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Gabriela Bordignon - T5 FARMACOLOGIA-BBPM III Vasodilatadores na hipertensão É importante relembrar dos parâmetros de controle da PA: Na imagem podemos observar que a PA é controlada pelo DC (débito cardíaco) e pela RVS (resistência vascular sistêmica). Além disso, podemos ver os diversos pontos de controle desse processo e, consequentemente, pontos nos quais os fármacos irão atuar. Tratando-se dos vasodilatadores, há uma ação, principalmente, sobre a resistência vascular sistêmica, basicamente reduzindo a RVS e por consequência, a PA, assim como os BCC (bloqueadores de canais de cálcio). Essa redução da PA vem acompanhada de um reflexo compensatório em que envolve um estímulo aumentado do simpático e, muitas vezes também, do SRAA e assim por diante. BLOQUEADORES DE CANAL DE CÁLCIO A primeira classe a ser falada é a dos bloqueadores do canal de cálcio. Já falamos sobre eles em outras aulas, e entre eles temos os que possuem seletividade para o miocárdio e os que possuem mais seletividade pelo músculo liso. Desse modo, esses fármacos ao bloquearem o canal de cálcio impedirão a entrada do cálcio, íon fundamental para a contração muscular, resultando, portanto, na redução da contração do músculo cardíaco e do músculo liso. Vimos que as di-hidropiridinas são fármacos que tem maior afinidade pelo músculo liso dos vasos, enquanto que o verapamil/diltiazem tem maior afinidade pelo músculo cardíaco. Com relação ao efeito vasodilator, um bloqueador do canal de cálcio do tipo L nos vasos irá impedir a contração da musculatura lisa dos vasos, promovendo vasodilatação. Essa vasodilatação terá como efeito a redução da resistência periférica total, que é um dos parâmetros para a determinação da PA, e isso fará com que haja redução da PA. Dentre os bloqueadores de canais de cálcio aqueles que são mais comumente utilizados como hipertensivos são aqueles que tem maior afinidade pelo músculo liso dos vasos, no caso as di- hidropiridinas, como o nifedipino e o anlodipino. Logo, temos a vasodilatação causada pelo relaxamento do músculo liso dos vasos, reduzindo assim a PA, e causando um reflexo fisiológico Gabriela Bordignon - T5 FARMACOLOGIA-BBPM III compensatório, que pode envolver os barorreceptores, leva a um maior estímulo/ efluxo do sistema nervoso autônomo simpático, tendo como uma de suas consequências o aumento da FC. Como as di-hidropiridinas tem um efeito, mesmo que mínimo, sobre o coração, por causa desse reflexo, ocorre a taquicardia. Já fármacos como o verapamil/diltiazem, que afetam com maior intensidade o músculo cardíaco, levam a uma taquicardia mínima. No entanto, esse efeito depressor cardíaco nem sempre pode ser desejado, ainda mais em possíveis associações contraindicadas, como no caso de associações com betabloqueadores que podem potencializar esse efeito depressor cardíaco, principalmente, a redução da FC. No caso das di-hdropiridinas que não afetam diretamente o músculo cardíaco pode-se levar a taquicardia pelo aumento reflexo do simpático. Inclusive, di-hidropiridinas de ação curta, por exemplo o nifedipino, pode acarretar em surtos de atividade simpática que causam taquicardia, que pode levar a efeitos cardíacos consideráveis em alguns pacientes. Por esse motivo, há a preferência pelo uso de di-hidropiridinas de ação longa a fim de evitar esses surtos de atividade simpática, já que são mais seguros. HIDRALAZINA A hidralazina é um vasodilatador, portanto, outra classe de fármaco, e ela não tem um mecanismo de ação bem elucidado. A hidralazina atua preferencialmente sobre vasos de resistência, ou seja, é um vasodilatador arteriolar e promove a redução da RPT e, consequentemente, a queda da PA. Da mesma forma que foi visto para os bloqueadores de canal de cálcio, essa redução da PA leva ao reflexo com aumento da atividade simpática e a taquicardia. O aumento da FC pode aumentar a demanda por oxigênio pelo coração e consequentemente aumentar o risco de IAM, por isso deve-se tomar cuidado e ter atenção a pacientes que tenham alguma cardiopatia isquêmica, doença arterial crônica, e até mesmo os mais idosos. Uma característica do uso da hidralazina é que alguns indivíduos podem desenvolver uma síndrome semelhante ao lúpus como uma reação imunológica adversa ao fármaco que ainda não possui uma explicação. MINOXIDIL Gabriela Bordignon - T5 FARMACOLOGIA-BBPM III O Minoxidil é outro fármaco vasodilator que tem preferência pelos vasos de resistência, então ele também reduz a RPT, e por consequência a PA. Também está ligado ao aumento do reflexo simpático e ao aumento da liberação de renina. Como observado na imagem, há uma queda da PA que vem acompanhada de um reflexo barorreceptor, que aumenta a atividade simpática causando aumento da FC e da contratilidade, acompanhado da liberação aumentada da renina, pois há tanto o efeito de alteração da perfusão renal que estimula a liberação de renina como o próprio aumento do efluxo simpático que também aumenta a liberação de renina. Isso tudo pode causar a retenção de sódio/água como mecanismo fisiológico para tentar aumentar a PA. Isso particularmente é importante pois essa retenção de água pode piorar o quadro de pacientes com insuficiência cardíaca. O Minoxidil atua ativando canais de potássio (um tipo de canal de potássio sensível ao ATP) presente no músculo liso, ou seja, aumenta a abertura desses canais de potássio, fazendo com que o potássio saia da célula a favor do seu gradiente de concentração, e isso gera uma hiperpolarização (por causa da saída de cargas positivas), o que dificulta a contração muscular levando à vasodilatação. Além do aumento de FC que pode piorar quadros de isquemia miocárdica e aumentar a retenção de líquidos, como acontece também no uso da hidralazina, o Minoxidil também tem outro efeito importante por conta do caráter de abertura de canais de potássio que possui, que seria a Hipertricose (aumento do crescimento de pelos) que pode ser incômodo para alguns pacientes. NITROPRUSSETO DE SÓDIO Por último, o nitroprusseto de sódio tem um mecanismo de ação muito parecido com o dos nitratos orgânicos usados como antianginosos. O nitroprusseto de sódio atua aumentando o óxido nítrico, que é um potente vasodilator que estimula a guanilato ciclase, que aumenta a produção do GMPc, que ativa uma proteína quinase G que causa a vasodilatação. A característica dessa vasodilatação envolve não só a dilatação das arteríolas levando a redução da RPT, como também sobre vasos de capacitância, causando venodilatacao e consequentemente aumentando a capacitância venosa reduzindo a pré-carga. Logo, esses vasodilatores reduzem não só a pós-carga atuando na RPT, bem como a pré-carga atuando sobre a capacitância venosa. O nitroprusseto de sódio tem um tratamento preferencial em situações de emergências hipertensivas.
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