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Transtornos mentais e comportamentais relacionados ao uso de álcool e outras drogas O que são drogas? Toda e qualquer substância não produzida no organismo que tem propriedade de atuar em um ou mais de seus sistemas, produzindo alterações em seu funcionamento DSM-5: utilizado para classificar e caracterizar estatísticas diagnósticas das doenças mentais Transtorno mental e comportamental induzido por álcool e outras drogas (nome determinado pelo DSM-5 e compreende todas as dependências químicas). Esses transtornos se diferenciam por: Gravidade Diversidade de sintomas físicos e psíquicos No entanto, são todos os transtornos que são atribuídos ao uso de uma ou várias substâncias psicoativas, lícitas ou ilícitas. Prejuízos com o uso de álcool e outras drogas: Maior susceptibilidade a doenças clínicas Transtornos mentais Instabilidade emocional (causa ou consequência) Prejuízo cognitivo e acadêmico Perda de emprego ou promoções para um profissional Maior risco e exposição a acidentes (falecem mais do que os que não tem dependência) Abandono ou ruptura de vínculos afetivos importantes Violência, envolvimento com o crime Maior índice de suicídio Definições e terminologia Dependência: o indivíduo desenvolve uma necessidade psicológica e física de manter e elevar o consumo de determinada substância (não é muito correto, pois dessa forma todos dependentes de algo, como água ou O2) Adicção: subtende-se pelo termo que o indivíduo já tem uma predisposição biológica e/ou comportamental O DSM-5 critica ambos os termos e só utiliza o transtorno mental e comportamental induzido por drogas Quanto maior o consumo, maior a dependência e maior o envolvimento com problemas Epidemiologia: transtornos relacionados ao uso de álcool e outras drogas correspondem à 5,7% mundialmente; 1 em cada 200 da população adulta é usuária regular de drogas Drogas de abuso mais comuns no Brasil: álcool, tabaco, maconha, crack, cocaína, LSD/ecstasy e psicofármacos (bzd) NEUROBIOLOGIA As estruturas neuronais envolvidas com o desenvolvimento da dependência, tolerância e craving/fissura são, principalmente, as que fazem parte do sistema de recompensa amigdala, núcleo accumbens e tegmento ventral (memórias e atenção) Sistema dopaminérgico memórias e emoções Sistema límbico impacto emocional do evento (a droga associa memórias, sentimentos e sensações boas que o indivíduo tem guardadas, isso gera a fissura/craving) CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS Baseados no DSM-5: Leve: 2-3 critérios por, no mínimo, 12 meses Moderado: 4-5 critérios por, no mínimo, 12 meses Grave: >6 critérios por, no mínimo, 12 meses Quais são eles? (Primeiros são os mais importantes e frequentes) Tolerância: necessidade de quantidades progressivas maiores; acentuada redução do efeito com o uso continuado (maior parte dos dependentes desenvolvem essa característica) Abstinência: síndrome de abstinência característica para a droga; alívio dos sintomas com o consumo da droga Desejo persistente ou esforços mal sucedidos para reduzir ou controlar o consumo Uso descontrolado: frequentemente consumida em doses acima do planejado Gasto de muito tempo para consumo, obtenção, utilização e recuperação dos efeitos Fissura ou craving: vontade que o indivíduo diz ser incontrolável devido os sintomas físicos que apresenta (angústia, palpitação, dor abdominal, tremores, diarreia). No entanto, é autolimitada, durando no máximo 20min Uso recorrente de substâncias e dificuldades para desempenhar papéis importantes na vida Uso continuado apesar de problemas sociais e interpessoais Abandono de atividades antes importantes para o indivíduo Uso recorrente mesmo em situações de risco a integridade física Uso mantido apesar da consciência de ter um problema físico e/ou psicológico persistente ou recorrente, sendo causado ou exacerbado pelo uso NÍVEIS DE ENVOLVIMENTO Uso nocivo: consumo de substâncias psicoativas em quantidades moderadas que não interferem significativamente Intoxicação: reação fisiológica ao consumo da substância administrada. Varia de acordo com a droga e a tolerância do indivíduo Transtorno mental devido ao uso de álcool e outras drogas (mais grave) ABSTINÊNCIA: apresentação de alguns sintomas, físicos e psicológicos, desencadeados pela cessação ou redução do uso INTOXICAÇÃO AGUDA: causada pela ingestão elevada da substância Comorbidades associadas: (todos podem estar relacionados à depressão, transtorno de personalidade e ansiedade) Alcoolismo HAS, DM, neuropatia, hepatopatia Crack AVE, HAS, desnutrição, infecções Tabaco IVAS, BPOC, câncer Maconha depressão, psicoses TRATAMENTOS Quando procurar ajuda? Já tentou parar o consumo e não obteve sucesso Histórico familiar de dependência química Sintomas de depressão ou ansiedade Ideação suicida ou pensamentos de morte Pessoas próximas comentam e questionam constantemente sobre seu consumo da substância SUS: Atenção básica (unidades de saúde) CAPS AD Centros de convivência Ambulatórios UPA (situações de emergência) Hospitais Comunidades terapêuticas (geralmente de cunho religioso de internação voluntária, de 3-6 meses) Consultório na rua As duas modalidades de tratamentos para dependência química são: Redução de danos: muito eficaz para drogas injetáveis (distribuição de seringas e explicar os riscos das doenças transmissíveis); incentiva-se a redução da transmissão das doenças que o consumo da droga traz Política de abstinência: interações clinicas para desintoxicação, nas diversas modalidades de instituições (comunidades terapêuticas, CAPS AD 1/2/3/4) (é o tratamento priorizado atualmente, recebendo incentivo financeiro) Os tratamentos podem envolver: Psicoterapia individual (técnica de prevenção de recaídas) Terapia em grupo (indivíduos se conhecem e reconhecem seus sintomas nos outros) ONGs (alcoólicos anônimos/ narcóticos anônimos) Psicofármacos Os tratamentos psicológicos são priorizados, pois é uma doença multifatorial, devido a isso, o uso de psicofármacos (biológico, emocional, comportamental, psicológico) é a uma das últimas opções PRINCIPAIS FÁRMACOS: DISSULFIRAM: efeito antabuse no tratamento do alcoolismo; foi descontinuado no Brasil; também pode ser utilizado para redução de fissura por cocaína e crack. As reações esperadas são efeitos negativos, uma vez que o seu mecanismo de ação é provocar reações extremamente desagradáveis ao entrar em contato com o álcool (náuseas, vômitos, crise hipertensiva, taquicardia, rash cutâneo, etc). Deve ser utilizado apenas por adultos e vem em comprimidos. 250mg ao dia ou 250 12/12h. Contra indicado para pessoas que ingeriram álcool nas ultimas 24h (efeito antabuse perigoso), insuficiência hepática grave, hipersensibilidade ao fármaco, gestantes, lactantes NALTREXONA: redução da fissura/craving (dissulfiram também). Utilizado no tratamento de etilismo, dependência de cocaína, crack e outros opióides em desintoxicação (pelo menos 7 dias). Seu mecanismo de ação se dá pelo envolvimento no sistema opioide endógeno, ligando-se competitivamente aos receptores opioides, bloqueando seus efeitos endógenos. Sua vantagem é que não causa efeito antabuse, porém é muito mais cara. 25-100mg/dia, comprimidos, em caso de náuse pode administrar metade da dose no período noturno. É contra indicada em casos de hipersensibilidade ao fármaco, consumo recente de opióides, insuficiência hepática grave, gestantes e lactantes CLORPROMAZINA: poucas evidências recentes (já foi colocada para tratamento de fissura, porém é mais sedativa) ANTIDEPRESSIVOS E ANSIOLÍTICOS: redução de sintomas ansiosos (muito comum no alcoolismo e na dependência de cannabis) TOPIRAMATO: anticonvulsivante, estabilizadorde humor e tratamento para profilaxia de enxaqueca. Também é utilizado para tratamento de compulsão alimentar periódica, compulsão por álcool e outras drogas. Estudos recentes mostram que reduz o risco de recaídas e consumo de álcool (300mg). 25-300mg/dia para dependência química. Contra indicado em casos de hipersensibilidade ao fármaco, insuficiência hepática grave, gestantes e lactantes SISTEMA DE RECOMPENSA O nosso cérebro busca sempre o prazer e foge da dor; ao longo do tempo acumulamos padrões, vamos aprendendo e as sinapses vão se formando Dois tipos de aprendizado: Racional: existe uma fórmula ou algo que está pronto e você absorve o conhecimento. O sistema racional vai guardar os dados como equações, senhas, dados, mapas, lugares... Empírico: as experiências, boas ou ruins, te ensinam o que é melhor ou pior em tal situação. O sistema emocional armazena e associa essas experiências O tempo todo recebemos estímulos do meio que vivemos, estímulos prazerosos estimula o sistema de recompensa cerebral (SRC) e aumenta os níveis de dopamina A principal estrutura do SRC é o núcleo accubens, que está ligado aos níveis de dopamina aumentados. Outra área importante é a área tegmentar ventral, que está ligada a aprendizado e motivação. O córtex pré-frontal também está envolvido no SRC e, é uma área de análise, comparação e avaliação, associando certas situações a felicidade e prazer. Tudo isso está ligado amplamente ao sistema límbico, que se divide em hipocampo, hipotálamo e amígdalas. O giro do cíngulo também se associa ao SRC, pois é uma área que, em situações de prazer, aumenta a atenção, a memória e faz a regulação emocional A droga associa memórias, sentimentos e sensações boas que o indivíduo tem guardadas, isso gera a fissura/craving
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