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AÇÃO DE ALIMENTOS_ ASPECTOS PROCESSUAIS PELO CPC_2015

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AÇÃO DE ALIMENTOS: ASPECTOS PROCESSUAIS PELO CPC/2015.
Júlia Luchtenberg Eyng [footnoteRef:0] [0: Graduanda em Direito pelo Centro Universitário de Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí. Código Acadêmico:1011145. E-mail: julia.eyng@unidavi.edu.br ] 
Júlia Mara Mendonça[footnoteRef:1] [1: Graduanda em Direito pelo Centro Universitário de Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí. Código Acadêmico: 1011819. E-mail: julia.mendonca@unidavi.edu.br] 
Tuany Veronica Assing[footnoteRef:2] [2: Graduanda em Direito pelo Centro Universitário de Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí. Código Acadêmico: 1011839. E-mail:tuany.assing@unidavi.edu.br] 
RESUMO
O presente trabalho acadêmico de Direito de Família tem por objetivo destacar os aspectos processuais e penais referentes a ação de alimentos pelo CPC/2015. O trabalho foi fundamentado em um estudo onde apresenta entendimentos doutrinários do Direito de Família Brasileiro, entendimentos jurisprudenciais e texto de lei do ordenamento jurídico brasileiro. 
Palavras-chave: Direito de Família. Ação de Alimentos. Processo Civil.
FOOD ACTION: PROCEDURAL ASPECTS BY CPC/2015.
ABSTRACT
This academic work on Family Law aims to highlight the procedural and criminal aspects related to food claims by CPC / 2015. The work was based on a study where it presents doctrinal understandings of Brazilian Family Law, jurisprudential understandings and text of law of the Brazilian legal system.
Keywords: Family right. Food Action. Civil Procedure.
1 INTRODUÇÃO
O objeto do presente trabalho acadêmico da disciplina de Direito de Família visa informar e aprofundar o conhecimento no que concerne a ação de alimentos, baseando-se em aspectos processuais pelo CC/2015, sua formação histórica bem como a instituição e positivação deste como obrigatório e indispensável à subsistência daquele que o postula, serão abordados pelo presente trabalho.
O seu objetivo institucional é a produção do trabalho acadêmico como requisito parcial para a aprovação na fase corrente da graduação em Direito pelo Centro Universitário para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí- UNIDAVI- Campus de Rio do Sul. 
O objetivo geral deste trabalho acadêmico é aprofundar o conhecimento no que tange a ações de alimentos, de modo que, a partir do estudo, possamos conseguir analisar os reflexos das mudanças ocorridas com o CC/2015, a fim de aperfeiçoar o conhecimento sobre o tema em questão.
O Método de abordagem a ser utilizado na elaboração desse trabalho de curso será o indutivo; o Método de procedimento será o monográfico. O levantamento de dados será através da técnica da pesquisa bibliográfica. 
Trata de um estudo referente à Ação de Alimentos no Direito Civil Brasileiro, apresentando desde sua história romana, até o presente momento.
O presente trabalho acadêmico da disciplina de Direito de Família da 5ª fase do Centro Universitário para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí- UNIDAVI encerrar-se-á com as Considerações Finais nas quais serão apresentados pontos essenciais destacados dos estudos e das reflexões.
1 VISÃO HISTÓRICA DA OBRIGAÇÃO DE ALIMENTOS 
Ao adentrar no passado do direito alimentar, seguimos uma linha evolutiva que vem desde o direito romano, até o advento dos dias atuais. No direito romano, como sabe-se, o poder do patriarca no que refere-se a família era muito grande. O modelo de família era centralizado somente na figura paterna, que era quem comandava e dirimia as funções dentro da comunidade familiar a quem pertencia, tendo sobre os integrantes da família, um poder quase absoluto. 
Na época, não existia uma obrigação alimentar positivada, e sim, um dever moral e ético em relação a subsistência dos parentes de primeiro grau, o que ficou conhecido como officium pietatis. 
 Explica Orlando Gomes (1998, p.39)
A família romana assentava-se no poder incontrastável do pater famílias, “sacerdote, senhor e magistrado”, em sua casa –que se exercia sobre os filhos, a mulher e os escravos, multi fortemente, permitindo-lhe dispor livremente das pessoas e bens, a ponto de se lhe reconhecer o jus vitae et neci. (...) A figura singular do pater famílias absorve inteiramente a dos outros membros do grupo. A esposa está in manu, perdurando o vínculo conjugal enquanto existisse a affectio maritalis. Os filhos são incapazes. Bens que adquirissem, pertenciam-lhe, salvo os que podiam constituir determinados pecúlios, ampliados no direito pós-clássico. Sobre os escravos exerciam da dominica potestas. Monogamia e exogamia, a família romana traduz o patriarcado na sua expressão mais alta. [footnoteRef:3] [3: GOMES, Orlando. Direito de Família. Rio de Janeiro: Forense.1998.] 
Atualmente, o direito a alimentos está positivado e encontra-se na Constituição Federal, no Código Civil, Leis específicas e também, em Princípios. Vale ressaltar a importância do princípio da dignidade da pessoa humana para questões que envolvam o direito de família, que, para muitos doutrinadores, é o princípio base deste ramo do direito. Pois, em uma discussão que envolva essa instituição, decisões magistrais precisam ter prudência para o mais correto julgamento com condições de vida que permitam o alimentado pleno desenvolvimento pessoal e social do desamparado.
 
Desta maneira, Ensina Maria Berenice Dias (2019)
“O Estado não tem apenas o dever de abster-se de praticar atos que atentem contra a dignidade humana, mas também deve promover essa dignidade através de condutas ativas,garantindo o mínimo existencial para cada ser humano em seu território” [footnoteRef:4] [4: DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 11ª ed. São Paulo: Thomson Reuters. 2019, p. 73.] 
De outro norte, o Código de Processo Civil em seu art. 8.º, também dispõe sobre este princípio,
“Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência” [footnoteRef:5] [5: BRASIL. Lei nº5.869, de 11 de Janeiro de 1973. Código Processual Civil. Diário Oficial da União, Brasília, 11 de janeiro de 1973.Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5869>. Acesso em: 20 jun 2020.] 
Para fins de importância dos princípios que regem o ordenamento jurídico, há de ser citado o comum entendimento do Supremo Tribunal de Justiça, que em decisão reluziu que o imóvel que reside pessoa solteira é tido como bem de família, baseando-se no princípio da dignidade humana, sendo este, protegido pela impenhorabilidade.
“PROCESSUAL EXECUÇÃO - IMPENHORABILIDADE IMÓVEL - RESIDÊNCIA DEVEDOR SOLTEIRO E SOLITÁRIO LEI 8.009/90. - A interpretação teleológica do Art. 1º, da Lei 8.009/90, revela que a norma não se limita ao resguardo da família. Seu escopo definitivo é a proteção de um direito fundamental da pessoa humana: o direito à moradia. Se assim ocorre, não faz sentido proteger quem vive em grupo e abandonar o indivíduo que sofre o mais doloroso dos sentimentos: a solidão. - É impenhorável, por efeito do preceito contido no Art. 1º da Lei 8.009/90, o imóvel em que reside, sozinho, o devedor celibatário.[footnoteRef:6] [6: STJ - EREsp: 182223 SP 1999/0110360-6, Relator: Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira,
 Data de Julgamento: 06/02/2002. JusBrasil, 2002, Disponível em: <https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/7475998/embargos-de-divergencia-no-recurso-especial-eresp-182223-sp-1999-0110360-6> Acesso em: 21 de junho de 2020.] 
2 DOS ALIMENTOS
A ação de alimentos é disciplinada pela Lei nº 5.478/68, l. Os alimentos englobam tudo o que é essencial para que determinada pessoa viva com dignidade e supra suas necessidades, sendo este, um direito personalíssimo, impenhorável e imprescritível. Há uma relação de cunho obrigacional, onde conseguimos identificar a figura do devedor e o do credor bem estabelecidas, com a formação dos pólos da relação processual. 
 No direito de família, a obrigação de prestar alimentos deriva do poderfamiliar, da dissolução do casamento e/ou da união estável, ou de qualquer vínculo parentesco. Uma peculiaridade é a de ser um direito extremamente individual, e isso é o que a distingue dos vários outros campos de direitos e obrigações.
No que tange aos alimentos, o Código Civil não traz um conceito de maneira expressa. Tais conceitos são buscados doutrinariamente. 
Nesse sentido, Sílvio de Salvio Venosa (2020,p 379)
“Alimentos, na linguagem jurídica, possuem significado bem mais amplo do que o sentido comum, compreendendo, além da alimentação, também o que for necessário para moradia, vestuário, assistência médica e instrução. Os alimentos, assim, traduzem-se em prestações periódicas fornecidas a alguém para suprir essas necessidades e assegurar sua subsistência”[footnoteRef:7] [7: VENOSA, Silvio de Salvio. Direito Civil - Família. São Paulo: Atlas, 2017. p.379.] 
	Os alimentos podem ser conceituados como as prestações devidas para a satisfação das necessidades pessoais daquele que não pode provê-las pelo trabalho próprio, buscando assim, auxilio na justiça perante seus parentes consanguíneos.
2.2 DOS PRESSUPOSTOS DA OBRIGAÇÃO
O artigo 1.695 do Código Civil dispõe referente aos pressupostos ao pedido de alimento, e discorre da seguinte forma:
“São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.”
Os pressupostos da obrigação alimentar são:
· Existência de laços familiares. Neste ponto faz necessário o vínculo entre o polo passivo e o ativo da relação processual. 
· Necessidade alimentar daquela que pleiteia a ação. Necessita provar que àquele não possui condições financeiras, ausência de recursos próprios e impossibilidade de obtê-los por seus próprios esforços, tendo culpa em sua redução ao estado de necessidade, serão devidos apenas os alimentos naturais, ou seja, os necessários a sua subsistência.
· Capacidade daquele para poder prover os alimentos. O polo passivo da ação não pode ficar em situação de falência.
2.3 PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS
Os parentes, os cônjuges ou companheiros podem pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver desde que seja compatível com a sua condição social, inclusive para atender as necessidades de sua educação. Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. 
São fundamentos constitucionais da obrigação de prestar alimentos:
· Princípio da preservação da dignidade da pessoa humana;
· Princípio da solidariedade social e familiar.
3 ALIMENTOS PROVISÓRIOS
De acordo com a lei 5.478/68 alimentos provisórios são aqueles arbitrados liminarmente pelo juiz, ou seja, sem ouvir o réu. Este tipo de alimentos é possível quando houver prova pré-constituída do parentesco, casamento ou união estável. A intenção dos alimentos provisórios é não haver prejuízo ao Alimentando na pendência do julgamento definitivo da Ação de Alimentos. 
É necessário destacar que a obrigação alimentar em relação aos filhos pertence a ambos os genitores, na proporção de suas possibilidades financeiras, artigo 1.568 do Código Civil: “Os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de seus bens e rendimentos do trabalho, para o sustento da família e a educação dos filhos, qualquer que seja o regime patrimonial”. 
A própria expressão “alimentos provisórios” dá o sentido de sua natureza, vigoram temporariamente. Os alimentos assim estabelecidos subsistem até a data da sentença, oportunidade em que são fixados os alimentos definitivos. A partir do momento em que definidos na sentença, os alimentos perdem o caráter de transitoriedade e tornam-se definitivos. Proferida a sentença depois de ultimada a fase de cognição, o encargo alimentar não é mais provisório, passando a valer o novo montante fixado pelo juiz como alimentos definitivos.
A sentença serve de marco final de vigência dos alimentos provisórios ou provisionais. O simples fato de estar ela sujeita a recurso não retira a exigibilidade dos alimentos, de modo que os provisórios (que vigem da data em que fixados até a sentença) e os definitivos (que vigoram a partir da sentença) podem ser executados de imediato e conjuntamente. 
Essa, é a posição do STF, que no ano de 1975 decidiu:
 “A quantia da pensão alimentícia fixada provisoriamente em decisão liminar não prevalece, é óbvio, sobre a que foi arbitrada na sentença final: se a medida liminar é a satisfação provisoriamente antecipada do pedido, como sustenta a doutrina dominante (Calamandrei, José Alberto dos Reis), a eficácia da decisão pela qual o juiz resolve deferi-la não ultrapassa o momento em que for editada a sentença, porque a primeira, resolvendo questão incidente, não tem como preponderar sobre a outra, que põe termo ao processo julgando o mérito da causa (CPC, art. 162, §§ 1° e 2°).” [footnoteRef:8] [8: Alimentos provisórios. Período de vigência. Apelação. Efeitos. Os alimentos fixados provisoriamente initio litis são devidos desde a data de sua fixação até a data da decisão que fixa os alimentos definitivos. A partir da sentença, o valor dos alimentos é o fixado pelo juiz, uma vez que a sentença desafia recurso no só efeito devolutivo. O efeito singular do recurso serve para não obstaculizar a cobrança e produz efeitos modificativos desde a sua prolação. Não é a data do julgamento no segundo grau e nem o trânsito em julgado que opera a mudança do valor dos alimentos provisórios pelo quantum fixado pelo juiz singular. Apelo provido em parte. (AC 70007718737, 7ª CC do TJRGS, Relª. Desª. Maria Berenice Dias, julgado em 18/2/2004).
] 
Os alimentos provisórios e provisionais, quer fixados no início da ação, quer incidentalmente durante a tramitação da demanda, têm como marco final de vigência a data da sentença de primeiro grau. A sentença que altera os valores fixados inicialmente passa a produzir efeitos imediatos, tanto que somente desafia recurso no efeito devolutivo. Portanto, não é a data do julgamento do recurso no segundo grau ou o seu trânsito em julgado que marcam a conversão dos alimentos de provisórios para definitivos.
Os alimentos provisórios nunca são devidos para além da data da sentença, independente de haver o juiz elevado ou reduzido o quantum alimentar. Ainda que o art. 587 do CPC autorize execução provisória somente quando a sentença é impugnada por recurso recebido apenas no efeito devolutivo, em sede de alimentos não há como falar em execução provisória, em face de sua natureza. De tal sorte, os alimentos definitivos, também chamados de regulares, decorrem de acordo ou ato decisório “final” do juiz, e ostentam “caráter permanente, ainda que sujeitos a eventual revisão”.
4 ALIMENTOS PROVISIONAIS 
Os alimentos provisionais são os de origem e natureza processual e nada têm a ver com os alimentos civis. Como foi exposto acima, mesmo que a pessoa que não tenha direito aos alimentos civis pode ter direito aos alimentos provisionais. De outra linha, também a pessoa não obrigada aos alimentos civis, poderá estar obrigada aos alimentos processuais (provisionais).
A finalidade destes alimentos é garantir recursos para que a parte necessitada possa exercer o seu direito de acesso à justiça através de processo, que de outra forma alijada de tal exercício. Atende aos princípios do acesso à justiça e o da dignidade da pessoa humana.
Como os alimentos provisionais somente existem em referência a um processo principal, quando a parte interessada necessita deles para assegurar o seu direito de participação no processo e o acesso à justiça. Para a sua postulação haverá de se valer a parte de petição inicial (art. 854, do CPC) para a abertura do processo cautelar em separado, tendo em vista que não pode tal modalidade ser postulada dentro do processo principal.
 
5 COMENTÁRIOS ACERCA DA LEI 11.804/2008
A lei 11.804 foi sancionada no dia 05 de novembro de 2008, e entrou em vigor a partir de sua data de publicação. A lei foi denominada“Lei dos Alimentos Gravídicos”. Os alimentos gravídicos são aqueles pagos por um genitor à uma gestante, para garantir que o nascituro disponha de uma gestação segura e saudável. Portanto, a gestante que não possuir qualquer ajuda do pai, poderá propor ação de alimentos diante da Lei 11.804/08.
Para compreendermos como a lei que assegura à gestante o direito de requerer do suposto pai alimentos gravídicos, faz-se necessário entendermos como funciona a personalidade civil do nascituro, nesse quesito há divergências doutrinárias que são embasadas por três diferentes teorias, que serão expostas no decorrer do artigo.
Tendo em vista o que se consta no Art. 2º do Código Civil Brasileiro “a personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida, mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.”, temos a teoria majoritária que entende que o direito de propor alimentos gravídicos é da mãe, mas com o nascimento do nascituro a responsabilidade da ação passa a criança que será assistida pela mãe.
Há também, a teoria concepcionista, que dá ao nascituro a legitimidade de requerer alimentos gravídicos sendo tão somente representado pela gestante, pois acreditam que a personalidade jurídica nasce junto com a concepção.
E, por último, há a legitimidade passiva que é do suposto pai, de requerer que os futuros avós paternos arquem com os alimentos, quando o mesmo não possuir condições de tomar responsabilidade dos alimentos. 
5.1 COMO REQUERER ALIMENTOS GRAVÍDICOS
Para que a gestante possa requerer alimentos gravídicos, basta que ocorra a comprovação de indício de paternidade, não sendo preciso prova robusta, conforme se deduz no art. 6º da citada lei: 
“Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré.” (Art. 6º, Lei 11.804/2008) [footnoteRef:9] [9: BRASIL.Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 28 agos. 2019.] 
Existindo indícios de paternidade, o juiz deverá fixar os alimentos, sendo estes devidos por toda a gestação até o nascimento do nascituro, e conforme o parágrafo único do art. 6º da lei 11.804/2008, após o nascimento os alimentos gravídicos serão convertidos em pensão alimentícia até que sua exoneração ou revisão seja solicitada. Destaca-se que para que ocorra essa conversão em pensão, o nascituro deve nascer com vida.
Pode ocorrer casos em que o pai não tenha condições de arcar com os alimentos gravídicos, e esgotando todas as formas que se pudesse fazer com que o genitor assuma as custas dos alimentos, poderá a mãe requerer que os alimentos sejam pagos pelos futuros avós, o que chamamos de alimentos gravídicos avoengos.
Após o nascimento, é de direito do suposto pai, que seja realizado o exame de DNA para a comprovação de paternidade, e caso o exame revele que ele não é o pai biológico da criança, poderá o mesmo ingressar com ação indenizatória caso seja comprovada a má-fé da genitora sendo amparado pelo art. 186 do CC.
5.2 FIXAÇÃO DOS ALIMENTOS GRAVÍDICOS
Os alimentos gravídicos serão fixados tendo como base o binômio da necessidade - possibilidade, ou seja, necessidade do nascituro que vem a ser percebido pela mãe do nascituro, e a possibilidade do suposto pai. 
A referida Lei, em seu Art. 2º, dispõe que se compreende por alimentos gravídicos os valores suficientes para cobrir o período de gravidez, entrando nesse valor por exemplo gastos referente a alimentação diferenciada, acompanhamento psicológico, parto, internação, consultas médicas, medicamentos e exames.
Quando a lei for omissa, aplicar-se a de forma complementar a Lei 5.478/68 (lei de alimentos), bem como o Novo Código de Processo Civil.
Em regra, ação de alimentos gravídicos se dará no foro de domicílio da gestante conforme prevê o Art. 53,II, do CPC, bem como a súmula 383 do STJ.
6 AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS
O pagamento da pensão alimentícia leva em consideração o binômio da necessidade - possibilidade, que está previsto no Artigo 1.694, § 4º, do nosso código civil brasileiro, onde o juiz que deverá fixar os alimentos irá analisar a necessidade de quem possui o direito de receber e a possibilidade de pagamento do alimentante. Seguindo essa linha, o mesmo binômio é utilizado para uma possível ação de revisão de alimentos.
O binômio da necessidade - possibilidade é utilizado para que haja um certo equilíbrio entre as partes, e pode ser instituído pelo juiz, ou pode ser um acordo comum das partes, para que assim a parte que paga não seja de certa forma sobrecarregada e a parte que recebe não tenha um enriquecimento ilícito.
Portanto, seguindo esse binômio, caso alguma das partes sofrer alguma alteração em sua situação real, o valor fixado pode sim sofrer diminuição ou majoração, por meio de uma ação revisional de alimentos. 
A ação revisional de alimentos está amparada pela lei 5478/68 em seu artigo 15, que prevê que a sentença que fixa alimentos não transita em julgado, podendo ser revista a qualquer momento, quando houver modificação no quadro financeiro de alguma das partes. 
Dois breves exemplos de ação revisional de alimentos que podem ocorrer são: uma mãe que tem um filho recém nascido, utiliza os alimentos para despesas médicas, exames, remédios, higiene e alimentação, contudo com o crescimento dessa criança dentro dos gastos vão ingressando gastos com material escolar, uniforme e mensalidade, podendo a assim ser modificada a sentença que fixa os alimentos por meio da necessidade. Em contrapartida, temos a modificação por meio da possibilidade, que pode ocorrer por exemplo, quando um alimentante perde o emprego ou terá outros filhos.
6.1 AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS E O COVID-19
Com a chegada da Covid-19, o direito de família ganhou muita notabilidade, principalmente em se tratando da continuidade ou não de pagamento de pensão alimentícia, isso por que, não muito tempo após o início da pandemia uma grande demanda de alimentantes ingressou com ação revisional de alimentos pedindo a alteração do valor fixado para pagamento, alegando que haviam sofrido uma alteração em sua capacidade financeira, apresentando como prova a própria pandemia ou notícias relacionadas a economia global.
Contudo, a pandemia por si só, não pode servir como fundamento para redução de alimentos, isso porque apesar de muitos setores terem sido notoriamente afetados, outros aumentaram consideravelmente os serviços, como por exemplo farmácias, clínicas médicas e empresas de delivery. 
Outro ponto que se deve analisar é que, com a pandemia sofremos um tempo de quarentena, que suspendeu as aulas, portanto houve uma certa economia se tratando de combustível e alimentação fora de casa, bem como o tempo de lazer dos fins de semana, e academias permaneceram fechadas.
Pensando nisso, conclui-se que a pandemia apenas, não deve ser motivo de majoração ou diminuição de alimentos, e sim a alteração na parte financeira de uma das partes, que motive uma mudança direta no binômio da necessidade - possibilidade, como por exemplo se alguma das partes tem o salário reduzido ou até mesmo seja demitido de seu trabalho.
7 PRISÃO CIVIL DO DEVEDOR DE ALIMENTOS.
A prisão civil consuma-se por conta de uma dívida não paga, e tem natureza jurídica de direito privado. No art. 5º LXVII destaca-se “ não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel”, distinguindo assim a prisão civil da prisão penal e administrativa, de modo que a prisão civil tenha como objetivo conseguir o adimplemento das prestações devidas ao alimentando.
Antes mesmo da prisão ser decretada, o credor pode requerer que o alimentante em três dias pague a dívida, prove que a pagou ou até mesmo justifique o motivo de estar impossibilitado de pagar os alimentos, e então caso uma das três alternativasnão ocorra no prazo, a prisão poderá ser decretada.
7.1 PRAZOS DA PRISÃO CIVIL
Quando se tratar de alimentos definitivos ou provisórios, o artigo 19 da Lei de Alimentos (5.478/68), traz um prazo de até 60 dias (sessenta dias). Os alimentos provisionais, estão amparados pelo artigo 733, § 1°, do Código de Processo Civil, que demanda um prazo de até 3 meses (três meses) caso haja a falta de pagamento.
Assim, tratando de prestações vencidas até 03 meses, o executado pode optar pelo procedimento do Art. 528 do CPC, para optar que esse pagamentos seja feito por prisão. Alternativamente, o devedor poderá requerer que o cumprimento de sentença se faça por o artigo 523 e seguintes, também do Código de Processo 
Contudo, no geral tem se aplicado um prazo de 60 dias (sessenta dias) para todos os alimentos, sendo assim aplicado o artigo 19 da Lei de Alimentos (5.478/68), por se tratar de lei especial.
Cabe dizer que, a prisão civil será cumprida em regime fechado, devendo o preso de alimentos estar separado dos demais componentes da cela.
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apresentados os conteúdos acima, é o momento de extrair algumas conclusões, para facilitar a compreensão do que foi até agora exposto.
 As modificações introduzidas pelo atual Código de Processo Civil (CC/2015), são de extrema importância para o alimentando, já que se fez a um formato mais coercitivo para o cumprimento da obrigação, buscando agilizar a ação para requerer o alimento devido.
Os alimentos englobam tudo o que é essencial para suprir suas necessidades, sendo este, um direito personalíssimo, impenhorável e imprescritível. Faz-se necessária uma conscientização do alimentante e do alimentando, para que seja observado o trinômio da necessidade, possibilidade e proporcionalidade, respeitando a necessidade do alimentando em receber os alimentos, a possibilidade financeira contributiva do alimentante e, por fim, a proporcionalidade do pedido, procurando a estabilidade entre as partes e uma agradável convivência entre os referidos entes.
	Por fim, entende-se que a ação de alimentos é muito importante, pois visa garantir o alimento ao desamparado, por mais que esta obrigação deva vir da consciência de quem deve alimentos, na maior parte dos casos há a necessidade de meios judiciais para haver esta cobrança.
	Concluímos que esse instituto é de grande importância para não deixar pessoas desamparadas.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº5.869, de 11 de Janeiro de 1973. Código Processual Civil. Diário Oficial da União, Brasília, 11 de janeiro de 1973.Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5869>. Acesso em: 20 junho 2020
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 11ª ed. São Paulo: Thomson Reuters. 2019, p. 73.
GOMES, Orlando. Direito de Família. Rio de Janeiro: Forense.1998.
STJ - EREsp: 182223 SP 1999/0110360-6, Relator: Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira,
 Data de Julgamento: 06/02/2002. JusBrasil, 2002, Disponível em: <https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/7475998/embargos-de-divergencia-no-recurso-especial-eresp-182223-sp-1999-0110360-6> Acesso em: 21 de junho de 2020.
VENOSA, Silvio de Salvio. Direito Civil - Família. São Paulo: Atlas, 2017. p.379
https://direitoreal.com.br/artigos/alimentos-gravidicos-analise-acerca-da-lei-n-11-804-08 Acesso em 25 de junho 2020
https://www.migalhas.com.br/depeso/313526/revisional-de-alimentos-possibilidade-de-mudanca-na-prestacao-alimenticia Acesso em 25 de junho de 2020
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/8750/Prisao-civil-do-devedor-de-alimentos Acesso em 26 de junho de 2020
http://www.normaslegais.com.br/guia/clientes/alimentos.htm. Acesso em 27 de junho de 2020
http://www.ibdfam.org.br/artigos/143/Alimentos+provis%C3%B3rios+e+provisionais%2C+desde+e+at%C3%A9+quando%3F. Acesso em 28 de junho de 2020

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