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O PAPEL DO PSICÓLOGO NOS CASOS DE ALIENAÇÃO PARENTAL NAS VARAS DE FAMÍLIA

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAQUARA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
PEDRO MACHADO MEYER
O PAPEL DO PSICÓLOGO NOS CASOS DE ALIENAÇÃO PARENTAL NAS VARAS DE FAMÍLIA
ARARAQUARA- SP
2016
PEDRO MACHADO MEYER
O PAPEL DO PSICÓLOGO NOS CASOS DE ALIENAÇÃO PARENTAL NAS VARAS DE FAMÍLIA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a finalização do Curso de Especialização em Psicologia Jurídica pelo Centro Universitário de Araraquara – Uniara. 
Orientador(a): Denise Maria Constantino
ARARAQUARA – SP
2016
DECLARAÇÃO
Eu, Pedro Machado Meyer, declaro ser o autor do texto apresentado Trabalho de Conclusão de Curso, no programa de pós-graduação lato sensu em Psicologia Jurídica com o título “O PAPEL DO PSICÓLOGO NOS CASOS DE ALIENAÇÃO PARENTAL NAS VARAS DE FAMÍLIA”.
Afirmo, também, ter seguido as normas do ABNT referentes às citações textuais que utilizei e das quais eu não sou o autor, dessa forma, creditando a autoria a seus verdadeiros autores.
	Através dessa declaração dou ciência de minha responsabilidade sobre o texto apresentado e assumo qualquer responsabilidade por eventuais problemas legais, no tocante aos direitos autorais e originalidade do texto.
Araraquara, ___ de _______ de ______.
_____________________________________
Assinatura do autor(a)
PEDRO MACHADO MEYER
O PAPEL DO PSICÓLOGO NOS CASOS DE ALIENAÇÃO PARENTAL NAS VARAS DE FAMÍLIA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a finalização do Curso de Especialização em Psicologia Jurídica pelo Centro Universitário de Araraquara – Uniara. 
Orientador(a): Denise Maria Constantino
		
Data da defesa/entrega: ___/___/____
Membros componentes da Banca Examinadora:
 
Presidente e Orientador: Nome e título
		
	 
Membro Titular: 	Nome e título 
		 
 
Membro Titular: 	Nome e título	
	 Universidade.
Média______ Data: ___/___/____
Centro Universitário de Araraquara
Araraquara- SP
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente aos meus pais, que me deram todo o suporte necessário para o meu desenvolvimento pessoal e intelectual, pois sem eles não estaria completando mais essa etapa em minha vida. Assim como a meus avôs e avós, que representam minha origem e minha ancestralidade.
Agradeço a todos os colegas de trabalho, psicólogos e assistentes sociais, com quem aprendo diariamente novas formas de lidar com os desafios da Vara de Família.
Agradeço a todos os amigos, aqueles que compartilham os momentos bons e ruins da vida, e que nos fazem crer que vale a pena estar vivo neste mundo.
Agradeço, por fim, ao Pai Celestial e à Mãe Divina, as forças superiores que nos amparam durante a nossa breve e efêmera vida terrestre.
Dedico este trabalho a meu querido irmão Francisco Machado Meyer (in memoriam), ainda que ele esteja distante, acompanha-me todos os dias.
“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê.”
(Arthur Schopenhauer)
RESUMO
	No presente estudo será feita uma revisão bibliográfica sobre a alienação parental nas Varas de Família no Brasil e sobre a Síndrome de Alienação Parental. Dentro dessa temática, será traçado um paralelo entre a Psicologia e o Direito, buscando elementos dos diferentes campos de saber, a fim de atingir uma maior elucidação sobre o tema. Diante dos crescentes desafios que o Psicólogo Judiciário enfrenta durante as avaliações psicológicas requisitadas pelos juízos nos processos de divórcio em que envolvem litígio pela guarda dos filhos, esta pesquisa faz um levantamento teórico que sirva como direcionamento para esses profissionais que trabalham nesses casos visualizarem possíveis novas soluções.
Palavras-chave: Vara de Família; divórcio; litígio familiar; alienação parental; Síndrome da Alienação Parental; guarda compartilhada.
.
ABSTRACT
	In this study it will be done a literature review about parental alienation in the Family Courts in Brazil and the Parental Alienation Syndrome. Within this theme, it is drawn a parallel between Psychology and Law, seeking elements of the different fields of knowledge in order to achieve greater clarification on the subject. Before the growing challenges that the Forensic Psychologist faces during psychological evaluation, demanded by the judge, in divorce proceedings that involve dispute for custody of the children, this research is a theoretical survey to serve as guidance for these professionals that work in these cases look for new possible solutions.
Keywords: Family Court; divorce; family dispute; parental alienation; Parental Alienation Syndrome; shared custody.
SUMÁRIO
	1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................
	X
	2 OBJETIVOS ...................................................................................................
 2.1 Objetivo Geral ........................................................................................
 2.2 Objetivos Específicos ...........................................................................
	X
	3 METODOLOGIA ............................................................................................
	X
	4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .....................................................................
	
	X
	5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................
	X
	REFERÊNCIAS .................................................................................................
	X
INTRODUÇÃO
	O tema do presente estudo é a alienação parental, observada em grande número de processos das Varas de Família, suas consequências para a vida familiar de todos os envolvidos e mais especificamente, para as crianças e adolescentes vítimas desse ato. A alienação parental enquanto síndrome foi definida pelo psiquiatra norte-americano Richard Gardner na década de 80, que a classificou como um distúrbio infantil que afeta, principalmente, menores de idade envolvidos em situação de disputa de guarda entre os pais. O autor descreve que a síndrome se desenvolve a partir de programação ou lavagem cerebral realizada por um dos genitores para que o filho rejeite o outro responsável (Gardner, apud SOUSA, BRITO,2011).
	No Brasil, o referido tema ganhou destaque com a sanção pelo Presidente da República, em agosto de 2010, como Lei no 12.318/10 (BRASIL, 2010). A temática foi trazida para o âmbito jurídico e recebeu uma maior atenção dentro das Varas de Família, a fim de evitar a ocorrência da alienação parental, garantindo o direito do genitor não guardião a conviver com o filho.
	Brito (2008), desenvolveu um estudo com filhos de pais separados e colheu dados relevantes sobre o distanciamento que existe entre os filhos e o genitor que não permaneceu com a guarda. Uma significativa parcela dos entrevistados considerou insuficiente o contato mantido com este guardião, o que ocasionou prejuízos para o relacionamento.
	A Lei que trata sobre a alienação parental, e o novo foco sobre esse tema no Brasil, gerou uma argumentação que rotula o guardião alienador como aquele que faz a alienação por sentimento de vingança em relação ao ex-cônjuge. Outros estudos atuais contrariam essa visão, demostrando que vários fatores influenciam a vivência e sentimentos da criança em relação ao divórcio de seus responsáveis ( RAMIRES, 2004), apesar de não negarem que em alguns casos a primeira hipótese é verdadeira.
	Quando a alienação parental é trazida para o âmbito da Justiça há uma tendência da redução da complexidade do caso para o âmbito jurídico. Dentro dessa lógica, há o risco de se “reduzir questões da esfera político-social a concepções individualizantes, enquadrando desvios e tensões no processo de judicialização do viver”(OLIVEIRA, BRITO, 2013, p.80).
	Os casos de rompimento conjugal, associados às decisões sobre a guarda dos filhos, tem gerado um elevado número de questões parentais levadas a Justiça, em que diversas vezes existem acusações de alienação parental. Dentre essas acusações, muitas revelam por fim serem falsas, servindo como instrumento de desmoralização do outro genitor. Nesse processo de judicialização da vida, os sujeitos não somente são atravessados pelo Poder Judiciário, como também se apropriam de seu discurso para incriminar a outra parte do litígio. 
	Quando uma questão relacionada à esfera familiar é trazida para a esfera judicial, a lógica punitiva da Justiça se impõe ao conflito existente. Como explicitado por Oliveira e Brito (2013): 
Dentre as medidas aplicáveis ao genitor alienante, a lei prevê desde advertências, multas e acompanhamento psicológico até inversão da guarda e suspensão da autoridade parental, tendo como efeito o afastamento entre a criança e o alienador. (OLIVEIRA, BRITO, 2013,p.83)
Dentro dessa lógica jurídica, uma Lei que pretende humanizar a Justiça, por fim adota uma forma punitiva para lidar com os casos que compõe a Vara da Família. Com a proposta de evitar que a criança seja alienada por um dos genitores, o próprio Estado adquire o papel de quem aliena, quando afasta a criança do genitor alienante, como medida punitiva.
Outro problema de se procurar um culpado que deva ser punido é que a complexidade dos litígios familiares, por vezes, demonstra que o afastamento da criança de um de seus genitores ocorre em decorrência da própria dinâmica familiar que se reorganiza após o divórcio e não devido a um genitor que aliena propositalmente o outro. Como demonstrado por Brito (2008), o divórcio implica em grande sofrimento para as crianças envolvidas em uma significativa parcela dos casos, e é natural que a criança construa uma aliança com um dos genitores, desenvolvendo uma forte vinculação preferencialmente com o guardião, e evite o contato com o outro, principalmente quando a criança é mais nova.
Quando a convivência com o genitor não-guardião não é assídua, normalmente a imagem desse genitor é formada com interferência do que detém a guarda. Nessa hipótese, os conflitos e desavenças conjugais podem influenciar a visão que a criança tem do progenitor que não detém a guarda, pois mesmo a nível inconsciente, os sentimentos do guardião podem afetar a relação da criança com o outro genitor.
O afastamento de um dos genitores por influência do guardião pode gerar uma série de complicações emocionais para a criança, desde depressão e incapacidade de adaptação social até o uso de drogas no futuro. É possível também que quando a criança se torne adulta, ela tenha sentimentos incontroláveis de culpa, pois percebe que foi cúmplice de uma grande injustiça em relação ao genitor alienado, como explica Lago e Bandeira (2009).
A avaliação psicológica busca estudar como se instaurou a nova dinâmica familiar, a fim de assegurar os direitos das crianças e dos genitores. O psicólogo tem o papel de buscar contornar a rigidez da Lei, para que sejam assegurados esses direitos e de tal forma preservar a integridade psíquica da criança. Tendo em vista que o Direito se pauta em leis e não em aspectos emocionais e subjetivos, o psicólogo torna-se um profissional indispensável na Justiça. 
Embora os profissionais da Psicologia tenham que atuar dentro de um contexto que é regido por uma lógica punitiva e que busca a culpabilização do indivíduo, é necessário que esses se pautem nos Princípios Fundamentais de seu Código de Ética (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2005) quando dentro de seu campo de atuação, que determina:
I - O psicólogo baseará seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
II - O psicólogo trabalhará visando a promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2005, p.7)
Além dessa problemática já apresentada, a alienação parental é difícil de ser reconhecida, em muitos casos. A criança alienada pode apresentar comportamentos e falas que escondam os indícios que poderiam evidenciar que ela esteja sendo alienada por um dos genitores. A referida criança, geralmente, não demonstra sentimentos ambivalentes pelo genitor alienado; o sentimento demonstrado é apenas ódio, e ela nega que tenha sido influenciada pelo genitor alienador, como descrito por Gardner (SOUSA, BRITO,2011)..
	Na avaliação psicológica dentro do contexto forense, o papel do psicólogo não deve se restringir apenas a identificação do genitor alienador, mas sim compreender o quadro amplo que envolve a questão da alienação. Segundo Oliveira e Brito (2013):
(...) pouco se aborda os aspectos sociais, culturais e legais ligados à vivência de separação, como as relações de gênero, a divisão dos papéis parentais, o predomínio da modalidade unilateral de guarda, as mudanças nas famílias e nos relacionamentos contemporâneos, dentre outros. (OLIVEIRA, BRITO, 2013,p.83)
	Diante desses problemas apresentados, a presente pesquisa a ser realizada visa uma maior compreensão sobre o tema e os seus desdobramentos. No Brasil, o crescimento dos casos de alienação parental, assim como o de falsas acusações desta, tem aumentado nos litígios que são resolvidos nas Varas de Família, o que demanda um aprofundamento no estudo sobre esse tema.
	O psicólogo responsável por avaliar o caso, por vezes encontra-se desprovido de instrumentação teórica que dê sustentação à avaliação psicológica a ser realizada com as partes e com a criança envolvida, nos casos em que existem indícios de alienação parental. Ao contrário do que prevê a nova Lei, nem sempre a equipe de psicólogos que assessoram os juízos possuem aptidão profissional ou acadêmica comprovada “para diagnosticar atos de alienação parental”. 
	É de extrema importância que o psicólogo que avaliará os casos da Vara de Família deva estar preparado para tal função, devido às possíveis implicações que resultará o seu laudo e a complexidade de sua formulação. Como determinado pela Lei 12.318/2010 (BRASIL, 2010) que dispõe sobre a alienação parental:
O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou biopsicossocial, conforme o caso, compreendendo, inclusive, entrevista pessoal com as partes, exame de documentos dos autos, histórico do relacionamento do casal e da separação, cronologia de incidentes, avaliação da personalidade dos envolvidos e exame da forma como a criança ou adolescente se manifesta acerca de eventual acusação contra genitor. (BRASIL, 2010)
	A capacitação de profissionais qualificados para tal tarefa é uma dificuldade no país, tendo em vista que a graduação em Psicologia no Brasil sofre um déficit na formação do psicólogo que atuará na área jurídica, o que o leva a buscar cursos extracurriculares ou uma pós-graduação na área:
Através de uma análise dos currículos dos principais cursos de graduação em Psicologia no Brasil, foi possível evidenciar que não são todos os cursos que oferecem a disciplina Psicologia Jurídica. E, quando o fazem, normalmente é uma matéria opcional e com uma carga horária reduzida. A formação acadêmica voltada para a área clínica gera profissionais pouco preparados para atuar no âmbito forense, onde é necessário atentar a muitas especificidades e à relevância dos documentos, que podem ter consequências legais. Assim, é preciso buscar cursos de especialização ou de capacitação (quando há oferecimento dos mesmos) ou então valer-se de leituras e supervisões, procurando garantir a qualidade do trabalho. (LAGO, BANDEIRA, 2009, p.291)
 	Apesar de todas as dificuldades que envolvem a alienação parental e a falta de capacidade técnica por parte dos profissionais que atuam nas Varas de Família, surge a guarda compartilhada como umapossível alternativa para essa problemática. Sancionada através da Lei Federal nº 13.058/2014 (BRASIL, 2014) que estabelece o significado do termo “guarda compartilhada” e dispõe sobre sua aplicação, essa Lei determina que quando ambos os genitores reúnem condições de exercerem a guarda, essa deve ser compartilhada. Nesse modelo de guarda, de acordo com o segundo parágrafo do artigo 1.583, “o tempo de convívio com os filhos deve ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em vista as condições fáticas e interesses dos filhos” (BRASIL, 2014).
A proposta de uma convivência igualitária com ambos os pais, possibilita que a criança crie fortes vínculos com ambos, e dessa forma não ocorra a alienação parental. Antes de ser estabelecido esse modelo de guarda, é essencial que o técnico que fará a avaliação psicológica faça um estudo detalhado, para analisar se a convivência com um dos genitores não possa ser prejudicial para o desenvolvimento da criança.
Através de pesquisa bibliográfica, este estudo visa analisar as diferentes concepções sobre a alienação parental e suas consequências, assim como possíveis soluções, a fim de identificar como ocorre a comunicação entre a Psicologia e o Direito acerca deste tema e as possíveis falhas que podem existir nesse diálogo. Também tem por objetivo ampliar a base teórica disponível para psicólogos que atuam nas Varas da Família e lidam diariamente com novos casos que envolvam alienação parental.
OBJETIVO GERAL
	O objetivo do presente trabalho é reunir informações a respeito da alienação parental e os seus desdobramentos dentro da dinâmica familiar, compreendendo os fatores que possibilitam a ocorrência da alienação, assim como suas consequências.
OBJETIVO ESPECÍFICO 
Este trabalho visa analisar as diferentes concepções da alienação parental dentro do campo de conhecimento da Psicologia e do Direito, com o intuito de criar um diálogo entre essas diferentes áreas.
	
METODOLOGIA
	O método de pesquisa a ser utilizado neste Trabalho de Conclusão de Curso é a pesquisa bibliográfica.
	A pesquisa será realizada através de busca em bases de dados acadêmicas, selecionando artigos acadêmicos publicados entre o ano 2004 e o ano atual, 2016. Devido ao pouco material disponível, será feita uma pesquisa com os diferentes autores brasileiros que publicaram artigos com a referida temática, assim como serão utilizadas algumas referências internacionais feitas por autores nacionais. Serão também analisadas as leis que tratam sobre alienação parental e sobre guarda compartilhada e será analisado o Código de Ética do psicólogo.
	As palavras utilizadas foram na busca por artigos foram: alienação parental, guarda compartilhada e psicologia jurídica. O critério para as buscas textuais foi a especificidade do conteúdo dentro da proposta investigativa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir de pesquisa nas bases de dados nacionais e consulta a literatura científica impressa entre 2004 e 2013, em língua portuguesa, verificaram-se os efeitos do divórcio em criança e adolescentes, assim como do distanciamento de um dos genitores após a separação. Esta busca proporcionou, também, a conceituação de alienação parental e Síndrome da Alienação Parental, possibilitando uma maior compreensão sobre o tema. 
Foram selecionados dez artigos de revisão bibliográfica, uma tese de mestrado, as leis sobre guarda compartilhada e sobre alienação parental, assim como foi realizada uma consulta ao Código de Ética do Psicólogo e o Jornal Federal do Conselho Federal de Psicologia. Além desse material, utilizamos referências de três artigos de autores internacionais, citados pelos autores nacionais dos artigos selecionados.
Conforme os resultados encontrados nesses artigos, verificou-se como o divórcio afeta a dinâmica familiar e quais são os fatores que favorecem a ocorrência de alienação parental. Também foram encontradas maneiras de reconhecer e evitar que esse tipo de alienação ocorra.
O divórcio implica em um rompimento nas dinâmicas familiares, afetando os diferentes membros da família, tanto os que compõem a família nuclear, assim como a família extensa. A separação do casal desencadeia uma crise para família como um todo, principalmente para as crianças e os adolescentes, afetando as relações e provocando diferentes sentimentos, como descrito por Ramires (2004):
Quando os pais se separam, as crianças e/ou os adolescentes têm que enfrentar essa crise, a qual possui múltiplas implicações. Ocorrem mudanças nas relações íntimas, tanto ao nível da família de origem como ao da família extensa, e mudanças na rede social e na infra-estrutura da vida de todos os envolvidos. Essas mudanças são acompanhadas por um conjunto complexo de sentimentos, o qual inclui muitas vezes o medo do abandono. (RAMIRES, 2004, p.184)
Essas mudanças e transformações são acompanhadas de um sentimento de desamparo por parte da criança, tendo em vista que toda sua vida está sendo reestruturada e o núcleo familiar foi desfeito. Além da separação dos pais, Ramires (2004) descreve outras transformações que ocorrem na vida da criança:
As crianças têm que lidar com as alterações na rotina de vida, a saída de casa de um dos pais, a família extensa, a situação econômica, as brigas, as mudanças no seu relacionamento social e o seu comportamento no lar e na escola. Além disso, a separação conjugal conduz à reorganização da vida afetiva, social, profissional e sexual dos pais, modificando, às vezes dramaticamente, a rede de convivência e apoio das crianças e introduzindo ao longo do tempo, a necessidade de relacionamento (e rompimento) com os novos parceiros dos pais e seus possíveis filhos e familiares. (RAMIRES, 2004, p. 185)
	De acordo com as pesquisas atuais, segundo Ramires (2004), é de fundamental importância que haja continuidade da existência dos vínculos com ambos os pais, para que os filhos consigam superar os ajustes sofridos com a separação. Para tal, o relacionamento com os filhos não pode se tornar o palco para antigos e novos conflitos do casal desfeito, que se manifesta principalmente através dos litígios judiciais que envolvem a guarda, como a regulamentação de visitas e a pensão.
	O ajustamento infantil à nova dinâmica familiar está intimamente relacionado à quantidade e qualidade do contato e do vínculo da criança com as figuras parentais. Considerando a importância dos vínculos parentais nesse momento de fragilidade da criança, fica em evidência a gravidade da alienação parental para o infante que busca uma reestruturação emocional frente ao divórcio dos pais.
	Ramires (2004) cita o estudo da psicóloga americana Hetherington (1979), que demonstra como a maioria das crianças experimenta a transição do divórcio como dolorosa, por mais que a separação seja a melhor solução para um relacionamento familiar destrutivo. Segundo o referido estudo, as crianças que mais tarde reconhecerão os resultados construtivos do divórcio, descreverão o rompimento familiar como uma experiência que ocasionou considerável sofrimento. Para a superação desse rompimento, é essencial que o guardião da criança ofereça um envolvimento parental positivo.
	Considerando a instabilidade familiar e a desestruturação emocional da criança, é natural que ela fortaleça seus vínculos com uma das figuras parentais. Diante de situações que envolvem um conflito mais acentuado, a criança pode estabelecer uma aliança com um dos genitores e consequentemente rejeitar o outro. Essa aliança ocorre geralmente com o guardião, que é a mãe em 83,3% dos casos, segundo estatísticas nacionais, de acordo com Brito (2008).
	Segundo o estudo dos autores espanhóis Gonzales, Cabarga e Valverde (1994), como citado por Brito (2008), essa aliança com o genitor foi encontrada com maior frequência entre as mães e os filhos caçulas, principalmente quando a criança mais nova tinha pouca idade quando o pai deixou o lar. Descrevem que a relação desses filhos com a genitora era muito estreita, devidoà idade que permitia apenas visitas esparsas ao pai. Acrescentam que ao longo do desenvolvimento, devido ao forte apego com a mãe, a criança não conseguia se afastar para visitar o pai, criando uma série de justificativas que eram defendidas pela mãe. A mãe que é complacente com essa recusa de que o filho visite o pai e muitas vezes incentiva essas atitudes do filho está atuando como alienadora, pois indiretamente impede que o filho se aproxime do genitor.
	Costa (2011) ao fazer uma análise do documentário “A Morte Inventada” (2009), relata o caso apresentado no vídeo de uma jovem que passou 11 anos sem conviver com o pai. Descreve que a jovem se lembra da obrigação que sentia de se aliar à genitora como forma de agredir o pai, fato que gerou impactos psicológicos negativos para ela.
Os psicólogos que atuam na Vara de Família devem atentar-se para situações que existam essas alianças entre os filhos e o guardião, pois o questionamento da criança sobre com qual genitor eles desejam residir, não demonstrará toda a complexidade do caso. Devido ao forte vínculo com o guardião, a criança pode aos poucos se distanciar cada vez mais do outro genitor, na maioria das vezes o pai, fato que pode gerar culpa e sentimento de perda na vida adulta. Brito (2008) indica que as crianças que mantiveram estreito contato com ambos os pais e frequentaram a casa dos dois durante a infância e adolescência, mostraram menor desgaste emocional com o divórcio dos genitores.
Independente da ocorrência da alienação parental por parte do genitor guardião há uma tendência de ocorrer um distanciamento do outro genitor, devido à menor convivência com este. Dentro dessa perspectiva, a guarda compartilhada é regulamentada pela Lei Federal nº 13.058/2014 (BRASIL, 2014), como forma de assegurar a maior participação de ambos os genitores na infância e juventude dos filhos, o que proporciona uma criação e manutenção de vínculos com o genitor que não detém a guarda.
	Ao contrário desse distanciamento natural, devido à menor convivência, a alienação parental refere-se ao processo de afastamento empreendido pelo genitor, ou seja, quando propositalmente um dos genitores age de forma a afastar o filho do outro. Termo que se difere da Síndrome de Alienação Parental (SAP), “que diz respeito às consequências emocionais e comportamentais apresentadas pela criança vítima do processo” (COSTA, 2011, p.279). 
Como exposto por Sousa (2009) a difusão de discursos sobre SAP ocorreu, principalmente, através de associações e movimentos sociais de pais separados. Após essa disseminação, a SAP tornou-se o centro de debate quando o assunto é litígio conjugal e guarda de filhos. Em uma descrição mais detalhada, a autora explica:
A SAP foi descrita por Gardner como sendo um distúrbio infantil, que surge, principalmente, em contextos de disputa pela posse e guarda dos filhos. [...] resulta da programação da criança, por parte de um dos pais, para que rejeite e odeie o outro, somada à colaboração da própria criança [...] inclui fatores conscientes e inconscientes que motivariam um genitor a conduzir seu(s) filho(s) no desenvolvimento dessa síndrome, além da contribuição ativa desse(s) na difamação do outro responsável. (SOUSA, 2009, p.83).
	
	Para ser caracterizado como Síndrome de Alienação Parental deve haver a contribuição da criança para a difamação de um dos pais, fato que é incentivado pelo guardião. A criança que sofre de SAP “demonstra completa amnésia com relação às experiências positivas vividas anteriormente com o genitor que é alvo dos ataques” (SOUSA, 2009, p.86) o que dificulta uma avaliação precisa dos técnicos que atuam no Judiciário. A referida autora enfatiza a importância de o psicólogo judiciário avaliar como era a relação da criança com o genitor alienado antes da separação do casal.
A descrição da SAP enquadra a dinâmica familiar em um modelo teórico que privilegia a descrição de sintomas para a classificação de doenças, o que pode estigmatizar o sujeito. Sousa (2009) em seu estudo critica essa patologização da SAP porque assim a síndrome implica apenas o indivíduo e não analisa as questões sociais que contribuem para a emergência de certos comportamentos exibidos por crianças e responsáveis em situação de litígio conjugal, e afirma que “as condições histórico-culturais, econômicas, políticas ficam excluídas da reflexão sobre uma problemática e somente o dado psicológico é considerado” (SOUSA, 2009, p.92).
Ainda dentro de uma perspectiva patologizante, as Varas de Família recebem números crescentes de casos que envolvem a alienação parental e SAP. Devido a uma inabilidade da sociedade em resolver seus próprios conflitos ou diante da impossibilidade de chegarem a acordos consensuais, esses casos são resolvidos, inevitavelmente, na Justiça. Dessa forma, os conflitos familiares estão deixando a esfera da vida privada para ser regida por determinações judiciais.
	Na esfera judicial, profissionais da área da Psicologia, Serviço Social e Direito tornam-se atuantes para identificar possíveis evidências da ocorrência da alienação parental. Frente à complexidade dos casos é necessária uma constante atualização desses profissionais sobre o tema, tendo em vista que “ainda não há um preparo por parte das equipes psicossociais e dos operadores do Direito para lidar com o fenômeno” (COSTA, 2011, p.280).
	A dificuldade em lidar com o tema é porque a criança alienada afirma enfaticamente que não quer conviver com o genitor ausente e demonstra sinais de repulsa em relação ao mesmo. Para que a situação seja revertida “o genitor afastado deve perseverar no esforço de estabelecer e manter contato com o filho, mesmo sentindo a rejeição constante, humilhante e desmoralizante” (COSTA, 2011, p.181).
Gardner (apud SOUSA, 2009) percebeu que as crianças que sofrem de SAP em níveis mais moderados apresentam grande relutância em visitar o genitor alienado, mas que quando na presença deste, relaxa e se aproxima do outro. Dentro dessa perspectiva, é importante que os técnicos que atuam nas Varas de Família consigam entrevistar a criança em contato com o suposto genitor alienado, para poder verificar como ocorre essa interação sem a presença do genitor que é acusado de estar realizando a alienação parental.
Atualmente, como descreve Pinho (2009), é significativamente maior o número de casos de mulheres que praticam a síndrome de alienação parental contra seus antigos companheiros, considerando-se que em mais de 90% dos casos a guarda é atribuída para a genitora.
	Sousa (2009) cita o estudo de Rand (1997) em que a autora afirma que a SAP surgiu como resultado de transformações sociais ocorridas em meados dos anos 1970. A autora explica que a maior incidência de SAP causada pelas mães está ligada ao fato de elas terem perdido o privilégio da guarda dos filhos nos tribunais norte-americanos, o que as levou a adotarem estratégias “malévolas” para continuarem sendo beneficiadas. Conjuntamente com esses dados, Sousa (2009) traz a preocupação de que a mulher possa ser estigmatizada, tendo em vista que elas se encontram muito apegadas aos filhos após a separação.
	Em relação ao papel materno durante a disputa da guarda a autora cita que, “mesmo que existam as leis jurídicas para regular as demandas paternas de guarda, de convívio com o filho, entre outras, em muitos casos ainda são os caprichos maternos que as regulam (...).” (DUARTE, apud SOUSA, 2009, p. 131). 
O genitor, perante a lei, é detentor de direitos que asseguram que ele participe da vida de seus filhos, mas “as instituições sociais, juntamente com a mídia, têm contribuído sobremaneira para a valorização da mãe e a desqualificação da figura paterna”. (SOUSA, 2009, p. 135)
	Independente do sexo do genitor, na avaliação psicológica daqueles que desejam a guarda do filho, deve ser levada em consideração a capacidade de o genitor exercer a função parental, e não somente se basear no desejo do filho de com quem quer residir. Esse quesito envolve a predisposição do genitor para que o outro participe ativamente da vidado filho, tendo em vista que isso envolve a saúde psíquica do mesmo.
	Durante essa avaliação fica evidente que os conflitos dos casais são trazidos para o litígio familiar, o que pode gerar o impedimento de um dos pais para que a criança tenha contato com o outro. Sousa (2009) descreve algumas questões pessoais dos genitores que podem influenciar a promoção de uma alienação parental: 
Em alguns casos, o ciúme que sente do ex-cônjuge por este ter um novo companheiro é fator que contribui para a rejeição e o desejo de vingança, e, por conseguinte, a indução do(s) filho(s) do ex-casal à SAP. [...] O fato de a mulher após a separação ter maior queda em seu padrão de vida do que o homem poderia aumentar as desavenças e raiva em relação a este. (SOUSA, 2009, p. 90)
	O próprio litígio conjugal, aliado à ruptura do casamento, pode desencadear transtornos psiquiátricos que levem um genitor a empreender alienação. Durante a lide é comum troca de ofensas que acirram o conflito entre o casal e pode desencadear em uma alienação. Sousa (2009) aponta que Clawar et Rivlin (1991) concluem em seu estudo que o genitor alienador procura negar seus problemas pessoais difamando o ex-parceiro. 
	Gardner (apud SOUSA, 2009) recomenda que medidas judiciais sejam impostas ao genitor que induz o(s) filho(s) à SAP, mas aconselhando que a guarda seja retirada do genitor alienador apenas em casos mais severos, em que haja uma total obstrução do contato da criança com o outro genitor. O referido autor também sugere que haja um acompanhamento terapêutico da família para que promova a reinserção do genitor alienado na vida da criança.
	O desafio atual dos profissionais que atuam na Vara de Família é identificar adequadamente quando de fato está ocorrendo a alienação parental e a criança está desenvolvendo sintomas de SAP. As partes do processo muitas vezes se apropriam do discurso jurídico para tecer críticas em relação ao antigo companheiro, e para isso utilizam acusações de que o outro esteja promovendo alienação parental, e por vezes o próprio acusador é quem faz a alienação.
Fonseca (2007) considera que devido aos motivos que geram a SAP, a melhor forma de identificar se realmente está ocorrendo à alienação parental é através da análise do padrão de conduta do genitor alienador. A autora descreve os comportamentos que esse genitor apresenta:
[...] não comunica ao outro genitor fatos importantes relacionados à vida dos filhos (rendimento escolar, agendamento de consultas medicas, ocorrência de doenças etc.); [...] apresenta o novo companheiro à criança como sendo seu novo pai ou mãe; [...] transmite o seu desagrado diante da manifestação de contentamento externada pela em estar com o outro genitor; controla excessivamente os horários de visitas; [...] transforma a criança em espiã da vida do ex-cônjuge; [...] quebra, esconde ou cuida mal de presentes que o genitor alienado dá ao filho; [...] (FONSECA, 2007, p.12).
	Uma análise detalhada é necessária para que a criança não seja obrigada a conviver com o suposto genitor alienado, quando na verdade a sua convivência com o mesmo é prejudicial para a criança e seu desejo de afastamento é legítimo. Por vezes um dos genitores apresenta comportamento agressivo e negligente com o filho, o que atestaria o afastamento da criança desse genitor. O discurso do infante que afirma que não quer contato com um dos genitores pode ser fruto de experiências dolorosas com um dos pais.
	Confrontando-se com um caso de comprovada alienação parental, o psicólogo se encontra em um dilema, tendo em vista que a Justiça funciona através de uma lógica punitiva, enquanto esse profissional deve promover a liberdade, a dignidade, a igualdade e a integridade do ser humano.
Sousa (2009) levanta a questão de que a maioria dos autores que escreve sobre SAP sugere a punição do genitor alienador, implicando o psicólogo que realiza o diagnóstico que desencadeará a punição do genitor alienador pelo aparelho jurídico. Através dessa análise, a autora considera que a atuação do psicólogo nesse contexto segue em sentido contrário às diretrizes que pautam a categoria profissional; o compromisso com o social e a defesa dos direitos humanos, como especificado pelo órgão regulador do exercício da profissão no país, o Conselho Federal de Psicologia (JORNAL DO FEDERAL, 2008)
	Fonseca (2007) sugere que a punição consista em realização de terapia familiar, determinação de um cumprimento de regime de visitas estabelecido em favor do genitor alienado, condenação do alienador a pagar multa diária, e até mesmo a inversão da guarda ou prisão do genitor alienante, em casos mais extremos. Sousa (2009) por sua vez, acredita que não seria necessário uma Lei mais rígida caso “fossem implementadas medidas no judiciário que visassem mais a convivência familiar do que a punição de seus membros” (SOUSA, 2009, p.151).
A guarda compartilhada, que é estipulada através da Lei Federal nº 13.058/2014 (BRASIL, 2014), surge como uma alternativa para que se evite a ocorrência da alienação parental, favorecendo a “possibilidade de ampliação da convivência e da responsabilidade de ambos os pais com seus filhos” (BRITO, GONSALVES, 2009, p.71).
Apesar de a guarda compartilhada ser uma possível solução, a alienação parental pode ocorrer antes de ser regularizada a guarda, período em que a criança pode estar sob a guarda do genitor alienador. Dentro dessa perspectiva, o desafio de um correto diagnóstico e uma intervenção precisa não é eliminado, pois a maior convivência com esse genitor poderá desencadear os mesmos sintomas já descritos.
Além dessa problemática apresentada, um litígio acentuado entre o ex-casal pode ser um empecilho para que esse tipo de guarda se estabeleça da forma adequada. Considerando que a guarda compartilhada implica em uma maior comunicação entre os genitores, a maior convivência entre ambos pode ser causador de maiores conflitos. Independente do grau de conflito entre os genitores, o segundo parágrafo do artigo 1.584 determina que: “Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada a guarda compartilhada, salvo se um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor.” (BRASIL, 2014) Sobre isso, Brito e Gonsalves (2009) comentam:
Na atualidade, recomenda-se que na determinação de guarda o olhar não esteja focado nos vínculos mantidos entre o ex-casal, mas nas relações pessoais a serem preservadas entre pais e filhos, como indica a Convenção sobre os Direitos da Criança, desde 1989. (BRITO, GONSALVES, 2009, p. 74)
	Brito e Gonsalves (2009) também ponderam que mesmo quando a criança está em tenra idade, a participação do genitor deve ser preservada, não relegando o pai a uma posição periférica com a explicação de que a mulher deve ser a cuidadora exclusiva por conta de um instinto materno. Se desde a primeira infância o infante mantém laços estreitos com a genitora e um distanciamento do genitor, isso se refletirá em como serão os vínculos dessa criança com os pais no futuro.
	
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista todas as questões apresentadas, torna-se evidente que o papel do psicólogo nas Varas de Família é um desafio constante, seja na avaliação dos casos, como nas possíveis soluções para resolvê-los. O profissional da Psicologia dentro da Justiça encontra-se em um ambiente que difere daquele em que geralmente atua, tendo em vista que o Judiciário exerce o seu poder através da punição e analisa os casos através de uma visão patologizante, devido a sua maior proximidade histórica com a Psiquiatria do que com a Psicologia.
	O psicólogo que atua em uma instituição que judicializa o viver e as relações humanas surge como um profissional essencial para uma análise mais humana dos casos que são transferidos da esfera privada para a esfera jurídica. Para isso, esse profissional deve adotar uma visão que extrapole o indivíduo e consiga avaliá-lo dentro de um contexto histórico e social, que estão intimamenterelacionados com as dinâmicas familiares. Dentro de seu campo de atuação, o psicólogo que atua na área jurídica pode e deve ir além da simples análise do indivíduo, procurando enxergá-lo em um contexto mais amplo, principalmente o papel de cada membro da família dentro da dinâmica familiar estabelecida.
	Para tal, o psicólogo que atua no âmbito forense deve buscar constante atualização profissional para lidar com as diferentes demandas das Varas de Família, tendo em vista que a formação acadêmica no Brasil é defasada nessa área da Psicologia. O profissional que atua nesse contexto lida com o campo de conhecimento do Direito, o que o coloca diante de um novo saber, que não esteve presente em sua formação.
	Frente aos casos de alienação parental, o profissional da Psicologia deve realizar um estudo aprofundado, avaliando as peculiaridades que envolvem a dinâmica familiar. Por vezes, essa avaliação exigirá um contato próximo com a família em questão e com os seus diferentes membros, a fim de buscar uma compreensão de como se estabelece os vínculos familiares.
	Através de uma prévia capacitação aliada a um acurado olha analítico deste profissional em relação aos conflitos familiares, será possível uma avaliação mais precisa dos casos em que haja indícios de alienação parental. Como demonstrado, a fala da criança protagonista do litígio não é o suficiente para se alcançar esse diagnóstico, tendo em vista que esta tem uma tendência a se aliar a um de seus genitores.
	Em uma visão que preza o melhor interesse da criança, a guarda compartilhada deve ser priorizada, ainda que exista um conflito entre os genitores e a criança esteja em tenra idade. A garantia de convivência com ambos os genitores desde o nascimento é o que irá assegurar a formação do vínculo entre a criança e seus pais, o que dificultará a possibilidade de ocorrer uma alienação parental no futuro.
	Caso não seja assegurada a convivência da criança com ambos os genitores desde tenra idade, a tendência é que ocorra um distanciamento crescente entre ela e o genitor que não detém a guarda. Neste caso, é possível que ocorra uma ruptura de vínculos entre o infante e um de seus genitores, fato que irá desencadear prejuízos emocionais para a criança ao longo de seu desenvolvimento.
	O único fator que afasta o direito de convivência de um dos genitores com o seu filho é quando a criança está sendo colocada em situação de risco. Seja por negligência ou maus-tratos, o genitor que não reúne condições para prover as necessidades básicas de seu filho e preservar a sua integridade deve ser encaminhado para os serviços oferecidos pela Rede Socioassistencial do município, a fim de receber o auxílio e/ou tratamento adequado que o permita exercer novamente a função parental.
	 
	
	
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