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Ação de alimentos avoengos

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Ação de alimentos avoengos - Modelo de petição
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA DA FAMÍLIA DA COMARCA DE .
, brasileiro, menor impúbere, nascido em , nestes atos representado por sua genitora , brasileira, , RG nº , inscrita no CPF nº , ambos residentes e domiciliados na no município de , vem à presença de Vossa Excelência, por seu representante constituído propor
AÇÃO DE ALIMENTOS AVOENGOS
Em caráter complementar
em face de , brasileiro, , RG nº CPF nº , e de , brasileiro, , RG nº CPF nº , ambos residentes e domiciliados na na cidade de com fulcro no artigo 528 do Código de Processo Civil, pelos fatos e motivos que passa a expor.
DOS FATOS
Nos autos do processo nº , restou acordado que o genitor pagaria ao Autor, a título de prestação alimentícia, o equivalente a % do salário mínimo nacional vigente, até o dia de cada mês, a ser depositado na conta corrente em nome da Genitora do Autor. O acordo foi homologado em , conforme sentença em anexo.
Todavia, o Executado não cumpriu com sua obrigação, estando inadimplente quanto às parcelas dos meses de , cujos valores encontram-se demonstrados e atualizados, inclusive com a incidência de juros moratórios, até a presente data, na tabela em documento anexo.
A genitora buscou, amigavelmente, receber a quantia devida pelo genitor, não obtendo êxito. As execuções movidas restaram infrutíferas, conforme certidões em anexo, sendo obrigada a recorrer a esta via para tentar garantir o sustento da criança.
Para o pleito de alimentos avoengos é indispensável a comprovação da insuficiência do alimentante e do esgotamento de todas as vias cabíveis para se auferir alimentos do responsável direto (genitores).
 DO DIREITO AOS ALIMENTOS AVOENGOS
Após o esgotamento das tentativas de se obter a prestação alimentícia do alimentante responsável, a lei traz regras claras quanto à obrigação alimentar avoenga, nesses casos:
Art. 1.696 – O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros.
Art. 1.698 – Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide.
Desse modo, diante da demonstração inequívoca da incapacidade dos genitores, todos os ascendentes devem responder com os alimentos devidos aos netos.
J.M. CARVALHO SANTOS, ao disciplinar sobre o tema, in Código Civil Brasileiro Interpretado, Ed. Freitas Bastos, vol. VI, p. 170, escreveu que:
“Na falta de pais, ou se estes estão impossibilitados de cumprir essa obrigação, pode o filho, sem recursos para sua subsistência, pedir alimentos aos avós, nas mesmas condições em que os pediria aos pais, a dizer: sem distinção de sexo e de regime de bens, na proporção dos seus capitais e na medida das necessidades do alimentário
No mesmo sentido, ao disciplinar sobre o tema MARIA HELENA DINIZ, em seu Curso de Direito Civil, destaca:
“Nada obsta, havendo pluralidade de obrigados do mesmo grau que se cumpra a obrigação alimentar por concurso entre parentes, contribuindo cada um com a quota proporcional aos seus haveres; se a ação de alimentos for intentada contra um deles, os demais poderão ser chamados a integrar a lide (CC, art. 1.698) para contribuir com sua parte, distribuindo-se a dívida entre todos. Na sentença, o juiz rateará entre todos a soma arbitrada e proporcional às possibilidades econômicas de cada um, exceto aquele que se encontra financeiramente incapacitado, e assim cada qual será responsável pela sua parte. Se, por acaso, algum dos obrigados suportar o encargo, satisfazendo, totalmente, o necessitado, não há o que se exigir dos outros. Não há, portanto, solidariedade, por ser divisível a obrigação.” (Curso de Direito Civil Brasileiro. 17ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002, v. 5, p. 471)
A jurisprudência, a seu turno, segue o mesmo raciocínio:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE ALIMENTOS. OBRIGAÇÃO AVOENGA. MENOR RECÉM NASCIDA. PAI QUE NÃO PRESTA QUALQUER ASSISTÊNCIA. ALEGADA INCAPACIDADE FINANCEIRA. DESEMPREGO PELA GENITORA. AVÓS QUE POSSUEM CONDIÇÕES DE PRESTAR ALIMENTOS. DECISÃO A QUO QUE ARBITRA OS PROVISÓRIOS EM 20% DO SALÁRIO MÍNIMO. INSUFICIÊNCIA PARA A SUBSISTÊNCIA DA MENOR. DECISÃO REFORMADA. ALIMENTOS FIXADOS EM 1 (UM) SALÁRIO MÍNIMO. AGRAVO PARCIALMENTE PROVIDO. Cediço que o critério para fixação do quantum alimentício é a conjugação proporcional de dois elementos: possibilidade econômica do alimentante e a necessidade do alimentado, nos termos do § 1º , do art. 1.694 , do Código Civil . A obrigação alimentar dos avós, nos termos do art. 1.696 do CC/2002 , detém característica subsidiária ou complementar, se justificando nos casos de incapacidade dos pais de arcar com tais despesas. O fato do pai da menor não prestar qualquer assistência e da genitora se encontrar desempregada, autorizam, numa análise superficial, a fixação da obrigação alimentar provisória aos avós, que detém condições de contribuir. A alegação do Agravado de que a autora da ação de alimentos tem obrigação de demandar, inicialmente, contra o genitor da criança, é afirmação que deve ser analisada em primeiro grau, sob pena de supressão de instância e reformatio in pejus, mormente porque o Recorrido não se insurgiu com o recurso próprio e em momento oportuno. Majoração dos alimentos provisionais inicialmente fixados para 01 (um) salário mínimo, a princípio e de acordo com os elementos carreados, para fazer frente à manutenção da menor. Saliente-se que somente no decorrer da instrução e com o correspondente exame de fundo da quaestio será possível solução definitiva acerca do pedido inicial. (Classe: Agravo de Instrumento,Número do Processo: 0021727-78.2015.8.05.0000, Relator (a): Marcia Borges Faria, Quinta Câmara Cível, Publicado em: 09/09/2016 )
No presente caso restou demonstrada a incapacidade financeira do genitor em arcar com sua quota-parte na obrigação alimentar, razão pela qual cabível a intervenção dos avós como obrigados a prestar alimentos.
DO BINÔNIO NECESSIDADE-POSSIBILIDADE
Em clara redação, o Código Civil estabelece a proporção ideal ao estabelecimento dos alimentos, vejamos: 
“Art. 1.694, § 1º. Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada”.
Nesse sentido, importa destacar que a necessidade de quem recebe os alimentos, é de presumível relevância, uma vez que o Alimentando é criança e, como tal, demanda inúmeros gastos com escola, saúde, alimentação, vestuário etc.
Já em relação á disponibilidade, insta consignar que os avós auferem renda superior a , conforme provas que junta em anexo, percebendo remuneração suficiente para a irrisória obrigação suportada pelo pai. 
Daí a necessária fixação de alimentos à base de um salário mínimo.
DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS
Os alimentos provisórios pleiteados na presente ação têm como objetivo promover o sustento do menor na pendência da lide. Tem amparo no art. 4º da Lei nº 5.478/68, nos seguintes termos:
Art. 4º. Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita.
No presente caso, resta demonstrada a obrigação alimentar, comprovada de forma pré-constituída pela juntada da certidão de registro de nascimento em que indica o nome dos avós, bem como é urgente a necessidade do alimentado, para que no curso do processo, não fique privado dos bens mínimos necessários à preservação da dignidade humana. 
Pedido amparado pela lei e precedentes sobre o tema:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE ALIMENTOS. OBRIGAÇÃO ALIMENTAR DOS AVÓS. ART. 1.696 DO CÓDIGO CIVIL. RESPONSABILIDADE COMPLEMENTAR E SUBSIDIÁRIA. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DO CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃOPOR PARTE DA GENITORA. NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. MANUTENÇÃO DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS. NECESSIDADE DE RESGUARDAR O INTERESSE DAS CRIANÇAS. NEGADO PROVIMENTO. ( Classe: Agravo de Instrumento,Número do Processo: 0162395-54.2016.8.05.0909, Relator(a): Raimundo Sérgio Sales Cafezeiro, Quinta Câmara Cível, Publicado em: 14/03/2017 )
Nesse viés, desde já se requer a fixação dos alimentos provisórios em 30% (trinta por cento) do valor do salário mínimo vigente.
DOS REQUERIMENTOS
Ante o exposto, requer:
a) Seja concedido o benefício da gratuidade de justiça, nos termos do Art. 98 do CPC;
b) Seja fixado alimentos provisórios complementar no valor mensal de 30% (trinta por cento) do valor do salário mínimo vigente, a ser pago até o quinto dia útil de cada mês pelos avós;
c) Seja determinado a citação dos avós, para tomar ciência da audiência a ser designada nos termos do art. 5º da Lei5.478/68, e, querendo, responder a presente demanda;
d) Seja determinada a intimação do representante do Ministério Público com atribuições perante esse Juízo para intervir no feito, na qualidade de custos legis;
e) Seja julgado totalmente procedente o presente pedido, tudo para fins de condenar os avós a pagarem ao Autor obrigação alimentar no quantum um salário mínimo vigente, devendo ser pago até o quinto dia útil do mês;
f) Em caso de condenação na obrigação indicada na alínea anterior, condenar também os avós a pagarem as verbas de sucumbência, isto é, custas processuais e honorários advocatícios, estes a serem arbitrados por esse Juízo, nos parâmetros previstos no art. 85, §2º do CPC;
g) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos, inclusive depoimento pessoal;
Por fim, requer que seja oficiado o Instituto Nacional de Seguridade Social para que informe se os avós recebem aposentadoria ou algum outro benefício, indicando o respectivo valor.
Manifestar o interesse na realização de audiência conciliatória;
Nestes termos, pede e espera deferimento.
Dá-se à causa o valor de
,
OAB/