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CLÍNICA CIRÚRGICA Talita B. Valente ATM 2023A QUEIMADURAS • Lesão do revestimento epitelial por agente externo. • Podem ser: o Térmicas - Escaldamento, fogo, explosão, contato. o Elétricas o Químicas • As queimaduras são muito comuns em crianças. CLASSIFICAÇÃO: Primeiro Grau - Superficial: • Atinge a epiderme. • Hiperemia. • Dor com resolução em 48-72 h. • Cicatrização total e sem cicatriz em 5-10 dias. Segundo Grau - Espessura parcial: • Atinge a epiderme e parte da derme. • Não atinge os anexos cutâneos (glândulas sudoríparas e folículos pilosos). • Superficial: o Bolhas o Superfície rósea o Dor intensa o Cicatrização em 10-14 dias o Cicatrizes ausentes ou mínimas • Profunda: o Esbranquiçadas o Menos dolorosas o Cicatrizam em 30-60 dias o Resultam em cicatrizes Terceiro Grau - Espessura total: • Atinge toda extensão da pele + tecidos profundos. • Indolores. • Destruição dos anexos cutâneos e terminações nervosas. • Sem potencial para reepitelização. • Resultam em sequelas. Camadas da pele: 1. Estrato córneo - Camada externa da epiderme. - Barreira de proteção 2. Epiderme - Replicação contínua a cada 2 semanas 3. Derme - Tecido conjuntivo fibroso - Vasos, nervos e anexos CLÍNICA CIRÚRGICA Talita B. Valente ATM 2023A DETERMINAÇÃO DA GRAVIDADE DA LESÃO: • Área de superfície queimada. • Profundidade da queimadura. • Idade. • Condições de saúde. • Lesões associadas. • Mãos, pés, face e períneo. • Químicas. • Elétricas. • Trato respiratório. Cálculo da superfície corporal queimada: • Esquema de Wallace - Regra dos 9 para adultos (eficiente após os 16 a.). o Cabeça 9% o Tronco 18% cada lado o Membros Superiores 9% cada lado o Membros inferiores 18% cada o Genitália 1% • Tabela de Lund-Browder - Permite realizar estimativas mais precisas que contabilizam a diferença de proporções entre as partes do corpo de acordo com a idade. • Para áreas menores é possível fazer uma estimativa com base na palma da mão do paciente, que corresponde a aproximadamente 1% da superfície corporal. FISIOPATOLOGIA: • Zonas de queimadura: o Coagulação - Ausência de fluxo capilar e tecido necrótico. o Estase - Fluxo capilar lento e tecido lesado. o Hiperemia - Vasodilatação e aumento da permeabilidade capilar. Resposta inflamatória a lesão. • Conversão da ferida: o Estase - Coagulação. o Resultado de: hipoperfusão, desidratação, infecção. • Lesão tecidual: o Rápida perda de líquidos e proteína pelos capilares o Maior nas primeiras 6-8h. o Resposta inflamatória sistêmica. • Resposta metabólica: o Hipermetabolismo o Gliconeogênese o Catabolismo das proteínas ATENDIMENTO INICAL • Protocolo de paciente com trauma (ABLS) o Airway - Queimaduras em face podem levar a edema de mucosa e obstrução. o Breathing - Inalação de gases pode dificultar as troas gasosas - após 24h. o Circulation - Perda hídrica e edema, desidratação e choque hipovolêmico. o Disability - Inicialmente atento e orientado. o Expose and examine - Despir e procurar lesões associadas. o Fluid ressucitatiton - Iniciar hidratação precoce. • Circunstâncias da lesão: o Causa da queimadura o Em que ambiente ocorreu o Possibilidade de inalação de agentes o Substâncias químicas envolvidas o Trauma relacionado • História médica: o Doenças preexistentes o Medicações o Álcool e drogas o Alergias CLÍNICA CIRÚRGICA Talita B. Valente ATM 2023A • Princípios de controle: o Parar o processo de queimadura: § Remover toda a roupa § Lavas todas as áreas em contato com produtos químicos § Remover acessórios (prevenção do efeito torniquete) o Controle das vias respiratórias: § Intubação precoce o Controle circulatório: § Acesso venoso de grosso calibre em área não queimada § Reposição hídrica • Fórmula de Parkland: 2-4 mL Ringer Lactato X peso X % da área corporal queimada - 50% nas primeiras 8h e 50% nas 16h seguintes. • Manutenção: débito urinário. o 0,5 mL/kg/h para adultos. o 1 mL/kg/h para crianças. o Sondagem nasogástrica e vesical. o Alívio da dor. o Avaliar pulsos periféricos, cianose e tempos de enchimento capilar: § Queimaduras circulares. § Edema - Redução do fluxo sanguíneo. § Isquemia e necrose. INFECÇÃO: • A epiderme é uma proteção contra bactérias. • A queimadura causa um desequilíbrio microbiológico. • A infecção pode aprofundar as queimaduras. • Sinais: mudança na cor, odor, secreção. • Prevenção: ATB tópicos e desbridamento de lesões. TRATAMENTO Queimaduras superficiais: • Manter assepsia. • Cicatrizam espontaneamente. • Não necessitam de antimicrobianos tópicos. Queimaduras profundas: • Prevenir infecções. • Remover tecido desvitalizado. • Cobertura cutânea precoce. Antibióticos tópicos: • Sulfadiazina de prata: o É o mais utilizado. o Aplicar camasa de 3-5 mm 1 ou 2x ao dia. o Indolor. • Acetato de Mafenide: o Mantém ação com pH alterado e pus. o Escolha para lesões infectadas e profundas. o Doloroso. Curativo: • Aberto: o Utilizado em face, pescoço e períneo. o Somente antibiótico tópico. o Há maior perda hídrica e de calor. • Fechado: o Utilizado em tronco e membros. o Composto por antibiótico tópico + Gaze não aderente + Apósito + Atadura. o Troca 1-2x ao dia. o Promove isolamento do meio externo. • Reepitelização: Vaselina líquida. • Posição: Devemos evitar retrações, bridas e aderências. o Gaze interdigital. o Membros separados e estendidos. CLÍNICA CIRÚRGICA Talita B. Valente ATM 2023A Tratamento cirúrgico: • Inflamação da ferida: Causa disfunção de múltiplos órgãos e estado catabólico hipermetabólico. • O desbridamento e fechamento precoce aumentam a sobrevida, diminuem os índices de infecção e reduzem o tempo de internação. • Desbridamanto e enxerto: o Ressecções em estágio: § Inciando em até 72h após a queimadura. § Lesões de espessura total. § Intervalos de 2-3 dias entre as cirurgias. § Até remoção das escaras e cobertura cutânea. o Cobertura temporária: § Curativo biológico. § Pele homóloga ou xenóloga. o Cobertura definitiva: § Pele autóloga. • Desbridamento pode ser: o Tangencial: Remoção por camadas, feita com facas de enxerto, ocorre elevada perda sanguínea e é difícil de avaliar a viabilidade do tecido. o Fascial: Há menor sangramento, pode ocorrer ressecção de tecido viável também, resulta em deformidades de controno. • Enxerto pode ser: o Espessura parcial: fino, intermediário ou grosso. § + fino: + retração e + integração § + grosso; - retração e - integração o Em malha: Expansão da área de cobertura, drenagem de líquido do leito receptor, maior integração, maior retração e pior resultado estético. LESÃO ELÉTRICA • Lesão por corrente elétrica = Através do corpo. o Tem ponto de entrada e saída. o Percorre e danifica os músculos - Fasciotomia. o Mioglobinúria leva a necrose tubular aguda. • Queimaduras eletrotérmicas = Arco elétrico. • Queimaduras por ignição de roupas. ÚLCERAS DE PRESSÃO • São lesões de partes moles decorrentes de pressão prolongada que leva a isquemia tecidual.• Ocorrem principalmente sobre proeminências ósseas em pacientes restritos ao leito que não mudam de posição e que tem perda de sensibilidades. • Ocorre em 9% dos pacientes hospitalizados, 20% dos paraplégicos e 20% dos tetraplégicos. • Fatores de risco: paraplégicos, idosos, hospitalizados, imobilizados, desnutrição e obesidade. PREVENÇÃO: • Mudança de decúbito a cada 2 horas. • Colchões piramidais e pneumáticos. • Espumas fenestradas. • Manter a pele limpa e protegida do excesso de umidade. • Inspeção regular das áreas sujeitas a pressão. FASES: 1. Hiperemia o Após 30 min. de pressão. o Desaparece em 1h. 2. Isquemia o Pressão contínua de 2-6 h. o Desaparece após 24-48 h. 3. Necrose o Pressão por mais de 6h. o Não desaparece 4. Ulceração - Área necrótica infectada e ulcerada CLÍNICA CIRÚRGICA Talita B. Valente ATM 2023A CLASSIFICAÇÃO: Grau I: eritema persistente �Grau II: ulceração superficial da pele �Grau III: ulceração do sub cutâneo �Grau IV: ulceração complexa, músculo e ossos. TRATAMENTO: cirúrgico Cuidados pré-operatórios: • Suporte nutricional • �Tratamento da infecção- Desbridamento • �Alívio da pressão de decúbito • �Controle da espasticidade • Resolução de contraturas Tratamento cirúrgico: • Desbridamento: o Remoção do tecido desvitalizado o �Coleta de material para cultura � o Osteotomia - Remoção das proeminências ósseas � o Curativo – troca 3-4 x ao dia • Fechamento: o Evitar sutura primária o �Sutura por planos e sem tensão o �Uso de dreno á vácuo o �Sutura fora das áreas de apoio Cuidados pós-operatórios: • Evitar decúbito sobre a área operada • �Controle da urina e fezes • �Cobertura antibiótica direcionada pelos exames de cultura RECORRÊNCIA • A recorrência é alta - Persistência das condições que levaram a formação da úlcera. • Cuidados intensivos. • Modificação dos fatores predisponentes.
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