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Educação Musical Núcleo de Pós-Graduação Apreciação e Criação Musical 2 Apresentação É prática comum nas escolas, principalmente nas séries iniciais, ouvir música na entrada e saída do período escolar, no recreio, e ainda, de forma bastante acentuada, nos momentos de festividades que obedecem um calendário com datas a serem comemoradas pela comunidade escolar. A busca de novas estratégias e metodologias que pudessem otimizar a prática da música em sala de aula foi uma constante durante o meu percurso como educadora. A sua presença durante o processo de ensino-aprendizagem nos levou à procura de respostas ou explicações que pudessem atenuar as situações confrontadas. Neste sentido, podemos afirmar que a música está presente no cotidiano escolar de nossas crianças e jovens. Ela está presente em todo e qualquer lugar, pois vem ocupando cada vez mais espaços no cenário social da vida contemporânea. Porém, embora a música esteja presente no cotidiano da escola, questões precisam ser esclarecidas para entendermos o porquê da ausência do ensino sistemático da música e o lugar que vem ocupando no cenário educacional brasileiro. Com o avanço da tecnologia e com a rapidez da informação é possível conviver com diferentes formas de expressões artísticas, seja através da mídia ou pela participação ao vivo, em eventos culturais que ocupam os espaços, continuamente, em nossas cidades. Importa frisar que os fatos e as informações não param de acontecer, porém vem tirando de nossas crianças e jovens o tempo necessário para a sua assimilação ou rejeição por via da crítica ou da reflexão. Da mesma maneira que as informações são aceitas e assimiladas, estas são rejeitadas ou passam despercebidas, pois estão à mercê do momento, 3 das circunstâncias e de modismos. A visão das educadoras, especialistas em educação musical, a respeito do ensino da música na escola de ensino fundamental, tem muito em comum com a produção teórica e com a nossa, uma vez que elas próprias colaboram nessa produção. Procurando explicitar suas concepções sobre o ensino, a aprendizagem e a música, suas ideias e suas relações com o conhecimento musical trouxeram valiosas contribuições para este trabalho, no sentido de aprofundar as leituras realizadas, suscitando novas questões e dirimindo dúvidas. A educadora musical Irealça a importância de se considerar a música inserida numa perspectiva mais ampla de educação: “Eu penso que primeiro, você tem que ver o que é educação. O seu conceito de educação e ver, nesse caso, a música como um instrumento dessa educação. Então você tem que ver o objetivo da educação, que a gente pode sentir assim, por exemplo, partir do aluno, das potencialidades do aluno no sentido de desenvolvê-las maior, na maior amplidão possível e de forma que a música pode te ajudar a alcançar esse objetivo. Então, para mim, o objeto da educação é o ser humano. E, nesse caso, a educação musical seria a educação que utiliza a música como principal instrumento no sentido de desenvolver em sua plenitude o ser humano” (Educadora I). Segundo essa educadora a música deve pois, ser considerada em função de seu significado no processo de humanização do indivíduo. Nessa perspectiva, a educação musical é uma dimensão de um processo formativo mais amplo que deve ser centrado no próprio homem e se revestir de um caráter dialogal: 4 “Educar não é impor comportamentos e conhecimentos; é amar e esclarecer, convencer racionalmente, não incutindo ilusões, mentiras, preconceitos, mas mostrando a verdade nas menores coisas e permitindo o sonho na busca do inefável. A educação é uma jornada plena de companheirismo e compreensão, de respeito mútuo, de verdade e liberdade” (Reis, 1996, p.78). Tal como Snyders, a educadora I vê na educação um processo de conquista de autonomia, que deve ser marcado pela alegria, pelo respeito, pela abertura de perspectivas ao aluno: “A educação genuína é a que leva o indivíduo a pensar, a analisar, a discernir, perceber as diferenças, optar, com capacidade de penetrar e entender além do que mostram as aparências. A verdadeira educação valoriza as diferenças que, entre si, geram um campo dialético de forças, levando cada homem a encontrar a si mesmo, o seu lugar e a sua vocação, na grande „constelação‟ que seria a sociedade – na visão de Adorno – em que cada um encontrasse condições de ser plenamente o que é e, na sua individualidade, tornar-se verdadeiramente realizado, em processo de crescimento, na ética interação social entre sujeitos” (Reis, 1996, p.78). Nesse contexto, a música exerce importante papel, por se constituir num instrumento de comunicação: 5 “Agora a questão da música. O que é a música? Bem, a música para mim é uma linguagem. Uma linguagem que se expressa através dos sons e das formas sonoras” (Educadora I). E suas possibilidades são muito amplas. “Agora, como qualquer linguagem, ela pode ser uma linguagem simples, cotidiana com toda simplicidade, uma linguagem que serve para o diálogo como também ela pode atingir uma transcendência muito grande chegando no nível do estético. Então a música, ela pode ser uma simples linguagem, mas é uma arte também”. Entretanto, o potencial da música no campo educativo nem sempre é bem compreendido. “Porque as pessoas em geral pensam: „Ah! A gente vai desenvolver a criança, a gente vai desenvolver o jovem, a gente vai desenvolver o adulto através da música.‟ Então, em princípio todo mundo pensa: „Vamos desenvolver habilidades musicais, atitudes musicais, capacidade da pessoa colocar música na vida e fluir a música como um prazer, tornar a vida mais bela, mais agradável, mais prazerosa‟. Sim, tudo isso é educação musical, quer dizer, a gente coloca música na vida das pessoas para a vida ficar mais enriquecida, mais feliz. Mas, ainda é muito mais. Por que eu acho que a questão da música, das artes 6 em geral, e da música em especial, chega num nível que apenas a questão da filosofia vai esclarecer. Eu acho que a música fala de coisas muito mais profundas através das formas. Então eu acho que a educação musical tem como objetivo a formação e a realização do ser humano em sua plenitude, mas essa plenitude é no sentido muito mais amplo do que as pessoas normalmente pensam” . Nessa perspectiva, para que o acesso e o domínio da linguagem musical possa se estabelecer é necessário proporcionar a familiaridade com experiências sonoras, estimulando a sensibilidade à música, ampliando a comunicação entre os sujeitos e entre estes e o mundo. Essa questão é também abordada pela educadora musical II. Segundo ela, o desenvolver a disciplina, a concentração e a afetividade não é tudo, não é a essência da educação musical. A sua crítica recai na desvalorização da música enquanto forma de conhecimento simbólico, como uma linguagem complexa, profunda, articulada, idealizada. E isso faz a diferença, pois envolve uma outra forma de pensar, o pensar artístico, que busca o estético e a consciência crítica: “No desenvolvimento psicológico, ela é absolutamente imprescindível, nos jogos lúdicos musicalizadores, nos jogos com regras, a imaginação que trabalha, o centramento da criança, a emotividade, a afetividade, tudo. Agora, não é só isso. Essas coisas são muito bacanas, mas ao mesmo tempo eu acho que elas jogam com a gente. Se você falar que a música é muito bacana porque ela desenvolve a concentração, a disciplina, a afetividade... É verdade, é maravilhoso. Mas, você 7 pode substituir a música pelo xadrez para desenvolver a concentração. Você pode substituir a música pelo exército para desenvolvera disciplina. Então não é isso que faz da música algo essencial na educação” Para que a educação musical reflita a dimensão de uma linguagem, assumindo dessa forma um papel tão significativo no currículo quanto o Português e a Matemática, é preciso que ela seja entendida e praticada de uma outra forma. “Eu acho que a educação musical, o centro dela é a experiência musical. A música aqui e a pessoa aqui, e aqui no meio, nessa interseção é que vai acontecer a experiência musical. É uma interseção mesmo. A gente não tem condições de atuar diretamente dentro da pessoa, mas através da música a gente atinge alguns pontos dentro da pessoa. Então eu acho que é fazer essa ponte entre a música e a pessoa. Eu acho que o objeto é a experiência musical, a música mais a experiência musical, é a interseção mesmo entre o indivíduo e a música.” Nas palavras da educadora II está uma concepção para o ensino de música apoiada na importância da experiência musical imediata, na preocupação em despertar no aluno o prazer pela exploração, através de experiências relevantes que possam favorecer o seu desenvolvimento cognitivo e aumentar a sua suscetibilidade musical. Swanwick (1993, p.31), que considera a música uma forma das pessoas simbolicamente articularem suas observações e experiências com outras, acredita que 8 “a razão de valorizarmos a música (...) depende de um reconhecimento de que música é um dos grandes modos simbólicos a nós disponíveis (...). Quando alguma obra de arte nos afeta, é mais que estimulação sensorial ou algum tipo de indulgência emocional. Estamos ganhando algum conhecimento e expandindo nossa experiência.” Tal como Swanwick, a educadora II entende que o papel da música na educação parece do reconhecimento do seu valor como disciplina integrante do currículo escolar. Por se tratar de uma atividade profundamente humana, cultural e social, as experiências musicais tornam-se de grande valor para a manutenção emocional do indivíduo. Sua contribuição para o desenvolvimento da sensorialidade, da afetividade, das capacidades motoras e mentais é inegável: “O objetivo é esse: proporcionar uma vivência musical bem lúdica, bem voltada para a auto- descoberta da expressividade através da música, dos sons, da criação; para uma formação também básica, bem consistente” . Como Swanwick, as educadoras musicais entendem que as artes são expressões da vida. Elas não podem ser traduzidas. Uma idéia artística não pode estar distante da consciência crítica, ou seja, antes de requererem uma resposta crítica, busca-se uma resposta estética. A música, como as artes em geral, têm ênfase em todos os discursos. Está presente no ambiente, encontra-se em tudo o que fazemos, relaciona-se ao modo como podemos transmitir nossas idéias e experiências. Enfim, a linguagem musical pode proporcionar o entendimento e o intercâmbio entre o sujeito e o mundo. 9 De acordo com as educadoras musicais, encarar a música como uma linguagem tão importante quanto outra qualquer, capaz de contribuir para o desenvolvimento amplo do indivíduo, é um problema que envolve conhecimento, compreensão musical. É ter a consciência de que a especificidade da música está no seu entendimento como linguagem, como um sistema de sinais que pode ser vivenciado e compartilhado. Entretanto, o uso e o significado que hoje atribuem à música no âmbito escolar evidencia uma distorção e, consequentemente, uma insatisfação. As concepções e contribuições de alguns educadores musicais A partir de educadores musicais que se destacaram em alguns países, começam surgir propostas desenvolvidas por educadores musicais brasileiros. Mediante estudos feitos dos métodos ativos criados por estes educadores já citados, começam a se destacar no Brasil no final do século XIX para o século XX alguns em especial. Heitor Villa-Lobos, certamente o precursor desse tipo de iniciativa no Brasil, tentou formalizar e implantar aqui, na década de 30 um trabalho de natureza similar ao dos educadores musicais europeus na área de educação musical. Ele dizia que a receita para educar musicalmente as pessoas era através do canto orfeônico. De acordo com Mariz (1989) Villa-Lobos acreditava ser essencial educar as crianças desde pequenas desenvolvendo o senso estético. O canto orfeônico tal como ele entendia, deveria, na realidade, chamar-se educação social pela música. O canto orfeônico é o elemento educativo destinado a despertar o bom gosto musical, formando elites, concorrendo para o levantamento do nível intelectual do povo e desenvolvendo o interesse pelos efeitos artísticos nacionais. É o melhor fator de educação cívica, moral e artística. O canto orfeônico nas escolas tem como principal finalidade colaborar com os educadores para obter-se a disciplina espontânea dos alunos, despertando, ao mesmo tempo, na mocidade um são interesse pelas artes em geral (VILLA-LOBOS, 1988, p. 65). 10 A música para Villa-Lobos era considerada um elemento básico e insubstituível na formação. A música, através do canto orfeônico, deveria participar da vida cotidiana da escola, onde o ensino de música seria proveitoso para complementar a educação da criança não só para a formação de uma consciência musical, mas também para a motivação do civismo e da disciplina social coletiva. O alvo do canto orfeônico era desenvolver os principais objetivos, que segundo Villa-Lobos era desenvolver em ordem de importância, a disciplina, o civismo e a Educação Artística. Usou como metodologia difundir o Canto Orfeônico no Brasil, o qual tinha a característica de prática com conjuntos heterogêneos de vozes e tamanho muito variável. Nessa metodologia não era necessário o conhecimento musical ou qualquer treinamento vocal, o que é indispensável para a prática de coral ou outros grupos eruditos. E a autora Paz fala que: O Canto orfeônico consistia no ensino do ritmo, seguido pela entonação das notas, depois a consciência do timbre, por meio da prática dos sons com diferentes vogais e depois a consciência de dinâmica, e acreditava ter como benefícios o desenvolvimento da coordenação motora, o raciocínio lógico, a percepção dos sons, e o gosto pela música (PAZ, 2000, p. 13). Paralelo ao canto orfeônico desenvolvia-se outra importante metodologia musical – a iniciação musical. Essas duas modalidades foram idealizadas por músicos modernistas. De um lado Villa Lobos, com o canto orfeônico e, de outro, as metodologias aplicadas por Antônio de Sá Pereira e LiddyChiaffarelli Mignone que lideravam a Educação Musical. Os três músicos foram ligados ao movimento modernista. O trabalho desses educadores e musicistas que se preocuparam em sistematizar métodos de ensino, sejam os europeus, como Dalcroze, Willems, e Schafer, sejam brasileiros como Villa-Lobos, encontram eco e tem prosseguimento, modernamente, no trabalho de pessoas como a francesa Nicole Jeandot, de quem tive o privilégio de ser aluna no Bacharelado em Música entre os anos 1986 e 1988. Como professora, era muito responsável; e pontuava suas crenças sobre Educação Musical, o que redundou na obra Explorando o Universo da Música, de 1990. Neste 11 livro ela narra sua trajetória de vida, trabalho e metodologia. Hoje, está com 83 anos, sendo 48 deles vividos no Brasil. No livro Jeandot (1990) apresenta de maneira progressiva, aspectos referentes à definição dos sons e como surgiram bem como o conceito e origem da música, e a relação da mesma com a criança, instrumentos tradicionais e confecção de instrumentos. A autora acredita em uma metodologia que deve-se usar muitos jogos envolvendo música, explorando sons e silêncio, ritmos, movimento, exercícios de percepção, atenção, coordenação motora e memória, interpretação, improvisação eexpressão, e temas musicais. Os estudos, livros e pesquisas desenvolvidos pela autora são importantes para a educação musical porque ela considera a música “como uma força capaz de promover a comunicação entre o ser humano e seu ambiente além de auxiliar nos processos de reequilíbrio de crianças desajustadas” (JEANDOT, 1990, p. 9). Há muitos outros músicos pedagogos brasileiros que estão preocupados com a Educação Musical no Brasil e que têm publicado algumas obras que relatam sua preocupação e oferecem seu apoio didático através de livros que trazem grande contribuição para o professor e pesquisador e que tem interesse em trabalhar através da educação musical na escola, dentre os quais inclui-se a educadora e autora Leda Osório Mársico que publicou materiais na área de Educação Musical, dentre os quais: “A Criança e a Música”, e “Introdução à Leitura e à Grafia Musical”; Teca Brito cuja proposta para o trabalho com música na educação infantil vem se desenvolvendo há 20 anos na carreira de educadora musical, tendo realizado pesquisas sobre o assunto, colaborando na elaboração dos Referenciais Curriculares de Iniciação Musical do MEC, e em cujo livro Música na Educação Infantil, nos mostra uma visão desta não como um objeto funcional, mas como elemento importante para a formação do homem, que deixa de ser só entretenimento, e passa a agir como elemento para o aprendizado, estímulo da percepção e desenvolvimento das linguagens. A autora descreve em seu livro “Koellreutter Educador” as questões essenciais à pedagogia musical. Coloca os princípios pedagógicos que orientam a sua postura como educador e que hoje ela segue como discípula que tem sido. E Brito tem como objetivo “divulgar a metodologia usada por Koellreutter, seu pensamento e ação 12 pedagógico-musical, visando ampliar e enriquecer a formação musical, cultural e humanista de nossa gente” (BRITO, 2001, p. 21). Seja especificamente no Brasil, seja no mundo, particularmente Europa, foi nas primeiras décadas do século XX que a pedagogia musical começou a se ocupar de transformações na prática pedagógico-musical, resgatando a vivência perdida em maneiras mecânicas de ensinar. Todos os educadores citados contribuíram na criação de novos métodos de ensino. Tais fatos levam à oportunidade de modificação da transmissão mecânica e impessoal de conhecimentos, para um intercâmbio de experiências através do jogo musical e da prática criativa e prazerosa. Muitas foram as personalidades que decidiram e orientaram a reforma educativa musical, e dentre as mais representativas destacam-se o pedagogo suíço Émilie Jaques Dalcroze, que com suas descobertas abalou as bases tradicionais do ensino e aprendizagem dos ritmos e da música em geral; o compositor alemão Carl Orff, que contribuiu grandemente no campo do ritmo, da criatividade, dos instrumentos didáticos e da integração das diferentes manifestações artísticas e expressivas; Maurice Martenot, compositor francês, inventor do instrumento de ondas que leva seu nome, e que incorpora importantes recursos para o ensino do canto e da iniciação musical, baseados na psicopedagogia infantil e nas técnicas de concentração e relaxamento corporal; o compositor e pedagogo húngaro ZoltánKodaly, que conseguiu generalizar o ensino da música para crianças em seu país, aplicando a extraordinária vitalidade e o poder educativo do folclore; o filósofo e psicopedagogo musical Edgar Willems, que desenvolveu na Suíça suas bases psicológicas da educação musical, hoje amplamente difundidas. Muito ainda poderia ser dito sobre autores e métodos implementados, neste sentido, no Brasil e no mundo, mas, as informações mais relevantes para a construção dessa dissertação, e que certamente não encerram o tema, estão aí postas. É justamente a partir de todas as informações registradas nos capítulos anteriores, que será apresentada, no próximo capítulo, uma sistematização da metodologia para desenvolver práticas pedagógicas musicais que auxiliem na aprendizagem dos alunos e dos docentes iniciantes, realizando assim uma melhor implantação das aulas de música nas escolas. A metodologia a ser aqui apresentada 13 é fruto de minha experiência, ou vivência de um trabalho de mais de 20 anos, dentro de uma metodologia que desenvolvi a partir de estudos feitos por estes educadores citados anteriormente, e que poderá servir para uma melhor implantação das aulas de música nas escolas Em 20/12/96, a Lei 9.394-96 fixou novas diretrizes e bases para a Educação Musical. Os novos Parâmetros Curriculares Nacionais enfatizavam o ensino e a aprendizagem de conteúdos que colaboram para o desenvolvimento integral do ser humano e comentam que a música é “fundamental para a formação de cidadãos”. Enfatizam que a música sempre esteve associada às tradições e às culturas de cada época. Os Parâmetros Curriculares Nacionais relatam que “não estão definidas aqui as modalidades artísticas a serem trabalhadas a cada ciclo”, mas é citado que “serão oferecidas condições para que as diversas equipes possam definir em suas escolas os projetos curriculares” (BRASIL. PCN, vol. 6, 1998, p. 55). Com esta nova lei e com os novos PCN os professores de música começaram a entender que precisariam mudar a maneira de trabalhar, mas ainda não sabiam como. Foi quando comecei junto com minhas colegas a atender professores em cursos de verão em duas semanas de janeiro para os que estavam querendo se atualizar e também fazer parte desta mudança. “aula de música” cantar com todos os alunos juntos na hora da entrada em fila, e isso quando a escola tinha algum professor que gostava de cantar. Fazer com que estes futuros professores entendam que musicalizar é permitir que a criança seja sensibilizada pela música de forma dinâmica e lúdica. É o despertar musical na educação infantil, dando oportunidade para a criança fazer música e ter prazer em ouvi-la. Musicalizar é tornar a música acessível a todos. É fazer com que as crianças amem a música, preparando-as para realizar com alegria esta prática musical. É importante construir o conhecimento com o objetivo de despertar e desenvolver o 14 gosto musical através do estímulo, e assim contribuir para a formação global da criança. Incentivar esse processo de Educação Musical adaptando-o a realidade social, respeitando as fases evolutivas da criança, sendo multidisciplinar, com objetivos claros e precisos, preparando seres humanos capazes de criar, realizar e vivenciar emoções. É sempre preciso estar conectado com as inovações que surgem no meio musical acadêmico. E por causa disto tenho que participar de muitos cursos, fóruns, seminários e congressos como ouvinte e também como participante com apresentações de trabalhos, pôsteres e comunicações. A Educação Musical no contexto escolar De acordo com Maruhn, “a educação intelectual deve ser complementada por métodos que levem em conta uma variedade de possibilidades de expressão e exteriorização” (MARUHN apud HENTSCHKE, 2003, p. 117). Nesse sentido, é importante que a educação musical seja incentivada e desenvolvida desde os níveis mais elementares da escolarização de crianças, e sua inclusão no currículo escolar poderia contribuir para a formação geral do cidadão. Existe, no entanto, um número pequeno de pessoas que possuem um conhecimento exato do que vem a ser Educação Musical e qual seu papel na educação formal dos indivíduos, pois ainda existe um preconceito com relação ao que é fazer música, decorrente da ideia de que o acesso ao conhecimento musical estaria restrito aos talentosos e aos economicamente privilegiados, excluindo desta forma muitas pessoas do acesso à aprendizagem musical. No entanto, é possível perceber que da mesma forma que existem pessoas com maior predisposição para a matemática ououtros idiomas, existem pessoas com maior ou menor predisposição para a aprendizagem da música, mas todos são capazes de aprender a se expressar 15 por meio da linguagem musical, não havendo justificativa para crianças e adultos serem excluídos dessa atividade. É importante considerar o potencial educativo do ensino de música para a formação integral do aluno. Hentschke (2003) questiona o papel da Educação Musical na escola fazendo a seguinte pergunta: “por que surgem questões como: a educação musical tem que formar profissionais, e para as outras disciplinas como história ou ciência não fazem estes questionamentos?” A partir disso, a autora coloca algumas razões importantes para justificar a inserção da educação musical no currículo escolar. Entre elas, está proporcionar à criança o desenvolvimento das suas sensibilidades estéticas e artísticas, a imaginação e o potencial criativo. Desenvolver um sentido histórico da herança cultural, o cognitivo, afetivo e psicomotor, e ainda o desenvolvimento da comunicação não-verbal. Devido a estes fatores é necessário inserir a Educação Musical como uma disciplina pertencente ao currículo escolar, e não simplesmente ser uma atividade musical, que está à disposição dos aspectos promocionais das escolas, com o objetivo de preparar um repertório musical para ser apresentado em comemorações cívicas e religiosas, fazendo com que esta aprendizagem musical se tornasse enfadonha e sem significado para as crianças. Esta situação apresentada acima está relacionada ao problema da formação musical dos profissionais, que incorporam a música no cotidiano escolar, mas não possuem um conhecimento adequado acerca do processo de desenvolvimento musical das crianças, aonde podem perceber as diferentes sonorizações ao tocar ou cantar. É importante atentar para esses aspectos de forma que a música esteja presente na escola como um dos elementos formadores do indivíduo. Para que isso aconteça, é importante que o professor seja capaz de observar as necessidades de seus alunos e identificar, dentro de uma programação de atividades musicais, aquelas que realmente poderão suprir as necessidades de formação desses alunos. 16 A prática musical a partir de atividades lúdicas e de integração coletiva A música é um elemento importante na rotina diária de uma sala de aula. O contato com ela pode enriquecer a experiência da criança de inúmeras formas. Se o professor tocar ou cantar diversas músicas em diferentes situações durante todo o dia escolar, a criança assimila outras situações de aprendizagem, tais como habilidades sociais e estruturas de linguagem. As crianças são sempre aprendizes por inteiro, elas aprendem um pouco de cada coisa cada vez que têm a oportunidade. Assim como assimilam os sons vindos do processo de aprendizagem da linguagem, elas também aprendem os sons musicais experimentando-os como parte do ambiente onde estão. Ouvir os sons da sala de aula, do pátio, da rua, de casa, das lojas e dos diferentes espaços desses lugares pode ser um exercício importante para tornar o aluno atento a tudo que acontece à sua volta e desenvolver o senso crítico para aquilo que lhe diz respeito ou não. As atividades de tocar, cantar e dançar no início e no fim do dia de trabalho na escola, em situações de relaxamento, em preparação para momentos específicos da rotina de aula ou ainda em jogos interativos no pátio, podem auxiliar o professor a conhecer melhor seus alunos e desvendar o ambiente sonoro no qual seus alunos estão imersos, facilitando a comunicação e a cumplicidade entre professor e alunos, o que é um fator importante para o desenvolvimento da aprendizagem. O professor também pode desenvolver uma pesquisa de sons e diferentes tipos de música, compartilhando as culturas dos alunos e sons que estão a sua volta, motivando uma movimentação enquanto ouvem determinado tipo de música, e o professor poderá aproveitar para fazer o seu aluno se expressar musicalmente por meio dos movimentos corporais. 17 Pode ainda se utilizar dos livros sobre música, levando o aluno a se interessar pelo assunto, como os livros sobre a vida dos compositores, sobre os instrumentos musicais e a cultura musical dos diferentes países, o que pode gerar uma interdisciplinaridade da música com outras disciplinas, tais como a geografia, história, a linguagem, teatro, entre outras. Da mesma forma que os livros, vídeos, CDs e DVDs podem estar na biblioteca da escola disponibilizando um conhecimento musical para o aluno. Outras maneiras para o professor encorajar seu aluno a vivenciar música é cantar junto com os alunos, ouvir e gravar as canções executadas por eles. É possível se movimentar ou andar com a criança enquanto está ouvindo música, ou ainda tocar um instrumento para acompanhar as atividades delas enquanto se movimentam, brincam, escrevem ou desenham. Canções, histórias, jogos e movimentações auxiliam o amadurecimento social, emocional, físico e cognitivo da criança, pois a música também é um meio de fazê-la participar das atividades de grupo, e de incluir crianças com diferentes graus de desenvolvimento, aproveitando no grupo o potencial de cada uma. A partir destas colocações sobre como deve ser a música na escola, com as crianças nas aulas de musicalização e de coral na educação básica.Para uma melhor fundamentação do trabalho, é importante buscar referências em alguns educadores que desenvolveram métodos para o processo de ensinar crianças e que foram resgatados para o ensino de música infantil. É importante valorizar a natureza do afeto, caráter individual e interesses espontâneos da criança. “As canções devem ser simples e não dramáticas, e seu objetivo é assegurar flexibilidade, sonoridade e igualdade às vozes. Propor ações que não incluam a leitura musical, que só deverá ocorrer anos mais tarde” (FONTERRADA, 2005, p. 51). Buscar uma educação mais voltada à prática e que seja apropriada para crianças de acordo com o seu entendimento. Beyer (1999) coloca: “no que se refere à educação musical, as crianças não teriam que aprender a teoria, mas cantavam um amplo repertório de canções de roda e de jogos musicados” (BEYER, 1999, p. 27). 18 No século passado, educadores musicais como Emile Dalcroze (18651950), ZoltánKodaly (1882-1967), Edgar Willems (1890-1978) e Carl Orff (1895-1982) buscaram uma experiência musical na qual as crianças pudessem sentir e experimentar a música de forma lúdica e espontânea, por meio do canto, do uso do corpo e da sensibilidade auditiva, tornando a música prazerosa. Como já vimos, musicalizar é permitir que a criança seja sensibilizada pela música de forma dinâmica e lúdica. É o despertar musical na educação infantil, dando oportunidade para a criança fazer música e ter prazer em ouvila. Musicalizar é tornar a música acessível a todos, usando a música elementar que está inserida no movimento e na palavra. É fazer com que as crianças amem a música, preparando-as para realizar com alegria a prática musical. É construir o conhecimento com o objetivo de despertar e desenvolver o gosto musical através do estímulo, e assim contribuir para a formação global da criança. Esse processo de educação musical deve ser adaptado a realidade social, respeitando as fases evolutivas da criança, sendo multidisciplinar, com objetivos claros e precisos, preparando seres humanos capazes de criar, realizar e vivenciar emoções. A metodologia desenvolvida nas aulas de música, está alicerçada em cinco pontos que são essenciais para o desenvolvimento musical da criança: 1) apreciação musical, 2) senso rítmico, 3) melódico, 4) voz e 5) execução instrumental. Muitos destes aspectos se interligam e não podem ser separados, mas apenas para uma sistematização da ideia estarãopor tópicos. 19 Na apreciação musical é necessário desenvolver a percepção e discriminação sonora. Procura-se desenvolver a audibilização, que é o conjunto das funções relacionadas à Audição: percepção, discriminação, memória, figura/fundo e análise/síntese. AUDIBILIZAÇÃO Figura 1: Ouvir os sons e relacionar com as figuras Para Mársico (2003) é necessário desenvolver na criança o hábito de ouvir capacitando-a para ouvir com discernimento e propósito, pois a partir disto melhora a sua atenção, imobilidade e concentração. A percepção auditiva refere-se essencialmente à apreensão de sons e esta descoberta de ruídos e sons do seu entorno é uma das atividades que melhor proporciona o desenvolvimento delas. Desde os bebês, ouve-se música pelo puro prazer que produz o som musical (MÁRSICO, 2003, p. 147). 20 Ouvir, escutar, sentir e perceber são os fatores mais importantes para se fazer música, principalmente na fase da sensibilização. No senso rítmico busca-se a base no movimento e na palavra. As rimas são empregadas desde as primeiras aulas, usando gestos, movimentos corporais, instrumentos musicais e diferenciação de altura. ANDAR COM A MÚSICA Figura 2: Andar na pulsação com a música RIMAS NA PULSAÇÃO Figura 3: Eco das rimas com martelinhos sonoros 21 De acordo com Orff apud Mársico (2003, p. 50), o ritmo verbal deve ser o começo para o estímulo musical infantil. O movimento é a condição principal da vida da criança, e este está presente em todo o tempo na música elementar. Para o desenvolvimento da leitura rítmica associa-se o texto das rimas com as figuras grandes e pequenas conforme proposto por Kodaly, apud Ávila (1998). No entanto não se usam as palavras rítmicas (ta e titi) mas buscou-se uma adaptação de palavras para estes ritmos, (vou, vou-e) que facilita a dicção para a língua portuguesa e o movimento da ação. Usa-se os movimentos fundamentais de locomoção baseados em Stokoe apud Mársico (2003, p.59) que são explorados com canções dirigidas e movimentos livres de locomoção. RIMAS: Relacionadas com as palavras rítmicas – vouvou Adolecálepetiletomá. Réu réu vai pro céu, Vai buscar o meu chapéu, Se for novo traga o cá, Se for velho deixa lá. 22 A galinha do vizinho, Bota ovo amarelinho, Bota um, bota dois, Bota três, bota dez. Tico, tico, no fubá, Tico tico vai voar, Tico vem pra cá, Tico tico vai pra lá. 23 Caracol, caracol, Roda, roda , caracol. Uni dunitê, Salame mínguê , Um sorvete colorê, O escolhido foi você. 24 LEITURA RÍTMICA 25 TRANSFERÊNCIA DOS CARTÕES PARA OS IMÃS 26 Figura 4 e 5: Leitura dos ritmos dos cartões para imãs TRANSFERÊNCIA PARA PALITOS - Relacionar os palitos com o ritmo 27 TRANSFERÊNCIA DOS CARTÕES PARA PALITOS LEITURA DOS RITMOS COM AS PALAVRAS – VOU, VOU E 28 ACRESCENTAR OUTROS RITMOS LEITURA DOS RITMOS COM A FLAUTA Figura 6: Flauta com ritmos 29 O senso melódico é desenvolvido a partir do movimento sonoro e altura do som conforme Willems (1966). São usados movimentos da mão e do corpo, bem como gráficos elaborados pelos alunos e feito pelos professores sendo cantados ou tocados pela flauta de êmbolo. MOVIMENTO DO SOM Figura 7: Andar com o movimento do som Após ampla exploração sonora, trabalha-se com a entonação do intervalo de 3ª menor usando as rimas previamente trabalhadas e com nomes das crianças, frutas, flores, animais, cores e outros. Esses sons podem ser representados com uma criança sentada e outra em pé, colocando a mão na testa e no queixo, degrau de escada, desenhos de gangorra e outros. 30 MOVIMENTO DO SOM COM AS MÃOS - CARTÕES MELÓDICOS Figura 8: Movimento do som com a mão O trabalho com a voz começa com a imitação. As professoras e pais cantam e as crianças balbuciam e progressivamente fazem os gestos e emitem sons silábicos de acordo com a idade. É importante explorar a experimentação vocal por meio de canto espontâneo de sons, imitação dos sons de animais, balbuciar musical, experimentação livre com canções buscando “desenvolver a musicalidade da criança e ajudá-la a cantar com precisão de afinação e ritmo”. (Mársico, 2003, p.84). 31 IMITAÇÃO DOS SONS Figura 9: Repetição da canção de saudação Feres (1989) enfatiza que desde os bebês a execução instrumental é utilizada. Primeiramente de forma exploratória e livre com instrumentos leves e pequenos, com formas e cores atrativas. Gradualmente eles vão conhecendo instrumentos de percussão diferentes e tocando de forma livre com canções e brincadeiras musicais. É importante buscar uma educação mais voltada à prática e que seja apropriada para crianças de acordo com o seu entendimento. Beyer (1999) coloca: “no que se refere à educação musical, as crianças não teriam que aprender a teoria, mas cantavam um amplo repertório de canções de roda e de jogos musicados” (BEYER, 1999, p. 27). Apresento sugestões como ideias de algumas músicas que uso em minhas aulas. É necessário que o professor tenha muitas canções em seu repertório. A primeira é uma canção que trabalha o tônus muscular, onde a criança imita os movimentos da letra, fazendo o corpo rígido no primeiro verso como um boneco de pau e todo flácido, mole no segundo verso. Para iniciar, todos inclinam a cabeça, levam a mão direita nas costas e giram, como se estivessem dando corda. 32 Música: Meu Boneco de Pau - Carmen Rocha A seguir apresentamos uma canção que trabalha o movimento de pernas e pés, direito e esquerdo, giro, bem como a questão afetiva, abraço e abano. Pode ser feito em roda e o professor deve estar atento para que todos comecem com o pé direito, enfatizando a lateralidade. Música: Movimentar o pé – Carmen Rocha A próxima canção relembra as locomotivas de antigamente, que possuíam o pistão. Sempre é interessante explicar para os alunos o movimento do pistão, e como será feito com o braço, alternando direito e esquerdo, para frente e para trás. O início é cantado bem devagar, gradualmente vai ficando mais rápido e no final todos saem correndo. É interessante fazer uma fila indiana, e sempre mudar o condutor, para fazer diferentes trajetos. 33 Música: É o Pistão – Autor desconhecido contar uma história de que o palhacinho ficou doente, e que para o circo não fechar, todos precisam fingir que são o palhaço. É interessante deixar que as crianças dêem ideias sobre que outros movimentos podem fazer como dormir, beijar, arrastar o pé e outros. Música: Pula, Pula Palhacinho – Josette Feres A próxima canção é de Carmen Rocha e pode ser usada para ensinar ou revisar conteúdos musicais ou da escola, como por exemplo, formas geométricas, números, tabuada, cores, letras, instrumentos. O professor espalha no chão as figuras de acordo com os conteúdos que deseja ensinar. Por exemplo: Espalha quadrados, triângulos e círculos nas cores vermelha, amarela e azul. Quando chega a parte na música “pode já pegar”, o professor dá a ordem “círculos”,ou “círculos azuis” ou “azul”, e enquanto cantam lá, lá, lá, as crianças pegam as figuras especificadas. 34 Música: Quem viu um igual? – Carmen Rocha Na música do grilo, é interessante imitar um grilo, ou ter um de pelúcia. Apresento na aula um grilo de pilha que se mexe e faz barulho que as crianças apreciam muito. Depois na hora do canto, quando canta o “cri, cri”, as crianças podem usar martelinhos sonoros, clavas ou palmas. É uma forma de introduzir a prática instrumental de forma específica. Para encerrar a aula, é sempre recomendável fazer um relaxamento, e a música da “Joaninha” de Josette feres é muito apropriada para isto. Com os menores, recomenda-se que a professora tenha uma luva imitando uma joaninha e faça massagem nas costas, cabeça e pés das crianças. 35 Música: Joaninha – Josette Feres Para Mársico (2003) é necessário desenvolver na criança o hábito de ouvir capacitando-a para ouvir com discernimento e propósito, pois a partir disto melhora a sua atenção, imobilidade e concentração. A percepção auditiva refere-se essencialmente à apreensão de sons e esta descoberta de ruídos e sons do seu entorno é uma das atividades que melhor proporciona o desenvolvimento delas. Desde os bebês, ouve-se música pelo puro prazer que produz o som musical (MÁRSICO, 2003, p. 147). Ouvir, escutar, sentir e perceber são os fatores mais importantes para se fazer música, principalmente na fase da sensibilização. No senso rítmico busca-se a base no movimento e na palavra. As rimas são empregadas desde as primeiras aulas, usando gestos, movimentos corporais, instrumentos musicais e diferenciação de altura. BRINCADEIRAS MUSICAIS Figura 10 e 11: Canções com movimentação 36 LEITURA DOS CARTÕES COM RITMO E MELODIA – SOL E MI 37 LEITURA MELÓDICA COM MANOSSOLFA Figura 12 e 13: Leitura dos cartões com sol e mi com a manossolfa TRANSFERÊNCIA PARA A PAUTA – DO RITMO E MELODIA Partindo dessas premissas, busca-se trabalhar com a musicalização infantil tendo como objetivos: desenvolver o prazer de ouvir, reproduzir e criar música proporcionando à criança oportunidade de compreender a realidade sonora que a circunda; focalizar o trabalho com rimas, parlendas, canções folclóricas e brincadeiras tradicionais infantis resgatando o repertório tradicional e cultural do Brasil; obter uma consciência sonora e ampliar a percepção auditiva, trabalhando com as qualidades do 38 som como altura, duração, intensidade e timbre; estimular a criança a expressar-se de maneira criativa por meio de elementos sonoros; estimular na criança a autodisciplina para desenvolver a atenção e respeito ao próximo ajudando-os na convivência social. A partir deste trabalho de musicalização infantil, pode-se perceber o desenvolvimento global das crianças no que se refere à compreensão da linguagem musical bem como ao melhor desempenho na aprendizagem de conceitos e melhor socialização. A grande maioria dos alunos que fazem parte destas aulas sistematizadas pode participar de grupos instrumentais como orquestras e bandas. Percebe-se que o ensino musical desde a Educação Infantil favorece o envolvimento nas atividades vocais e instrumentais que são oferecidas pela escola. O ideal é iniciar o ensino da música cedo. Quanto antes o bebê tem contato sistemático com a exploração sonora e a voz cantada, melhor a apreensão da linguagem musical. É de suma importância que haja um equilíbrio entre o ensino musical exploratório e o sistematizado, pois ambos têm suas funções e características que precisam ser trabalhadas com as crianças. Feres (1989) diz que o professor de musicalização infantil precisa usar os vários recursos didáticos e pedagógicos disponíveis, conhecendo materiais e técnicas de ensino e aprendizagem que irão favorecer a percepção e a execução musicais do aluno. Todas as atividades realizadas na aula precisam ser desenvolvidas por meio do lúdico, buscando o prazer e a alegria de fazer música resgatando e preparando as crianças para a cidadania plena. Algumas atividades práticas que são utilizadas dentro da metodologia aplicada nas minhas aulas são desenvolvidas nas brincadeiras em rodas, canções folclóricas, canções com movimentos corporais, faciais e gestuais, enfatizando as partes do corpo. 39 BRINCADEIRAS DE RODA Figura 14: A classe cantando na roda A utilização dos instrumentos da bandinha e de percussão, ouvir e conhecer os timbres dos instrumentos, bem com as famílias de cada um. Schafer (1991) fala da importância de trabalhar com as paisagens sonoras por meio de músicas de vários estilos, e ainda explorar as atividades com manossolfa que facilitam aprender as notas musicais e intervalos. INSTRUMENTOS DE PERCUSSÃO Figura 15: Instrumentos – site da JOG O trabalho de musicalização é enriquecido com o andar nas diferentes pulsações e de diversas formas, bem como desenvolver a partir de materiais 40 confeccionados uma leitura com cartões de rimas e ritmos. É de suma importância utilizar os jogos pedagógicos musicais, para uma melhor compreensão e fixação dos conteúdos aplicados nas aulas, bem como aproveitar para desenvolver a dramatização com histórias sonorizadas com o próprio corpo, instrumentos musicais ou outros objetos sonoros. JOGOS E ATIVIDADES MUSICAIS Figuras 16 e 17 – Jogos do site Menestrel Figura 18 - Jogo do site Menestrel 41 BINGO MUSICAL Figura 19: Jogo Bingo DOMINÓ DAS FIGURAS MUSICAIS 42 Figuras 20 Figuras 16 a 20 dos jogos: Site da Menestrel FAMÍLIA DOS INSTRUMENTOS Os instrumentos podem ser classificados em instrumentos de: sopro, corda, percussão e eletrônicos. Instrumentos de sopro: DE METAL-Trompete, trompa, trombone, tuba, bombardinoetc... DE MADEIRA – Flauta transversal, flautim, flauta doce, saxofone, oboé, clarinete, clarone, fagote, saxofone, corn-inglês e outros. 43 Em conjunto com o processo e atividades desenvolvidas nas aulas de musicalização, faz parte do estudo sistemático também a aula de Coral que favorece e estimula as diversas áreas do conhecimento. REFERENCIAS ALMEIDA, Renato. A História da Música Brasileira. Universidade do Texas, F. Briguiet: 1926. 44 ANDRADE, Mário. Pequena Historia Da Música. Martins Editora, 1980. BELLOCHIO, Claúdia Ribeiro. 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