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0BSTETRÍCIA – MEDCURSO – DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO, MODIFICAÇÕES DO ORG. MATERNO, ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL LARA DAYANE DE MEDEIROS LEITE – P 10 0BSTETRÍCIA – MEDCURSO – DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO, MODIFICAÇÕES DO ORG. MATERNO, ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO Diagnóstico laboratorial (hormonal): melhor parâmetro, ancora-se na produção de gonadotrofina coriônica humana (hCG) pelo ovo e a detecção, através do plasma e urina maternos, constitui a base diagnóstica na gravidez. O β-hCG (β é a subunidade do hCG específica da gonadotrofina coriônica, por isso é a subunidade documentada quantitativamente no diagnóstico) pode ser detectado no sangue periférico da mulher grávida entre 8 – 11 dias após a concepção, seus níveis aumentam entre 60 e 90 dias de gravidez. < 5mUI/ml: negativos; > 25mUI/ml: positivos. Testes imunológicos para identificação do hCG: solicitados entre 10 – 14 dias de atraso menstrual, são qualitativos (não é possível quantificar): Prova de inibição da aglutinação do látex (teste da lâmina): leitura duvidosa, menos sensível, feito na urina; Prova de inibição da hemaglutinação (teste do tubo): mais sensível (97 – 99%); Hemaglutinação passiva reversa: maior sensibilidade, pode realizar entre 1 – 3 dias de atraso menstrual. Testes radioimunológicos: limitado pois pode existir reação cruzada com LH hipofisário, quantitativo, realizado entre 8 -10 dias de concepção; Teste ELISA – teste imunoenzimático: quantitativo, alta sensibilidade e permite a dosagem da subunidade β. Diagnóstico clínico: > 12 semanas, torna-se desnecessária a solicitação de exame laboratorial. Se alicerça na observação de sinais e sintomas identificados na anamnese, inspeção e palpação, toque vaginal e ausculta. SINAIS DE PRESUNÇÃO: 4 semanas: Amenorreia: é o sinal mais precoce, é a ausência da menstruação superior a 10 – 14 dias. Em multíparas, um sangramento escasso e discreto pode acontecer após a nidação (sinal de Hartman), oriundo da Biossintese da hCG: é uma gliproteína produzida pelo sinciciotrofoblasto, que previne a involução do corpo lúteo (principal sítio de produção da progesterona nas primeiras 6 – 7 semanas. Pico de secreção: inicia após 6 – 12 dias da fecundação e tem pico 8 – 10 ou 12 - 14 semanas. OBS.: Falso-positivos: consequência do uso de psicotrópicos, ACO, hipertireoidismo, reações cruzadas com anticorpos, FR, neoplasias produtoras de hCG... Falso-negativos: urinas de baixa densidade (nas 2 primeiras semanas de atraso e, ocasionalmente, no 2º trimestre, quando é mais baixo o limite inferior dos níveis de hCG). OBS.: Zona ou limite discriminatório do hCG representa a correlação entre a dosagem laboratorial do β-hCG e a visualização do saco gestacional ou de outras estruturas. Níveis de β-hCG: ↑ 1.000 UI/L assegura a presença de gestação em 95% dos casos. Elevação inferior ao esperado ou diminuição no início impõem suspeita de gravidez anormal. Elevações acentuadas podem estar relacionadas à gestação múltipla ou à neoplasia trofoblástica gestacional. Dobra a cada 48h. 0BSTETRÍCIA – MEDCURSO – DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO, MODIFICAÇÕES DO ORG. MATERNO, ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL LARA DAYANE DE MEDEIROS LEITE – P 10 0BSTETRÍCIA – MEDCURSO – DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO, MODIFICAÇÕES DO ORG. MATERNO, ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL erosão endometrial típica da nidação; OBS.: Sinal ligado à implantação embrionária (Sinal de Hartman): sangramento que ocorre 7 – 8 dias após a fecundação devido à implantação do blastocisto; 5 semanas: Náuseas: ocorre no 1º trimestre, é geralmente matutina; principal, surge entre 6 – 14 semanas de gestação, acompanhadas ou não de episódios eméticos, melhora ao longo do dia. Potencializadas por gestação gemelar, hipertireoidismo, ansiedade. Se acompanhada de febre, vertigem, diarreia, cefaleia ou distenção abdominal deve procurar a causa. Se surgimento de náuseas após 12 semanas de gestação, investigar. Congestão mamária: mais marcantes em primigestas, em torno da 5ª semana, congestão de mama tornando-as dolorosas. Na 8ª semana as aréolas primárias tornam-se mais pigmentadas e surgem projeções secundárias (tubérculos de Montgomery). Com 16 semanas é possível ver o colostro, aumento de vascularização venosa (rede de Haller). Na 20ª semana há aumento da pigmentação dos mamilos, tornando os limites imprecisos (sinal de Hunter); 6 semanas: Polaciúria: no 2º e 3º mês de gestação há polaciúria e nictúria, além disso, o aumento do útero promove compressão vesical. No 2º trimestre o útero cresce em direção a cavidade abdominal e Hiperêmese gravídica: persistência de náuseas e vômitos que aparecem antes da 20ª semana, associada a perda de peso, desidratação, distúrbio eletrolítico, cetose e cetonúria; Epidemio: raro, primigestas jovens, obesas, gestação gemelar ou doença trofoblástica gestacional, história pregressa de hiperêmese; Etiopatogenia: desconhecida, mas coincide com o pico de secreção do hCG; Formas clínicas: Formas médias: vômitos simples após ingestão de alimentos por 2 – 4 semanas, com depleção de água e eletrólitos, mas sem importante alteração nutricional, perda ponderal discreta, discretos sinais de desidratação, pulso abaixo de 100bpm, sinais sistêmicos ausentes. Formas graves: vômitos persistentes que obriga o jejum forçado (nada ingere e ainda vomita), perda ponderal intensa (6 – 8%), sinais de desidratação como face e olhos encovados, língua áspera, mucosas secas, pele sem turgor, pulso fino e acima de 100bpm, extremidades frias e quadro de choque, oligúria (sinal de hipovolemia), hiponatremia, psicose com alucinações (sd. de Korsakoff); Diagnóstico: anamnese + quadro clínico (sinais de desidratação e desnutrição). O quadro laboratorial é inespecífico, sendo utilizado apenas para complicações da doença (cetonúria, hipocalcemia e/ou hiponatremia...). Principais achados: hematócrito ↑, anemia megaloblástica, transaminases/lipse/amilase/ bilirrubinas ↑, ureia e creatinina ↑, glicose ↓, proteínas ↓, tiamina ↓, TSH ↓, T3 e T4 livre ↑, cloro/potássio/sódio ↓, alcalose metabólica, cetonúria, densidade da urina ↑, lesões de retina, lesões neurológicas (TC); TTO: medidas gerais (controle de peso e diurese, jejum de 24 – 48h, reposição venosa prolongada, repor B6, C, K e tiamina; Medicamentos: iniciados após persistência dos sintomas após os cuidados gerais. Antieméticos: metoclopramida (1ª) e ondansertrona (2ª); Anti-histamínicos: efeito sedativo. Dimenidrinato associado à piridoxina (1ª), prometazina em aso de falha terapêutica; Vit. B6: a piridoxina é a droga mais segura; Sedativos: diazepam e clorpromazina (casos refratários); Corticoides: metilprednisolona em casos refratários aos ttos anteriores, associar com antiemético; Nutrição parenteral: se > 48h, repor vit. C e complexo B. 0BSTETRÍCIA – MEDCURSO – DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO, MODIFICAÇÕES DO ORG. MATERNO, ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL LARA DAYANE DE MEDEIROS LEITE – P 10 0BSTETRÍCIA – MEDCURSO – DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO, MODIFICAÇÕES DO ORG. MATERNO, ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL esse sintoma desaparece. Nas últimas semanas de gravidez o sintoma volta decorrente a pressão do polo cefálico na bexiga. Se disúria, hematúria ou piúria, suspeitar de cistite; SINAIS DE PROBABILIDADE: 6 semanas: ↑ de volume uterino: 6 semanas tem tamanho de tangerina, com 10 tem tamanho de laranja, com 12 tem tamanho de uma cabeça fetal, sendo palpável acima da sínfise púbica, na 16ª semana fica entre sínfise púbica e a cicatriz umbilical, 20ª semana atinge a cicatriz umbilical e na 40ª semana o apêndice xifoide; 8 semanas: Sinal de Hegar: alteração da consistência uterina, elasticidade (6 – 8 semanas); Sinal de Osiander: percepção do pulso da a. vaginal ao toque vaginal; Sinal de Holzapfel: peritônio rugoso; Sinal de Piskacek: assimetria uterina à palpação, abaulamento e amolecimento do sítio de implantação ovular; Sinal de Nobile-budin: preenchimento do fundo de saco vaginal pelo útero gravídico; Regra de Goodel: amolecimento do colo do útero ao toque vaginal. Sinal de Jacquemier ou Chardwick: coloração violácea da mucosa vulvar, vestíbulo e meato urinário; Sinal de Kluge: tonalidade violácea da mucosa vaginal, resultante de congestão. 16 semanas: ↑ de volume abdominal: torna- se palpável na 12ª semana. SINAIS DE CERTEZA: 14 semanas: Sinal de Puzos: recharço fetal intrauterino, que se obtém ao impulsionar o feto com os dedos dispostos no fundo do saco anterior. A partir da 14ª semana; 18 semanas: Percepção e palpação dos movimentos ativos do feto: de 18 – 20 semanas; Palpação dos segmentos fetais: o volume do feto é maior, já pode palpar membros e cabeça. 20 semanas: Ausculta, identificação dos batimentos cardiofetais (BCF). a FC varia de 120 – 160bpm, no pinard ausculta a partir de 20 semanas e no sonar de 10 – 12 semanas; OBS.: Alterações do muco cervical: o incremento da produção de progesterona reduz a concentração de sódio nas secreções cervicais; Tonteiras: devido a queda na resistência vascular periférica, geralmente ocorre em posição ereta e melhora com DLE. Preocupante se associado a arritmias ou sinais de convulsão; Sonolência e fadiga: inicial, causada pela rápida e grande elevação nas concentrações de progesterona. A lt e ra çõ es n o f o rm at o u te ri n o A lt e ra çõ es n a to n al id ad e d a m u co sa v u lv ar e va gi n al 0BSTETRÍCIA – MEDCURSO – DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO, MODIFICAÇÕES DO ORG. MATERNO, ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL LARA DAYANE DE MEDEIROS LEITE – P 10 0BSTETRÍCIA – MEDCURSO – DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO, MODIFICAÇÕES DO ORG. MATERNO, ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL Diagnóstico ultrassonográfico: no 1º trimestre é realizado USG transvaginal (ela permite a identificação do saco gestacional intrauterino com 4 semanas). Com 5 semanas é visualizado a vesícula vitelina. Entre 6 – 7 semanas são observados o eco embrionário e os batimentos. A USG mais precisa da IG é da 6 – 12ª semana (parâmetro: comprimento cabeça-nádega). Os movimentos são observados a partir da 8ª semana. A partir da 14ª semana são avaliados o diâmetro biparietal e comprimento do fêmur através da USG obstétrica transabdominal. MODIFICAÇÕES GERAIS DO ORG. MATERNO Modificações osteoarticulares: Postura e marcha: o centro de gravidade se desloca para frente, para corrigi-lo, a gestante assume atitude involuntária de lordose lombar, também amplia sua base de sustentação afastando discretamente um pé do outro, modificando sua marcha, que passa a ser anserina. Modificações nas mamas e AGU: Mastalgia: 5ª semana, congestão → mamas dolorosas, túrgidas e com ↑ volume; Tubérculos de Montgomery: glândulas sebáceas hipertrofiadas; Rede de Haller: 16ª semana, vascularização venosa ↑; Sinal de Hunter: 20ª semana, ↑ da pigmentação dos mamilos; Estrias gravídicas: devido ao crescimento exagerado das mamas; Útero: nos primeiros meses a parede uterina tende a estar mais espessa, mas com sua evolução, essa parede tende a afinar (gravidez AT: 1,5cm). O útero cresce devido ao estímulo do estrogênio, com menor parcela da progesterona; Colo uterino: a cérvice torna-se amolecida e arroxeada, o muco cervical torna-se viscoso, mais espesso e não cristaliza quando desidratado. O colo uterino é protegido pelo tampão mucoso, que é eliminado nos dias que antecedem o parto; Trompas: ocorre hipertrofia e a ação da progesterona diminui sua motilidade; Ovários: o processo de maturação folicular cessa; o corpo lúteo (responsável pela produção de progesterona) mantém-se funcionante por estímulo do hCG; Vagina: apresenta-se violácea, ↑ secreção vaginal, o pH torna-se mais ácido; Vulva: encontra-se violácea, há hipertrofia de grandes e pequenos lábios e meato uretral; Modificações respiratórias: mais pronunciadas na 37ª semana, há ↑ de 2cm no diâmetro transverso do tórax e de até 6cm na circunferência torácica. Há maior movimentação do diafragma (que leva a um ↑ de volume corrente). Nas VA superiores ocorre vasodilatação, edema de mucosa, congestão nasal e ↑ das secreções. A expiração torna-se mais demorada. Como consequência de todas as modificações há: ↑ da paO2 no sague materno; ↓ da paCO2 materna que facilita o transporte placentário do CO2 fetal para a circulação materna. O mecanismo de dispneia fisiológica parece decorrer dos efeitos da progesterona no centro respiratório do SNC e da percepção da paciente à hiperventilação da gravidez, que culmina com ↑ 0BSTETRÍCIA – MEDCURSO – DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO, MODIFICAÇÕES DO ORG. MATERNO, ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL LARA DAYANE DE MEDEIROS LEITE – P 10 0BSTETRÍCIA – MEDCURSO – DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO, MODIFICAÇÕES DO ORG. MATERNO, ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL do volume corrente e ↓ da paCO2, resultando em alcalose respiratória compensada. Equilíbrio ácido-básico: Dessa forma, a hiperventilação que resulta na ↓ da PCO2 materna, facilita o transporte do CO2 do feto para a mãe, porém parece diminuir a liberação de O2 da mãe para o feto. Para compensar, o aumento do pH estimula a ↑ de 2-3 DPG, elemento que se une à Hb e impede a ligação do O2, acarretando ↓ da afinidade da He materna pelo O2 (Efeito Bohr). Esse efeito desvia para a direita a curva de dissociação da Hb. Na hora do parto ocorre ↑ de pH, ↓ pCO2. No período expulsivo ocorre apneia temporária, que ↑ pCO2, provocando acidose metabólica. Modificações hemodiâmicas: Coração: sd. hipercinética, FC materna ↑ de 10 – 15bpm (importante para manutenção do DC), o diafragma se eleva e desloca o coração para a esquerda e cima → ápice cardíaco é movido lateralmente → ↑ silhueta cardíaca. É frequente a presença de sopros cardíacos por decorrência da sd. hipercinética. Extrassístoles e desdobramento da 1ª bulha também são comuns. O ECG não se altera significadamente; DC: espera-se que haja ↓ da PA e RVP, ↑ do volume sanguíneo, peso materno e metabolismo basal. Com 10 – 12 semanas o DC aumenta e atinge seu pico entre 20 – 24 semanas. A partir disso se mantém constante. No final da gestação o DC é maior em 2 situações: Paciente em DLE: pois na posição supina o útero comprime a VCI e dificulta o retorno venoso; Durante o TP e puerpério. Resistência vascular periférica (RVP): diminui de modo mais acentuado no início devido a circulação uteroplacentária, ação da progesterona, prostaglandinas e estrogênios sobre a parede dos vasos. Existe, também, refratariedade vascular à ação vasoconstritora do sistema RAA e da angiotensina II. O fluxo sanguíneo regional permanece inalterado no cérebro, fígado e músculos, aumenta na pele, rins, útero e diminui nos MMII; PA (DC x RVP): sofre vasodilatação periférica (que produz refratariedade aos vasoconstritores circulantes). A ↓ da PA é mais marcante no 2º trimestre. O componente mais alterado é a diastólica (< 10 – 15 mmHg) e a sistólica (< 3 – 4 mmHg) tem diminuição menos acentuada devido à queda da RVP ser compensada pelo ↑ DC; Pressão venosa (PV): o útero comprime as veias pélvicas e a VCI, dificultando o retorno venoso e ↑ 3x a PV nos MMII. Essas alterações causam edema de MMII, varicosidades vulvares e hemorroidas; Hipotensão supina: sd. de hipotensão supina descreve uma queda do DC, pela compressão da VCI pelo útero quando a gestantepermanece em DD por cerca de 4 – 5 min. Essa compressão desencadeia o reflexo vasovagal, que acarreta bradicardia, hipotensão e lipotimia. Corrigido através de DL. Modificações hematológicas: Volume plasmático: ↑ 40 – 50% a partir da 6ª semana, tendo pico entre 30 – 34 semanas. Retorna ao normal 3 semanas após o parto. Hiperventilação → desvio do pH para o limite superior (promove um desvio na curva de dissociação da Hb para a esquerda → maior afinidade da Hb materna pelo O2, diminuindo a sua liberação para o feto) → ↓ Bic plasmático de 26 para 22 → alcalose metabólica compensada. OBS.: o desenvolvimento placentário acarreta ↓ da RVP, pois a placenta funciona como um afistula arteriovenosa. 0BSTETRÍCIA – MEDCURSO – DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO, MODIFICAÇÕES DO ORG. MATERNO, ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL LARA DAYANE DE MEDEIROS LEITE – P 10 0BSTETRÍCIA – MEDCURSO – DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO, MODIFICAÇÕES DO ORG. MATERNO, ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL Eritrócitos: ↑ 20 – 30% de He → ↑ demanda de O2. É admissível a presença de uma reticulose leve após 20 semanas. O HT cai 2 – 3 pontos (30%) e a concentração de Hb diminui (anemia fisiológica). Os valores retornam ao normal 6 semanas após o parto; Leucócitos: leucocitose relativa principalmente no 2º e 3º trimestres e é secundária ao ↑ do número de neutrófilos segmentados. Após 38 semanas os leucócitos diminuem (8.000 – 12.000/mm3). No 2º trimestre há ↑ da susceptibilidade a processos inflamatórios (pielo e tb), sendo assim, evidenca-se uma supressão da imunidade humoral e da celular, visando a rejeição fetal; Plaquetas: relativamente inalterada, em 5 – 7% ocorre trombocitopenia gestacional, sendo apenas uma variação da normalidade; Fatores de coagulação: as modificações são detectadas a partir do 3º mês, dentre elas estão: ↑ de fibrinogênio em até 50%; ↑ dos agentes pró-coagulantes; ↑ da atividade dos fatores de coagulação VII, VIII, IX e o fator Von Willebrand; ↑ resistência dos anticoagulantes endógenos e ↓ da proteína S e do cofator da proteína C; Essas alterações associadas ao aumento do volume sanguíneo ajudam a combater os riscos de hemorragia na dequitação placentária. Em contrapartida, produzem estado de sensibilidade à TVP, TEP e coagulação intravascular disseminada. Modificações metabólicas: Ganho ponderal: em média 12,5kg, isso inclui, feto, placenta, LA, mamas, volume sanguíneo, líquido extravascular, etc... Metabolismo hídrico: ao final é comum encontrar edema de MMII, favorecido pelo ↑ de PV e por ↓ da pressão coloidosmática intersticial. O edema generalizado se expressa clinicamente pelo aumento súbito de peso; Metabolismo proteico: na gravidez há ↑ das necessidades proteicas para atender às demandas. Ocorre ↓ dos AA e um ↑ absoluto das proteínas totais, mesmo que suas concentrações se revelem diminuídas. A albumina circulante sofre uma ↓ clara; Metabolismo de carboidratos: a gestação é um estado potencialmente diabetogênico, possui uma leve hiperinsulinemia, hipoglicemia de jejum e hiperglicemia pós-prandial. Inicialmente o metabolismo de glicose parece ser alterado pelo ↑ de estrogênio e progesterona, eles estimulam a secreção endógena da insulina e melhoram sua utilização periférica. Na 2ª metade da gestação há um ↑ dos hormônios contrainsulínicos (lactogênio placentário, cortisol), eles estimulam a lipólise, o que acarreta ↑ dos ácidos graxos livres. Por outro lado, eles poupam a glicose para não haver resistência periférica insulínica, consequentemente, verifica-se ↓ da resposta insulínica à glicose, supressão da resposta ao glucagon e ↓ do consumo periférico de glicose. Essas alterações levam ao hiperinsulinemismo secundário compensatório; Metabolismo lipídico: as concentrações de lipoproteínas, apolipoproteínas e lipídios totais estão ↑. O colesterol ↑em cerca de 50% e os triglicerídeos podem triplicar. O LDL atinge seu máximo em torno de 36 semanas em virtude da ação ↑VP → hipervolemia (resposta compensatória às demandas do sistema hipertrofiado do útero, necessidade de equilíbrio pela queda do retorno venoso, devido à compressão da VCI e as perdas sanguíneas no parto) com ↓ viscosidade sanguínea → quadro de hemodiluição. O ↑ do volume circulante decorre da ação do sistema RAA e angiotensina II. 0BSTETRÍCIA – MEDCURSO – DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO, MODIFICAÇÕES DO ORG. MATERNO, ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL LARA DAYANE DE MEDEIROS LEITE – P 10 0BSTETRÍCIA – MEDCURSO – DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO, MODIFICAÇÕES DO ORG. MATERNO, ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL da progesterona. O HDL atinge seu máximo em torno de 25 semanas. Os níveis plasmáticos de ácidos graxos e glicerol ↓ na primeira metade da gestação devido ao acúmulo de gordura central. Esses lipídios ficam disponíveis no último trimestre de gravidez com o objetivo de proteger a gestante e o feto de jejum prolongado; Metabolismo eletrolítico: Sódio: há retenção de sódio em função do ↑ de LA, da expansão do líquido extracelular e do crescimento fetal. Mas sua excreção pode aumentar em algumas situações (↑ TFG, ação da progesterona que promove vasodilatação as aa. Renais, presença do fator natriurético atrial e ↓ da albumina, prostaglandinas e dopamina. Os fatores que ↓ a excreção de sódio são aldosterona, sistema RAA, corticoides e estrogênio; Cálcio e magnésio: diminuem na gravidez. São importantes na contração uterina. O cálcio é ↓ por causa da ↓ da albumina; Ferro: é necessário durante a gestação devido ao ↑ da massa eritrocitária. Deve-se receber 30 – 60mg/dia de ferro elementar durante o 2º e 3º trimestres, lactação e 2 – 3 meses após nascimento; Iodo: há ↓ de forma que a gestante deve receber suplementação dietética ou medicamentosa para garantir o funcionamento correto da tireoide. Modificações endócrinas: Prolactina: há um ↑ de 10x o valor normal (por esse motivo, a hipófise anterior aumenta seu tamanho até 3x – hiperplasia das células produtoras de prolactina), e seus valores normalizam após o parto. A prolactina é fundamental para a amamentação; Hormônios tireoidianos: o ↑ dos níveis da globulina carreadora de hormônios tireidianos (TBG) (devido ao ↑ dos níveis de estrogênio) e o estímulo da glândula pelo hCG, provocam o ↑ compensatório de T3 e T4, visando manter as concentrações adequadas. Os valores ↑ na primeira metade da gravidez, atingindo um platô em 20 semanas e voltam ao normal após isso. ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL Periodicidade: Consultas: Até 28ª sem: mensal; 28ª – 36ª sem: quinzenal; 36ª – 41ª sem: semanal. Exames: 1º trimestre: o Hemograma; 0BSTETRÍCIA – MEDCURSO – DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO, MODIFICAÇÕES DO ORG. MATERNO, ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL LARA DAYANE DE MEDEIROS LEITE – P 10 0BSTETRÍCIA – MEDCURSO – DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO, MODIFICAÇÕES DO ORG. MATERNO, ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL o Tipagem sanguínea + fator Rh; o Glicemia de jejum; o Teste rápido para Sífilis e/ou VDRL; o Anti-HIV; o Toxoplasmose IgM e IgG; o HbsAg (hep. B); o EAS + urocultura; o USG obstétrica. 2º trimestre: o TOTG 75g de GJ > 85mg/dL (24 – 28 sem); o Coombs indireto de Rh -; o EAS + urocultura; o Toxoplasmose IgM e IgG; o USG obstétrica (20 sem). 3º trimestre: o Hemograma; o Glicemia de jejum; o VDRL; o Anti-HIV; o HbsAg; o Toxoplasmose IgM e IgG; o EAS + urocultura. 0BSTETRÍCIA – MEDCURSO – DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO, MODIFICAÇÕES DO ORG. MATERNO, ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL LARA DAYANE DE MEDEIROS LEITE – P 10 0BSTETRÍCIA – MEDCURSO – DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO, MODIFICAÇÕES DO ORG. MATERNO, ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL Anamnese: Idade: as melhores condições são entre 18 e 35 anos. Exame físico: manobras deLeopold-Zweifel 1º tempo: fundo do útero; 10 – 12 sem: acima da sínfise púbica; 16 sem: entre a sínfise púbica e cicatriz umbilical; 20 sem: cicatriz umbilical. 2º tempo: posição fetal (dorso); 3º tempo: apresentação; 4º tempo: grau de penetração do concepto no estreito superior da bacia. BCF é audível a partir de 10 – 12 semanas com Sonar e a partir de 20 semanas com Pinard. Exames complementares: Toxoplasmose: IgG - IgM - : susceptível; IgG + IgM - : imune ou infecção crônica; IgG - IgM + : infecção aguda ou falso-positivo. Iniciar imediatamente espiramicina 1g 8/8h; IgG + IgM + : infecção aguda ou crônica. Solicitar teste de avidez o ↓ avidez: infecção aguda (< 16 sem); o ↑ avidez: infecção antiga (> 16 sem); Imunizações: Infecções do TU: Bacteriúria assintomática: 105 UFC/ml em pacientes assintomáticas; Cistite: disúria, polaciúria e urgência miccional; TTO (bct assint e cistite): nitrofurantoína 100mg 6/6h 10 dias; Ampicilina 500mg 6/6h 7 – 10 dias; Cefalexina 500mg 6/6h 7 – 10 dias. PieloneFRite (FebRe): calafrios, febre alta e dor em loja renal, sintomas de infecção urinária baixa. ATB + internação. Geralmente por E.Coli.