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95 Mecanismos de avaliação e validação do treinamento Objetivo: Estudar e apresentar métodos de avaliação e acompanhamento do treinamento e do treinando. O estudo e a análise dos mecanismos de avaliação e validação do treinamento proporciona ao administrador das empresas modernas a condição de acompanhar o processo de ensino e os resultados atingidos pelo treinando. Assim sendo, é importan- te que se estude os seguintes fatores do processo de treinamento: importância dos métodos e técnicas de avaliação; eficácia do programa de treinamento; instrumentos de avaliação. Métodos e técnicas de avaliação de programas O treinamento será eficaz na medida em que atenda às necessidades diagnos- ticadas. Ou seja, se o diagnóstico não for correto, a necessidade não será suprida e o resultado não será atingido. O treinamento deduz que haja o instrutor e o aprendiz. Os instrutores são as pessoas de fora ou de dentro da empresa que são qualificadas, especializadas ou experientes em determinadas atividades, as quais repassarão seus conhecimentos aos aprendizes. Por sua vez, os aprendizes poderão ser pessoas de qualquer nível hierárquico da empresa. No treinamento, há uma relação de instrução e aprendizagem. Instrução é o ensino de maneira organizada de determinada atividade. Aprendizagem é absorver o que foi instruído e incorporar ao comportamento. Livro_Treinamento_e_desenvolvimento.indb 95 11/12/2008 11:32:38 96 É preciso acompanhar e controlar o treinamento considerando as etapas abaixo: os cursos devem ter um número mínimo de pessoas para que justifique sua realização e seja viável economicamente; deve-se garantir a participação dos inscritos. O treinamento só traz benefícios, portanto não deve haver resistência quanto à reciclagem e ao treinamento por parte do funcionário, pois ele só tem a ganhar com isso. O conhecimento adquirido permanecerá com ele. Quando nota-se algum tipo de resistência, já se pode ter noção de como anda a motivação, comprometimento e interesse do funcionário pelas atividades desenvolvidas na empresa; confirmar com antecedência a disponibilidade dos instrutores, salas de aulas e equipamentos necessários; confirmar a presença dos funcionários que participarão do treinamento. O gestor direto de cada participante deve confirmar a presença do mesmo com antecedência. Deve-se estipular alguns dias de antecedência para a confirma- ção da presença, a fim de evitar contratempos e proporcionar condições para um bom planejamento. Alguém responsável pela organização do curso deve comunicar aos envolvidos instruções quanto a hotel (quando for necessária hospedagem de participantes de outras cidades), local, data de início e término e horários, reservar hotel para os par- ticipantes de outras cidades, especificando quais os itens da estada que serão pagos pela empresa. Deve existir uma preocupação com a chegada dos participantes, pois a orientação nesse momento é importante. Independente de o participante vir de outras cidades ou não, ele deve sentir-se acolhido. É de bom grado providenciar um pacote de boas- vindas, com orientações, material para leitura e de uso durante o curso. Avaliar a participação é muito importante. Deve ser controlada e avaliada a pre- sença, a pontualidade e as atitudes dos participantes. No encerramento, os participan- tes e instrutores devem preencher um formulário de avaliação, conforme o exemplo a seguir. Esse instrumento deve fazer parte de uma estratégia de treinamento, pois cada tipo de avaliação deve dar respostas para verificação da mudança de atitudes compor- tamentais e intelectuais. Tr ei na m en to e D es en vo lv im en to Livro_Treinamento_e_desenvolvimento.indb 96 11/12/2008 11:32:38 97 M ecanism os de avaliação e validação do treinam ento Treinando Instrutor Curso Data de início Término Local a) Quanto ao conteúdo Itens Ruim Regular Bom Muito bom Introdução Clareza – facilidade de assimiliação Cobertura do tema Exercícios práticos Obtenção/consolidação de conhecimentos Aplicação na prática b) Quanto ao material Itens Ruim Regular Bom Muito bom Livro Apostilas Telas Programas de computador c) Quanto ao instrutor Itens Ruim Regular Bom Muito bom Conhecimento Didática Atenção d) Quanto aos recursos Itens Ruim Regular Bom Muito bom Computador Sala de estudos Local e) Quanto ao participante do curso (a ser preenchido pelo instrutor) Itens Ruim Regular Bom Muito bom Preparo – pré-estudo e requisitos Participação/interação Aproveitamento Hábitos pessoais Data da emissão Assinaturas Treinando Instrutor (B O O G ; B O O G , 2 00 7, p . 3 6) Figura 1 – Formulário de avaliação de cursos presenciais. Livro_Treinamento_e_desenvolvimento.indb 97 11/12/2008 11:32:38 98 O bom andamento do treinamento depende da adequação do programa quanto às necessidades da organização e dos treinandos, da cooperação dos chefes e dirigen- tes da empresa, assim como da qualidade do material de treinamento e do preparo dos instrutores e dos aprendizes. Análise do desempenho do participante e a eficácia do programa através de instrumentos específicos de avaliação É essencial que seja feita uma avaliação quanto à eficiência do treinamento. Essa análise deve identificar até que ponto o treinamento realizou as modificações deseja- das no comportamento dos funcionários e verificar se os resultados apresentam rela- ção com as metas da empresa. Segundo Chiavenato (2006, p. 84), o treinamento poderá ser comparado com outras abordagens para desenvolver a gestão de pessoas, com o objetivo de constatar se as técnicas de treinamento utilizadas são mais efetivas que outras que poderiam ter sido utilizadas. Segundo a pedagogia de adultos, a avaliação deve ser estudada, planejada e os resultados analisados, para não frustrar o treinando, bem como os dirigentes da organização. Avaliar para que, porque e para onde. Essas respostas devem estar vinculadas com os objetivos da empresa e do de- partamento em que o treinando esteja locado, pois cada setor necessita de um tipo de treinamento e um tipo de avaliação. Assim sendo, o treinamento deve encontrar resultados nas avaliações a seguir, conforme situação específica. Avaliação do nível organizacional Aumento da eficácia organizacional – as alterações que ocorreram em vir- tude de fatores internos à organização impactaram de forma positiva nos resultados? Tr ei na m en to e D es en vo lv im en to Livro_Treinamento_e_desenvolvimento.indb 98 11/12/2008 11:32:38 99 M ecanism os de avaliação e validação do treinam ento Melhora no clima organizacional – as atitudes no padrão de comportamen- to no ambiente interno da empresa melhoraram? Melhora na imagem da empresa – a empresa passou a ser vista com outros olhos, o conceito aumentou, passou a ter outro valor? Não resistência a mudanças e inovação – os funcionários passaram a enten- der os benefícios das mudanças e se interessaram pela inovação? Melhor relacionamento entre a empresa e funcionários – o ambiente rela- cional da empresa mudou? Todos os colaboradores passaram a ser mais solíci- tos, gerando uma equipe proativa? Avaliação no nível de gestão de pessoas As mudanças de atitudes, comportamento e posturas são bem vistas quando geram: menor rotatividade de pessoas; redução do absenteísmo; aumento das habilidades e conhecimentos das pessoas; mudanças de atitudes e de comportamento das pessoas. Avaliação no nível das tarefas e operações As avaliações são positivas quando o desempenho provocou: aumento de produtividade; melhora na qualidade de produtos e serviços; redução no fluxo de produção; redução do índice de acidentes. As informações apresentadas, no âmbito organizacional, de gestão de pesso- as, tarefas e operações, permitem-nos avaliar se o treinamento está surtindo efeito à medida que vão ocorrendo alterações e se interpretam os resultados. A análise dessas informações nos fornece um feedbackque permite avaliar a performance do programa de treinamento. Livro_Treinamento_e_desenvolvimento.indb 99 11/12/2008 11:32:38 100 Seguem três critérios de eficácia que devem ser atendidos no treinamento: Quadro 1 – Critérios de eficácia de treinamento Relevância Transferibilidade Alinhamento sistêmico (C H IA VE N AT O , 20 06 , p . 8 5) Desenvolve habilidades re- levantes condizentes com o cargo/função. Refere-se ao grau em que habi- lidades e comportamentos ad- quiridos em treinamento podem ser aplicados ao trabalho. Refere-se ao grau em que as habilidades e comportamentos adquiridos podem ser aplicados em outra área. Em termos pedagógicos, a avaliação faz parte do processo de ensino e aprendi- zagem, pois por ela podemos medir a eficácia do trabalho do instrutor, da capacidade do treinando de reter e manipular as informações recebidas ou também as habilidades adquiridas. O formulário a seguir nos demonstra como o treinando estava antes e depois do treinamento. Avaliações não para punir, mas para averiguar e melhorar o treinamento e a produtividade da equipe. Podemos observar que existem fatores objetivos de fácil observação, mas também estão inclusos detalhes subjetivos que devem ser muito bem observados em virtude de envolver a propria capacidade do avaliador em entender esses detalhes e estar preparado para responder às questões da avaliação. Caso contrário, esse documento pode virar um instrumento capaz de prejudicar um empregado. Quadro 2 – Formulário de avaliação posterior ao treinamento Itens Antes do treinamento Depois do treinamento Variação + / – (B O O G ; B O O G , 2 00 7, p . 3 8) Objetivos Produtividade (exemplos) • Vendas (peças produzidas) • Margem (refugo) • Pedidos versus propostas (horas produtivas) • Índice de satisfação – clientes internos • Índice de satisfação – clientes externos Conhecimentos • Produtos • Uso de ferramentas • Contribuições tecnológicas • Atualidade Habilidades • Liderança • Criatividade • Rapidez de raciocínio • Habilidades motoras Tr ei na m en to e D es en vo lv im en to Livro_Treinamento_e_desenvolvimento.indb 100 11/12/2008 11:32:38 101 M ecanism os de avaliação e validação do treinam ento Itens Antes do treinamento Depois do treinamento Variação + / – Subjetivos Atitudes • Entusiasmo • Solidariedade/colaboração • Responsabilidade • Iniciativa (proatividade) • Atenção • Equilíbrio emocional É preciso comparar os aspectos objetivos e subjetivos do desempenho de cada funcionário que participou do treinamento. O gerente imediato do treinamento deverá responder a algumas questões, de acordo com seguinte formulário: Funcionário Unidades Cargo atual Desde Cargo anterior Desde Cargo inicial Admissão Programa de treinamento sob avaliação Evento Data Evento Data Notas Avaliações objetivas = valores/quantidades/variação percentual + ou – Avaliações subjetivas. Negativo = Abaixo dos requisitos mínimos do cargo. Requer atenção. Insatisfatório = Atende parcialmente aos requisitos do cargo. Satisfatório = Atende totalmente aos requisitos do cargo. Excelente = Excede os requisitos do cargo. Pode ser promovido. (B O O G ; B O O G , 2 00 7, p . 3 8) Figura 2 – Formulário de avaliação posterior ao treinamento. É indispensável a avaliação de desempenho individual, independente da metodolo- gia utilizada. Ela deve ser integrada ao planejamento, vinculada com os objetivos pesso- ais e profissionais, criando condições para o desenvolvimento e envolvimento integral. Livro_Treinamento_e_desenvolvimento.indb 101 11/12/2008 11:32:39 102 A avaliação do desempenho é uma das principais etapas. Precisamos saber se atu- amos de forma correta, se o treinamento realmente foi proveitoso e absorvido pelos aprendizes. A finalidade é aumentar a produtividade, motivar, melhorar atitudes, de- senvolver habilidades, enfim, preparar o funcionário para progredir em uma carreira. Como criar e utilizar os instrumentos de avaliação São poucos os empresários que encaram o treinamento como uma forma de au- mentar a produtividade reduzindo custos, e sim o veem apenas como despesas. Apesar de o treinamento ser uma ferramenta que traz inúmeros benefícios, há a necessidade de medir o retorno do investimento feito pelo treinamento, estimar a relação custo- benefício e provar que houve um impacto positivo nos resultados da organização. O retorno do investimento deve ser definido. Para isso, existem quatro níveis de mensuração dos resultados do treinamento, que podem ser vistos na figura 3. Figura 3 – Instrumento de avaliação do treinamento. (B O O G ; B O O G , 2 00 7, p . 4 1) Resultados Mudança de comportamento Aprendizagem Reação ou satisfação Nível 1: reação ou satisfação – o primeiro nível mede a reação e satisfação dos funcionários quanto à experiência de participação no treinamento. Verifi- ca-se se eles gostaram do treinamento. O foco é avaliar o conteúdo, o material Tr ei na m en to e D es en vo lv im en to Livro_Treinamento_e_desenvolvimento.indb 102 11/12/2008 11:32:39 103 M ecanism os de avaliação e validação do treinam ento didático, a aplicação do treinamento, o local e o instrutor, com o intuito de melhorar sua realização no futuro e descartar itens que não satisfizeram. Nível 2: aprendizagem – avalia-se o que os participantes aprenderam, os me- canismos do aprendizado. Busca-se verificar se eles estão adquirindo novas habilidades, conhecimentos e atitudes, pois não é suficiente que os partici- pantes tenham gostado do treinamento, se não aprenderam e o conteúdo não vier a acrescentar nada em suas atividades. Nível 3: mudança de comportamento – é necessário observar o desempe- nho de cada participante após o treinamento. O que ele aprendeu está sendo usado em seu comportamento no dia-a-dia? Se não houver mudanças no comportamento, o programa de treinamento ou não resolveu o problema ou talvez haja falta de motivação no funcionário. Nível 4: resultados – busca-se medir o resultado do treinamento por meio de dados numéricos que não são encontrados em observações, conversas e re- latórios administrativos. Deve ser constatado se o treinamento reduziu custos operacionais, aumentou lucros, diminui o número de reclamações, se houve aumento de vendas e de produção, se diminuiram os erros e as faltas, entre outros indicadores de desempenho. É possível transformar esses dados em valores, com o cálculo do ROI: Retorno Sobre o Investi-mento. O retorno do investimento está relacionado com os custos e benefícios do treinamento. O ROI tem muitas conotações, dependendo da percepção de cada pessoa. Ele mede o valor e pode ter diferentes significados para cada pessoa que avalia o progra- ma de treinamento. Segue a maneira de se calcular o ROI: listar os benefícios obtidos com o treinamento; converter os benefícios para valores monetários; os benefícios que não forem possíveis de quantificar devem ser considerados como benefícios adicionais; aplicar os dados na fórmula a seguir. ROI = Benefícios líquidos (benefícios – custos) x 100 = % Custos Livro_Treinamento_e_desenvolvimento.indb 103 11/12/2008 11:32:39 104 A seguir, apresentamos um exemplo de aplicação da fórmula. (BOOG; BOOG, 2007, p. 49) Um treinamento de incentivo de vendas dos itens de bomboniére (área com chocolates e balas em frente ao caixa) foi feito em lojas de conveniência de São Paulo no mês de abril, mas só foi feito no Rio de Janeiro no mês de junho. Notou-se que, em maio, o percentual de vendas relativos à bomboniere no total de lojas foi de 30 por cento nas lojas de São Paulo, enquanto, no período anterior ao treinamento, foi de 15 por cento. Em uma loja, observou-se: custo de treinamento – o treinamento foi ministrado pelo próprio dono da loja de conveniência que recebeu um kit para treinamento de sua franqueadora e o ministrou a cada funcionário individualmente, enquanto outrotomava conta da loja, em horários de menor movimento. Uma campanha de incentivo aliado ao treinamento oferecia um dia extra de folga para aquele caixa atendente que mais vendesse aquele bombom com a melhor margem de preço. O custo de treinamento foi, então, de um dia de salário médio do caixa atendente. Digamos que o salário mensal desse caixa atendente seja de R$ 800,00 e que, dividido por 22 dias úteis, o custo por dia de salário desse caixa seja cerca de R$ 36,00; benefício do treinamento – a margem de lucro por bombom vendido é de R$ 0,50. Foram vendidos 600 bombons a mais naquele mês, segundo dados obti- dos no relatório de vendas. O incremento de vendas daquele item gerou uma receita líquida de R$ 300,00. ROI = Benefícios líquidos (benefícios – custos) x 100 = % Custos ROI = 300 – 36 x 100 = 733,33% 36 E avaliamos apenas o incremento de vendas de um único bombom, o que ofere- cia o dia de folga em questão. Para o revendedor, esse dia pode não ter custado nada, se houve um remanejamento na escala de trabalho. Para caixa – que só tem uma folga semanal – um dia a mais de folga na semana pode representar os dois dias que ele precisa para viajar e visitar a família em uma cidade próxima. Tr ei na m en to e D es en vo lv im en to Livro_Treinamento_e_desenvolvimento.indb 104 11/12/2008 11:32:39 105 M ecanism os de avaliação e validação do treinam ento Depois de definido um método para avaliar o benefício, podemos utilizar termos financeiros para definir a razão entre custo e benefício, como: relação custo-benefício – calcula o benefício monetizado dividido pelos custos do treinamento, como: despesas com materiais, instrutores, viagem, programação, tempo de afastamento do trabalho pelos participantes etc. tempo de retorno do investimento – é o período de pagamento dos gastos contrapondo com o período de retorno dos benefícios do treinamento. Indicadores são imprescindíveis para justificar os programas de treinamento, e é necessário utilizá-los adequadamente para comprovar a sua eficiência e eficácia de maneira clara e objetiva. O retorno do investimento deve ser uma ação clara e inequí- voca do sucesso da intervenção em busca de melhores resultados organizacionais. TEXTO COMPLEMENTAR Quatro níveis de avaliação de treinamento (DUTRA, 1994) De acordo com Donald Kirkpatrick, existem quatro níveis em avaliação de trei- namento que, se aplicados em sequência, são a única forma eficaz de avaliação de resultados. Para o autor, cada nível tem sua importância apesar de que, à medida que se passa de um nível para o seguinte, o processo se torna cada vez mais com- plexo e aumenta também o dispêndio de tempo, mas em compensação provê infor- mações cada vez mais valiosas. Assim, nenhum nível deve ser menosprezado, mesmo que o responsável pelo treinamento o considere de menor importância. Para nós, brasileiros, é interessante notar na metodologia de Kirkpatrick a di- ferenciação que é feita entre os níveis 2 (aprendizagem) e 3 (comportamento). Já que o nível 1 (reação) é bastante utilizado nas empresas nacionais e o nível 4 (resul- tados), apesar de ser a meta de várias empresas, perde-se em seu objetivo por não haver atenção apropriada aos níveis 2 e 3. Veja as descrições a seguir. Livro_Treinamento_e_desenvolvimento.indb 105 11/12/2008 11:32:39 106 Nível 1: reação Nesse primeiro nível, mensura-se a reação dos participantes ao programa de treinamento. Kirkpatrick descreve esse nível como a medida de satisfação do cliente e justifica: “Por muitos anos, conduzi seminários, cursos institucionais e conferências na University of Wisconsin Management Institute. As empresas pagam uma taxa para encaminhar seu pessoal para estes programas e fica óbvio que a reação dos parti- cipantes é a mensuração imediata da satisfação dos clientes. Também é óbvio que a reação precisa ser favorável se quisermos permanecer no negócio, atrair novos alunos e ter o retorno dos antigos para futuros programas. Nos programas internos das empresas a necessidade de medir a satisfação do cliente já não parece tão óbvia, pois muitas vezes os funcionários são convocados a participar quer queiram quer não. De qualquer forma, eles continuam sendo os clientes, mesmo que não paguem pelo treinamento, e a reação deles pode levar ao sucesso ou ao fracasso do programa, pois os comentários que fazem junto aos seus chefes chegará aos ouvidos da alta direção, que é quem toma a decisão sobre a continuidade dos programas. Portanto, a reação positiva ao treinamento é importante tanto para os ins- trutores de treinamento internos quanto para os que oferecem programas aber- tos ao público, pois o futuro do programa depende dessa reação. Além disso, se os participantes não reagem de forma favorável, provavelmente não estarão mo- tivados a aprender. Reação positiva e satisfação podem não assegurar o aprendi- zado, mas reação negativa e insatisfação certamente reduzirão a possibilidade de aprendizado.” Nível 2: aprendizado Kirkpatrick define aprendizado como: mudança na forma de perceber a realidade e/ou aumento de conhecimentos e/ou aumento de habilidades em consequência de o indivíduo ter participado do curso. Tr ei na m en to e D es en vo lv im en to Livro_Treinamento_e_desenvolvimento.indb 106 11/12/2008 11:32:39 107 M ecanism os de avaliação e validação do treinam ento É interessante notar que alguns textos relativos ao assunto: avaliação de resul- tado de treinamento, inspirados ou traduzidos de autores ingleses ou americanos, tem confundido o termo attitude com o que denominamos atitude em português. Attitude, apesar da semelhança gráfica, para o inglês, compreende somente uma mudança de ponto de vista, não incluindo necessariamente uma mudança comportamental. Enquanto que, em português, quando se diz que, por exemplo, João mudou de atitude em relação a Maria, estamos exprimindo a opinião de que ele mudou efetivamente seu comportamento em relação a Maria. Em relação à definição do nível 2 – aprendizagem – Kirkpatrick explica: “Progra- mas que lidam com tópicos como a diversidade de personalidades necessária para que uma equipe cumpra sua função objetivam primariamente a mudança da forma de se encarar a realidade. Programas técnicos objetivam a capacitação em novas habilidades. Programas que lidam com assuntos como liderança, comunicação e motivação podem atender a todos os três objetivos. A fim de avaliar o aprendizado ,os objetivos específicos precisam estar bem determinados.” Alguns instrutores dizem que não há aprendizado a não ser que a mudança de comportamento ocorra, mas de acordo com Kirkpatrick, a aprendizagem ocorre quando um ou mais dos seguintes pontos aconteceu: alteração da forma de perce- ber a realidade, aumento dos conhecimentos, melhoria das habilidades. No próximo nível é que iremos tratar de mudança de comportamento. Nível 3: comportamento Kirkpatrick define esse nível como a extensão da mudança de conduta e de pro- cedimento que ocorre porque a pessoa participou do treinamento. Além de que, em sua justificativa, explica: “Alguns instrutores querem eliminar a avaliação de reação (nível 1) e a avaliação de aprendizado (nível 2), a fim de mensurar mais rapidamente as mudanças de comportamento. Mas isto é um erro, pois supondo que não haja mudança de comportamento, a conclusão óbvia seria que o programa foi ineficien- te e que deve ser descontinuado. Esta pode ou não ser uma conclusão acertada, pois a reação pode ter sido favorável e os objetivos de aprendizagem podem ter sido cumpridos, mas, para que a mudança de comportamento (nível 3) e o alcance dos resultados financeiros ocorram, algumas condições precisam estar presentes.” A fim de que a mudança de comportamento ocorra, quatro condições se fazem necessárias: Livro_Treinamento_e_desenvolvimento.indb 107 11/12/2008 11:32:39 108 a pessoa precisa querer mudar; a pessoa precisa saber o que e o como mudar; a pessoa precisa trabalharnum ambiente com o clima correto; a pessoa precisa ser premiada pela mudança. Um programa de treinamento pode atender aos dois primeiros requisitos, criando uma postura positiva em relação à mudança desejada, aos conhecimentos e às habilidades necessárias. A terceira condição, no entanto, clima correto, depende do chefe imediato. Nível 4: resultados Kirkpatrick define este nível como: “os resultados alcançados devido aos fun- cionários participarem do treinamento. Resultados incluem aumento de produção, melhoria da qualidade, redução de custo, redução de acidentes, aumento de vendas, redução de rotatividade de pessoal, aumento do lucro ou do retorno do investimen- to. É importante reconhecer que resultados como esses são a razão de ser dos pro- gramas de treinamento. De qualquer forma, o objetivo final do treinamento deve ser estabelecido nestes termos. Alguns programas têm isso em mente de uma forma diferente. Por exemplo, o maior objetivo do conhecido programa ‘Diversidade na Força de Trabalho’ é mudar a atitude dos supervisores e gerentes em relação às minorias em seus departamentos. Queremos que tratem com justiça os funcionários independente de raça ou credo, não discriminando por preconceito. Esses resultados não tangíveis não podem ser mensurados em termos de dólares, mas espera-se que, como consequência, resulta- dos tangíveis sejam atingidos. Da mesma forma, é difícil, se não for impossível, medir o resultado final de pro- gramas com tópicos como liderança, comunicação, motivação, gerenciamento de tempo, energização, decisão ou estilo gerencial.” Conclusão Assim, concluímos que, nos casos de treinamento comportamental, podemos estabelecer e mensurar um comportamento desejado, mas o resultado final tem de ser medido em termos de nível de satisfação dos funcionários ou outros por meio de outros indicadores não financeiros. Tr ei na m en to e D es en vo lv im en to Livro_Treinamento_e_desenvolvimento.indb 108 11/12/2008 11:32:39
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