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4 Resumo Microbiologia - Bacteriologia

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Diagnóstico Laboratorial Aplicado 9
diagnóstico laboratorial em bacteriologia
bactérias
* Células procariotas.
tamanho, forma e arranjo das células bacterianas
* Maioria das bactérias varia de 0,2 a 2,0 µm de diâmetro e de 2 a 8 µm de comprimento.
* Formas Básicas: 
· Cocos: forma esférica. Cocos geralmente são redondos, mas podem ser ovais, alongados ou achatados em uma das extremidades.
· Bacilo: em forma de bastão.
· Espiral: bactérias espirais possuem uma ou mais curvaturas; elas nunca são retas.
· Vibriões: assemelham a bastões curvos.
· Espirilos: possuem uma forma helicoidal, como um saca-rolha, e um corpo bastante rígido.
· Espiroqueta: forma helicoidal e flexível; se movem por meio de filamentos axiais, os quais lembram um flagelo, mas estão contidos dentro de uma bainha externa flexível.
extruturas externas à parede celular
Glicocálice
* Polímero viscoso e gelatinoso que está situado externamente à parede celular e é composto de polissacarídeo, polípeptídeo ou ambos. Em grande parte, ele é produzido dentro da célula e secretado para a superfície celular. 
* Cápsula: se a substância é organizada e está firmemente aderida à parede celular. Importantes para a contribuição da virulência bacteriana (medida do grau com que um patógeno causa doença); protegem as bactérias patogênicas da fagocitose pelas células do hospedeiro.
* Camada Viscosa: se a substância não é organizada e está fracamente aderida à parede celular.
* Glicocálice: componente muito importante dos biofilmes, auxilia as células em um biofilme a se fixarem ao seu ambiente-alvo e umas às outras é denominado substância polimérica extracelular (SPE), esta protege as células dentro do glicocálice, facilita a comunicação entre as células e permite a sobrevivência celular pela fixação a várias superfícies em seu ambiente natural. Um glicocálice também pode proteger uma célula contra a desidratação, e sua viscosidade pode inibir o movimento dos nutrientes para fora da célula.
Flagelo
* Longos apêndices filamentosos que propelem as bactérias.
* Atríqueas: sem projeções; bactérias sem flagelos.
* Peritríqueos: distribuídos ao longo de toda a célula.
* Polares: em um ou ambos os polos da célula.
· Monotríqueo: um único flagelo em um polo.
· Lofotróqueo: um tufo de flagelo na extremidade da célula.
· Anfitríqueo: flagelos em ambas as extremidade celulares.
* Cada flagelo procariótico é uma estrutura helicoidal semirrígida que move a célula pela rotação do corpo basal. A rotação de um flagelo pode ter sentido horário ou anti-horário em torno de seu eixo longo.
* Vantagem da mobilidade é que ela permite a uma bactéria se mover em direção a um ambiente favorável ou para longe de um ambiente adverso.
· Sinal quimiotático é positivo, denominado atraente, as bactérias se movem em direção ao estímulo.
· Sinal quimiotático é negativo, denominado repelente, a frequência de desvios aumenta à medida que a bactéria se move para longe do estímulo.
Filamentos Axiais
* Espiroquetas se movem por meio de filamentos axiais ou endoflagelos, feixes de fibrilas que se originam nas extremidades das células, sob uma bainha externa, e fazem uma espiral em torno da célula.
* Filamentos axiais, que estão ancorados em uma extremidade da espiroqueta, possuem uma estrutura similar à dos flagelos. A rotação dos filamentos produz um movimento da bainha externa que impulsiona as espiroquetas em um movimento espiral.
Fímbrias e Pili
* Muitas bactérias gram-negativas contêm apêndices semelhantes a pelos que são mais curtos, retos e finos que os flagelos e que são usados mais para fixação e transferência de DNA que para mobilidade.
* Consiste em uma proteína pilina.
* Fímbrias: podem ocorrer nos polos da célula bacteriana, ou podem estar homogeneamente distribuídas em toda a superfície da célula. Possui tendência a se aderir umas às outras e às superfícies. Elas estão envolvidas na formação de biofilmes e outros agregados na superfície de líquidos, vidros e pedras.
* Pili: normalmente são mais longos que as fímbrias, e há apenas um ou dois por célula. Os pili estão envolvidos na mobilidade celular e na transferência de DNA. Alguns pili são utilizados para agregar as bactérias e facilitar a transferência de DNA entre elas, um processo chamado de conjugação, sendo estes denominados pili de conjugação (sexual).
· Translocação Bacteriana: o pilus é estendido pela adição de unidades de pilina, faz contato com a superfície ou com outras células e então se retrai à medida que as unidades de pilina vão sendo desmontadas. Esse modelo é denominado modelo do gancho atracado da mobilidade de translocação e resulta em movimentos curtos, abruptos e intermitentes.
· Mobilidade por Deslizamento: o movimento homogêneo de deslizamento das mixobactérias. Embora o mecanismo exato seja desconhecido para a maioria das mixobactérias, algumas utilizam a retração do pilus. A mobilidade por deslizamento fornece uma maneira para os micróbios viajarem nos ambientes com baixo conteúdo de água, como os biofilmes e o solo.
parede celular
* Estrutura complexa, semirrígida, responsável pela forma da célula, que circunda a frágil membrana plasmática protegendo-a e ao interior da célula das alterações adversas no ambiente externo.
* Função: prevenir a ruptura das células bacterianas quando a pressão da água dentro da célula é maior que fora dela; ajuda a manter a forma de uma bactéria e serve como ponto de ancoragem para os flagelos.
Composição e Características
* Composta de uma rede macromolecular de peptideoglicana, presente isoladamente ou em combinação com outras substâncias.
Parede Celular de Gram-Positiva e Gram-Negativa
* Cristal violeta, o corante primário, cora as células gram-positivas e gram-negativas de púrpura, pois penetra no citoplasma de ambos os tipos celulares. Quando o lugol, solução iodo-iodetada (o mordente), é aplicado, forma cristais com o corante que são muito grandes para escapar pela parede celular. A aplicação de álcool desidrata a peptideoglicana das células gram-positivas para torná-la mais impermeável ao cristal violeta-iodo. O efeito nas células gram-negativas é bem diferente; o álcool dissolve a membrana externa das células gram-negativas, deixando também pequenos buracos na fina camada de peptideoglicana, pelos quais o cristal violeta-iodo se difunde. Como as bactérias gram-negativas ficam incolores após a lavagem com álcool, a adição de safranina (contracorante) torna as células cor-de-rosa. A safranina fornece a cor contrastante à coloração primária (cristal violeta). Embora as células gram-positivas e gram-negativas absorvam a safranina, a coloração rosa da safranina é mascarada pelo corante roxo-escuro previamente absorvido pelas células gram-positivas.
Paredes Celulares Atípicas
* Paredes Celulares Álcool-Ácido Resistentes: coloração álcool-ácido resistente é usada para identificar todas as bactérias do gênero Mycobacterium e espécies patogênicas de Nocardia. Alta concentração (60%) de um lipídeo céreo hidrofóbico (ácido micólico) em sua parede que previne a entrada dos corantes, incluindo os utilizados na coloração de Gram. O ácido micólico forma uma parede externa a uma camada fina de peptideoglicana. Bactérias álcool-ácido resistentes podem ser coradas com carbolfucsina; o aquecimento aumenta a penetração do corante. A carbolfucsina penetra na parede celular, liga-se ao citoplasma e resiste à remoção por lavagem com álcool-ácido. Bactérias álcool-ácido resistentes retêm a cor vermelha da carbolfucsina, pois esta substância é mais solúvel no ácido micólico da parede celular que no álcool-ácido. Se a parede de ácido micólico for removida, estas bactérias irão se corar, pela coloração de Gram, como gram-positivas.
membrana plasmática
* Estrutura fina situada no interior da parede celular, revestindo o citoplasma da célula, consiste principalmente de fosfolipídeos e proteínas.
* Moléculas proteicas na membranapodem estar arranjadas em uma variedade de formas.
· Proteínas Periféricas: podem funcionar como enzimas que catalisam reações químicas, como um “andaime” para suporte e como mediadoras das alterações na forma da membrana durante o movimento.
· Proteínas Integrais: algumas proteínas integrais são canais que possuem um poro ou um buraco pelo qual as substâncias entram e saem da célula.
· Proteínas Transmembrana: proteínas integrais penetra a membrana completamente.
* Glicoproteínas e glicolipídeos ajudam a proteger e lubrificar a célula e estão envolvidos nas interações célula-a-célula.
* Funções: barreira seletiva, devido à propriedade de permeabilidade seletiva (certas moléculas e íons passam através da membrana, mas outros são impedidos de passar através dela. A permeabilidade da membrana depende de vários fatores, como tamanho da molécula, carga do composto e moléculas transportadoras); digestão de nutrientes e na produção de energia.
* Mesossomos: invaginações grandes e irregulares. Acredita-se que os mesossomos sejam dobras na membrana plasmática que se desenvolvem devido ao processo usado para preparar amostras para microscopia eletrônica.
citoplasma
* Substância da célula no interior da membrana plasmática.
* 80% do citoplasma são compostos de água, contendo principalmente proteínas (enzimas), carboidratos, lipídeos, íons inorgânicos e compostos de peso molecular muito baixo.
* Espesso, aquoso, semitransparente e elástico.
* As principais estruturas do citoplasma dos procariotos são: uma área nuclear (contendo DNA), as partículas denominadas ribossomos e os depósitos de reserva denominados inclusões.
* Proteínas filamentosas no citoplasma são diretamente responsáveis pela forma helicoidal e de bastonete da célula bacteriana.
nucleoide
* Cromossomo Bacteriano: única molécula longa e contínua de DNA de fita dupla, com frequência arranjada de forma circular.
* Plasmídeos: bactérias frequentemente contêm pequenas moléculas de DNA de fita dupla, circulares. São elementos genéticos extracromossômicos; isto é, elas não estão conectadas ao cromossomo bacteriano principal e se replicam independentemente do DNA cromossômico. Os plasmídeos estão associados às proteínas da membrana plasmática. Geralmente não são cruciais para a sobrevivência da bactéria em condições ambientais normais; os plasmídeos podem ser adquiridos ou perdidos sem causar dano à célula. Sob certas condições, entretanto, eles são uma vantagem para as células. Os plasmídeos podem transportar genes para atividades como resistência aos antibióticos, tolerância a metais tóxicos, produção de toxinas e síntese de enzimas. Eles podem ser transferidos de uma bactéria para outra.
ribossomos
* Locais de síntese proteica. As células com altas taxas de síntese proteica, como aquelas que estão crescendo ativamente, possuem grande número de ribossomos.
inclusões
* Células podem acumular certos nutrientes quando eles são abundantes e usá-los quando estão escassos no ambiente.
* Grânulos Metacromáticos: conhecidos como volutina. A volutina representa uma reserva de fosfato inorgânico (polifosfato) que pode ser usada na síntese de ATP, geralmente sendo formada pelas células que crescem em ambientes ricos em fosfato.
* Grânulos Polissacarídicos: são caracteristicamente compostas de glicogênio e amido, e sua presença pode ser demonstrada quando iodo é aplicado às células.
* Inclusões Lipídicas: um material comum de armazenamento de lipídeos, exclusivo das bactérias, é o polímero ácido poli-ß-hidroxibutírico. As inclusões lipídicas são reveladas pela coloração das células com corantes solúveis em gordura, como os corantes de Sudão.
* Grânulos de Enxofre: certas bactérias obtêm energia oxidando o enxofre e compostos contendo enxofre. Essas bactérias podem armazenar grânulos de enxofre na célula, onde eles servem como reserva de energia.
* Carboxissomos: inclusões que contêm a enzima ribulose-1,5-difosfato-carboxilase. As bactérias que usam dióxido de carbono como sua única fonte de carbono requerem essa enzima para a fixação do dióxido de carbono durante a fotossíntese.
* Vacúolos de Gás: encontradas em muitos procariotos aquáticos, incluindo as cianobactérias, as bactérias fotossintéticas anoxigênicas e as halobactérias. Os vacúolos de gás mantêm a flutuação, para que as células possam permanecer na profundidade apropriada de água para receberem quantidades suficientes de oxigênio, luz e nutrientes.
* Magnetossomos: inclusões de óxido de ferro (Fe3O4), formadas por várias bactérias gram-negativas, que agem como ímãs. As bactérias podem usar os magnetossomos para se mover para baixo até atingir um local de fixação aceitável.
endosporos
* Quando os nutrientes essenciais se esgotam, certas bactérias gram-positivas como as dos gêneros Clostridium e Bacillus formam células especializadas de “repouso”, denominadas endósporos.
* Endosporos são células desidratadas altamente duráveis, com paredes espessas e camadas adicionais. Eles são formados dentro da membrana celular bacteriana.
* Quando liberados no ambiente, podem sobreviver a temperaturas extremas, falta de água e exposição a muitas substâncias químicas tóxicas e radiação.
* Esporulação ou Esporogênese: processo de formação do endosporo dentro de uma célula vegetativa leva várias horas.
* Germinação: endosporo retorna ao seu estado vegetativo. A germinação é ativada por uma lesão física ou química no revestimento do endosporo. Então, as enzimas do endosporo rompem as camadas extras que o circundam, a água entra, e o metabolismo recomeça.
papel do laboratório clínico
* Isolamento 
· Conhecer os diferentes tipos microbianos
· Informação microbiológica completa e rápida
· Identificação dos organismos
· Susceptibilidade a antimicrobianos
· Fatores que influenciam o isolamento
· Coleta do material
· Transporte livre de oxigênio
· Técnicas cuidadosas de laboratório
* Diagnóstico Microbiológico: microscopia, cultivo e provas bioquímicas, sorologia e imunodiagnóstico, biologia molecular Diagnóstico Definitivo Antibiograma Tratamento
diagnóstico microbiológico direto
* Pesquisa a presença de agentes causais de agentes infecciosos em espécimes clínicos.
* Pode ser feito de quatro formas:
· Cultivo de microrganismos em meios de cultura específicos
· Visualização direta do patógeno por técnicas de microscopia
· Detecção de antígenos específicos do patógeno através do uso de técnicas imunológicas ou de biologia molecular
· Detecção de sequências de ácidos nucleicos do patógeno pela utilização de sondas ou amplificação gênica
* Visualização e o cultivo, em geral, as técnicas mais utilizadas para se realizar diagnóstico microbiológico. 
· São técnicas mais simples.
· Requerem menor infraestrutura
· Tem menor custo
* Diagnóstico microbiológico por cultivo dos microrganismos permite a recuperação do agente etiológico e sua utilização futura para estudos científicos:
· Epidemiológicos
· Susceptibilidade a drogas
* Alguns microrganismos não podem ser visualizados ao microscópio óptico e outros não crescem em meios de cultivo, neste caso, devemos nos ater aos métodos moleculares de diagnóstico ou às técnicas de diagnóstico indireto. As técnicas moleculares oferecem uma capacidade de discriminação muito maior além de seus resultados representarem dados mais precisos, apesar da necessidade de técnicos especializados.
* Detecção de antígenos e de ácidos nucleicos não permite recuperar a célula microbiana. Estas técnicas são mais eficientes na pesquisa de agentes não cultiváveis ou em concentrações muito baixas nos espécimes clínicos. Outra vantagem destas técnicas é a sua rapidez. Apresentam um tempo de resposta muito menor do que as técnicas de cultivo porque não dependem do crescimento in vitro do patógeno.
diagnóstico microbiológico indireto
* É possível diagnosticar uma infecção estudando-se o sistema imunológico do paciente pela pesquisa de anticorpos formados pela resposta imune específica.
* Pesquisa de anticorpos dirigidos a antígenos específicos de um dado microrganismo possibilita o diagnósticode infecções crônicas ou agudas.
* Toda informação proveniente do serviço de microbiologia depende da qualidade do espécime. O diagnóstico incorreto pode ter consequências diretas no curso do tratamento adequado aos pacientes. Colheita incorreta, escassez, contaminação ou transporte deficiente pode resultar em falhas na recuperação de patógenos predominantes ou responsáveis pelo processo infeccioso.
* Procedimentos adequados de coleta devem ser adotados para evitar o isolamento de um “falso” agente etiológico, resultando numa orientação terapêutica inadequada
· Colher antes da antibioticoterapia, sempre que possível
· Instruir claramente o paciente sobre o procedimento
· Observar a antissepsia na coleta de todos os materiais clínicos
· Colher do local onde o microrganismo suspeito tenha maior probabilidade de ser isolado
· Considerar o estágio da doença na escolha do material
· Patógenos entéricos, causadores de diarreia, estão presentes em maior quantidade e são mais facilmente isolados durante a fase aguda diarreica do processo infeccioso intestinal
· Quantidade adequada de material deve ser coletada para permitir uma completa análise microbiológica
· Pedido de exame deve conter dados como idade, doença de base e indicação do uso de antibióticos
colorações mais frequentes na rotina de bacteriologia clínica
coloração de gram
* Coloração Gram, ou bacterioscopia, permite classificar as bactérias de acordo com suas características morfológicas e tintoriais. Esse teste serve para um diagnóstico presuntivo rápido de um agente infeccioso e para uma avaliação da qualidade da amostra.
coloração álcool-Ácido Resistente (Ziehl-Nielsen)
* Coloração álcool-ácido resistente se liga fortemente apenas a bactérias que possuem material céreo em suas paredes celulares. Utilizada basicamente para micobactérias, cuja parede celular constituída por ácidos micólicos é resistente à descoloração por álcool-ácido, preservando a cor do corante inicial, fucsina concentrada. Por essa razão, os bacilos apresentam uma coloração vermelha ao final do procedimento.
* Também chamada de pesquisa de BAAR (bacilo álcool-ácido resistente), baciloscopia ou BK. 
identificação etiológica de espécies mais frequêntes na rotina do laboratório clínico
enterobactérias
* Respondem por mais de 70% dos isolados bacterianos na rotina do laboratório clínico, são responsáveis por diferentes agravos infectocontagiosos como gastroenterites, bacteremias, infecções urinárias, infecções de feridas, meningites etc.
* Todas as espécies apresentam um aspecto bacilar e/ou cocobacilar, adquirem coloração rosa/vermelha após coloração de Gram apresentando uma bioquímica de fermentação, são oxidase negativa, anaeróbias facultativas, reduzem nitrato a nitrito, não apresentando a capacidade de formar esporos.
* Isolamento em meio seletivo (Agar McConkey)
* Provas bioquímicas
cocos gram-positivos
* Estreptococos e Estafilococos
* Isolamento em Agar Sangue
Prova da Catalase
* Bactérias pertencentes aos gêneros Staphylococcus e Micrococcus produzem a enzima catalase, capaz de decompor o peróxido de hidrogênio em oxigênio e água.
* Teste da catalase deve, preferencialmente, ser realizado em colônias não provenientes de meio ágar sangue (ou qualquer meio que possua sangue em sua composição), porquanto as hemácias apresentam catalase, o que poderia gerar um falso-positivo.
Prova da Coagulase
* Teste da coagulase em tubo continua sendo o procedimento de referência para identificação de S. aureus.
* Boa parte dos laboratórios clínicos considera o fluxo fermentação do manitol →catalase (+) →coagulase (+) suficiente para liberação do resultado como Staphylococcus aureus. Acrescentando-se a essas observações apenas o teste de sensibilidade para MRSA (Staphylococcus aureus meticilina resistente).
análise do líquor
* Líquido Cefalorraquidiano (LCR): fluido aquoso que circula pelo espaço intracraniano, preenchendo o sistema ventricular, o canal central da medula e os espaços subaracnoides craniano e raquiano, representando a maior parte do fluido extracelular do sistema nervoso central (SNC). 
* Funções do LCR
· Fornecimento de Nutrientes Essenciais ao Cérebro
· Remoção de Produtos da Atividade Neuronal do SNC
· Proteção Mecânica das Células Cerebrais
· Manutenção da Homeostase
* Pressão intracranial é mantida quando existe um equilíbrio entre a formação e a reabsorção do LCR. A composição do líquor é semelhante a um ultrafiltrado de plasma, porém, contém 99% de água e apresenta maior concentração de magnésio e íons clorídricos e menor concentração de glicose, proteínas, aminoácidos, ácido úrico, cálcio, fosfato e íons de magnésio, quando comparado a um ultrafiltrado de plasma.
* Processos que alteram tanto a produção quanto a composição do LCR
· Infecções
· Meningite: processo infeccioso ou não das meninges, a qual pode ter evolução aguda ou crônica, sendo um grave problema de saúde pública. Relacionada a diversas complicações imediatas e/ou tardias, que podem culminar com danos irreversíveis no SNC ou levar o paciente ao óbito.
· Tumores
· Traumas
· Isquemia
· Hidrocefalias
coleta do lcr
* Procedimento diagnóstico é invasivo, o exame de LCR só pode ser realizado após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
* Coleta de amostra de LCR só pode ser realizada por um profissional especializado, evitando a ocorrência de acidentes imprevisíveis ou fatais como:
· Cefaleia por diminuição abrupta do líquor ou por hipertensão liquórica
· Infecção pelo uso de utensílios não estéreis
· Sufusões hemorrágicas espontâneas ou sangramento excessivo após a extração persistente de LCR em pacientes com distúrbio da coagulação
· Lesão do plexo venoso acarretando hemorragia
* Coleta da amostra de líquor é de responsabilidade do médico requisitante e das três vias clássicas para coleta, sendo a lombar a mais utilizada na rotina, seguida pela suboccipital ou cisternal e, por último, a via ventricular.
* Manômero é colocado antes da remoção do LCR, para indicar a pressão de abertura. Em casos de pressão de abertura normal, podem ser removidos, normalmente, até 20 ml de LCR.
* LCR deve ser coletado sem anticoagulante, em três tubos ou frascos seguramente estéreis e devidamente identificados com os números 1, 2 e 3, na ordem em que são obtidos. A identificação do material deve, também, conter o nome, o número de registro do paciente e a data da coleta. 
· 1: amostra deverá ser usada para a realização das análises bioquímicas e sorológicas. 
· 2: amostra será utilizado para os exames microbiológicos.
· 3: amostra destina-se às contagens celulares, em virtude da menor probabilidade de conter material, particularmente células sanguíneas, introduzidas acidentalmente no momento da punção.
* Caso a amostra tenha sido coletada apenas em um único frasco, ele deve ser enviado, primeiramente, à seção de bacteriologia; em seguida, à seção de hematologia e, posteriormente, à seção de imunoquímica.
* Amostras coletadas com qualquer tipo de anticoagulante e sem identificação ou envelhecidas devem ser rejeitadas.
* Local da amostragem esteja registrado nos tubos, uma vez que os parâmetros citológicos e bioquímicos variam de acordo com o local da punção.
transporte e armazenamento
* Amostra coletada deve chegar ao laboratório o mais rápido possível, no máximo em 2 horas, pois, após esse tempo, podem ocorrer degradação e/ou alterações morfológicas de hemácias, leucócitos e outros tipos celulares, diminuição da glicose, aumento de concentração das proteínas e de bactérias. Se isso não for possível, pode-se realizar a fixação da amostra com formalina (1:1); entretanto, esse método não deve ser rotineiramente executado. 
* Temperatura de armazenamento do líquor nativo deve estar entre 5 °C e 12 °C, para minimizar danos às células. Temperaturas muito baixas podem conduzir a lise pelo frio, e temperaturas mais altas aceleram mecanismos catabólicos, degenerando as células.
* Após realizadas as análises, uma pequena porção do LCR centrifugado deve ser devidamente identificada earmazenada na geladeira, durante 30 dias, para eventual necessidade de se realizar outras dosagens.
preparo da amostra
* No setor de citologia/hematologia, a amostra de LCR deve ser fresca e centrifugada, para a análise visual, e fresca, não centrifugada e devidamente homogeneizada, para a contagem de leucócitos e hemácias em câmaras.
* A preparação da lâmina deve ser rápida, já que as células se deterioram rapidamente.
· pH elevado e a baixa pressão oncótica fazem com que algumas células inchem, algumas lisem e, outras, tornem-se irreconhecíveis. 
* Se a amostra apresentar uma elevada celularidade, ela deve ser diluída em solução salina (NaCl 0,9 %), de modo que as células da amostra tenham espaço adequado para se espalharem em uma monocamada, na superfície da câmara, com sobreposição mínima. Em função da metodologia de preparação das lâminas (centrifugação), a adesão artificial entre as células é um fenômeno comum e não deve ser erroneamente interpretado.
exame físico
coloração
* Em condições normais, é incolor (como água de rocha).
* Coloração deve ser registrada antes e depois do processo de centrifugação. 
* Amostra Xantocrômica: quando, após centrifugação, tem tonalidade que varia entre rosa, amarelo ou laranja, o que ocorre pela presença de hemoglobina (hemólise) ou pelas concentrações elevadas de proteínas ou bilirrubina. A possibilidade de existência de outras substâncias, como iodo, caroteno ou melanina, deve ser considerada. Em recém-nascidos, principalmente os prematuros, é comum observar xantocromia, em virtude da imaturidade da função hepática.
* Amostra Hemorrágica: apresenta após a centrifugação presença de hemólise com coloração vermelha ou rósea
* No momento da punção, podem ocorrer traumas que provocam sangramento, que, se não for analisado cuidadosamente, pode provocar um erro de diagnóstico, pois a amostra torna-se semelhante a uma amostra com hemorragia subaracnoide. Entre os procedimentos utilizados para distinguir um acidente de punção de uma hemorragia subaracnoide, estão o método dos três tubos, o da pressão inicial e a inspeção visual da amostra após centrifugação, que, nesse caso, torna-se límpida.
aspecto da amostra
* Influenciado pela presença de leucócitos, proteínas, lipídios, microrganismos e hemácias.
* Límpido: em casos de LCR normal ou com celularidade de até 200 leucócitos/µl ou 400 hemácias/µl.
* Levemente Turvo, Turvo ou Turvo-Leitoso: em virtude da presença de células sanguíneas, microrganismos ou taxas elevadas de proteínas ou lipídeos.
* Formação de coágulo também deve ser registrada e é observada em amostras de pacientes com acidente de punção, bloqueio espinhal completo (síndrome de Froin) e meningite tuberculosa e supurativa. Esse coágulo formado pode interferir na exatidão das contagens de células, por capturarem células inflamatória.
citologia
* Hemácias: são identificadas por um contorno regular e halo central e, se a amostra possuir hemácias crenadas, estas apresentam projeções finas e pontuadas na superfície da membrana plasmática. 
* Leucócitos: apresentam um aspecto granular e brilhante (refringente). Contagem global e diferencial de leucócitos no LCR não deve ser usada isoladamente, na tentativa de distinguir entre meningite viral, bacteriana, fúngica ou tuberculosa.
· Nas meningites existe uma quantidade variável de leucócitos (0 a >100.000 células/mL de líquor). A maior parte das meningites bacterianas apresenta de 200 a 1.500 leucócitos/mL de líquor.
* Detecção de Células Malignas: imagem de ressonância magnética, os ensaios para marcadores tumorais, a amplificação do DNA, a citometria de fluxo e as técnicas imunohistoquímicas estão, agora, disponíveis para facilitar o diagnóstico. Apesar desses avanços, o método de referência para a detecção desses carcinomas ainda é a identificação citológica de células malignas no LCR. As células malignas são vertidas no LCR periodicamente, uma única amostragem pode não detectar a malignidade. Taxa de detecção de células malignas por análise citológica é influenciada por:
· Volume de LCR obtido
· Local da amostragem 
· Frequência da retirada do LCR
· Rapidez com que as amostras chegam ao laboratório
bioquímica
* Glicose: concentração normal de glicose no líquor corresponde a dois terços da sanguínea (42 a 78 mg% em recém-nascidos e 50 a 80 mg% em adultos); é comum ocorrer hipoglicorraquia em alguns casos de meningites como na fase aguda da meningite bacteriana e também nos processos crônicos e supurativos.
* Dosagem de Proteínas: no estágio inicial da meningite se encontra elevada (>40 mg/100 mL), e à medida que o processo inflamatório se reduz, a concentração de proteína também se reduz, em associação com a pleocitose.
* Concentração de Cloreto: está relacionada à osmolaridade do meio extracelular e alterações do equilíbrio ácido-básico, se apresentando em concentrações baixas nos processos crônicos e na neurotuberculose. Valores normais de cloretos estão entre 702 a 749 mg% em recém-nascidos e 680 a 750 mg% em adultos.
microbiologia
* Visualização e descrição morfológica do microrganismo é possível quando existem mais de 105 microrganismos/mL de LCR não centrifugado. Nesta etapa podem ser realizadas culturas para vírus, bactérias e fungos.
* Exames Bacterioscópicos: normalmente utilizam a coloração de Gram, e este procedimento é imediato quando a contagem diferencial da celularidade apresentar número elevado de granulócitos (neutrófilos), ou quando a contagem global feita na câmera de Fuchs Rosenthal for superior a 5 células/mm3. É importante salientar que todos os fungos são corados como Gram positivos, portando, está metodologia de coloração não visa à identificação dos microrganismos, mas a discriminação dos elementos fúngicos de artefatos no LCR. Quando ocorre predominância de linfócitos ou monócitos na contagem diferencial, é necessária a coloração de Ziehl-Neelsen para bactérias ácido-álcool resistentes para pesquisa de meningite tuberculosa.
* Meningite Viral: normalmente apresenta curso benigno, e o líquor apresenta aspecto claro, com predomínio de células linfomononucleares abaixo de 500/mL (exceto na caxumba, cujo aspecto pode ser turvo e a contagem varia de 300 a 3.000 células/mL). A concentração de proteínas, cloretos e glicose pode estar normal ou com leve alteração 23. 
* Meningites Bacterianas: o líquor se apresentar com aspecto turvo, aumento no número de polimorfonucleares (neutrófilos) (>1.000/mL), aumento da concentração de proteínas (>100 mg/mL) e hipoglicorraquia. Apenas três espécies bacterianas causam meningites bacterinas em mais de 70% dos casos, o Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Neisseria meningitidis. A identificação dessas bactérias requer amostra do LCR corado por método gram e identificação de seu formado (coco, bacilo, espirilo), e arranjo (cacho, cadeia), além de cultura, onde as bactérias são inoculadas em meio enriquecido e depois semeadas em Ágar sangue, Ágar chocolate ou meio enriquecido de Muller-Hinton e incubadas em atmosfera com 10 % CO2.
* Meningoencefalite Tuberculosa: constitui a forma mais frequente de neurotuberculose que envolve as leptomeninges e estruturas intracranianas, acometendo principalmente crianças de 3 meses a 3 anos de idade. Nesta enfermidade, a síndrome liquórica se constitui por hipertensão moderada, líquor de aspecto límpido, turvo ou xantocrômico com presença de fibrina, leve hipercitose e aumento da concentração de proteínas com diminuição da concentração de glicose e cloretos. 
* Meningite Fúngica: infecções fúngica do líquor são semelhantes àquelas observadas na meningite tuberculosa, com aspecto claro ou turvo; e a cor xantocrômica pode estar presente. A contagem global de células é variável podendo chegar a >1.000/mL com predomínio linfocitário; a taxa de proteínas está aumentada e a concentrações de glicose e cloretos diminuída.
· Cândida albicans é a levedura mais comum, podendo causar a candidíase mucocutânea, candidíase cutânea congênita e candidíase sistêmica. O exame do líquor normalmente revela pleocitosecom predomínio de polimorfonucleares, hipoglicorraquia e elevação da concentração de proteínas.
· Cryptococcus neoformans adquirido através da via aerógena, podendo se disseminar através da corrente sanguínea para outras partes do corpo, incluindo o cérebro e meninges, especialmente em indivíduos imunossuprimidos.
· Paracoccidioides brasiliensi, agente etiológico da paracoccidioidomicose (Blastomicose Sul-Americana), uma micose transmitida através da inalação de propágulos do fungo presentes em solo, que atinge as vias pulmonares e pelas vias hematogênica e linfática alcança diferentes órgãos.
exames solicitados em condições especiais
* Neurossífilis: exames imunológicos no material do LCR incluem o teste de Lues pela reação de VDRL, ou a reação de Wassermann, técnicas rápidas de microfloculação. Quando confirmada a positividade, é realizada a pesquisa de anticorpos treponêmicos, específicos e confirmatório para o Treponema pallidum (teste de absorção de anticorpos treponêmicos fluorescente, FTA-ABS).
* Cisticercose: realizada a técnica de imunofluorescência indireta para pré-diagnótico da presença da larva migratória do cisticerco. Se o pré-diagnótico indicar positividade, será realizado ensaio enzimático de imunoabsorbância (ELISA) para a pesquisa de anticorpos IgG contra o Cysticercus cellulosae.
biossegurança
* LCR se tratar de um material altamente contaminante, torna-se necessária a utilização dos equipamentos de proteção individual (EPIs), como avental ou jaleco longo de mangas compridas e punho retrátil, luvas descartáveis, óculos de proteção, pipetadores manuais ou automáticos e, quando for o caso, protetor facial. O ideal seria que todos os laboratórios possuíssem uma câmara de fluxo laminar vertical, para maior proteção do operador.
Hemocultura
* Bacteremia: designa a indicação da presença de microrganismos viáveis na corrente sanguínea. Frequentemente está associado a um aumento considerável nas taxas de morbidade e mortalidade, além de representar uma das mais significativas complicações no processo infeccioso.
· Bacteremia Primária: origem no próprio sistema circulatório ou pela entrada direta de microrganismos na corrente sanguínea, através de agulhas, infusões contaminadas, cateteres ou outros dispositivos vasculares.
· Bacteremia Secundária: ocorre através de drenagem de pequenos vasos sanguíneos ou linfáticos, seguindo para a corrente circulatória como consequência de um foco de infecção definido em outro sítio do organismo.
* Hemocultura positiva para microrganismos patogênicos é um indicador altamente específico de Infecção da Corrente Sanguínea (ICS), permitindo que a identificação do agente e o antibiograma auxiliem na orientação da terapia antimicrobiana, cuja aplicação precoce tem demonstrado redução significativa na mortalidade.
* Classificação das Bacteremias
· Transitória: em geral é rápida (com duração que pode variar de alguns minutos a poucas horas) é a mais comum, e ocorre após a manipulação de algum tecido infectado como em casos de abscessos, furúnculos e celulites; durante algum procedimento cirúrgico envolvendo tecidos contaminados ou colonizados como em procedimentos dentários; manipulações geniturinárias como cistoscopia, cateterização ou dilatação uretral; abortamento ou endoscopias digestivas; e cirurgias que envolvem áreas contaminadas, como ressecção transuretral de próstata, histerectomia vaginal e debridamento de queimaduras. Este tipo de bacteriemia também ocorre em algumas infecções agudas, localizadas ou sistêmicas, como pneumonias, meningites, artrites sépticas e osteomielites.
· Intermitente: bacteriemia se manifesta em intervalos variáveis de tempo (com o mesmo microrganismo). Ocorre em processos infecciosos relacionados a abscessos intra-abdominais, pélvicos, perinefréticos, hepáticos, prostáticos e outros, configurando assim causas frequentes de febre de origem indeterminada.
· Contínua: característica da endocardite infecciosa aguda e subaguda e de outras infecções endovasculares. Este padrão também é encontrado nas primeiras semanas da febre tifóide e na brucelose.
· De Escape (“breakthrough”): ocorre mesmo enquanto o paciente esteja recebendo antibioticoterapia sistêmica apropriada (germe sensível). Quando se dá no início da terapêutica, geralmente deve-se a concentrações insuficientes do antimicrobiano atingidas na corrente sanguínea (é interessante lembrar que nas estafilococcias é comum haver escape nos primeiros dias de tratamento, mesmo sob condições adequadas de antibioticoterapia). Já os episódios de escape que ocorrem tardiamente geralmente se dão por drenagem inadequada do foco infeccioso ou por debilidade das defesas do hospedeiro.
* Condições que predispõem um paciente ao quadro de bacteriemia ou fungemia incluem:
· Idade
· Doenças de base
· Medicamentos (corticóides, quimioterápicos, drogas citotóxicas) 
· Alguns procedimentos médicos invasivos (cateteres e procedimentos endoscópicos)
coleta da hemocultura
indicação clínica
* Coleta deve ser feita antes do início da antibioticoterapia de pacientes que configurem quadro clínico sugestivo de infecção e suficiente para serem submetidos à internação e que apresentem febre (> 38ºC) ou hipotermia (< 36ºC), leucocitose (> 10.000/mm3, especialmente com desvio à esquerda) ou granulocitopenia absoluta (< 1000 leucócitos/mm3).
* Crianças Pequenas: com quadro de queda do estado geral sem explicação, e em idosos, principalmente acompanhado de mal estar, mialgia ou sinais de acidente vascular cerebral devem ser investigados.
* Casos em que Houver Suspeita de Foco de Infecção Provável: é desejável também a coleta de materiais representativos dos outros sítios (por exemplo: liquor, urina, fezes, secreções, abscessos etc.).
número de amostras
* Coleta de uma amostra de hemocultura corres ponde a uma punção. Cada punção corresponde a dois frascos para adultos ou um frasco para pacientes pediátricos até 13kg.
* Número de amostras deve ser de no mínimo 2 e no máximo 4 mostras por episódio infeccioso. Um maior número de amostras traz pouco benefício, aumentando os custos, trabalho e risco de provocar anemia, sem aumento significativo da positividade.
hora, intervalo e local de coleta
* De forma prática, a coleta deve ser indicada precocemente ao início dos sintomas de infecção e antes do início da antibioticoterapia. Se o paciente estiver em vigência de antimicrobianos, as hemoculturas devem ser obtidas imediatamente antes da administração da próxima dose. Preferencialmente são coletadas por punção venosa, tão logo se inicie o aumento de temperatura do paciente. A coleta de sangue arterial não está associada com aumento da sensibilidade e não é recomendada, em princípio.
* Cada amostra deve ser coletada de punções separadas e de sítios anatômicos diferentes. Vários frascos com sangue de uma mesma punção são considerados uma mesma amostra ou cultura de sangue.
* Estado clínico do paciente é que vai determinar o momento e o intervalo entre as coletas. Em geral, nas infecções agudas, recomenda-se a coleta de duas a três amostras (dois frascos por punção/amostra) em curto espaço de tempo, ou seja, sequenciais ou dentro de 1 hora.
* Hemoculturas, preferencialmente, não devem ser coletadas a partir de cateter, exceto para diagnóstico de infecção relacionada ao dispositivo. Neste caso, a amostra obtida através do cateter deve ser sempre acompanhada por uma ou duas amostras de veia periférica, de forma sequencial ou concomitante, identificando corretamente as amostras quanto ao local de punção. As respectivas coletas devem ser representadas por um mesmo volume de sangue, para que sejam comparáveis quanto ao tempo de positividade
volume de sangue
* Uma das variáveis mais críticas para a positividade do exame, pois quanto maior o volume, maior será a chance de positividade.
* Adultos: coleta-se 5 a 10ml de sangue por frasco em cada punção, totalizando 20ml, distribuídos pelo número de frascos indicados, ou seja, um par de frascos por punção/amostra. Na suspeita de fungos dimórficos ou filamentosos (ex.:Histoplasma) ou micobactérias, o indicado é coletar 5 a 10ml por frasco (conforme instruções do fabricante), de duas a três amostras, coletadas com o intervalo de ao menos um dia entre elas.
* Crianças: amostras de sangue com volume maior ou igual a 1ml detectaram mais bacteriemias que amostras com volumes inferiores a 1ml.
tipos de frascos
* Tradicionalmente um par de hemoculturas (equivalente a uma amostra ou uma punção) compreende um frasco aeróbio e um anaeróbio.
resultados
* Índice de positividade pode variar bastante de acordo com o tipo e o grau de complexidade da instituição (atendimento primário ou terciário, comunitário ou acadêmico), sendo em média de 10 a 15%.
* Quando uma hemocultura é inesperadamente positiva (na ausência de sinais ou sintomas) ou quando somente uma dentre várias amostras é positiva para um determinado microrganismo, este pode eventualmente ser considerado um contaminante.
* Hemoculturas falsamente positivas levam a trabalho extra ao laboratório, realização de exames adicionais, uso desnecessário de antibióticos e tempo prolongado de internação, com aumento dos custos.
* Toda hemocultura positiva, com germes potencialmente contaminantes, deve ser criteriosamente avaliada, incluindo pacientes neonatos e lactentes, pela dificuldade de coleta em diferentes sítios anatômicos.
* Exame mais importante a ser realizado em qualquer hemocultura sinalizada como positiva é a coloração de Gram. É altamente provável que esta informação descritiva das características morfotintoriais, juntamente com os dados do paciente, irá ditar a escolha da antibioticoterapia primária com impacto positivo na escolha terapêutica e na evolução clínica.
* Resultado parcial de hemoculturas deve ser considerado de alta prioridade para notificação ao médico assistente.
* Útil rever outras culturas do mesmo paciente, para identificar possíveis pistas da identificação do agente.
* Número de hemoculturas positivas sobre o total de amostras enviadas e o tempo de positividade também devem ser analisados ao reportar os resultados.
Diagnóstico bacteriológico das Infecções do trato urinário
* Urina: elemento estéril, ambiente propício para a proliferação bacteriana, entretanto, o trato urinário não é colonizado, sendo que somente no terço distal da uretra existe uma microbiota composta de bactérias aeróbicas e anaeróbicas que têm função protetora contra a colonização do trato urinário por bactérias patogênicas. A simples presença de bactérias, independente de sua quantidade, deveria indicar ITU, o que, na prática, não se demonstra. Deve-se considerar a possível contaminação da amostra através da microbiota vaginal, o que aumentaria muito o número de resultados falso-positivos.
* Infecção do Trato Urinário (ITU): uma das doenças bacterianas mais comuns, caracteriza-se pela invasão e multiplicação de germes potencialmente patogênicos em qualquer segmento do trato urinário, que normalmente é estéril.
· Critério de Kass: amostras compatíveis com ITU aquelas com contagem de colônias igual ou maior a 100.000 UFC/mL.
· Critério de Stamm: amostras compatíveis com ITU aquelas com contagem de colônias igual ou maior a 100 UFC/mL.
* Ambos os critérios deverão ser utilizados, sempre acompanhados de dados clínicos compatíveis para que se diagnostique ITU. Atualmente, os critérios de Stamm são utilizados para crianças e mulheres jovens.
* Infecção pode afetar um único local, tal como a uretra (uretrite), próstata (prostatite), bexiga (cistite) ou rins (pielonefrite), embora, frequentemente, mais de um sítio esteja envolvido. Infecção restrita à urina pode apresentar-se como bacteriúria assintomática, mas pode, subsequentemente, levar à infecção clínica. Todas as porções do trato urinário podem correr risco, desde que algum de seus sítios torne-se infectado.
* Vias de infecção dos rins: 
· Infecção hematógena, pela corrente sanguínea, e infecção ascendente, a partir da via urinária. 
· Infecção ascendente é, claramente, a via mais comum pela qual as bactérias têm acesso ao rim. O primeiro passo para a patogenia da infecção ascendente parece ser a colonização da uretra distal e intróito por coliformes, pela capacidade de adesão às células vaginais ou da uretra.
* Pacientes sem tratamento, sintomáticos ou assintomáticos, apresentando contagens maiores que 105 bactérias por mL, indicativas de infecção e contagens menores que 104 bactérias por mL, podendo ser indivíduos sadios, recomenda-se a identificação do microrganismo.
* Exame bacteriológico de urina pode ser uma ajuda valiosa no diagnóstico e no controle terapêutico.
* Bacteriúria assintomática, em mulheres jovens, é comum, mas, raramente, persiste, o que é um forte indício de uma subsequente ITU sintomática. No sexo feminino, a frequência urinária e a disúria também podem ser provocadas por outras condições, além da ITU. Síndrome uretral aguda é um termo que tem sido aplicado, quando da presença de um ou mais sintomas típicos da cistite em mulheres com suspeita de piúria associada a baixo número de bactérias na cultura de urina (isto é, geralmente, < 102 UFC/mL). Entretanto, como a maior parte dos laboratórios não trabalha com culturas de urina de baixos números, essas mulheres, aparentemente, têm piúria “estéril” do ponto de vista clínico.
* Pielonefrite: processo inflamatório, envolvendo a pelve e parênquima renal, que pode tornar-se crônico e levar a uma extensa destruição renal. Só a bacteriúria não é diagnóstico de pielonefrite, embora pacientes com pielonefrite ativa, não tratada, tenham bacteriúria. O diagnóstico exige evidências de inflamação renal e bacteriúria e estudos bacteriológicos, em espécimes de urina colhida no ureter, podem ser importantes para estabelecer o diagnóstico e determinar se a infecção ativa é uni ou bilateral.
* Bacterioscopia pela coloração de Gram deve servir apenas como guia de raciocínio e não como triagem.
colheita do espécime
* Espécimes matinais são recomendados, pois as contagens bacterianas são mais altas devido à incubação noturna na urina contida na bexiga. A urina de pacientes que estão recebendo líquidos diuréticos pode estar diluída, reduzindo a contagem de colônias.
* A urina a ser pesquisada bacteriologicamente não deve ser colhida em urinol ou “comadre”, deve ser coletada diretamente em frasco estéril, identificada e examinada ou refrigerada, o mais rapidamente possível, entre 4 – 6 °C, pois, sob refrigeração, as contagens bacterianas permanecem em ritmo lento de replicação por (pelo menos) 24 horas nessas condições, embora não parem totalmente a replicação. 
* Bactérias contaminantes, provenientes do períneo, podem multiplicar-se nos espécimes mantidos à temperatura ambiente e invalidar os resultados dos exames.
* Espécimes de urina podem ser colhidos por cateterização, aspiração suprapúbica ou jato médio de micção espontânea.
informações necessárias
* Identificação usual do paciente, o laboratório precisa de informações sobre o diagnóstico clínico, o método e hora exata em que foi colhida, se o paciente estava sob tratamento com diuréticos, ou se foi administrado algum agente antimicrobiano específico.
critérios para rejeição da amostra
* Espécimes recebidos com mais de duas horas após a coleta, sem evidência de refrigeração, devem ser devolvidos e solicitada nova colheita. Se isso não for possível, o material deve ser refrigerado e nova requisição deve ser feita. Quando não houver informação, quanto à hora da colheita ou à técnica utilizada, o mesmo procedimento deve ser obedecido. Nenhum espécime deve ser descartado sem o contato prévio com o médico que fez a requisição, porque há possibilidade de ser inviável a obtenção de outro espécime.
exame bacteriológico
* Procedimento básico deve permitir uma estimativa do número total de microrganismos viáveis por mililitro de urina (UFC/mL) e, ao mesmo tempo, permitir isolamento de colônias em meios nutritivos, enriquecidos e diferenciais, para possibilitar o reisolamento e identificação dos microrganismos predominantes.
exame direto do esfregaço
* Recomendado como partedo procedimento básico. Colocar 10μL de urina não centrifugada em uma lâmina, deixar secar sem espalhar, fixar e, então, corar pelo método de Gram.
* Este é um procedimento de triagem, e não diagnóstico.
* Exame microscópico também serve como medida de controle de qualidade, pois, uma bacterioscopia positiva, com a cultura sem crescimento bacteriano, alerta o microbiologista para a possibilidade de uma troca de espécime, a presença de aeróbios de crescimento lento, bactérias exigentes nutricionalmente ou uso de antibiótico antes da colheita da amostra.
urocultura
* Exame confirmatório para ITU.
* Contagem de colônias deve ser feita através da técnica de espalhamento em superfície.
* Urina deve ser bem homogeneizada antes de semeada.
* Uso de ágar Cled (Difco) ou Brolacin (Merck), que permitem o cultivo de microrganismos aeróbios ou microaerófilos, gram-positivos ou gram-negativos. Devido a uma ampla disponibilidade de substâncias nutritivas e por não possuírem substâncias inibidoras, são considerados meios de cultivo universal para urocultura.
* Semeia-se a 35°-37°C e incuba-se por 24 horas. Uma incubação mais prolongada (mais 24h) somente é necessária, se houver uma discordância entre os resultados do exame bacterioscópico e da cultura, se estiver presente a esterase leucocitária, indicando piúria (leucócitos degenerados) e, com isso, uma possível infecção
* Urinoculturas quantitativas devem ter seus resultados relatados, e as colônias isoladas devem ser selecionadas para os testes de identificação e susceptibilidade.
* Cultura para anaeróbios deve ser feita, somente quando houver evidência clínica ou radiológica de infecção anaeróbia, ou quando houver presença de bactéria no esfregaço corado pelo Gram e cultura negativa, sugerindo a presença de anaeróbios. A aspiração suprapúbica é indicada na coleta de espécimes para a cultura de anaeróbios.
métodos químicos e kits bacteriológicos para o diagnóstico presuntivo de itu
* Laminocultivo: consistem numa lâmina coberta de meio sobre cada lado, sendo um seletivo e outro não seletivo. A lâmina é mergulhada na urina, removida, recolocada na embalagem estéril, e incubada. Os laminocultivos são destinados ao isolamento e à identificação presuntiva de determinadas bactérias, frequentes na urocultura, reduzindo a mão-de-obra, custos e tempo de semeadura e identificação. Os laminocultivos substituem, com segurança e qualidade, os métodos tradicionais de isolamento, mas nunca os de identificação de gênero e espécie. Recomendamos o uso de laminocultivos apenas para laboratórios de pequeno porte (desde que usados criteriosamente), plantões (já que normalmente o plantonista não é microbiologista), tornando-se mais fácil a padronização da técnica.
* Kits Químicos: detectam a redução de nitrato a nitrito, a redução de corantes derivados do tetrazólio resultante do metabolismo bacteriano, a medida da redução dos níveis de glicose na urina, a presença de esterase leucocitária, indicando piúria. A pesquisa de nitritos deve ser realizada com a primeira urina da manhã e não em espécimes colhidos em qualquer tempo.
* Os kits podem ser apropriados como métodos de triagem. Somente quando as infecções exigem tratamento de urgência, é que o diagnóstico deve ser baseado apenas em um dos testes, mas, mesmo nessas circunstâncias, a cultura quantitativa de urina deve ser realizada para confirmação e identificação precisa do agente causal, além da realização dos testes de susceptibilidade antimicrobiana, quando indicado.
coprocultura
* Na cultura de fezes, em geral, são pesquisados Salmonella spp., Shigella spp. e alguns sorotipos de Escherichia coli, agentes bacterianos mais comumemente causadores de gastrointerites. Outros agentes que podem ser pesquisados são Campytobacter spp., Yersinia spp. e Vibrio spp.
* Coprocultura possui um alto custo, porém é possível realizar o teste com qualidade, visando o lucro do exame.
* Amostra ideal é a coletada no início do quadro diarreico, antes da antibioticoterapia, pois a positividade da cultura diminui com o tempo, pela redução do número de bactérias.
* Melhor meio de transporte é o Cary Blair.
* Usar sempre o swab Cary-blaire para quando a amostra não for processada imediatamente após a coleta, pois quaisquer 30 minutos entre a coleta e a passagem para o swab pode interferir, gerando resultados falso negativos;
* Amostras não diarreicas e/ou líquidas tem 99,9% de chance de obterem resultados negativos;
* Sempre anotar as condições da amostra (aspecto, cor, odor, presença de sangue ou muco);
* Realizar pesquisa de leucócitos fecais. Pacientes sem imunossupressão sempre terão leucócitos na amostra;
* A coloração de gram é uma ferramenta importante para a qualidade da análise. Deve-se buscar equilíbrio da microbiota. Microbiotas predominantemente ou exclusiva para gram negativos ou gram positivos podem sugerir algum estágio de infecção (a liberação do resultado do gram é: “Amostra com equilíbrio de microbiota” ou “Microbiota gram negativa/positiva predominante” ou “Microbiota gram negativa/positiva exclusiva”).
gastroenterites infecciosas
* Grande maioria das diarreias de origem infecciosa é tratável; entretanto, em muitos casos, o isolamento do agente etiológico não é feito de forma adequada.
* Etiologias: viral, bacteriana ou parasitária.
gastroenterites bacterianas
* Principais agentes bacterianos: gêneros Salmonella, Shigella, Escherichia, Staphylococcus, Aeromonas, Plesiomonas, Yersinia e Campylobacter.
Diarreia pelo Campylobacter
* Zoonose de distribuição mundial.
* Transmissão ocorre através do contato com animais e da ingestão de produtos animais mal cozidos ou manipulados de forma inadequada. 
* Campilobacterioses podem também estar envolvidas em infecções extraintestinais, que incluem bacteremia, hepatite, colecistite, pancreatite, aborto e sepse neonatal, nefrite, prostatite, infecção do trato urinário, peritonite, miocardite e infecções focais, incluindo meningite, artrite séptica e formação de abscessos.
Diarreia por Clostridium difficile
* Agente causador da colite pseudomembranosa causada por antibióticos. O C. difficile é uma bactéria formadora de esporos que coloniza de forma assintomática o intestino, prevalecendo nos extremos de idades (crianças e adultos). A doença se dá através das toxinas que são produzidas a partir da maior proliferação do germe, devido ao desequilíbrio da flora intestinal, principalmente após a utilização de antibióticos.
* Sintomatologia varia desde diarreia leve, que corresponde a três a quatro episódios de fezes pastosas ao dia, passando por casos mais graves, como a colite pseudomembranosa, que causa desidratação e extremo desconforto, até os casos mais extremos e raros, conhecidos como megacólon tóxico, nos quais o processo inflamatório intestinal é tão agudo que causa paralisação do peristaltismo intestinal.
* Transmissão ocorre pela disseminação de esporos, que atinge principalmente pacientes hospitalizados.
* Diagnóstico laboratorial se dá através da pesquisa das toxinas produzidas pelo C. difficile em amostras de fezes, já que o seu isolamento em culturas, além de pouco aplicável, também pode detectar germes não produtores de toxinas.
gastroenterites parasitárias
* Mais frequentes são a Giardia lamblia, a Entamoeba histolytica e o Cryptosporidium parvum. 
* Diagnóstico laboratorial feito através do exame parasitológico tradicional apresenta grau de sensibilidade reduzido. A realização em várias amostras (três a seis) e a utilização de colorações permanentes (tricrômicas) podem elevar a sensibilidade em cerca de 20% a 30%. A utilização de métodos imunológicos que detectam a presença de substâncias
antigênicas nas fezes, em conjunto com o exame parasitológico, eleva consideravelmente a sensibilidade e a especificidade do teste.
gastroenterites virais
* Maior causa de diarreia infecciosa. Afetam todas as idades, porém são mais frequentes em crianças e idosos. O quadro clínico evolui com diarreia não sanguinolenta, geralmente com pouco ou nenhum componente inflamatório, comduração de sete a 10 dias.
* Principais agentes etiológicos são quatro: rotavírus, norovírus, astrovírus e adenovírus.
Rotavírus
* Agente mais frequente.
* Cursa também com quadros de vômitos e desidratação.
* Diagnóstico realizado por métodos imunológicos que pesquisam antígenos fecais.
Norovírus
* Maioria dos casos cursar como doença autolimitada, as infecções pelo norovírus podem apresentar formas mais graves, com possibilidade de letalidade.
* Sintomas incluem vômitos e/ou diarreia aquosa, que pode levar à desidratação, dores abdominais, febre baixa, mialgia e cefaleia. Eles se resolvem geralmente em um a três dias, mas os vírus continuam a ser excretados nas fezes por até duas semanas, facilitando a sua transmissão.
* Diagnóstico laboratorial de infecções causadas pelo norovírus pode ser feito através da pesquisa direta por método imunológico, imunocromatografia ou EIA em placas, ou através de testes de biologia molecular (PCR em tempo real).
Astrovírus
* Infecções causadas pelos astrovírus têm sido associadas a quadros de diarreia esporádica em crianças da comunidade, bem como a surtos focais, incluindo infecções nosocomiais. O principal sintoma é a diarreia aquosa, frequentemente associada a vômitos, febre e dor abdominal.
* Métodos para o diagnóstico laboratorial de infecções pelo astrovírus incluem a pesquisa do antígeno fecal por imunoensaio ou biologia molecular.
Adenovírus
* Características clínicas são diarreia acompanhada de vômitos, febre baixa e desidratação leve.
* Diagnóstico laboratorial de infecções pelos adenovírus 40-41 é feito através de testes por imunoensaio ou biologia molecular. Os testes por imunoensaio apresentam sensibilidade satisfatória e os resultados podem ser obtidos de forma fácil e rápida. Os testes por biologia molecular apresentam melhor sensibilidade, mas não se encontram ainda totalmente inseridos na rotina dos laboratórios de patologia clínica.

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