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SUMÁRIO PREFÁCIO - COMENTÁRIO DOS AUTORES.......................................11 CAPÍTULO 1 - EQUILÍBRIO ...................................................................15 1. FORÇAS, RESULTANTES E DECOMPOSIÇÃO DE FORÇAS....15 2. FORÇAS ESTATICAMENTE EQUIVALENTES MOMENTO DE UMA FORÇA ........................................................17 3. CARGAS EM UMA ESTRUTURA ..................................................19 3.1. Cargas Concentradas ..........................................................19 3.2. Cargas Distribuídas .............................................................19 3.3. Momentos ou Binários .........................................................22 4. MOVIMENTOS DE CORPO RÍGIDO E EQUAÇÕES DE EQUILÍBRIO ....................................................23 5. VÍNCULOS......................................................................................25 6. ESTATICIDADE DE UMA ESTRUTURA .......................................29 6.1. Estrutura hipostática ou mecanismo....................................29 6.2. Estrutura isostática ou estáticamente determinada.............29 6.3. Estrutura hiperestática ou estaticamente indeterminada ....30 7. DIAGRAMA DE CORPO LIVRE.....................................................34 EXEMPLO 1 - Forças no braço de uma empilhadeira .....................37 EXEMPLO 2 - Forças no braço de uma retroescavadeira ...............39 EXEMPLO 3 - Equilíbrio de forças em relação ao momento.............41 EXEMPLO 4 - Equilíbrio de forças em cabo e roldana .....................41 EXEMPLO 5 - Equilíbrio de forças no espaço em um sarrilho ..........42 EXEMPLO 6 - Reaçoes de vigas no plano .....................................44 EXEMPLO 7 - Equilíbrio no espaço em uma tampa circular e cabo...45 EXEMPLO 8 - Dispositivo para amplificação de forças ....................46 EXEMPLO 9 - Pórtico plano com cargas e barras inclinadas............. 48 EXEMPLO 10 - Pórtico plano com vínculos inclinados ....................50 CAPÍTULO 2 - SOLICITAÇÕES .............................................................53 1. ESFORÇOS OU SOLICITAÇÕES .................................................53 1.1. Esforço normal - N ...............................................................56 1.2. Esforço cortante ou de cisalhamento - Vx ou Vy.................56 1.3. Momento torçor - Mt ou T ...................................................57 1.4. Momento fletor - My ou Mz ..................................................57 2. DIAGRAMAS DE SOLICITAÇÕES ................................................58 2.1. Método das equações..........................................................58 2.2. Relações entre q, V e M ......................................................60 2.3. Método das áreas ................................................................62 2.4. Método da análise da carga.................................................63 2.5. Aplicação do método da análise da carga...........................65 3. SISTEMAS ESTRUTURAIS ...........................................................69 3.1. Viga ......................................................................................69 3.2. Pórtico plano ........................................................................69 6 Sumário 3.3. Grelha ..................................................................................70 3.4. Treliça plana.........................................................................70 3.5. Treliça espacial ....................................................................70 3.6. Pórtico espacial....................................................................70 4. SOLICITAÇÕES EM TRELIÇAS PLANAS.....................................71 5. SOLICITAÇÕES EM PÓRTICOS ESPACIAIS...............................74 EXEMPLO 1 - Solicitações em uma seção - estrutura plana ...........76 EXEMPLO 2 - Solicitações em uma seção - carga distribuída ..........77 EXEMPLO 3 - Solicitações em uma seção - estrutura espacial ........78 EXEMPLO 4 - Solicitações em uma treliça plana ...........................80 EXEMPLO 5 - Diagramas de solicitações em um pórtico espacial ....82 EXEMPLO 6 - Diagramas de solicitações - rótula interna c/ carga ....86 EXEMPLO 7 - Diagramas de solicitações em barras curvas.............90 EXEMPLO 8 - Diagramas de solicitações em arco parabólico ..........95 EXEMPLO 9 - Integração de carga para obtenção de solicitações....97 CAPÍTULO 3 - PROPRIEDADES GEOMÉTRICAS DAS SEÇÕES.......99 1. INTRODUÇÃO................................................................................99 2. ÁREA ............................................................................................100 3. MOMENTO ESTÁTICO AXIAL OU DE PRIMEIRA ORDEM .......100 4. CENTRO DE GRAVIDADE OU BARICENTRO ...........................101 5. PRODUTO DE INÉRCIA ..............................................................105 6. MOMENTO DE INÉRCIA AXIAL E MOMENTO DE INÉRCIA POLAR ................................................106 6.1. Raio de Giração .................................................................107 6.2. Teorema dos eixos paralelos ou teorema de Steiner........107 7. EIXOS E MOMENTOS PRINCIPAIS DE INÉRCIA......................108 EXEMPLO 1..............................................................................110 CAPÍTULO 4 - TENSÕES E DEFORMAÇÕES ....................................113 1. RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS.................................................113 2. TENSÕES.....................................................................................113 3. TENSÃO NORMAL.......................................................................116 4. TENSÃO TANGENCIAL ...............................................................116 5. DEFORMAÇÕES..........................................................................119 6. DEFORMAÇÃO SOB TENSÃO NORMAL...................................120 7. DEFORMAÇÃO DEVIDO A TENSÕES DE CORTE....................121 8. PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS MATERIAIS .....................122 8.1. Ensaio de tração e compressão simples ...........................122 8.2. Diagrama tensão deformação para materiais dúcteis .......124 Comportamento elástico: .....................................................124 Escoamento .........................................................................125 Encruamento........................................................................125 Estricção ..............................................................................125 Mecânica Estrutural 7 Tensão de Ruptura ..............................................................125 Deformação permanente .....................................................126 Comportamento em descarga .............................................126 8.3. Diagrama tensão deformação para materiais frágeis........126 8.4. Ensaio de Cisalhamento ....................................................127 9. RELAÇÕES TENSÃO DEFORMAÇÃO .......................................127 Lei de Hooke generalizada .......................................................127 Estado Plano de Tensões.........................................................128 Estado Plano de Deformações .................................................129 10. TENSÕES NO ENTORNO DE UM PONTO...............................130 11. CÍRCULO DE MOHR..................................................................132 12. TEORIAS DE RESISTÊNCIA.....................................................138 12.1. Teoria de Rankine............................................................139 12.2. Teoria de Guest ...............................................................140 12.3. Teoria de Saint Venant ....................................................14112.4. Teoria de Coulomb ..........................................................142 12.5. Teoria de von Mises.........................................................142 EXEMPLO 1 - Análise triaxial de tensões por Círculo de Mohr .......145 EXEMPLO 2 - Análise de tensões com efeito de temperatura ........146 EXEMPLO 3 - Efeito de temperatura e confinamento biaxial ..........147 EXEMPLO 4 - Análise de tensões bidimensional por autovalores ...150 EXEMPLO 5 - Análise de tensões tridimensional por autovalores...153 CAPÍTULO 5 - TENSÕES E DEFORMAÇÕES DEVIDAS AO ESFORÇO NORMAL ............................................157 1. PRINCÍPIO DE SAINT - VENANT................................................157 2. DEFORMAÇÕES DEVIDAS AO ESFORÇO NORMAL ...............158 3. CONCENTRAÇÃO DE TENSÕES...............................................159 4. CÍRCULO DE MOHR PARA TENSÕES DEVIDAS AO ESFORÇO NORMAL ............................................................161 5. PROBLEMAS ESTATICAMENTE INDETERMINADOS ..............163 EXEMPLO 1 - Tensões e deformações em caso simples...............165 EXEMPLO 2 - Esforço normal seccionalmente constante ..............166 EXEMPLO 3 - Concentração de tensões por redução de seção .....167 EXEMPLO 4 - Peça de seção continuamente variável...................168 EXEMPLO 5 - Indeterminação estática - cabos com folga .............169 EXEMPLO 6 - Indeterminação estática - cabos e barras rígidas .....170 EXEMPLO 7 - Indeterminação estática - cabos, roldanas e barras .172 EXEMPLO 8 - Arrancamento e centro de giro instantâneo ............175 EXEMPLO 9 - Caso elastoplástico - tensões residuais ..................177 CAPÍTULO 6 - TENSÕES E DEFORMAÇÕES DEVIDAS AO CORTE .................................................181 1. TENSÕES DE CORTE.................................................................181 8 Sumário 2. CORTE SIMPLES E DUPLO........................................................183 Corte simples ............................................................................183 Corte duplo................................................................................183 3. ESTADO DE TENSÕES NO CISALHAMENTO...........................184 4. PROCEDIMENTO DE ANÁLISE ..................................................185 EXEMPLO 1 - Peça em corte duplo.....................................................186 EXEMPLO 2 - Puncionamento por cisalhamento ..................................186 EXEMPLO 3 - Cisalhamentos em eixos de polias .................................187 EXEMPLO 4 - Cordões de solda.........................................................188 CAPÍTULO 7 - TENSÕES E DEFORMAÇÕES DE FLEXÃO ..............191 1. TENSÕES E DEFORMAÇÕES DE FLEXÃO...............................191 2. SEÇÕES COM DOIS EIXOS DE SIMETRIA ...............................194 3. SEÇÕES COM UM EIXO DE SIMETRIA .....................................195 4. SEÇÕES SEM EIXO DE SIMETRIA ............................................196 5. ESTADO DE TENSÕES NA FLEXÃO - CÍRCULO DE MOHR....196 6. FLEXÃO ELASTOPLÁSTICA - RÓTULAS PLÁSTICAS..............198 7. CONCENTRAÇÃO DE TENSÕES NA FLEXÃO .........................199 8. FLEXÃO DE VIGAS DE MATERIAIS DIFERENTES ...................201 9. CISALHAMENTO NA FLEXÃO ....................................................203 10. PROCEDIMENTO DE ANÁLISE ................................................206 EXEMPLO 1 - Flexão simples em seção com 2 eixos de simetria...207 EXEMPLO 2 - Flexão simples em seção com 1 eixo de simetria.....208 EXEMPLO 3 - Concentração de tensões por redução de tensões ..209 EXEMPLO 4 - Enrigecedores......................................................210 EXEMPLO 5 - Flexão em seção assimétrica e material frágil .........211 EXEMPLO 6 - Flexão em seções circular cheia e coroa circular .....213 EXEMPLO 7 - Tensões tangenciais em seção retangular ..............214 EXEMPLO 8 - Tensões tangenciais em seção "I" assimétrica .......216 EXEMPLO 9 - Flexão de seção composta por 2 materiais .............218 EXEMPLO 10 - Flexão de seção composta por 2 materiais ...........220 EXEMPLO 11 - Flexão elastoplástica ..........................................221 CAPÍTULO 8 - TENSÕES E DEFORMAÇÕES DE TORÇÃO .............225 1. TENSÕES E DEFORMAÇÕES DE TORÇÃO .............................225 2. ÁRVORES DE TRANSMISSÃO...................................................228 3. ESTADO DE TENSÕES NA TORÇÃO - CÍRCULO DE MOHR ..229 4. TORÇÃO EM SEÇÕES FECHADAS DE PAREDE FINA ............230 5. TORÇÃO EM SEÇÕES DE OUTRAS FORMAS .........................232 5.1. Seção Elíptica ....................................................................232 5.2. Seção Retangular ..............................................................233 5.3. Seção Retangular Alongada..............................................233 5.4. Seção Composta por Retângulos Alongados....................233 6. TORÇÃO ELASTOPLÁSTICA - SEÇÃO CIRCULAR...........234 Mecânica Estrutural 9 7. TORÇÃO DE EIXOS DE SEÇÃO CIRCULAR COMPOSTA DE MATERIAIS DIFERENTES .........................................................235 8. CONCENTRAÇÃO DE TENSÕES EM TORÇÃO........................237 EXEMPLO 1 - Distribuição das tensões em seção circular.............238 EXEMPLO 2 - Problema estaticamente indeterminado em torção...239 EXEMPLO 3 - Torção em eixo cônico..........................................241 EXEMPLO 4 - Torção em seção circular oca ................................241 EXEMPLO 5 - Concentração de tensões em torção ......................243 EXEMPLO 6 - Torção de seção tubular de parede fina..................244 EXEMPLO 7 - Torção elastoplástica - tensões residuais................245 EXEMPLO 8 - Torção em flange aparafusada ..............................247 EXEMPLO 9 - Seção aberta x fechada em torção.........................249 CAPÍTULO 9 - SOLICITAÇÕES COMPOSTAS...................................253 1. TENSÕES DEVIDAS À COMPOSIÇÃO DE SOLICITAÇÕES.....253 1.1. Esforço Normal e Momento Fletor .....................................254 1.2. Flexão Oblíqua ou Flexão Composta ................................254 1.3. Esforço Normal e Flexão Composta..................................255 1.4. Compressão ou Tração Excêntrica ...................................256 1.5. Esforço Cortante e Momento Torçor .................................257 1.6. Esforço Normal, Esforço Cortante, Momento Fletor e Momento Torçor ................................................................258 2. ROTEIRO DE DIMENSIONAMENTO OU VERIFICAÇÃO ..........258 3. MOLAS HELICOIDAIS .................................................................259 EXEMPLO 1 - Dimensionamento de mola helicoidal........................255 EXEMPLO 2 - Rigidez de mola helicoidal ........................................263 EXEMPLO 3 - Dimensionamento de mola helicoidal......................264 EXEMPLO 4 - Eixo submetido a flexão e torção ...........................266 EXEMPLO 5 - Compressão excêntrica - pilar de seção circular ......268 EXEMPLO 6 - Compressão excêntrica - pilar de seção retangular..270 EXEMPLO 7 - Rebite em tração e cisalhamento ...........................272 EXEMPLO 8 - Grelha sob solicitações compostas .......................273 EXEMPLO 9 - Flexão oblíqua em perfil "I" ....................................276 EXEMPLO 10 - Flexão oblíqua em pilar de seção "L"......................277 EXEMPLO 11 - Cálculo de um pilar de edifício em aço e concreto 282 BIBLIOGRAFIA .....................................................................................287 ANEXO 1 - PROPRIEDADES GEOMÉTRICAS DE PERFIS LAMINADOS .......................................................................289 ANEXO 2 - PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS MATERIAIS ..........295Prefácio Comentário dos autores Nossa capacidade de analisar estruturas tem aumentado enormemente nos últimos 20 anos deviso ao desenvolvimento de métiodos numéricos e a acessibilidade de microcomputadores. Existem programas ou métodos computacionais (elementos finitos, diferenças finitas, elementos de contorno) que permitem a análise de quase qualquer tipo de problema estrutural, permitindo o tratamento de diversos componentes estruturais conectados entre si como um todo único. Contudo, a complexidade da análise de dados numéricos pelo projetista frente a comportamentos esperados é tanto maior quanto mais integrada for a análise, quantos mais componentes tiver a estrutura e quanto mais complexa ela for. Neste contexto, a capacidade de desmembrar uma estrutura complexa em partes componentes simples e de fácil verificação teórica torna-se imprescindível para a construção de um modelo de cálculo aproximado que permita calibrar o modelo numérico de comportamento global. Este livro estuda os tópicos tradicionais da Resistência dos Materiais, como tensões, esforços e deformações em barras, vigas e eixos, constituídos de materiais elásticos lineares. O objetivo é ensinar aos estudantes os princípios básicos de análise de tensões, deformações e esforços, constituindo-se em um primeiro contato dos estudantes de engenharia com problemas reais em estruturas. A teoria da Mecânica Estrutural é muito simples e se resume a aplicação de equações de equilíbrio e da Lei de Hooke, mas ao mesmo tempo suficiente para construir modelos matemáticos simples que, aplicados sobre peças ou componentes esrutruturais, permitem muitas vezes uma aproximação bastante boa do seu comportamento real. Embora estudando os mesmos problemas da maioria dos livros similares, tomou-se bastante cuidado com relação a dois aspectos importantes: ? Antes de analisar uma estrutura, quer analiticamente, quer através dos poderosos recursos numéricos e computacionais atualmente disponíveis, devemos modelá-la. Este passo inicial (a passagem da estrutura real ao seu modelo matemático) pode introduzir erros importantes que não serão sanados pela análise ulterior, por exata que ela seja. Este livro coloca bastante ênfase neste tema cada vez mais 12 Prefácio - Comentário dos autores importante, pois a disponibilidade de métodos computacionais aumenta a complexidade do processo de modelamento. ? Com o crescente emprego de novos marteriais em estruturas, os aspectos de comportamento estrutural que se afastam do comportamento idealizado estão se tornando cada vez mais importantes. A resistência real de uma estrutura depende, na maioria dos casos, de vários fatores como ductibilidade, resistência, rigidez e resistência à fadiga. Sem entrar na análise detalhada destes problemas, este livro tenta indicar claramente os limites de validade das hipóteses empregadas e ainda introduz alguns efeitos importantes como deformação plástica e concentração de tensões. São também considerados problemas simples de tensões térmicas, de estruturas estaticamente indeterminadas e de estruturas compostas de diferentes materiais, como uma preparação para a análise de estruturas em materiais compósitos e concreto armado. Tradicionalmente os conteúdos deste curso de Mecânica Estrutural são divididos em Estática, Isostática e Resistência dos Materiais. A união destes cursos em um único texto básico permitiu que os conteúdos fossem estudados de forma mais uniforme e sistemática, dando ênfase nos procedimentos e metodologias que seriam posteriormente mais empregados e realçando a abrangência de cada conceito apresentado. Desta forma, toda a parte de determinação de esforços em estruturas (Estática e Isostática) é abordada a partir dos conceitos básicos de efeitos cinemáticos das forças e equilíbrio. Os problemas de resistência dos materiais são sempre resolvidos a partir de considerações de deformação, equilíbrio e equações constitutivas. Em particular, estruturas simples estaticamente indeterminadas são abordadas para mostrar como a chave de sua solução está em acrescentar considerações sobre sua deformação às equações de equilíbrio. Uma ênfase especial foi dada a apresentação de problemas não lineares, especificamente com materiais elastoplásticos perfeitos, tão logo os conceitos gerais sobre determinação de tensões e deformações fossem estudados, de modo a salientar que a mudança de uma análise elástica para uma elastoplástica se dá apenas nas equações constitutivas, mantendo as demais inalteradas. Sem entrar nas particularidades do projeto de estruturas de concreto armado, procurou-se mostrar como as equaçõers usuais de felxo- compressão e flexo-tração podem ser espandidas para seções compostas de materiais diferentes, em especial barras inclusas em uma matriz de outro material, preparando o estudante para a compreensão do comportamento do concreto. Mecânica Estrutural 13 Este livro conta apenas com exercícios ou exemplos resolvidos. Mais do que uma mera aplicação dos conceitos abordados no desenvolvimento teórico inicial de cada capítulo, os exemplos foram cuidadosamente escolhidos de modo a a apresentar uma particularidade, metodologia ou propriedade nova, implícita no desenvolvimento teórico mas não explicitada. Desta forma, uma parte considerável do conteúdo teórico está abordado através dos exemplos, de modo que os mesmos devem ser considerados como uma extensão obrigatória do conteúdo teórico de cada capítulo. Este livro é fruto de uma experiência considerável em sala de aula. Esta experiência foi fundamental para a coleta de situações nas quais mais comumente são feitos raciocínios incorretos por parte dos alunos de graduação em engenharia, ou o fenômeno físico por trás das equações é mal entendido. Um cuidado especial foi tomado na redação dos capítulos e dos exemplos para que estes pontos críticos no aprendizado fossem particularmente detalhados, justificando a correta interpretação dos fenômenos e equações. A gênese deste livro se deu a partir de um curso de análise estrutural básica voltada para profissionais de nível médio. Neste texto inicial, onde possível, tentou-se evitar a complexidade matemática, não utilizando-se cálculo diferencial e integral para definir equações e propriedades. Esta proposta foi mantida no grande processo de ampliação e enriquecimento do texto inicial para adequá-lo ao uso por estudantes de engenharia, de modo que, em alguns tópicos, os conceitos são mostrados e definidos tanto utilizando-se diferenciação e integração como de outras formas. Capítulo 1 Equilíbrio Neste capítulo será feita uma revisão dos conceitos básicos de mecânica, em especial o efeito da aplicação de forças sobre o deslocamento do corpo. As condições de equilíbrio serão estabelecidas para situações planas e espaciais. O efeito da restrição ou impedimento ao deslocamento será abordado nas situações de vinculação interna e externa. Os tipos de vinculação e de carregamento mais usuais em estruturas serão mostrados. Será definido grau de hiperestaticidade de uma estrutura. Ao final do capítulo, o estudante será capaz de definir se uma estrutura pode ou não ser calculada a partir das equações de equilíbrio, bem como calcular o valor das reações vinculares no vínculos externos, bem como nos elementos de conexão entre partes da estrutura. 1. FORÇAS, RESULTANTES E DECOMPOSIÇÃO DE FORÇAS Forças são grandezas vetoriais caracterizadas por módulo (intensidade), direção (reta suporte sobre a qual a força atua) e sentido. Sendo vetores, devem ser somadas (ou subtraídas) vetorialmente. Considerando um ponto material P submetido a um sistema de forças F1, F2 e F3, pode-se mostrar que a situação a) é equivalente à situação b), na qualas forças são substituídas por outra, resultado da soma vetorial de F1, F2 e F3, chamada de Resultante (R). A soma vetorial pode ser feita graficamente colocando-se a extremidade inicial de um vetor na extremidade final do anterior, e assim por diante. A resultante é o vetor unindo a extremidade inicial do primeiro vetor e a extremidade final do último. P F1 F2 F3 a) F1 F2 F3 R R P b) 16 Capítulo 1 - Equilíbrio Percebe-se que é possível fazer o processo inverso, ou seja, dada uma força F, considerá-la como resultante de outras forças, aplicadas no mesmo ponto em outras direções e sentidos. Dos exemplos abaixo, constata-se que : P F P F F1 F2 P F1 F2 P F P F F1 F2 P F1 F2 A resultante de um par de forças pode ser obtida pela diagonal do paralelogramo que tem por lados as forças a serem somadas. Analogamente, as componentes de uma força em duas direções quaisquer correspondem aos lados do paralelogramo paralelos a estas direções, cuja diagonal é a força a ser decomposta. Do ponto de vista analítico, é bastante conveniente tratarmos as forças através de suas componentes nas direções dos eixos ortogonais de um sistema cartesiano, geralmente denominados x, y e z. A soma das forças é dada pela soma das respectivas componentes em cada uma das dire- ções x, y e z. P F1 P F1 F1y F1x = P F2y F2x + F2 = P F2y F2x F1y F1x F2 R α Numericamente: ( ) ( ) ( ) ( ) F F F F R F F F F F F F F R F F R F F x x x x y y y y x x y y 1 1 1 2 2 2 1 2 2 1 2 2 1 1 1 2 2 2 1 1 2 1 1 2 = = = + + + = = = + = + − − cos cos sen sen cos sen α α α α α Mecânica Estrutural 17 2. FORÇAS ESTATICAMENTE EQUIVALENTES MOMENTO DE UMA FORÇA Considere-se a situação abaixo, na qual uma placa que pode girar em torno do eixo "e" está submetida a uma força F. Inicialmente, a força F está aplicada de tal modo que tem como reta suporte a reta unin- do P ao eixo. Nesta situação, o efeito de F sobre a placa é comprimi-la contra o eixo, mas não há ne- nhuma tendência a fazer a placa girar em torno do eixo. Dizemos que dois sistemas de forças são estaticamente equivalentes quando os dois sistemas produzem o mesmo efeito (em termos de movimento) sobre um corpo (ou seja, quando têm resultantes iguais, aplicadas no mesmo ponto). Considere-se a situação a), na qual se deseja transladar a força F de P para E, mantendo o mesmo efeito sobre o corpo (isto é, de forma estaticamente equivalente). Percebe-se que a simples transposição de F de P para E - situação b) - mantém o mesmo efeito sobre a placa, ou seja, produz apenas compressão do eixo contra a mesma. Uma força F tem o mesmo efeito sobre um corpo, qualquer que seja o ponto de aplicação da mesma ao longo de sua reta suporte. Observação: A propriedade acima é valida se forem considerados apenas os deslocamento do corpo sobre o qual atua a força, sendo o mesmo não deformável (a posição relativa dos seus diversos pontos não se altera). A deformação do corpo - alteração da posição relativa de seus diversos pontos - é alterada pelo deslocamento do ponto de aplicação da força. Considere-se agora a situação em que a força F está aplicada perpendicu- larmente à reta EP, e que deseja-se transladá-la estaticamente para o ponto E. Percebe-se que o efeito de F sobre a placa é comprimi-la contra o eixo na direção y e, ainda, provocar a rotação da mesma em torno do eixo. A "tendência" à rotação é definida como o Momento da Força em relação ao eixo, dado pelo produto do módulo da força pela distância de seu ponto E PF e e E F P e E F P a) b) 18 Capítulo 1 - Equilíbrio de aplicação ao eixo, medida perpendicularmente à reta suporte da força. Esta distância é chamada de braço de alavanca. Logo, se F é transportada de P para E, essa "tendência" à rotação deve ser mantida na mesma intensidade, ou seja, o momento de F em relação ao eixo deve permanecer inalterado. Se F for simplesmente transladada de P para E, o momento original de F em relação ao eixo, dado por M=F.d1 passa para M=F.d2 , menor que o original. É necessário, portanto, acrescentar um momento de valor F(d2 - d1) para tornar os sistemas estaticamente equivalentes. Para mudar estaticamente o ponto de aplicação de uma força, é necessário adicionar o momento desta força, em sua posição original, em relação ao novo ponto de aplicação, dado por F.d, onde d é a componente da distância entre os pontos, medida perpendicularmente à reta suporte de F. O momento de uma força pode ser representado por uma seta curva em geometrias bidimensionais e por um vetor de dupla flecha em geometrias tridimensionais (regra da mão di- reita). É uma grandeza vetorial, podendo ser somada e decom- posta como qualquer vetor. Considere-se agora uma terceira situação, na qual a força F está numa direção qualquer e P, o ponto de aplicação, em uma posição qualquer. Para levar estaticamente F de P para E, pode-se decompor F segundo os eixos cartesianos ortogonais x e y, e levar suas componentes de P para E. Na situação a) o momento de F em relação ao eixo é M F d F dx y y x1 1 1= + e, na situação b) M F d F dx y y x2 2 2= + e E F Pd2 d1 dx y e E F PM M M M M Mecânica Estrutural 19 Logo, é preciso adicionar um momento de ( ) ( ) M M M M F d F d F d F d M F d d F d d M F d F d x y x y y x y x x y y y x x x y y x = − = − + − = − + − = + 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 dado pelo produto das componentes da força pelas componentes perpendiculares a elas da distância entre o ponto original e o novo ponto de aplicação. Na maioria das situações, ao transladar estaticamente uma força de um ponto para outro, é vantajoso trabalhar com referência a um sistema cartesiano considerando os momentos das componentes das forças, com os correspondentes braços de alavanca nas direções dos eixos cartesianos, ao invés de encontrar o braço de alavanca na direção perpendicular à reta suporte da força.. 3. CARGAS EM UMA ESTRUTURA Em uma estrutura qualquer, as cargas atuantes podem ser consideradas como 3 tipos básicos: 3.1. Cargas Concentradas São forças ou pressões aplicadas a uma estrutura através de uma área de contato pequena o suficiente para ser considerada puntual, quando comparada com as demais dimensões da peça. São re- presentadas como vetores força apli- cados no ponto que representa o centro geométrico da área de aplicação real das cargas.,. 3.2. Cargas Distribuídas e E F P d2x d1x dx x y Fx Fyd1y d2y dy a) e E Fx Fy P M b) 20 Capítulo 1 - Equilíbrio Considere-se uma placa retangular apoiada nos quatro lados sobre a qual são empilhados sacos de areia, mantendo pilhas de mesma altura em todos os pontos. Tomando-se uma área de 1 x 1 m em qualquer ponto da placa, e verificando-se a pressão ali atuante, conclui-se que a mesma será dada por q = P/A = h.1.1.γ / 1.1 onde h é a altura da pilha, γ é o peso específico do material (peso da areia por unidade de volume) e h.1.1 é o volume considerado sobre a área selecionada. Percebe-se que o valor de q independe da área considerada, e representa a intensidade de força por unidade de superfície (equivalente à pressão). Considere agora uma viga sobre a qual são empilhados sacos de areia. Como o componente es- trutural é tratado como um ele- mento linear unidimensional, de comprimento L, a carga distribu- ída deve ser considerada não mais por unidade de superfície, mas por unidade de comprimen-to, dada por q = P/L1 = γ.e.L1 / L1, o que também independe do compri- mento considerado. Representações usuais deste tipo de carregamento são mostradas abaixo. qa) qb) c) A situação b) pode ser imaginada com a analogia dos sacos de areia, tendo a pilha altura diferente em cada ponto. Quanto menor o tamanho dos sacos, menor sua base, mais próxima fica a aproximação . São cargas distribuídas: peso próprio, elementos apoiados, vento, pres- sões de fluidos e as próprias cargas concentradas (distribuídas em um pequeno comprimento ou área). L1 e Mecânica Estrutural 21 Na figura abaixo, pode-se considerar uma carga distribuída a) como uma sucessão de pequenos trechos b) que podem ser substituídos, sem grande erro, por cargas concentradas c). q a) b) L/5 L/5 L/5 L/5 L/5 L1 P q q qqq qL/5 c) qL/5 qL/5qL/5qL/5 L/5 L/5 L/5 L/5 L1+L./10 P L Deseja-se substituir estaticamente a carga distribuída par uma força e um momento aplicados em um ponto P qualquer. Utilizando a aproximação da carga distribuída mostrada em c), resulta Força qL qL= =5 5 Momento qL L L qL L L qL L L qL L L qL L L qL L L = +⎛⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ + + ⎛ ⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ + + ⎛ ⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ + +⎛⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ + + ⎛ ⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ = + ⎛ ⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ 5 10 5 3 10 5 5 10 5 7 10 5 9 10 2 1 1 1 1 1 1 Para substituir a carga concentrada por uma única força, que tenha o mesmo efeito (seja estaticamente equivalente), resulta ( ) ( ) F qL Fd qL L L F L L d L L = = + = + = + 1 1 1 2 2 2 O que foi feito de forma aproximada nas equações anteriores pode ser fei- to, através do cálculo diferencial e integral, considerando-se uma função de carga distribuída q(x) qualquer como formada por uma infinidade de tre- chos de largura infinitesimal dx, cada uma delas podendo ser aproximada por uma carga concentrada de valor igual à área do trecho, ou seja q(x)dx. xA xB q(x) x dx 22 Capítulo 1 - Equilíbrio R q x dx R x q x xdx x q x xdx q x dx x x G x x G x x x x A B A B A B A B = = = ∫ ∫ ∫ ∫ ( ) . ( ) ( ) ( ) Uma carga distribuída pode ser substituída por uma RESULTANTE de MÓDULO igual ao valor da ÁREA do diagrama da carga distribuída (considerando-se a intensidade como altura), aplicada no CENTRO DE GRAVIDADE da figura. Observação: A propriedade acima é valida se forem considerados apenas os deslocamento do corpo sobre o qual atua a carga distribuída, sendo o mesmo não deformável. A deformação do corpo, bem como a distribuição de forças internas dentro do mesmo pode ser totalmente diferente para a carga distribuída original e a resultante estaticamente equivalente. q P=qL L L/2 L/2 q P=qL/2 L 2L/3 L/3 Carga Distribuída Resultante Estaticamente Equivalente 3.3. Momentos ou Binários Mecânica Estrutural 23 Considere-se a situação a) abaixo. Se as forças F forem levadas estatica- mente ao ponto P, resulta a situação b): as forças se anulam e sobra a diferença F.L1 - F.L2 = F (L1-L2) = F.L dos momentos em relação a P. A carga tipo MOMENTO pode ser con- siderada como o efeito de um par de forças iguais (módulo F) e sentidos con- trários, distantes d=M/F uma em relação à outra, distância medida perpendicu- larmente às retas suportes das forças. Observação: A propriedade acima é valida se forem considerados apenas os desloca- mentos do corpo sobre o qual atua o par de forças, sendo o mesmo não deformável. Para a deformação, bem como a distribuição de forças internas, a substituição acima pode resultar em efeitos diferentes. P FFa) d P F/2 2d b) F/2 P c) M=F.d SITUAÇÕES ESTATICAMENTE EQUIVALENTES 4. MOVIMENTOS DE CORPO RÍGIDO E EQUAÇÕES DE EQUILÍBRIO Um corpo no espaço, submetido à ação de um sistema de forças, pode se deslocar de forma uniforme ou acelerada, de tal modo que seus pontos mantenham entre si a mesma distância relativa que havia antes da aplica- ção do sistema de forças. Este tipo de movimento é chamado de Movi- mento de Corpo Rígido (MCR) do corpo, incluindo tanto deslocamentos lineares quanto angulares. Pelas leis da Mecânica, um corpo sob a ação de uma força é acelerado em um movimento de translação na razão a = F/m, onde F é a força aplicada, m é a massa do corpo e a é a aceleração produzida. Logo, para um corpo permanecer em repouso ou em movimento retilíneo uniforme (a=0), é preciso estar sob a ação de um sistema de forças cuja resultante seja nula. Da mesma forma, um corpo sob a ação de um sistema de forças cuja resultante de momentos não seja nula está em movimento de rotação. P F F L1 L2 L P F F F.L2 F.L1 a) b) 24 Capítulo 1 - Equilíbrio Para que um corpo esteja em equilíbrio estático, é preciso que as resultantes de forças e momentos tenham componentes nulas nas direções em que o corpo pode ter movimentos de corpo rígido. Considerando uma situação de equilí- brio no plano, um corpo qualquer pode se deslocar linearmente em qualquer direção, ou girar em torno de um ponto qualquer, se as componentes das re- sultantes de forças e momentos não forem nulas nestas direções. O corpo ao lado apresentará um mo- vimento de corpo rígido linear se a re- sultante de F1, F2, F3 não for nula. É conveniente referenciarmos este mo- vimento a um sistema cartesiano tra- tando com as componentes nas dire- ções x e y das forças. Assim, não haverá MCR na direção x se as resultantes de forças na direção x for nula. F F Fx = − =∑ 0 01 3cos α Não haverá MCR na direção y se F F Fy = − =∑ 0 01 2senα e, não havendo MCR nas direções x e y, não haverá em nenhuma direção. Da mesma forma, um corpo não girará em torno de um ponto P qualquer se a resultante de momentos de cada força em relação a este ponto for nula. M F d F d F dP = − − =∑ 0 01 1 2 2 3 3 ou, referenciando forças e braços de alavanca ao eixos x e y, resulta F d F d F d F dx y y x y x x y1 1 1 1 2 2 3 3 0+ − − = Para que haja equilíbrio de forças no plano F F M x y P = = = ⎧ ⎨ ⎪⎪ ⎩ ⎪⎪ ∑ ∑ ∑ 0 0 0 F1 F3 F2 P d3d1 d2 x y Mecânica Estrutural 25 Analogamente Para que haja equilíbrio no espaço F F F M M M x y z x y z = = = ⎧ ⎨ ⎪⎪ ⎩ ⎪⎪ = = = ⎧ ⎨ ⎪⎪ ⎩ ⎪⎪ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ 0 0 0 0 0 0 onde Mx, My e Mz são as resultantes de momentos em torno dos eixos x, y e z respectivamente. Observação 1: Pode-se mostrar que, aplicando equivalência estática, uma vez cumpridas as equações de equilíbrio de forças, se a equação de equilíbrio em momentos se verifica para um ponto, pertencente ou não à estrutura, ela se verifica para qualquer ponto. Observação 2: Na realidade, as condições de equilíbrio no plano exigem que 3 equações de equilíbrio linearmente independentes se cumpram, podendo as mesmas serem as indicadas acima (o mais usual), ou duas equações de momento (em relação a dois pontos diferentes) e uma de forças em uma dada direção, ou três equações de momento. Observação 3: Assim como, no equilíbrio no plano, o ponto P pode ser um ponto qualquer, nas equações de equilíbrio no espaço os eixos em torno do qual se aplicam os somatórios de momentos podem ser quaisquer eixos paralelos a x, y e z, pertencentes ou não à estrutura em análise. Observação 4: O momento de uma força em relação a um ponto, em uma situação plana, é, na realidade, momento de uma força em relação a um eixo, o qual é perpendicular ao plano de análise, tornando-se um ponto. Define-se como momento de umaforça em relação a um eixo o produto da componente da força perpendicular ao eixo pela distância entre a reta suporte da força e o eixo. A reta suporte da força, a distância e o eixo em questão são mutuamente perpendiculares. 5. VÍNCULOS Normalmente os corpos estruturais não estão livres no espaço, estando presos ou ligados ao meio (a Terra) em alguns pontos. Estes pontos de ligação ou vinculação são chamados Vínculos. Vínculo é um elemento que impede o movimento (translação e/ou rotação) do corpo em uma determinada direção no ponto em que ele é aplicado. Como, para impedir um determinado movimento, é necessário aplicar uma 26 Capítulo 1 - Equilíbrio força ou momento na direção correspondente, anulando as componentes, naquela direção, das demais forças aplicadas, as forças que surgem nos vínculos na direção dos deslocamentos impedidos são chamadas Reações Vinculares, pois são forças que reagem à tendência ao deslocamento. Estas forças somente são mobilizadas quando da aplicação de outras forças que tenderiam a deslocar o corpo, chamadas forças ativas. Assim, no plano, um vínculo poderá impedir o deslocamento linear so- mente em uma dada direção, em duas direções perpendiculares e/ou impedir o giro naquele ponto. A representação e nomenclatura dos vínculos mais usuais para situações planas são dadas abaixo. Apoio simples ou de 1a ordem (impede o deslocamento linear na direção perpendicular à base, deixando livres os demais). Rótula ou Apoio de 2a ordem (impede todos os deslocamento lineares) Engaste ou Vínculo de 3a ordem (impede todos os deslocamentos lineares e rotações) As forças reativas ou reações vinculares surgem nas direções do(s) deslocamentos(s) ou rotações impedido(s). Além desses vínculos mais usuais, outras combinações possíveis são: a) Impedir o giro, deixando livres os deslocamentos lineares. b) Impedir o giro e o deslocamento linear em uma direção, deixando livre o deslocamento linear na direção perpendicular à direção impedida. F FyFx FyFx M Mecânica Estrutural 27 Vínculos e Elementos de Ligação Bidimensionais Fonte: Mecânica Vetorial para Engenheiros - Vol.1. F.P. Beer e E.R.Johnston Jr. McGraw-Hill 28 Capítulo 1 - Equilíbrio Vínculos e Elementos de Ligação Tridimensionais Fonte: Mecânica Vetorial para Engenheiros - Vol.1. F.P. Beer e E.R.Johnston Jr. McGraw-Hill Mecânica Estrutural 29 6. ESTATICIDADE DE UMA ESTRUTURA Em função do número de movimentos de corpo rígido e da vinculação existente restringindo estes movimentos, pode-se classificar as estruturas como: 6.1. Estrutura hipostática ou mecanismo: é quando o número de restri- ções vinculares ou sua disposição não impedem a totalidade dos movimen- tos de corpo rígido de um corpo, de modo que o mesmo adquire movimen- to sob a ação de forças (mecanismo). O número de equações de equilíbrio linearmente independentes é maior que o número de incógnitas (restrições vinculares). 6.2. Estrutura isostática ou estaticamente determinada: é aquela na qual o número e a disposição das restrições vinculares impede a totalidade dos movimentos de corpo rígido da estrutura. O nú- mero de equações de equilíbrio linearmente in- dependentes é igual ao número de incógnitas Não basta que o número de restrições iguale o número de MCR. É preciso também que os vínculos estejam convenientemente dispostos para impedir o movimento. As estru- turas ao lado apresentam 3 movimentos de corpo rígido e 3 restrições vin- culares, mas os movi- mentos não são total- mente impedidos. No caso A pode ocorrer des- locamento horizontal e no caso B giro em torno do ponto P. De um modo geral, estruturas planas são isostáticas quando restringidas por: ? um engaste Deslocamento Livre Giro Livre P A B ΣFx=0 !? ΣMp=0 !? 30 Capítulo 1 - Equilíbrio ? uma rótula e um apoio simples ? três apoios simples, desde que não todos alinhados (restringindo o movimento na mesma direção - situação A - e não todos convergentes (reta suporte das direções dos movimentos restringidos convergindo para o mesmo ponto - situação B. Sempre que uma estrutura plana apresenta rótula interna, existem, na rea- lidade, mais movimentos de corpo rígido parciais. Na estrutura abaixo, pode-se considerar a rótula interna em B como um elemento de ligação entre as partes AB e BC, o qual restringe apenas os deslocamentos hori- zontal e vertical de uma parte em relação à outra. Se a parte BC for deslo- cada para a direita, será preciso deslocar também a parte AB, visto que a rótula em B as une (não há liberdade total de movimento). Contudo, a parte AB (ou BC) pode ser girada livremente em torno da rótula B, visto que a mesma não oferece nenhuma resistência ao giro. Portanto, os movimento de corpo rígido possíveis são: ? Deslocamento do conjunto no plano, traduzido por suas componentes horizontal e vertical. ? Giro do conjunto em torno de um ponto. ? Giro relativo das partes AB e BC em torno da rótula B Considerando agora outra estrutura abaixo, constata-se que os movimen- tos de corpo rígido são: ? Deslocamento do conjunto (horizontal e vertical). ? Giro do conjunto em torno de um ponto. ? Giro relativo de BC em relação à AB e BD. ? Giro relativo de BD em relação à AB e BC. O giro relativo de AB em relação a BC e BD pode ser considerado como uma combinação linear dos dois anteriores, não sendo independente. Pode-se concluir que, em estruturas planas, cada rótula interna acrescenta (No de barras conectadas - 1) movimentos de corpo rígido independentes, o que implica no mesmo número de restrições vinculares que devem ser acrescentadas para tornar a estrutura isostática. A B C BA C D Mecânica Estrutural 31 HIPOSTÁTICAISOSTÁTICAISOSTÁTICA 6.3. Estruturas hiperestáticas ou estaticamente indeterminadas: são aquelas nas quais o número de restrições vinculares é maior que o número de movimentos de corpo rígido, ou seja, há mais vínculos que os necessários para impedir os movimentos da estrutura. Este tipo de estrutura resulta em um sistema (estático) de equações indeterminado, o qual não pode ser resolvido somente com equações de equilíbrio. (será mostrado posteriormente que é necessário acrescentar equações provenientes de considerações sobre a deformação do corpo para poder resolver o sistema). Se forem aplicadas mais equações de equilíbrio que os movimentos de corpo rígido da estrutura, o sistema obtido continuará indeterminado, pois as equações não serão linearmente independentes. As considerações acima aplicam-se inicialmente para determinar a estati- cidade externa de uma estrutura, ou seja, em relação à sua vinculação. Contudo, se as diversas barras componentes de uma estrutura forem iso- ladas, explicitando-se as forças de iteração entre elas, e forem aplicados os critérios acima, pode-se determinar a estaticidade (ou hiperestaticidade) interna de uma estrutura. Considere-se a estrutura ao lado, a qual é isostática em relação à vinculação. Se a mesma for separada em suas quatro barras componentes, e, em cada ligação entre barras, forem explicativas as forças de interação ou de ação e reação entre as diversas partes (duas forças e um momento para cada ligação, pois a mesma é rígida, não permitindo nenhum deslocamento ou giro relativo das barras q P M A B C D 32 Capítulo 1 - Equilíbrio conectadas) e computados o número de incógnitas em cada barra e o número de equações de equilíbrio disponíveis (três por barra) resulta: Parte AB: 3 equações 6 incógnitas Ma, Xa, Ya Mb, Xb, Yb Parte AC: 3 equações 3 incógnitasMc, Xc, Yc Parte BD: 3 equações 3 incógnitas Md, Xd, Yd Parte CD: 3 equações 3 incógnitas Vc, Vd, Hd _____________________________ TOTAL 12 equações 15 incógnitas Estrutura 3 vezes hiperestática (internamente) A partir das considerações anteriores de número de equações de equilíbrio e número de incógnitas, pode-se montar a seguintes equações para calcular o grau de hiperestaticidade de uma estrutura plana. Grau de hiperestaticidade externa g e r ae = + + −3 2 3 onde e é o número de engastes da estrutura, r é o número de rótulas externas (vínculos de segunda ordem) e a é o número de apoios simples. Grau de hiperestaticidade interna g L C bi i i Nos = − +∑ 3 3 onde Li é o tipo de vinculação entre as barras em um determinado nó (3 para engaste ou ligação rígida entre as barras, 2 para rótula interna ou externa e 1 para apoio simples), sem levar em conta a vinculação externa; q Xa Ya Ma Xb Yb Mb Ya Xa Ma Yc Xc Mc M Yb Xb Mb Yd Xd Md P Xc Yc Mc Xd Yd Md Vc Vd Hd Mecânica Estrutural 33 Cí é o grau de conexão do nó (número de barras ligadas ao nó -1) e b é o número de barras da estrutura. Grau de hiperestaticidade total g g gi e= + É importante ressaltar que a aplicação pura e simples das equações acima não garantem que uma estrutura seja isostática, visto que leva em consideração apenas o número de vínculos, e não sua disposição. Além disso, uma hiperestaticidade externa pode numericamente compensar uma hipoestaticidade interna, sem que isto realmente signifique impedimento dos movimentos de corpo rígido. 1 2 3 4 5 6 1 1 2 3 3 4 1 2 3 2 4 2=4 6 7 1 3=5 3 5 4 Para o exemplo 1, com um apoio de segunda ordem e um de primeira, o grau de hiperestaticidade externa é dada por: ge = 2 + 1 - 3 = 0 Para avaliar o grau de hiperestaticidade interna, os nós 1 e 6 têm grau de conexão nulo, visto existir somente uma barra conectada a cada um deles. Para os demais nós, todos com ligações rígidas, os produtos 3 vezes.(No de barras conectadas -1) resultam nos valores 3, 6, 3 e 6, respectivamente para os nós 2, 3, 4 e 6. Descontando deste somatório 3 vezes o número de barras da estrutura e somando 3, resulta: gi = 0 + 3 + 6 + 3 + 6 + 0 - 3.6 + 3 = 3 O grau de hiperestaticidade total é dado por g = gi + ge = 3 sendo a estrutura, portanto, 3 vezes hiperestática. 34 Capítulo 1 - Equilíbrio As equações abaixo foram aplicadas com os termos seguindo a numera- ção dos nós. 2: ge = 3 + 2 + 1 - 3 = 3 gi = 0 + 4 + 0 + 0 - 3.3 + 3 = -2 g = 1 3: ge = 2 + 2 - 3 = 1 gi = 4 + 2 + 2 + 4 - 3.5 + 3 = 0 g = 1 4: ge = 2 + 1 - 3 = 0 gi = 2 + 2 + 2 + 6 + 6 + 0 + 0 - 3.7 + 3 = 0 g = 0 Quando existem barras concorrendo em um nó se conectando entre si de forma diferente (Ex. 4, nós 2 e 3) pode-se imaginar uma barra extra, conectando as barras que se ligam de uma forma (ligação rígida - barras 2-3 e 3-7) com as que se ligam de outra forma (rótula - barra 1-3 em relação ao resto da estrutura), como mostrado no detalhe. 7. DIAGRAMA DE CORPO LIVRE Chama-se Diagrama de Corpo Livre de um corpo (estrutura inteira, parte dela ou apenas um componente) a representação deste corpo com todas as forças nele atuantes, sejam elas ativas ou reativas (reações vinculares ou ação do restante da estrutura sobre o componente em análise), ou seja, o corpo livre no espaço submetido a um sistema de forças ativas e reativas equilibrado. O diagrama de corpo livre é extremamente importante para a determinação tanto das reações vinculares que surgem em uma estrutura (interação entre o corpo e o meio) como as forças atuantes em elementos de ligação internos e as próprias forças internas atuantes em um componente (interação entre partes da estrutura, ou entre um componente e o resto da estrutura). Considere-se a estrutura abaixo. Da análise dos deslocamentos impedidos pelos vínculos, pode-se determinar o número de forças/ momentos incógnitos que surgirão em cada ponto de ligação com o meio (Rótulas bidimen-sionais ou pinos: impedem as translações em qualquer direção - forças reativas em x e y). Da análise dos deslocamentos impedidos e permitidos no elemento de ligação C, verificamos as forças internas que representam o efeito da parte ABC sobre a parte CD e vice-versa. Verifica-se, com base na Terceira Lei de Newton - Ação e Reação - que as forças que representam a ação de ABC sobre CD são as mesmas (mesma direção e módulo) que as que representam a ação de CD sobre ABC, com sentidos contrários. Do diagrama de corpo livre dos componentes isolados, vem Mecânica Estrutural 35 150 kgf 90 kgf 50 kgf 100 100 10075 200 100 150 Dimensões em mm 45o 90 kgf 150 kgf 50 kgf REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA 90 kgf 50 kgf DIAGRAMA DE CORPO LIVRE 106.1 kgf 106.1 kgf A B C D A B C DAx Ay Dx Dy 90 kgf 50 kgf 106.1 kgf 106.1 kgf A B C Ax Ay Dx Dy C Cx Cy Cy Cx DIAGRAMA DE CORPO LIVRE DOS COMPONENTES ISOLADOS Componente ABC: F A C F A C M C C x x x y y y A y x = − − = = + = = + + = ∑ ∑ ∑ 0 90 0 0 0 0 100 450 300 90 0. . . Componente CD: F C D F D C M C C x x x y y y D x y = + + = = − + − = = − + + − = ∑ ∑ ∑ 0 1061 0 0 1061 50 0 0 450 200 4501061 2001061 100 50 0 , , . . . , . , . 36 Capítulo 1 - Equilíbrio Resolvendo o sistema resultante, de 6 equações com 6 incógnitas, resulta: Ax = 2,62 kgf Cx = -87,38 kgf Dx = -18,72 kgf Ay = -123,21 kgf Cy = 123,21 kgf Dy = 67,11 kgf onde os sinais negativos indicam que o sentido das forças é o contrário do inicialmente arbitrado (indicado no desenho). O mesmo problema poderia ser resolvido com uma combinação de equa- ções de equilíbrio aplicadas sobre toda a estrutura ou apenas sobre partes, na seguinte ordem: M F M F A y C x = = = = ⎫ ⎬ ⎪⎪⎪⎪ ⎭ ⎪⎪⎪⎪ ∑ ∑ ∑ ∑ 0 0 0 0 toda a estrutura - obtem D toda a estrutura - obtem A parte CD - obtem D toda a estrutura - obtem A y y x x Reações externas F F y x = = ⎫ ⎬⎪ ⎭⎪ ∑ ∑ 0 0 parte ABC ou CD - obtem C parte ABC ou CD - obtem C y x Forças internas em C Desta maneira evita-se a solução de um sistema de equações lineares. É importante verificar que o número de movimentos de corpo rígido das partes ABC e CD, consideradas isoladamente, é de 3+3=6, coincidindo com o número de forças incógnitas - estrutura isostática. Considerando o diagrama de corpo livre da estrutura como um todo, apa- recem 4 incógnitas (duas reações por vínculo) e aparentemente apenas 3 equações de equilíbrio. Contudo, em função da rótula interna em C, é possível também o movimento de corpo rígido no qual as partes ABC e CD mudam o ângulo que fazem entre si (giro relativo). A equação de equilíbrio correspondente resulta em somatório nulo dos momentos das forças atuantes na parte ABC ou na parte CD, em relação ao ponto C (visto que, se a estrutura está em equilíbrio e a rótula não causa nenhum impedimento ao giro, a estrutura não tem sua partes girando em torno da rótula. O momento aplicado na rótula, que causaria o giro, é nulo). Mecânica Estrutural 37 EXEMPLO 1 (Mechanics of Engineering Materials, P.P.Benham, R.J.Crawford, Longman, UK, 1987) Encontrar as forças reativas externas e as forças internas atuantes nas conexões dos componentes da empilhadeira abaixo, sabendo que o peso a ser levantado é de W = 500 Kgf. A B C D E 1,5 m 0,5 m 1,0m D C FHD B FVD FHC FHB FVC FVB FHD FHA FVA W FHB FVB B FHE E C A FHE FHC FVC FVA FHA W Metodologia de Análise Para resolver o problema é preciso inicialmente considerar os movimentos restringidos nos vínculos externos da estrutura, em A (todos os desloca- mentos) e em D (deslocamento horizontal, considerando o pistão G como parte da estrutura), resultando em reações horizontal e vertical em A (FHA e FVA) e uma reação horizontal em D (FHD). A seguir, considera-se cada elemento da estrutura isoladamente, obtendo-se os diagramas de corpo livre dos diversos componentes, onde são explicitadas as forças internas nas diversas conexões (forças de iteração entre as diversas partes da estrutura). Com a aplicação das equações de equilíbrio em uma ordem conveniente, encontramos as forças procuradas. M F F kgf F F F kgf F F F kgf B HE HE X HB HB Y VB VB = − = = = − = = = − = = ∑ ∑ ∑ 0 500 0 5 10 0 250 0 250 0 250 0 500 0 500 . , . , (Braço B) (Braço B) (Braço B) 38 Capítulo 1 - Equilíbrio M F F kgfA HD HD= − = =∑ 0 500 2 0 10 0 1000. , . , (Tudo) M F F kgf F F F kgf ( F F F kgf (Br F F F kgf (Tudo F F F kgf ( C VD VD Y VC VC X HC HC X HA HA Y VA VA = + − − = = = − = = = − + = = = + = = − = − = = ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ 0 500 0 75 250 0 5 1000 0 5 0 75 0 0 0 500 0 500 0 250 1000 0 1250 0 1000 0 1000 0 500 0 500 . , . , . , . , (Braço BCD) Braço BCD) aço BCD) ) Tudo) É interessante observar que a estrutura do braço da empilhadeira, para qualquer configuração, resulta em força vertical no ponto D (VD) nula, de modo que o pistão hidráulico somente é necessário para colocar o braço em uma determinada posição, mas não para mantê-lo. Pode-se demons- trar isto considerando a configuração genérica abaixo A B C D E Va Ha Hd L1 a L2 B D C Vd Vc Vb Hd Hc Hb P He Vb Hb Considerando o equilíbrio de todo o conjunto: M Hd P a L LA∑ = = +0 12( ) Considerando o equilíbrio da pá B: M Hb Pa L F Vb P E Y = = − = = ∑ ∑ 0 2 0 Mecânica Estrutural 39 Considerando equilíbrio do braço BCD M VdC = =∑ 0 0 EXEMPLO 2 (Mechanics of Engineering Materials, P.P.Benham, R.J.Crawford, Longman, UK, 1987) Quando a retro-escavadeira mostrada abaixo está removendo terra, a força exercida na pá é de 15 kN, horizontal. Para a posição indicada, calcular as forças exercidas pelos 3 pistões hidráulicos A, B e C, considerando que os componentes do braço são rotulados em D, E, F, G, H, I e J. O peso dos componentes deve ser desprezado. Dimensões em metros. A B C D EF G H I 30o20o 40o 1,0 m 3,5 m 0,5 m J 0,7 m 2,0 m 1,5 m 0,5 m 2,0 m Metodologia de Análise Considere-se uma barra retilínea, rotulada em ambas as extremidades, que tem cargas aplicadas somente nas rótulas. Considerando que sua ligação com o resto da estrutura é feita através das rótulas, somente podem estar sendo transmitidas através das mesmas componentes horizontal e vertical de uma força, a qual pode estar em uma direção qualquer. Esta força pode ser decomposta em componentes na direção do eixo da barra e perpendicular ao mesmo. Se a estrutura original à qual pertence esta barra está em equilíbrio, a barra, com as forças transmitidas pelas rótulas, tam- 40 Capítulo 1 - Equilíbrio bém está em equilíbrio, pois a situação de análise é estaticamente equivalente à original. Aplicando a equação de equilíbrio de momentos em relação a uma das ró- tulas, conclui-se que, em tal situação, as únicas forças que podem ser transmitidas pelas rótulas da estrutura para a barra (e vice-versa) são for- ças na direção do eixo da barra. Considerando que os pistões estão rotulados em ambas as extremidades, a força que eles exercem nas rótulas ocorrem na direção de seus respecti- vos eixos. Construindo-se os diagramas de corpo livre da pá DJ, do braço com pá HADJ e do conjunto GFHEDJ, têm-se como forças aplicadas a força horizontal de 15 kN e as forças nos pistões A, B e C, respectivamen- te. Aplicando equações de equilíbrio de momentos em relação aos pontos D para a pá DJ, E para o braço HADJ e G para o conjunto GFHEDJ, res- pectivamente, resolve-se o problema. D 30o 0,5 m J FA 15 kN FHD FVD 0,7 m PARTE DJ 0,5 m A D E H I 40o 1,0 m 3,5 m J FB 15 kN VD HD F F PARTE HADJ A B D EF G H I 20o J 2,0 m 1,5 m 2,0 m 15 kN VG HG F F PARTE GFHEDJ M F F kN M F F sin F kN M F F F kN D A o A E B o B o B G C o C o C = + = = − = + + = = − = − + = = ∑ ∑ ∑ 0 15 0 7 30 0 5 0 24 25 0 15 3 5 40 10 40 0 5 0 48 28 0 1515 20 2 0 20 2 0 0 18 82 . , . cos . , , . , . cos . , . . , , . , . cos . , . sen . , , Mecânica Estrutural 41 EXEMPLO 3 (Mecânica Vetorial p/ Engenheiros-Estática, F.P.Beer, E.R.Johnston Jr., Makron Books, 1991) Duas hastes AB e DE estão ligadas por um perfil, como ilustrado abaixo. Determinar a maior força que pode ser aplicada pela haste AB no perfil se o maior valor permitido para a reação em C é de 2000N. A B C D E 90 o 100 mm 100 mm 113 mm75 mm Metodologia de Análise Pelas cotas indicadas, encontra-se que o ângulo da linha BC com a hori- zontal é de 36,87o e , conseqüentemente, o da haste AB com a vertical é de 36,87o. Considerando-se que as hastes AB e DE somente transmitem forças na direção de seus eixos, pode-se montar o diagrama de corpo livre do conjunto, no qual aparecem como forças aplicadas as forças nas hastes AB e DE e as reações horizontal e vertical em C. Utilizando-se as equações de equilíbrio em uma ordem conveniente: F C F C F M C C F F C F X X AB o X AB D X Y AB o AB o Y AB = − = = = − + − = = ∑ ∑ 0 36 87 0 0 6 0 113 150 36 87 250 36 87 38 0 163 . sen , , . . . . cos , . . sen , . , . A reação total na rótula C será então F C C F F máxima kNC X Y AB AB= + = = =2 2 174 2000174 1149 43, . , , EXEMPLO 4 (Mecânica Vetorial p/ Engenheiros-Estática, F.P.Beer, E.R.Johnstons Jr., Makron Books, 1991) Na figura abaixo, a polia é utilizada para manter um dada tração na correia de transmissão CDE. A base triangular contém uma mola helicoidal que aplica um binário de momento M no braço AB que, por sua vez, empurra a 42 Capítulo 1 - Equilíbrio polia B, de raio 60 mm, contra a correia. Sabendo que na posição ilustrada a força de tração na correia é T = 300 N, determine a) O momento M do binário aplicado ao braço AB b) As componentes horizontal e vertical da força aplicada em A pelo braço AB. A B C D T T 120 mm 30o 30o 60 mm B D T T 30o AY A X M DIAGRAMA DE CORPO LIVRE Metodologia de Análise O suporte em A, rotulado mas com uma mola, pode ser considerado para efeito de análise na posição especificada como um engaste, tendo como reações o momento M procurado e as forças na horizontal Ax e vertical Ay. Um diagrama de corpo livre do conjunto incluiria ainda as forças de tração na correia. Da aplicação das equações de equilíbrio em uma ordem con- veniente, encontra-se a resposta. M M M Nmm F A A N F A A N A Y Y Y X X X = − − = = = − = = = − + = = ∑ ∑ ∑ 0 300180 300180 30 0 7234 6 0 300 30 0 150 0 300 300 30 0 40 2 0 0 0 . . . cos , . sen . cos , EXEMPLO 5 (Mecânica Vetorial p/ Engenheiros-Estática, F.P.Beer, E.R.Johnstons Jr., Makron Books,1991) Um sarilho é utilizado para erguer uma carga de 750N. Determinar o módulo da força horizontal P que deve ser aplicada em C para manter o equilíbrio e as reações em A e B, supondo que o mancal em B não exerce empuxo axial. Mecânica Estrutural 43 A B C P 750 N 150 mm 200 mm 100 mm 250 mm r = 100 mm Metodologia de Análise Obtém-se o diagrama de corpo livre do conjunto considerando que os mancais impedem somente deslocamentos em 3 (A) ou 2 (B) direções (o que é verdade se a largura dos mancais, medida na direção axial, for pequena). Aplicando as equações de equilíbrio no espaço, vem: M P P NX AB = − + = =∑ 0 250 75000 0 300. M A A N F B B N Z B Y Y Y Y Y = − = = = − + = = − ∑ ∑ 0 750 350 200 0 1312 5 0 1312 5 750 0 562 5 . . , , , M P A A NY B Z Z= + = = −∑ 0 100 200 0 150. . F B B N F A Z Z Z X X = − − + = = = = ∑ ∑ 0 150 300 0 450 0 0 P ByBz Az Ay Ax 750N 75000Nmm x y z 44 Capítulo 1 - Equilíbrio EXEMPLO 6 (Mecânica Vetorial p/ Engenheiros-Estática, F.P.Beer, E.R.Johnstons Jr., Makron Books, 1991) A tampa de um duto de raio r = 240 mm e massa 30 Kg é mantida na posição horizontal pelo cabo CD. Supondo que o mancal em B não exerça qualquer empuxo axial, determine a força de tração no cabo e as componentes das reações em A e B. B A 240 mm 240 mm 240 mm 100 mm r = 240 mm T 0,286 T 0,857 T 0,429 T 294 N A A A y z x B B y x DIAGRAMA DE CORPO LIVRE Metodologia de Análise Considerando-se que os mancais tem pequena espessura, de modo a não restringir individualmente os giros, obtém-se o Diagrama de Corpo Livre ao lado. A força T está em uma direção oblíqua, devendo ser expressa em função de suas componentes Tx=0,857.T, Ty=0,429.T e Tz=0,286.T. O valor das componentes pode ser obtido dividindo-se dire- tamente o valor dos lados do prisma abaixo pela diagonal principal, prisma esse obtido com as distâncias indicadas no desenho acima. O peso da tampa é dado pelo produto de sua massa pela aceleração da gravidade, resultando 294N, considerado aplicado no centro de gravidade da mesma. M T T N F T A A N Z AB Z Z Z = − = = = − = = ∑ ∑ 0 0 429 480 294 240 0 342 7 0 0 286 0 98 0 , . . . , , . , T Tz Ty Tx 480mm 160mm 240mm 560mm Mecânica Estrutural 45 M A A N F B B N X B Y Y Y Y Y = − − = = = + + − = = ∑ ∑ 0 294 240 0 429 342 7 240 480 0 73 5 0 73 5 0 429 342 7 294 0 73 5 . , . , . . , , , . , , M A A N F B B N Y B X X X X X = + − = = = + − = = ∑ ∑ 0 480 0 286 342 7 480 0 857 342 7 240 0 48 83 0 48 83 0 857 342 7 0 244 83 . , . , . , . , . , , , . . , EXEMPLO 7 O mecanismo abaixo é freqüentemente utilizado como um amplificador de forças, no qual, dependendo da configuração, se obtém uma reação R muitas vezes maior que a força aplicada F. Em situações na qual se pre- cisa puncionar um determinado material, ou estampar uma peça, ou reali- zar um corte , consegue-se reduzir o tamanho do pistão hidráulico neces- sário, representado no desenho abaixo pela força F. Calcular o fator de amplificação de forças R/F para uma situação genérica dada pelo ângulo α, e o fator de redução de deslocamentos ∆2 / ∆1. L α R F ∆1 ∆2 B A C Metodologia de Análise Considerando que a ligação do mecanismo com a base, em A, impede os deslocamentos lineares, e que o bloco em C pode se deslocar livremente sobre a base (superfície sem atrito ou com atrito desprezível), considera- se a existência de uma reação vertical em A (Va), horizontal em A (Ha), e vertical em C (Vc). Por simetria: Va = Vc = F/2 ou 46 Capítulo 1 - Equilíbrio M F L Vc L VcA = − + =∑ 0 2 0. . cos . . cosα α Fator de amplificação de forças: M F L R L R FB BC = − = =∑ 0 2 0 2/ . . cos . . sen tanα α α Fator de redução de deslocamentos: ∆ ∆ ∆ ∆ ∆ ∆ 1 1 2 2 2 1 2 2 = = = = − = = d L d d L d d L d d L d ( sen ) . cos . ( cos ) . sen . sen cos tan α α α α α α α α α α α α α Pela tabela abaixo percebe-se que o fator de amplificação de forças é o inverso do fator de redução de deslocamentos. α R / F ∆2 / ∆1 45o 0,5 2 30o 0,87 1,15 26,56o 1 1 10o 2,83 0,35 Das equações acima percebe-se que, na situação α = 0, a força R se torna infinita. É por um equacionamento similar que se mostra que um cabo sujeito ao seu peso próprio, para ficar perfeitamente na horizontal, precisa- ria ser tensionado por uma força infinita, o que nenhum material é capaz de suportar. Por isso, um cabo quando tensionado, forma uma curva chamada catenária. EXEMPLO 8 (Mecânica Vetorial p/ Engenheiros-Estática, F.P.Beer, E.R.Johnstons Jr., Makron Books, 1991) Determinar as reações nos apoios das vigas para as condições de carre- gamento indicadas: Mecânica Estrutural 47 A B 9 kN/m 0,2 m 0,3 m a) 3 kN/m A B 0,9 m2,5 m1,5 m c) 12 kN/m A B 0,5 m1,5 m d) A B 1,2 m 0,9 m b) 2,5 kN/m 3,33 kN/m 2,4 kN/m B A 1,2 m 1,8 m 1,2 m e) A 3,6 m f) 1 kN/m 1,2 kN/m B Metodologia de Análise Desenham-se os Diagramas de Corpo Livre para as diversas vigas, substi- tuindo-se as cargas distribuídas pelas suas resultantes, aplicadas no centro de gravidade de cada trecho de carga. As reações são obtidas pela aplicação das equações de equilíbrio no plano, na ordem F M FX A Y= = =∑∑ ∑0 0 0 . VA HA MA 4kN 1,125kN 0,60m 0,90m b) VA=2,875kN MA=0,713kNm =0,59kNm VA 10,2kN 3,20m 0,80m c) VA=2,04kN VB VB=8,16kN VA 9kN 1,00m 0,33m d) VA=5kN VB VB=7kN 3kN 0,66m HA VA 818,2kN 0,55m 0,65m f) VA=480kN VB VB=-840kN 2,4m 1178,2kN HA VAHA 1,44kN 0,30m 0,80m e) VA=6,87kN VB VB=6,78kN 7,2kN 1,90m VA 1,8kN 1,35kN 0,10m 0,20m a) VA=3,15kN MA HA M 48 Capítulo 1 - Equilíbrio EXEMPLO 9 Calcular as reações do pórtico abaixo. 50kN/m 180 kNm 40kN/m A B C D E 2,5m 2,5m 2,0m3,0m 3,0m 6,0m He Va Vd Metodologia de análise Considere-se uma barra de comprimento L inclinada de a em relação à horizontal, submetida a uma carga uniformemente distribuída q. A resultante desta carga é q.L aplicada no centro de gravidade do diagrama, em L/2. As componentes horizontal e vertical da resultante são, respectivamente, q.L.senα e q.L.cosα Considerando que L.senα é a projeção vertical do comprimento da barra, pode-se calcular a componente horizontal da resultante como sendo a taxa de carga original multiplicada pela projeção vertical do comprimento da barra. Da mesma forma, a componente vertical da resultante é a taxa de carga original multiplicada pela projeção horizontal do comprimento da barra. Além disso, a resultante original estaria aplicada na metade do comprimento da barra, de forma que a componente horizontal da resultante está aplicada na metade da projeção vertical da barra, e a componente vertical na metade da projeção horizontal. De forma análoga, pode-se tratar a carga triangular com resultados simila- res. α L q q.L α q.L.senα q.L.cosα L.cosα L.sen α L/2 L/2.cos α L/2.senα Mecânica Estrutural 49 As componentes da resultante de uma carga distribuída de forma qual- quer aplicada a uma barra inclinada, bem como seus pontos de aplica- ção, podem ser obtidos considerando a função de carga original se distribuindo sobre a projeção da barra perpendicularà componente a ser calculada. Assim, a componente VERTICAL é obtida aplicando a função de carga distribuída original sobre a PROJEÇÃO HORIZON- TAL, e vice-versa. Substituindo as cargas distribuídas pelas componentes horizontais e verticais de suas resultantes, obtém-se 50.3/2 180 kNm 40.2 A B C D E 3,5m 3,5m 1,0m 2,0m He Va Vd 40.6 3,0m 50.6/2 4,0m Aplicando as equações de equilíbrio na ordem conveniente, vem: F He He kNX = − − = = −∑ 0 50 6 2 40 6 0 90. / . M He Vd Vd kN F Va Vd Va kN A Y = − − − + − + + = = = − − + = = − ∑ ∑ 0 50 3 4 50 6 8 180 9 40 2 9 40 6 3 10 0 174 0 50 3 2 40 2 0 19 . / . / . . . . . . . / . Onde os sinais negativos indicam sentido real das forças invertido em relação ao arbitrado. 50 Capítulo 1 - Equilíbrio EXEMPLO 10 Calcular as reações do pórtico abaixo: 40kN/m 30kN/m A E B C D 200kNm 4m 4m 3m 3m 3m 3m Rd Ha Va Metodologia de Análise As cargas distribuídas aplicadas sobre as barras AE e CD exprimem fisi- camente o mesmo comportamento (exceto pelo valor da carga aplicada). Há simplesmente uma diferença de notação. A carga em AE está indicada por comprimento de projeção da barra sobre a qual está aplicada, ao passa que a da barra CD está indicada por comprimento real (inclinado) da barra. A carga em CD poderia ser expressa de forma similar à AE, unifor- memente distribuída por unidade de comprimento em projeção. Para que fossem equivalentes, o valor da taxa de carga seria 30.5/3 = 50 kN/m para garantir que o valor total da carga (resultante) permaneça inalterado. São exemplos reais das cargas acima o peso próprio de uma estrutura incli- nada (ex. escada), ou a neve que se acumula em um telhado. A rótula em A exprime o impedimento total dos deslocamentos lineares em qualquer direção do plano. Estes des- locamentos podem ser decompostos segundo a direção da barra e perpen- dicularmente à ela, ou nas direções usuais horizontal e vertical. De forma correspondente, as reações vinculares podem ser indicadas em qualquer um desses sistema. Na realidade, as duas reações, em qualquer dos sistemas, resultam em uma mesma força aplicada em uma direção qualquer, a qual é desconhecida. Portanto, tem- A Va AHa Ra Ra Mecânica Estrutural 51 se sempre duas incógnitas: ou a reação na direção da barra e perpendicular à ela, ou a reação horizontal e vertical, ou o módulo de uma única reação em uma direção qualquer e sua direção. Já o apoio inclinado em D impede apenas o deslocamento na direção da barra CD. Portanto, a reação vincular, ao contrário da anterior, tem direção conhecida, resultando apenas em uma incógnita: seu módulo. Contudo, a utilização de suas componentes horizontal e vertical em geral permitem uma abordagem mais simples do problema. Aplicando as equações de equilíbrio em uma ordem conveniente, resulta: M Rd Rd kN F Ha Ha kN F Va Va kN A X Y = − − + = = = − = = = − − + = = ∑ ∑ ∑ 0 12 30 510 5 40 4 200 0 193 2 0 193 2 0 115 9 0 40 62 30 5 193 2 0 115 4 4 5 6 2 3 5 4 5 . . . , . . , . , , . . . , , Capítulo 2 Solicitações Neste capítulo será mostrado como as cargas atuantes em uma estrutura se distribuem no interior das barras que a compõe sob a forma de esforços internos ou solicitações. Serão apresentados três métodos básicos para a obtenção de gráficos que exprimem a variação das solicitações ao longo das barras - os diagramas de solicitações. Os tipos estruturais básicos serão definidos, evidenciando os movimentos de corpo rígido possíveis e as solicitações existentes. 1. ESFORÇOS OU SOLICITAÇÕES Considere-se a estrutura abaixo, da qual deseja-se remover a parte AB, permanecendo apenas com a parte BCD, mas mantendo o efeito que a parte removida teria sobre a que permanece. É fácil verificar que, para manter o efeito de AB sobre BCD, é preciso levar todas as forças (ativas ou reativas) aplicadas em AB estaticamente até a seção B. Será tomado como ponto de aplicação o baricentro da seção B. A B C D 100 100 200 100 100 200 200 2 kgf/mm Dx=600kgfAx=600kgf Ay=800kgf B C D 2 kgf/mm 600kgf 600kgf 30000kgf.mm 600kgf 56 Capítulo 1 - Solicitações Considerando situações análogas nas quais a seção de corte é uma seção qualquer entre A e D, conclui-se que a estrutura original ABCD está submetida a forças internas ao longo de todas as seções transversais de seus diversos componentes. Define-se como seção transversal uma seção que esteja contida em um plano normal ao eixo longitudinal da peça. Em estruturas idealizadas, re- presentadas esque- maticamente, um ponto de junção de duas barras poderá ter duas seções transver- sais, cada uma per- tencente a uma barra distinta. Esta situação corresponde, em uma estrutura real, a se- ções transversais em pontos distintos. Considerando que agora deseja-se permanecer com a parte AB, removen- do a parte BCD, mas mantendo o efeito de BCD sobre AB. Isto é obtido transladando-se estaticamente todas as forças aplicadas em BCD para a seção B. Percebe-se que a força e momento resultantes desta situação têm o mesmo módulo e direção da situação anterior, mas sentidos contrá- rios, o que se deve à lei da Ação e Reação. Se dois componentes estão conectados ou vinculados entre si, a força que o primeiro exerce sobre o segundo é exatamente igual à força que o segundo exerce sobre o primeiro (em módulo e direção). B 2 kgf/mm 600kgf 800kgf 600kgf 30000kgf.mm 600kgf A B C D 2 kgf/mm 600kgf 800kgf 600kgf Considere-se ainda os Diagramas de Corpo Livre de cada situação. A soma desses diagramas deve resultar no Diagrama de Corpo Livre da es- trutura como um todo. As forças internas, que representam a ação de uma A B C Seção transversal em A da Barra AC Seção transversal em A da Barra AB A B C Representação esquemática da união das barras AB e BC Mecânica Estrutural 57 parte da estrutura sobre a outra, se anulam, resultando aparecer somente as forças externas, ativas ou reativas. Para encontrar as solicitações atuantes em uma dada seção, basta cortar a estrutura nesta seção, esboçar o diagrama de corpo livre para qualquer uma das partes resultantes e, através das equações de equi- líbrio, encontrar as forças que devem ser aplicadas na seção de corte para manter a parte isolada em equilíbrio. Estas forças correspondem às resultantes das forças aplicadas na parte cortada, levadas estatica- mente até o centro da seção. Deseja-se isolar uma pequena fatia ou trecho da estrutura ABCD, centrada na seção ou ponto B, mantendo o efeito do resto da estrutura sobre esta fatia (ou seja, mantendo uma situação estaticamente equivalente). Na face esquerda dessa fatia, deve-se aplicar as resultantes das forças e momentos aplicados na parte AB, levados estaticamente até essa face. Analogamente, na face direita devem ser as resultantes de forças e momentos aplicados em BCD, levados estaticamente até essa face. O resultado final é a fatia ou trecho estar submetido a forças e momentos de módulo e direção levemente diferentes (em função de alguma carga aplicada sobre essa fatia) e sentidos opostos. Se a largura dessa fatia fosse sendo gradativamente diminuída, até alcançar um tamanho muito pequeno (infinitesimal), ter-se-ia isolado praticamente uma seção transver- sal da peça, e as forças aplicadas nas faces seriam iguais em módulo e di- reção, e opostas em sentido. As forças internas que atuam ao longo de uma seção transversal são cha- madas de
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