relação de emprego moderna, o trabalho retribuído por 
salário, sem regulamentação alguma, era motivo de submissão de trabalhadores a 
 
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condições análogas às dos escravos, não existindo, até então, nada que se pudesse 
comparar à proteção do indivíduo, seja em caráter de relação empregado-
empregador, seja na questão relativa aos riscos da atividade laborativa, no tocante à 
eventual perda ou redução da capacidade de trabalho. Vale dizer, os direitos dos 
trabalhadores eram aqueles assegurados pelos seus contratos, sem que houvesse 
qualquer intervenção estatal no sentido de estabelecer garantias mínimas. 
Começaram, então, a eclodir manifestações dos trabalhadores por melhores 
condições de trabalho e de subsistência, com greves e revoltas – violentamente 
reprimidas pelo próprio Poder constituído. Surgiram daí as primeiras preocupações 
com a proteção previdenciária do trabalhador, ante a inquietação dos detentores do 
poder nos Estados com a insatisfação popular, o que acarretou a intervenção estatal 
no que diz respeito às relações de trabalho e segurança do indivíduo quanto a 
infortúnios. 
Como disse Bismarck (s.d apud CASTRO E LAZZARI, 2009), governante 
alemão daquela época, justificando a adoção das primeiras normas previdenciárias: 
“Por mais caro que pareça o seguro social, resulta menos gravoso que os riscos de 
uma revolução”. 
Nesse contexto, as revoltas operárias permaneceram por todo o século XIX, 
ocorrendo, de modo simultâneo e paulatino, um movimento de cada vez maior 
tolerância às causas operárias (cessação da proibição de coalizões entre 
trabalhadores, primeiras leis de proteção ao trabalhador), o que culminaria numa 
concepção diversa de Estado, a que se denominaria Estado Social, Estado de Bem-
Estar, ou ainda, Estado Contemporâneo. 
Nem sempre, como visto, houve a preocupação efetiva com a proteção dos 
indivíduos quanto a seus infortúnios. Somente em tempos mais recentes, a partir do 
mal do século XIX, a questão se tornou importante dentro da ordem jurídica dos 
Estados. MOZART VICTOR RUSSOMANO (1981, p. 18) comenta que o mundo 
contemporâneo abandonou, há muito, os antigos conceitos da Justiça Comutativa, 
pois as novas realidades sociais e econômicas, ao longo da História, mostraram que 
não basta dar a cada um o que é seu para que a sociedade seja justa. Na verdade 
 
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algumas vezes, é dando a cada um o que não é seu que se engrandece a condição 
humana e que se redime a injustiça dos grandes abismos sociais. 
Enfim, a proteção social é o conjunto de medidas de caráter social 
destinadas a atender certas necessidades individuais; mais especificamente, às 
necessidades individuais que, não atendidas, repercutem sobre os demais 
indivíduos e, em última análise, sobre a sociedade (LEITE, 1978, p. 16). 
Em verdade, a marcha evolutiva do sistema de proteção, desde a 
assistência prestada por caridade até o estágio em que se mostra como um direito 
subjetivo, garantido pelo Estado e pela sociedade a seus membros, é o reflexo de 
três formas distintas de solução do problema: a da beneficência entre pessoas; a da 
assistência pública; e a da previdência social, que culminou no ideal de seguridade 
social (CASTRO; LAZZARI, 2009). 
 
2.2 Da caridade à Assistência 
No dicionário Aurélio (FERREIRA, 2004), encontramos algumas definições 
para caridade que podem ser resumidas em: benevolência, complacência, esmola 
(auxílio, amparo, benefício, favor). 
É uma prática de assistência ao outro não se limitando à civilização judaico-
cristã (caridade como amor ao próximo) muito menos às sociedades capitalistas 
(caridade em decorrências das mazelas impostas pela ótica da pobreza que 
incomoda). 
Sob a ótica da solidariedade social, pobres, viajantes, incapazes e doentes 
eram alvos de ações que assumiram formas variadas nas diferentes sociedades, 
sempre motivadas pela compreensão de que entre os homens nunca deixarão de 
existir os mais frágeis, carecedores de ajuda alheia (CARVALHO, 2008). 
Embora a proteção ao ser humano venha da antiguidade, quanto ao sujeito 
enquanto trabalhador, é recente a proteção social aos riscos de trabalho. Em 
períodos passados, anteriormente ao surgimento das primeiras leis de proteção 
social, a defesa do trabalhador quanto aos riscos no trabalho e perda da condição 
de subsistência se dava pela assistência caritativa individual ou pela reunião de 
 
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pessoas. J. R. FEIJÓ COIMBRA (1997), citando Oscar Saraiva (s.d), menciona que 
nas sociedades romanas e gregas da Antiguidade se encontram referências a 
associações de pessoas com o intuito de, mediante contribuição para um fundo 
comum, receberem socorro em caso de adversidades decorrentes da perda da 
capacidade laborativa. 
No período das corporações de ofício, Idade Média Europeia, tem-se o 
aparecimento das guildas, entre cujos escopos estava também o de associação de 
assistência mútua. Porém, é somente com o desenvolvimento da sociedade 
industrial que vamos obter um salto considerável em matéria de proteção, com o 
reconhecimento de que a sociedade no seu todo deve ser solidária com seus 
incapacitados (CASTRO; LAZZARI, 2009). 
MOZART VICTOR RUSSOMANO (1981, p. 19) confirma que até o século 
XVIII não havia a sistematização de qualquer forma de prestação estatal, pois, “de 
um modo geral, não se atribuía ao Estado o dever de dar assistência aos 
necessitados”. A exceção registrada na História, já citada anteriormente, a Poor 
Law, editada em 1601 na Inglaterra, instituía contribuição obrigatória para fins 
sociais, com intuito assistencial. 
Na Idade Moderna, havia um fosso imenso separando a classe operária da 
classe dos detentores dos meios de produção. E o Estado Moderno, dentro da 
concepção liberal, limitava-se a assistir, inerte, às relações entre particulares, sem 
estabelecer normas de limitação à autonomia pessoal. Desse modo, a proteção ao 
trabalhador, até então voluntariamente feita por aqueles que se preocupavam com a 
dignidade humana, muitas vezes só existia sob a forma de caridade. 
Não obstante isso, a intervenção estatal, no período do liberalismo 
econômico, limitava-se a prestar benefícios assistenciais, ou seja, oferecia pensões 
pecuniárias e abrigo aos financeiramente carentes (CASTRO; LAZZARI, 2009). 
Nota-se, portanto, que, no tocante à atuação no campo do amparo aos 
indivíduos, “o primeiro tipo de proteção social que podemos reconhecer no mundo é 
o tipo liberal, em que predomina a assistência aos pobres enquanto uma 
preocupação do Estado. Então, o Estado dá assistência; e o mercado, o resto” 
(ANDRADE, 2003, p. 18). 
 
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9
 
DANIEL MACHADO DA ROCHA (2004, p. 28) adverte que as manifestações 
assistenciais de até então tinham inserido o caráter de mutualidade, mas não o de 
seguro, não havendo garantia plena de proteção em caso de necessidade. O seguro 
de vida surge somente em 1762, com a fundação em Londres “da primeira 
companhia de seguros de vida dentro de bases científicas”. Em 1849, surgiram 
empresas que se dedicavam à instituição de seguros populares, destinados à classe 
trabalhadora. 
O mesmo autor ressalta que, de acordo com o pensamento liberal da época, 
em síntese, os instrumentos de proteção social da época eram: a assistência social 
privada e pública, a poupança individual, o mutualismo e o seguro privado. 
2.3 O Estado de bem-estar social, política social, seguridade social 
Quando da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em 1789, viu-
se a primeira menção ao conceito que mais tarde seria entendido como “bem-estar 
social”. A proteção ao indivíduo se inscreveu como o princípio da Seguridade Social, 
um direito subjetivo assegurado a todos. 
Na apresentação de sua dissertação de Mestrado em Economia, MARIA 
PANDOLFI GUERREIRO (2010) inicia refletindo que muitos são os modos de 
organização de um estado de bem-estar social e de suas redes de proteção. 
Pondera que não existe fórmula única. Ele pode ser mais ou menos inclusivo, mais 
ou menos universal, com maiores ou menores graus de desmercantilização na 
provisão do bem-estar. Também, a principal responsabilidade pode estar centrada 
no Estado, no indivíduo ou na família. Seu caráter pode ser mais progressivo ou 
mais regressivo e, ainda, priorizar políticas de transferências horizontais ou verticais. 
O resultado deste “mix” de escolhas formará sociedades mais ou menos igualitárias, 
com maiores ou menores equidade de oportunidades e maiores ou menores graus 
de solidariedade. 
Vários podem ser os modelos (liberal, conservador, socialdemocrata) de um 
Estado de bem-estar social. Os países que adotaram propostas mais universalistas 
são os mais inclusivos, os que sua população apresenta melhor qualidade de vida, 
enfim, são os mais eficientes na promoção do bem estar social. 
 
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10
 
O regime social-democrata de estado de bem-estar pode ser considerado o 
mais completo, pois, através de seu sistema altamente igualitário e universal garante 
um maior grau de desmercantilização, o mais amplo sentimento de solidariedade 
entre a população, e diminui imensamente o risco da pobreza. 
O regime de bem-estar social conservador, corporativo ou meritocrático, 
pode ser considerado como uma forma intermediária entre o liberal e o social-
democrata. Foi construído nos moldes bismarckianos: apresenta proteção social 
atrelada ao mercado de trabalho, muitas vezes com diferenciações entre os distintos 
cargos e ocupações. 
Já no modelo liberal, a diretriz era de que a grande maioria da população 
fosse capaz de prover seu próprio bem-estar no mercado e a interferência do Estado 
deveria ser mínima, apenas para os comprovadamente pobres (através de testes de 
meios) (GUERREIRO, 2010). 
No âmbito mais geral das políticas sociais, pode-se dizer que o grande 
avanço foi a criação da Seguridade Social, uma nova e mais abrangente concepção 
de proteção social. Esta nova concepção percebe as políticas sociais como uma 
rede, que deve ser integrada para um melhor resultado, preterindo as políticas 
sociais isoladas. Assim, a Seguridade Social abrange as áreas da Previdência 
Social, da Assistência Social e da Saúde, colocando-as todas num mesmo patamar 
de importância, conforme Castro; Ribeiro, 
para expressar um arranjo consistente com uma ampla rede de proteção 
aos riscos sociais inerentes ao ciclo de vida, à trajetória laboral e à 
insuficiência de renda, agravados por um modelo econômico excludente e 
pela perversa distribuição de renda do país (CASTRO; RIBEIRO, 2009, p. 
28). 
 
EVILÁSIO SALVADOR (2007, p. 81) reitera esta posição afirmando que um 
dos maiores avanços em termos de política social foi a adoção do conceito de 
seguridade social englobando, em um mesmo sistema, as políticas de saúde, 
previdência e assistência social. [...] A rede de proteção da seguridade social 
permite a manutenção do padrão de renda e protege o cidadão ou sua família contra 
as situações de incapacidade de trabalhar ou de diminuição da capacidade laboral 
derivada dos ciclos vitais. 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemasde armazenagem e 
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11
 
Veremos estes “componentes” da seguridade social ao longo desta apostila 
e de todo o curso de Direito Previdenciário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 3 – AS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS E A 
PROTEÇÃO SOCIAL 
 
O desenvolvimento da intervenção estatal no tocante à proteção social, aos 
riscos sociais tanto no Brasil quanto no mundo aconteceu de maneira gradual. 
Em relação ao Brasil, da Constituição de 1824 que não tratou do assunto e 
não fazia nenhuma menção à previdência social ou aposentadoria até a Constituição 
de 1988, observamos perfeitamente a exclusão de 1824 até o amplo sistema criado 
a partir de 1988. 
Repassando... 
Constituição de 1891 – foi a primeira a tratar de aposentadoria, que somente 
poderia ser dada aos “funcionários públicos em caso de invalidez no serviço da 
Nação” (art. 75). 
Nas disposições transitórias, também concedia o direito de aposentadoria 
aos magistrados que não se enquadrassem na nova organização judiciária criada e 
ainda previa implicitamente o direito aos demais juízes (art. 6º). 
 
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12
 
Evidencia-se a natureza não contributiva que revestia a aposentadoria do 
servidor, restrita aos inválidos em serviço. Nada se falava sobre os demais 
trabalhadores e servidores, ou seja, proteção social à organização estatal era algo 
estranho (IBRAHIM, 2009). 
Constituição de 1934 – avança nas garantias sociais, até porque já algum 
tempo posterior à Lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo nº 4.682/23), prevendo a 
competência privativa da União para legislar sobre assistência social (art. 5º, XIX, c). 
Também vem a prever a proteção ao trabalhador e à gestante, além de 
determinar “instituição de previdência, mediante contribuição igual da União, do 
empregador e do empregado, a favor da velhice, da invalidez, da maternidade e nos 
casos de acidentes de trabalho ou de morte” (art. 121, § 1º, h). 
Esta Constituição ficou conhecida como a primeira a tratar de previdência e 
a instituir a fonte tríplice de custeio, com recursos dos trabalhadores, dos 
empregadores e da União. Os servidores também tinham direito ao benefício, que, 
de acordo com a Constituição, deveria constar de Estatuto dos Funcionários 
Públicos (art. 170). 
Constituição de 1937 – não trouxe grandes mudanças, limitando-se a prever 
a “instituição de seguros de velhice, de invalidez, de vida e para os casos de 
acidentes do trabalho” (art. 137, m). Também determinava que “as associações de 
trabalhadores têm o dever de prestar aos seus associados auxílio ou assistência, no 
referente às práticas administrativas ou judiciais relativas aos seguros de acidentes 
do trabalho e aos seguros sociais” (art. 137, n). 
Com relação ao servidor, havia também menção à criação do Estatuto dos 
Funcionários Públicos, tratando dos direitos e obrigações destes (art. 156). 
Constituição de 1946 – dava competência à União para legislar sobre 
normas de “seguro e previdência social” (art. 5º, XV); também previa a 
obrigatoriedade de “previdência, mediante contribuição da União, do empregador e 
do empregado, em favor da maternidade e contra as consequências da doença, da 
velhice, da invalidez e da morte” (art. 157, XVI). 
 
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13
 
Ressalte-se que foi a primeira a garantir aposentadoria ao servidor que 
contasse com 35 anos de serviço (art. 191, § 3º). 
Constituição de 1967 – também dava competência à União para legislar 
sobre normas de “seguro e previdência social” (art. 8º, XVII, c). Ainda trazia o direito 
aos trabalhadores à “previdência social, mediante contribuição da União, do 
empregador e do empregado, para seguro-desemprego, proteção da maternidade e 
nos casos de doença, velhice, invalidez e morte” (art. 158, XVI). 
Importante frisar a confirmação de que “nenhuma prestação de serviço de 
caráter assistencial ou de benefício compreendido na previdência social será criada, 
majorada ou estendida sem a correspondente fonte de custeio total” (art. 158, § 1º), 
mas este dispositivo foi criado em 1965, por meio de Emenda à Constituição de 
1946, e naturalmente mantida na Carta dois anos depois. 
A Emenda de 1969 repetiu as normas de 1967 sobre proteção social, 
mantendo a competência da União em matéria previdenciária e repetindo as demais 
regras. Também havia em ambas o direito ao servidor de se aposentar 
voluntariamente, após 35 anos de serviço (IBRAHIM, 2009). 
UNIDADE 4 – A SEGURIDADE SOCIAL NA CRFB/88 
 
Para CELSO BARROSO LEITE (1992), a seguridade social é o conjunto de 
medidas destinadas a atender às necessidades básicas do ser humano. Portanto, o 
direito da seguridade destina-se a garantir, precipuamente, o mínimo de condição 
social necessária a uma vida digna, atendendo ao fundamento da República contido 
no art. 1º, III, da CRFB/88. 
A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de 
iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos 
relativos à saúde, à previdência social e à assistência social (TAVARES, 2008; 
CASTRO; LAZZARI, 2009), conforme previsto no Capítulo II do Título VIII da 
Constituição Federal de 1988. 
 
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14
 
No entendimento de FÁBIO ZAMBITTE IBRAHIM (2009, p. 8), o melhor 
termo seria “segurança social”, inclusive estando este termo mais correto de acordo 
com a língua portuguesa, visto que o constituinte teve a intenção de criar um 
sistema protetivo que até a CRFB/88 inexistia no Brasil. Explica ainda que o Estado, 
de acordo com esse novo conceito, seria responsável pela criação de uma teia de 
proteção capaz de atender aos anseios e necessidades de todos na área social. 
O mesmo autor esclarece ainda que a seguridade social é objeto de estudo 
e normatização do Direito Previdenciário e que, muito embora a previdência seja 
menor que a seguridade, como aquela é anterior a esta, o ramo do direito adota seu 
nome. De todo modo, a utilização de designações diversas como direito da 
seguridade social também é correta. 
Essa rede protetiva formada pelo Estado e particulares, com contribuição de 
todos, inclusive do beneficiário de tais direitos, tem como objetivo estabelecer ações 
positivas no sustento de pessoas carentes, trabalhadores em geral e seus 
dependentes, provindo-lhes a manutenção de um padrão mínimo de vida. 
A intervenção estatal é obrigatória, quer por meio de ações diretas ou 
controle, devendo atender a toda e qualquer demanda referente ao bem-estar da 
pessoa humana. 
A Lei nº 8.212/91 dispõe sobre a organização da Seguridade Social, mas, 
segundo WLADIMIR NOVAES MARTINEZ (1999), o legislador fica devendo as 
normas sobre efetivação da seguridade social, por falta de definição política e 
reconhecida incapacidade de efetivamente atender as diretrizes constitucionais da 
matéria. Todavia a Seguridade Social seja uma técnica de proteçãosocial avançada 
em relação à Previdência Social, capaz de integrá-la com a assistência social e 
incorporar as ações de saúde, ela ainda é um esforço nacional extraordinário no 
sentido de um amplo atendimento à população, obreira ou não, empenho sujos 
objetivos estão à distância. 
 
 
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15
 
4.1 Objetivos da Seguridade Social 
Os objetivos da Seguridade Social são veiculados mediante princípios que 
expandem seus efeitos pelas três áreas de concentração da seguridade, informando 
as condutas estatais, normativas ou administrativas de previdência, assistência e 
saúde (TAVARES, 2008). 
Segundo JOSÉ AFONSO DA SILVA (1998, p. 193), estes princípios não 
estão aptos à produção imediata de efeitos. Sua natureza institutiva1 gera 
aplicabilidade mediata, não integral, servindo: 
a) como vetor de orientação interpretativa de regras constitucionais e de 
normas legais administrativas; 
b) de paradigma para verificação de validade material de normas 
infraconstitucionais editadas antes ou depois da Carta; 
c) para impedir o retrocesso na proteção do núcleo das prestações sociais 
sobre a matéria (BARROSO, 1996, p. 148). 
Para concretizar os princípios, cabe ao Legislativo editar leis 
implementadoras de ações conjuntas de seguridade, cuja competência é privativa da 
União (art. 22, XXIII, CRFB/88). 
A lei nº 8.212/91 é a principal lei sobre seguridade social tratando do custeio 
de todo o sistema. 
Por uma questão meramente didática e de estrutura do curso, os princípios 
(gerais, constitucionais e específicos) serão discutidos em pormenores num segundo 
momento específico do curso. 
 
4.2 O tripé da Seguridade Social 
 
 
1 Carecem de concretização mediante de criação de instituições previstas em lei. 
 
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16
 
4.2.1 Saúde 
A saúde é direito de todos e dever do Estado (art. 196, CRFB/88), com 
preocupação no que se refere à redução do risco de doença (prevenção) e acesso 
igualitário às ações e serviços para sua promoção (campanhas), proteção e 
recuperação. 
Independente de contribuição, qualquer pessoa tem o direito de obter 
atendimento na rede pública de saúde. 
A saúde pública é dever do poder público, que pode conveniar-se com entes 
de natureza privada para prestá-la. De qualquer forma, será gratuita para os 
pacientes, devendo o Estado remunerar as entidades pelo serviço, conforme ilustra 
o quadro abaixo. 
 
Instituições públicas – diretamente 
 
 
 Pública – 
Sistema Único de 
Saúde (SUS) 
 
 Instituições privadas - 
indiretamente 
Sem fins lucrativos 
(filantrópicas) 
Com fins lucrativos 
Saúde 
(art. 199) 
 
 Privada – a assistência 
à saúde privada é livre 
à iniciativa privada (art. 
199) 
 
 
Fonte: TAVARES (2008, p. 13) 
Mesmo a pessoa que, comprovadamente, possua meios para patrocinar seu 
próprio atendimento médico terá a rede pública como opção válida. Não é lícito à 
Administração Pública negar atendimento médico a esta pessoa com base em sua 
riqueza pessoal. 
Atualmente a saúde tem organização totalmente distinta da previdência 
social. Após a extinção do Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência 
Social (INAMPS), as ações nesta área passaram a ser de responsabilidade direta do 
Ministério da Saúde, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). 
 
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Embora os operadores do Direito Previdenciário tenham em mente a 
diferença entre a previdência e a saúde, para leigos ocorre certa confusão, portanto, 
de maneira rápida e clara temos que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), 
responsável pela previdência social brasileira, não tem qualquer responsabilidade 
com hospitais, casas de saúde e atendimentos na área de saúde em geral. 
A saúde é segmento autônomo da seguridade social, com organização 
distinta. Tem o escopo mais amplo de todos os ramos protetivos, já que não possui 
restrição à sua clientela protegida, ou seja, qualquer pessoa tem direito ao 
atendimento providenciado pelo Estado – e, ainda, não necessita de comprovação 
de contribuição do beneficiário direto. 
A saúde é garantida mediante políticas sociais e econômicas visando à 
redução do risco de doença e de outros agravos, com o acesso universal e 
igualitário às ações e aos serviços necessários para sua promoção, proteção e 
recuperação. As condições para implantação de tais ações da saúde, além de sua 
organização e do funcionamento, são objeto de regulamentação pela Lei nº 
8.080/90. 
As ações e os serviços de saúde são de extrema relevância, cabendo ao 
Poder Público, sua execução diretamente ou através de terceiros, incluindo pessoas 
físicas ou jurídicas de direito privado. 
O emprego de particulares na proteção à saúde é frequente, com o governo 
reembolsando atendimentos destas entidades ao SUS. 
As ações e os serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada 
e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as 
seguintes diretrizes: descentralização, com direção única em cada esfera de 
governo; atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem 
prejuízo dos serviços assistenciais e participação da comunidade. 
O SUS é financiado com recursos do orçamento da seguridade social, da 
União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, além de outras fontes. O 
orçamento da seguridade social destina ao SUS, de acordo com a receita estimada, 
os recursos necessários à realização de suas finalidades, previstos em proposta 
 
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elaborada pela sua direção nacional, com a participação dos órgãos da Previdência 
Social e da Assistência Social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas 
na Lei de Diretrizes Orçamentárias (art. 31, Lei nº 8.080/90). 
A Constituição, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 29/2000, 
determina que a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios devem aplicar, 
anualmente, em ações e serviços públicos de saúde, recursos mínimos derivados da 
aplicação de percentuais calculados sobre suas arrecadações tributárias, além de 
parcela dos valores obtidos a partir de repasses da União e dos estados e dos 
Fundos de Participação de estados e municípios. Os percentuais mínimos serão 
fixados em Lei Complementar (art. 198, § 2º, CRFB/88). 
Em 16 de janeiro de 2012, a presidente da República, Dilma Roussef, 
sancionou a Lei Complementar nº 141, que regulamenta a Emenda Constitucional 
29, aprovada pelo Congresso Nacional em dezembro passado. O texto define 
claramenteo que deve ser considerado gasto em saúde e fixa os percentuais 
mínimos de investimento na área pela União, Estados e Municípios. 
• regulamenta o § 3º do art. 198 da Constituição Federal para dispor sobre os 
valores mínimos a serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde; 
• estabelece os critérios de rateio dos recursos de transferências para a saúde 
e as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde 
nas 3 (três) esferas de governo; 
• revoga dispositivos das Leis nos 8.080, de 19 de setembro de 1990, e 8.689, 
de 27 de julho de 1993; e dá outras providências. 
 
4.2.2 Assistência Social 
A assistência social será prestada a quem dela necessitar (art. 203, 
CRFB/88), ou seja, àquelas pessoas que não possuem condições de manutenção 
própria. Assim como a saúde, independe de contribuição direta do beneficiário. O 
requisito para o auxílio assistencial é a necessidade do assistido. 
 
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19
 
A assistência social serve para preencher as lacunas deixadas pela 
previdência social, que, devido sua natureza contributiva, acaba por excluir os 
necessitados. 
Agora, a pessoa dotada de recursos para a sua manutenção, logicamente, 
não será destinatária das ações estatais na área assistencial, não sendo lícito a esta 
a obtenção de benefício assistencial pecuniário. 
Naturalmente, outras ações assistenciais, não pecuniárias, direcionadas a 
providenciar um melhor convívio do beneficiário em sociedade, podem ser 
extensíveis a pessoas dotadas de recursos, pois aí o conceito de pessoa 
necessitada é mais elástico. 
A Constituição determina que a ação estatal na assistência social seja 
realizada preferencialmente com recursos do orçamento da Seguridade Social, e 
organizada com base na descentralização político-administrativa, cabendo a 
coordenação e as normas gerais à esfera federal, e a coordenação e a execução 
dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades 
beneficentes e de assistência social. A participação da população também é prevista 
em texto constitucional, por meio de organizações representativas, na formulação 
das políticas e no controle das ações em todos os níveis (art. 204). 
A EC nº 42/2003 trouxe a faculdade, aos Estados e ao Distrito Federal, de 
vincular ao programa de apoio à inclusão e promoção social até cinco décimos por 
cento (0,5%) de sua receita tributária líquida. Neste caso, tais recursos ficam 
necessariamente atrelados às ações sociais previstas, sendo proibida a aplicação 
destes com despesas com pessoal e encargos sociais, serviço da dívida ou qualquer 
outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações 
sociais apoiadas. 
A assistência social é regida por lei própria (Lei nº 8.742/932), a qual traz 
definição legal deste segmento da seguridade social: 
A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de 
Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada 
 
2 Vários artigos com redação dada pela Lei nº 12.435/2011. 
 
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20
 
através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da 
sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. 
 
A assistência social tem por objetivos a proteção à família, à maternidade, à 
infância, à adolescência e à velhice; o amparo às crianças e adolescentes carentes; 
a promoção da integração ao mercado de trabalho; a habilitação e a reabilitação de 
pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida 
comunitária; e a garantia de 1 (um) salário mínimo de benefício mensal à pessoa 
portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a 
própria manutenção ou de tê-la provida por sua família (art. 2º da Lei nº 8.742/93). 
O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo 
mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou 
mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-
la provida por sua família. (art. 20, Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011). 
A idade de 65 anos, em substituição aos 67 anos, anteriormente previstos, 
foi fixada pelo Estatuto do Idoso, aprovado pela Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 
2003. Melhor seria a lei manter a idade, mas ampliar as possibilidades de obtenção 
do mesmo, em especial o conceito de necessitado. 
A prestação pecuniária assistencial tradicional é conhecida como Benefício 
de Prestação Continuada, instituída pela Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, 
conhecida como Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). Tecnicamente, não se 
trata de benefício previdenciário, embora sua concessão e administração sejam 
feitas pelo próprio INSS. 
O referido benefício é intransferível, não gerando direito à pensão por morte 
aos herdeiros ou sucessores, e sim extinguindo-se com a morte do segurado. 
Todavia, o valor não recebido em vida pelo beneficiário será pago aos herdeiros (art. 
23 do Regulamento do Benefício de Prestação Continuada (RBPC), aprovado pelo 
Decreto nº 6.214/07). 
O beneficiário não pode acumular o Benefício de Prestação Continuada com 
qualquer outro benefício no âmbito da Seguridade Social ou de outro regime, 
inclusive o seguro-desemprego, ressalvados o de assistência médica e a pensão 
 
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21
 
especial de natureza indenizatória, bem como a remuneração advinda de contrato 
de aprendizagem no caso da pessoa com deficiência, observado o disposto no 
inciso VI do caput e no § 2º do art. 4º (Redação dada pelo Decreto nº 7.617, de 
2011). 
Parágrafo único. A acumulação do benefício com a remuneração advinda do 
contrato de aprendizagem pela pessoa com deficiência está limitada ao prazo 
máximo de dois anos. (Incluído pelo Decreto nº 7.617, de 2011). 
Até o advento do Regulamento do Benefício de Prestação Continuada, 
admitia-se a acumulação com a pensão especial devida aos dependentes das 
vítimas da hemodiálise de Caruaru/PE, prevista na Lei nº 9.422, de 24 de dezembro 
de 1996 (IBRAHIM, 2009, p. 16). 
Apesar do benefício de prestação continuada ser o benefício assistencial por 
excelência, outros existem na lei. São os benefícios eventuais, isto é, os auxílios 
funeral e natalidade, que eram benefícios previdenciários, mas agora vinculados à 
assistência social. Também são limitados às famílias cujas rendas mensais per 
capita sejam inferiores a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo. 
O auxílio natalidade era benefício previdenciário concedido à segurada 
gestante ou ao segurado pelo parto de sua esposa ou companheira não segurada 
em prestação única, desde que estes possuíssem remuneração inferior a 
determinado patamar. Já o auxílio funeral era pago ao executor dos préstimos 
fúnebres, em cota única, desde que o interessadopossuísse remuneração inferior a 
determinado patamar (arts. 140 e 141 da Lei nº 8.213/91, ambos revogados pela Lei 
nº 9.528/97). 
Dispõe a LOAS que compete os estados destinar recursos financeiros aos 
municípios a título de participação no custeio do pagamento dos auxílios natalidade 
e funeral, mediante critérios estabelecidos pelos Conselhos Estaduais de 
Assistência Social (art. 13, I, Lei nº 8.742/93). 
Destinar recursos financeiros aos Municípios, a título de participação no 
custeio do pagamento dos benefícios eventuais de que trata o art. 22, 
mediante critérios estabelecidos pelos Conselhos Estaduais de Assistência 
Social; (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011). 
 
 
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4.2.3 Previdência 
FÁBIO ZAMBITTE IBRAHIM (2009) coloca a previdência como um seguro 
sui generis, pois é de filiação compulsória para os regimes básicos (RGPS e 
RPPS3), além de coletivo, contributivo e de organização estatal, amparando seus 
beneficiários contra os chamados riscos sociais. 
A Previdência Social é técnica protetiva mais evoluída que os antigos 
seguros sociais, devido à maior abrangência de proteção e a flexibilização da 
correspectividade individual entre contribuição e benefício. A solidariedade é mais 
forte nos sistemas atuais. A seguridade social, como última etapa ainda a ser 
plenamente alcançada, abrangendo a previdência social, busca a proteção máxima, 
a ser implementada de acordo com as possibilidades orçamentárias. 
Em um conceito restrito, os riscos sociais cobertos pelos regimes protetivos 
são as adversidades da vida a que qualquer pessoa está submetida, como o risco 
de doença ou acidente, tanto quanto eventos previsíveis, como idade avançada – 
geradores de impedimento para o segurado providenciar sua manutenção. 
Todavia, é interessante observar que o conceito de risco social não é tão 
limitado como possa parecer, pois abrange outras situações estranhas à ideia de 
infortúnio, como a maternidade. Daí alguns criticarem a concepção de “riscos 
sociais”, sugerindo adotar-se o termo necessidade social (ASSIS, s.d. apud 
IBRAHIM, 2009). Da mesma forma, Paul Durand (1991 apud IBRAHIM, 2009) afirma 
que o qualificativo de risco pode ser utilizado também para acontecimentos 
venturosos. Desta forma, devemos interpretar risco social como todo evento coberto 
pelo sistema protetivo, com o intuito de fornecer ao segurado algum rendimento 
substituidor de sua remuneração, como indenização por sequelas ou em razão de 
encargos familiares. 
A previdência brasileira comporta dois regimes básicos, que são o Regime 
Geral de Previdência Social (RGPS) e os Regimes Próprios de Previdência de 
Servidores Públicos (RPPS), este último para servidores ocupantes de cargos 
efetivos e militares. Em paralelo aos regimes básicos, há o complementar. 
 
3 Regime Geral de Previdência Social e Regime Próprio de Previdência Social. 
 
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23
 
Embora o RGPS, administrado pelo INSS, seja somente um dos 
componentes da previdência brasileira, é frequentemente utilizado como sinônimo 
da Previdência Social brasileira, devido à sua importância por atender à grande 
maioria da população. 
UNIDADE 5 – FUNDAMENTOS DA SEGURIDADE SOCIAL 
 
CARLOS ALBERTO PEREIRA DE CASTRO e JOÃO BATISTA LAZZARI 
(2009) colocam como fundamentos da Previdência Social, motivos de caráter 
sociológico e outros de caráter político. 
Estendendo esses motivos, JOSÉ JAYME DE SOUZA SANTORO (2001) diz 
que as medidas de proteção social são de iniciativa e responsabilidade do estado e 
possuem motivações as quais variam qualitativa e quantitativamente em decorrência 
do momento. Para ele esses motivos ou fundamentos podem ser econômicos, 
políticos, sociais e jurídicos. 
De todo modo, os fenômenos que levam o Estado e a sociedade a se 
preocuparem com a questão da subsistência no campo previdenciário são de matiz 
específica, ou seja, são fenômenos que atingem indivíduos que exercem alguma 
atividade laborativa, no sentido de assegurar direitos mínimos na relação de 
trabalho, ou de garantir o sustento, temporário ou permanentemente, quando 
diminuída ou eliminada a capacidade para prover a si mesmo e a seus familiares. 
Mesmo se confundindo sociológica e politicamente, manutenção da 
dignidade humana, solidariedade social, proteção aos previdentes, redistribuição de 
renda são finalidades da Previdência Social. 
Os motivos econômicos têm como base os chamados “efeitos materiais 
negativos”, ou seja, a perda da capacidade de auferir rendimentos de parte da 
população, derivada dos eventos ligados aos riscos de existência, quais sejam: 
incapacidade total ou parcial para o trabalho, desemprego, doença, velhice, 
acidentes do trabalho, morte, etc., mais ou menos agravados em função da evolução 
da própria sociedade. 
 
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24
 
Evidentemente que a economia tem interesse em abrandar esses efeitos 
negativos e manter as atividades produtivas de consumo, o que pode acontecer pela 
saúde e melhor distribuição de renda, que no final é a busca do bem comum. 
As pessoas geralmente só pensam na ocorrência de um dano quando ele 
acontece, ou seja, não tem costume de antecipar e prevenir-se; outras só se 
dispõem a tomar qualquer atitude diante do risco ou na iminência da ocorrência do 
dano, já quando sentem a chegada dos seus efeitos e no caso do Brasil, a grande 
maioria da população não dispõe de recursos econômicos para, sozinha, arcar com 
a responsabilidade de autoproteção. 
Estes são os motivos sociais que partem do princípio de que os indivíduos, 
porque dotados de livre arbítrio, ordinariamente demonstram quase total 
incapacidade de adoção, por conta própria, de mecanismos de autoproteção contra 
os riscos sociais. São motivos que levam o Estado a suprir a incapacidade do 
indivíduo a fim de não causar mais transtornos para a sociedade. 
Os Motivos Jurídicos podem ser analisados sob a ótica da comunidade 
internacional, que não mais se pode conceber a existência de Estado que subestime 
ou ignore as ideias de proteção social, e que não possua em funcionamento 
mecanismos próprios de defesa de massa contra os riscos de existência. Aqui como 
em outros países, faz parte da realidade dos tempos atuais e estão assumidos em 
nossa Carta Magna. 
Os chamados Motivos Políticos fundam-se no fato de que, nas sociedades 
modernas, não mais se admite o exercício do poder sem legitimidade, sem 
compromisso com a garantia dos direitos sociais. 
A importância desse vínculo político é clausula do contrato social 
estabelecido entre o cidadão-eleitor e o Estado (este representado pelas forças 
políticas e pelos dirigentes políticos), onde se pretende garantir um acordo entre 
gerações, de tal modo que não só os excluídos da força de trabalho, por força de 
eventos econômicos ou de existência, tenham a tranquilidade e a certezade que 
estarão amparados pela repartição financeira advinda dos tributos ou das 
contribuições da população economicamente ativa. 
 
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25
 
A experiência brasileira não tem sido das mais felizes, no que concerne à 
garantia e segurança futuras. Especialmente no que se refere à Previdência Social, 
muitos erros políticos foram cometidos no decorrer do tempo, tornando-se difícil e 
traumática qualquer correção de rumo. 
 
 
 
 
UNIDADE 6 – MODELOS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL 
 
Já vimos que a Previdência Social é um direito subjetivo do indivíduo 
exercitado em face da sociedade a que pertence, personificada na figura do Estado-
Providência, portanto, impõe-se que esta sociedade participe do regime de seguro 
social, por meio de aportes que garantam recursos financeiros suficientes à 
aplicação da política de segurança social (CASTRO; LAZZARI, 2009). 
Em âmbito mundial são vários os sistemas existentes e em funcionamento 
para levar a proteção social aos indivíduos que estão com sua capacidade de 
trabalho ou subsistência afetados. Alguns desses modelos estão em fase de 
transição e outros já foram modificados do original, como veremos a seguir, 
relembrando que a proteção social é um fenômeno típico do século XX. 
Analisando tais modelos do ponto de vista político-ideológico, como o faz 
GOSTA ESPING-ANDERSEN (1990 apud CASTRO; LAZZARI, 2009, p. 55), são 
identificados três modelos de regimes. 
O primeiro, denominado regime socialdemocrata, típico dos países nórdicos, 
cuja ênfase é a universalidade da cobertura a todos os cidadãos, é marcado por 
benefícios de montante consideravelmente elevado em comparação a outros países, 
mesclando-se benefícios baseados em contribuições e não-contributivos, além de 
uma vasta malha de serviços públicos, gratuitos. 
 
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O segundo, chamado conservador-corporativo, nasceu na Europa ocidental, 
cuja tendência é priorizar o seguro social compulsório voltado à proteção dos riscos 
sociais, com foco na população que exerce trabalho remunerado, cujo custeio tem 
por base principal a contribuição destes trabalhadores e de seus tomadores de 
serviços, com benefícios proporcionais às contribuições. Há também benefícios não 
contributivos para atender demandas assistenciais. 
O terceiro, identificado como liberal, garante uma proteção residual, com 
benefícios contributivos e não contributivos que visam o combate à pobreza e a 
garantia de um patamar mínimo de renda, com limitada rede de serviços públicos 
gratuitos. 
Este modelo é adotado, entre outros países, no Reino Unido, Irlanda, 
Canadá e Estados Unidos. 
Um quarto modelo, segundo alguns estudiosos, seria denominado 
mediterrâneo, por ser típico dos países do sul da Europa (Espanha, Portugal, Itália, 
Grécia) e diferencia-se do regime dito conservador-corporativo por haver um sistema 
de saúde pública universal e, dada a grande quantidade de pessoas trabalhando na 
informalidade ou em regime de economia familiar, há uma preocupação específica, 
além da proteção à população assalariada (BATISTA, 2008, p. 21-22). 
 
6.1 Sistemas contributivos e não contributivos 
Dentre outros modos, os sistemas previdenciários podem ser separados em 
relação ao custeio, de acordo com a fonte de arrecadação da receita necessária ao 
desempenho da política de proteção social. 
Há, assim, sistemas que adotam, em seus regramentos, que a arrecadação 
dos recursos financeiros para a ação na esfera do seguro social dar-se-á por meio 
de aportes diferenciados dos tributos em geral, de modo que as pessoas 
especificadas na legislação própria ficam obrigadas a contribuir para o regime. Entre 
as pessoas legalmente obrigadas a contribuir estão aqueles que serão os potenciais 
beneficiários do sistema, os segurados, bem como outras pessoas – naturais ou 
jurídicas – pertencentes à sociedade a quem a lei cometa o ônus de também 
 
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participar no custeio do regime. É o sistema dito contributivo, embasado nas 
contribuições sociais. 
Contribuições sociais são aquelas destinadas exclusivamente a servir de 
base financeira para as prestações previdenciárias (COIMBRA, 1997, p. 240) e, no 
sistema brasileiro, também para as áreas de atuação assistencial e de saúde 
pública. 
Noutros sistemas de financiamento, a arrecadação provém não de um tributo 
específico, mas sim da destinação de parcela da arrecadação tributária geral, de 
modo que os contribuintes do regime não são identificáveis, já que qualquer pessoa 
que tenha pago tributo ao Estado estará, indiretamente, contribuindo para o custeio 
da Previdência. 
São os sistemas ditos não contributivos. A Austrália e alguns países da 
Europa – a Dinamarca, por exemplo – adotam o sistema não contributivo. 
A Previdência Social brasileira é composta por mais de um regime jurídico. 
O Regime Geral de Previdência Social, que abarca a maior parte dos indivíduos, 
sempre foi de natureza contributiva, tal como indica o art. 201 da Constituição, já 
que os trabalhadores, desde a criação do sistema, sempre contribuíram de forma 
compulsória para o custeio deste regime. 
Além do Regime Geral, há os regimes previdenciários instituídos pela União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios, para proteção, quanto aos riscos sociais, dos 
agentes públicos titulares de cargos efetivos e vitalícios, conforme previsão contida 
nos artigos 40 e 149 da Constituição. Quanto a esses últimos, durante muito tempo 
houve a concessão de benefícios de aposentadorias (e em alguns casos, de outros 
benefícios) sem a exigência de contribuição por parte dos servidores, apresentando-
se, até a promulgação da Emenda Constitucional nº 20/98, como regimes 
tipicamente não-contributivos. Com a exigência de contribuição, que passou a 
constar expressamente do texto do caput do art. 40 da Carta a partir de 16.12.1998, 
também os chamados “regimes próprios” passaram a ter caráter contributivo. 
No sistema contributivo, os recursos orçamentários do Estado para o custeio 
do regime previdenciário também concorrem para este, mas não com a importância 
 
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que os mesmos possuem no modelo não contributivo. Cumpre ao Estado garantir a 
sustentação do regime previdenciário, com uma participação que pode variar, já que 
eventuais insuficiências financeiras deverão ser cobertas pelo Poder Público (art. 16, 
parágrafo único, da Lei nº 8.212/91). 
 
6.2 Sistemas contributivos de capitalização e repartição 
Entre os sistemas baseados em contribuições sociais, encontramos nova 
divisão,no que tange à forma como os recursos obtidos são utilizados. 
Alguns sistemas adotam regras que estabelecem, como contribuição social, 
a cotização de cada indivíduo segurado pelo regime durante certo lapso de tempo, 
para que se tenha direito a benefícios. Assim, somente o próprio segurado – ou uma 
coletividade deles – contribui para a criação de um fundo – individual ou coletivo – 
com lastro suficiente para cobrir as necessidades previdenciárias dos seus 
integrantes. O modelo de capitalização, como é chamado, é aquele adotado nos 
planos individuais de previdência privada, bem como nos “fundos de pensão”, as 
entidades fechadas de previdência complementar (CASTRO; LAZZARI, 2009). 
Nesse sistema, a participação do Estado é mínima, e a do empregador vai 
variar conforme a normatização de cada sistema (vide art. 202 da Constituição, com 
a redação conferida pela Emenda Constitucional nº 20/98). Primordial no sistema de 
capitalização é a contribuição do próprio segurado, potencial beneficiário, que 
deverá cumprir o número de cotas ou o valor estabelecido para garantir a proteção 
pelo sistema para si e seus dependentes. 
Já no sistema de repartição, as contribuições sociais vertem para um fundo 
único, do qual saem os recursos para a concessão de benefícios a qualquer 
beneficiário que atenda aos requisitos previstos na norma previdenciária. 
A participação do segurado continua sendo importante, mas a ausência de 
contribuição em determinado patamar não lhe retira o direito a benefícios e serviços, 
salvo nas hipóteses em que se lhe exige alguma carência. Como salienta J. R. 
FEIJÓ COIMBRA (1997), este modelo repousa no ideal de solidariedade. No pacto 
entre gerações – já que cabe à atual geração de trabalhadores em atividade pagar 
 
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as contribuições que garantem os benefícios dos atuais inativos, e assim 
sucessivamente, no passar dos tempos –, ideia lançada no Plano Beveridge inglês, 
e que até hoje norteia a maior parte dos sistemas previdenciários no mundo. 
 
6.3 Sistemas privados de previdência 
No ano de 1981, o Chile, então sob a ditadura de Augusto Pinochet, 
inaugurou uma nova forma de gerir a questão previdenciária, na qual as 
contribuições dos trabalhadores não mais seriam vertidas para um fundo público, 
mas para entidades privadas, denominadas Administradoras de Fundos de Pensões 
– AFPs, de forma compulsória. Caberia ao Estado o estabelecimento de regras de 
funcionamento e fiscalização. Para os que não conseguissem cotizar o suficiente 
para ter direito a uma aposentadoria, foi previsto um benefício assistencial mínimo. 
Houve, ainda, a assunção pelo Estado das despesas com o passivo das 
aposentadorias e pensões que então era extinto (CASTRO; LAZZARI, 2009). 
Pelo sistema estabelecido, os trabalhadores chilenos devem destinar entre 
10 e 12% de seu ganho mensal às AFPs, que investem estes recursos em ações e 
bônus, tanto no Chile quanto no exterior – sujeitando o capital investido, portanto, às 
incertezas do mercado e da economia interna e mundial. 
O modelo chileno, totalmente privatizante da previdência – mantida pelo 
Estado apenas a assistência social – foi daí para frente paradigma para diversos 
estudos, ganhando adeptos no campo doutrinário e, na década seguinte, sendo 
implantado, com algumas alterações, em outros países latino-americanos, como 
México, Argentina e Peru. Transformou-se, assim, no modelo preconizado pelo 
Banco Mundial (no estudo Averting the Old Age Crisis: Policies to Protect the Old 
and Promote Growth, 2004). 
Ao entendermos que a concepção verdadeira de seguridade social envolve a 
solidariedade – um dos seus fundamentos – não podemos concordar que este plano 
seja um modelo de sistema de previdência social, pois falta justamente esse 
comprometimento da solidariedade. 
 
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O que se nota, todavia, é que o modelo privatizante parece ter atingido o seu 
ocaso. O Chile, precursor da privatização, decidiu modificar substancialmente o 
sistema, passando a vigorar novas regras a partir de julho de 2008. Nestas, ainda 
que não se observe um retorno ao modelo estatal, podem ser notadas mudanças de 
caráter social, como a instituição de um aporte previsional solidário a qualquer 
pessoa que tenha cotizado valores insuficientes, para assegurar um complemento 
de renda – custeado pelo Estado – a partir destes aportes, o que assegura uma 
proteção social pouco maior que a assistencial. 
Mantém-se, portanto, o regime das Administradoras de Fundos de Pensões, 
privadas, mas é assegurado um patamar de proteção previdenciária a ser entregue 
pelo Estado, caso a cotização privada seja pequena. 
Entretanto, um dos pontos fundamentais da reforma proposta por Michelle 
Bachelet, a criação de uma AFP estatal, foi vetado pelo legislativo (informações 
retiradas do site http://wwwbcn.cl/guias/ reforma-previsional-las-pensiones-solidarias, 
acesso em 2.1.2009). 
 
6.4 O sistema de pilares – Modelo Brasileiro 
A doutrina e os organismos ligados à pesquisa em matéria de seguridade 
social têm lançado suas luzes sobre a formação de modelos mais recentes de 
financiamento e distribuição de benefícios, superando a noção de uma só forma de 
custeio (baseada em contribuições exclusivamente, ou não) e de níveis de cobertura 
aos beneficiários, com o fito de atingir o objetivo da universalidade do atendimento 
àqueles que necessitam de proteção. 
A isto se costuma denominar de modelos construídos sobre mais de um 
“pilar”. Segundo o Relatório sobre a Seguridade Social de 2009 da Conferência 
Interamericana de Seguridade Social, a literatura sobre o tema sugere a formação 
de três pilares: o primeiro seria uma rede de seguridade ou pensão mínima para 
todos os cidadãos, financiada por impostos gerais; o segundo, um sistema de 
benefícios contributivo, voltado à atividade laborativa, financiado por contribuições 
sobre salários; e o terceiro, baseado na economia voluntária individual. O modelo 
 
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brasileiro atual vai de encontro a esta tendência, se observarmos que ao chamado 
“primeiro pilar” podemos associar as políticas de assistência social e saúde, ao 
“segundo pilar” os Regimes de Previdência Social – atualmente todos contributivos e 
em modelo de repartição simples –, e ao “terceiro pilar”, a Previdência 
Complementar Privada, em forma de capitalização. No Chile, paradigma de muitos 
estudiosos, o segundo pilar foi entregue a administradoras de fundos de pensão, 
como visto (CASTRO; LAZZARI, 2009). 
O Banco Mundial, em estudo de 2005, denominado Old Age Income Support 
in the 21st Century, tem defendido não mais o modelo de três pilares, o qual 
sustentou até 2004, no já citado texto Averling lhe Old Age Crisis: Policies to Protect 
the Old and Promete Growth. A proposta mais recente englobaria cinco níveis de 
proteção: pilar “zero” ou não contributivo; “um” –o qual é contributivo em junção dos 
ingressos; “dois” – o qual é obrigatório e baseia-se na criação de contas individuais; 
“três” – que consiste em acordos voluntários flexíveis (financiados pelo empregador, 
de tipo contribuição definida ou benefício definido); e, “quatro” – que consiste em 
transferências adicionais em espécie ou monetárias (inter ou intrageracionais, 
incluindo seguro de saúde, transferências familiares, etc.). 
No âmbito das reformas previdenciárias em outros países, pode-se 
identificar também a questão da existência de um ou mais sistemas, de acordo com 
o estudo de MERCEDES HOCES QUINTEROS (2006, p. 93): 
nos países de “sistema único”, a filiação a este é de caráter obrigatório; nos 
países de “sistema misto integrado”, como o do Uruguai, “o regime de 
capitalização individual e o de repartição coexistem”, sendo obrigatória a 
filiação a um dos dois regimes, ou a ambos; e nos de “sistema misto em 
concorrência”, como o da Colômbia, o regime de capitalização e o de 
repartição são concorrentes, cabendo aos trabalhadores escolher, 
obrigatoriamente, um dos regimes, sendo a contribuição destinada 
integralmente ao regime escolhido. 
 
O modelo brasileiro, segundo esta linha de pensamento, se divide da 
seguinte forma: 
• Pilar 1 - Previdência Social Básica – pública, compulsória em forma de 
repartição, com financiamento misto (trabalhadores, tomadores de serviços e 
poder público), dividida em múltiplos regimes: o Regime Geral, administrado 
pela União, cuja atribuição é descentralizada à autarquia INSS; e os 
 
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Regimes Próprios de Previdência dos Servidores, administrados pelos entes 
da Federação, baseados no princípio da solidariedade e com o objetivo de 
oferecer proteção à classe trabalhadora em geral (empregados de qualquer 
espécie, trabalhadores avulsos, por conta própria e empresários dos meios 
urbano e rural, servidores públicos); 
• Pilar 2 - Previdência Complementar – privada, em regime de 
capitalização, na modalidade contribuição definida, facultativa à classe 
trabalhadora na modalidade fechada (financiada, neste caso, com 
contribuições dos trabalhadores e tomadores de serviços), e a todos os 
indivíduos, na modalidade aberta (com contribuição somente do indivíduo), 
administrada por entidades de previdência complementar; 
• Pilar 3 - Assistência Social – para idosos e portadores de necessidades 
ou cuidados especiais, abrangendo as pessoas que estejam carentes de 
condições de subsistência, segundo critérios estabelecidos em lei financiada 
pelos contribuintes da Seguridade Social e pelos entes da Federação. 
Há múltiplos regimes, mas todos são de filiação obrigatória, porque “únicos” 
em relação a cada um dos grupos de indivíduos protegidos: trabalhadores da 
iniciativa privada, agentes públicos federais, estaduais e municipais (CASTRO; 
LAZZARI, 2009). 
 
 
 
UNIDADE 7 – REGIMES PREVIDENCIÁRIOS 
 
A previdência social é primeiramente mencionada no art. 6º da Constituição, 
o qual dispõe que “são direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o 
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a 
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição (Redação dada pela EC 
nº 26, de 14/02/2000)”. 
 
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Sem dúvida, é o ramo mais importante da seguridade social e também o 
mais complexo, não somente em razão de suas especificidades, mas também 
devido às constantes alterações legais e constitucionais, muitas realmente 
necessárias para a adequação do sistema. 
A definição da previdência social, no âmbito constitucional, começa com o 
art. 201, que explicita sua natureza contributiva e compulsória e também expõe a 
obrigatoriedade do equilíbrio financeiro e atuarial do sistema. 
Em verdade, o segmento básico da previdência social, de filiação 
compulsória e organização estatal, tem em sua estrutura o Regime Geral de 
Previdência Social (RGPS) e os Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS), 
restritos a servidores públicos de cargo efetivo. A previsão de constituição dos RPPS 
está no art. 40 da Constituição, sendo seu regime complementar previsto nos 
parágrafos 14, 15 e 16. O RGPS, que, por ser o principal segmento previdenciário, 
acaba por ser utilizado, frequentemente, como sinônimo da previdência brasileira, 
tem previsão no art. 201, tendo seu regime complementar previsão no art. 202 da 
Constituição. 
Ambos os regimes complementares são de ingresso voluntário, mas aqueles 
relativos aos RPPS têm natureza pública (art. 40, § 15, da CRFB/88), ao contrário do 
regime complementar ao RGPS, que tem natureza privada (art. 202, caput, da 
CRFB/88) (IBRAHIM, 2009). 
Em que pese o princípio da uniformidade de prestações previdenciárias, 
contemplado no texto constitucional, o fato é que no âmbito da Previdência Social no 
Brasil não existe somente um regime previdenciário, mas vários deles. 
Mas o que é um regime previdenciário? 
Entende-se por regime previdenciário, aquele que abarca, mediante normas 
disciplinadoras da relação jurídica previdenciária, uma coletividade de indivíduos que 
têm vinculação entre si em virtude da relação de trabalho ou categoria profissional a 
que está submetida, garantindo a esta coletividade, no mínimo, os benefícios 
essencialmente observados em todo sistema de seguro social – aposentadoria e 
pensão por falecimento do segurado (CASTRO; LAZZARI, 2009). 
 
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Alguma polêmica poderia advir do fato de não se considerar como benefício 
essencial de um regime previdenciário aquele que proteja o indivíduo de 
incapacidades temporárias para o trabalho. Contudo, se o tomador dos serviços do 
trabalhador garante a este remuneração integral durante o afastamento por motivo 
de saúde, não há necessidade de cobertura deste evento. Como a legislação do 
trabalho – Consolidação das Leis do Trabalho – não prevê tal garantia, senão nos 
primeiros quinze dias de incapacidade, cumpre à Previdência Social proteger o 
indivíduo que fique incapacitado por mais tempo. 
 
7.1 O Regime Geral de Previdência Social (RGPS) 
Principal regime previdenciário na ordem interna, o RGPS abrange 
obrigatoriamente todos os trabalhadores da iniciativa privada, ou seja: os 
trabalhadores que possuem relação de emprego regida pela Consolidação das Leis 
do Trabalho (empregados urbanos, mesmo os que estejam prestando serviço a 
entidades paraestatais, os aprendizes e os temporários), pela Lei nº 5.889/73 
(empregados rurais) e pela Lei nº 5.859/72 (empregados domésticos); os 
trabalhadores autônomos, eventuais ou não; os empresários, titulares de firmas 
individuais ou sócios gestores e prestadores de serviços; trabalhadores avulsos; 
pequenos produtores rurais e pescadores artesanais trabalhando em regime de 
economia familiar; e outras categorias de trabalhadores, como garimpeiros, 
empregados de organismos

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