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Politica_Estadual_Saude_das_Mulheres_COMPLETA_FINAL_2017

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Bahia 2016. Secretaria de Saúde. 
Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução 
parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. 
 
Tiragem: 1.ª edição – 2016 – Política Estadual de 
Atenção Integral à Saúde da Mulher. 3000 exemplares. 
 
Elaboração, distribuição e informações: 
SECRETARIA DA SAÚDE DO ESTADO DA BAHIA 
Superintendência de Atenção Integral à Saúde 
Diretoria de Gestão do Cuidado 
Coordenação de Ciclo de Vida e Gênero 
Área Técnica de Saúde da Mulher 
Centro Administrativo, 4ª Av. Nº 400, Plataforma B, sala 
210 
CEP:41450-030, Salvador – BA 
Tel.: (71) 3115-4216 
Fax: (71) 3115-4203 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha Catalográfica 
 
SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE 
Fábio Vilas-Boas Pinto 
 
Superintendência de Atenção Integral à Saúde 
José Raimundo Mota de Jesus 
Diretoria de Gestão do Cuidado 
Liliane Mascarenhas Silveira 
Coordenação de Ciclo de Vida e Gênero 
Olga Cristina Lima Sampaio 
 
Área Técnica de Saúde da Mulher 
Aline Pritsch Franco, Analia Cunha Pupo, Cândida 
Maria Pimentel Pereira, Jarbas Dultra, Lízia Valverde 
Viana, Sandra Maria Portela Leal, Solange S. Santos, 
Verônica B.G. Reis. 
 
Colaboradores: Adriana Silva Santos, Ana Luiza 
Fontes, Ana de Fátima Cardoso Nunes, Ana Paula 
Pinheiro, Antônio Carlos Vieira Lopes, Cristiane 
Medeiros M. de Carvalho, Edna P. Rezende, Enézio de 
Deus Silva Júnior, Eveline Arruda de Alencar, Gildete 
Aguiar V. Farias, Irani Parente Dorzee, Josaildes 
Antunes Ribeiro, Julie Eloy Kruschewsky, Lívia Moura 
de Sousa, Luiz Fernando Alencar, Luzia Cristina 
Gomes, Márcia Maciel Pôrto, Margarida França, 
Maria Claudia da Costa Montal, Maria de Fátima 
Varela, Mariana Lacerda Menardo, Selma, Marcia 
Cristina Graça Marinho, Nivia Chagas, Paulo 
Gabrielli, Quézia Souza Lima, Renato Queiroz, Rita de 
Cássia Velozo da Silva, Rosa Esther Magalhães, Silene 
Chacra Carvalho Marinho, Ubiraçi Matildes de Jesus, 
Uli Tupiná de Alcantara Leal, Zenaide Calazans 
Oliveira. 
 
Equipe de Apoio: Ana Maria Ministra Machado, 
Ednatildes Guilherme de Souza, Priscila Torres da Silva 
Pinho. 
 
Impresso na Bahia/Brasil / Printed in Bahia/ Brazil 
 
 
 
 
 
 
 BAHIA. Secretaria da Saúde do Estado. Diretoria de Gestão do Cuidado. Área Técnica de Saúde da Mulher. Política 
Estadual de Atenção Integral à Saúde da Mulher. 2016. 
 
 
1.Saúde da mulher. 2. Serviços de saúde para mulheres. 3.Política de Saúde. 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................ 4 
ABREVIATURAS E SIGLAS ............................................................................................................... 5 
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 7 
2. BAHIA: SITUAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA E SISTEMA DE SAÚDE .................................... 9 
3. SITUAÇÃO DA SAÚDE DA MULHER NO ESTADO DA BAHIA ............................................. 12 
3.1. PERFIL DA MORBIMORTALIDADE FEMININA EM GERAL E MORBI-MORTALIDADE 
MATERNA E NEONATAL ................................................................................................................. 12 
3.2. PLANEJAMENTO REPRODUTIVO .......................................................................................... 19 
3.3. AFECÇÕES CLÍNICO-GINECOLÓGICAS INCLUÍNDO SITUAÇÃO DAS MULHERES NO 
CLIMATÉRIO ..................................................................................................................................... 23 
3.4. INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS, INCLUINDO HIV/AIDS ...................... 25 
3.5. DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS (DNT) E CÂNCER EM MULHERES ..... 29 
3.6. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E SEXUAL ..................................................................................... 37 
3.7. SAÚDE MENTAL ........................................................................................................................ 42 
3.8. SAÚDE BUCAL ........................................................................................................................... 44 
3.9. ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO ................................................................................................. 46 
3.10. SAÚDE DE MULHERES EM SITUAÇÕES ESPECÍFICAS ................................................... 50 
3.10.1. Mulheres Adolescentes ............................................................................................................ 50 
3.10.2. Mulheres Idosas ....................................................................................................................... 54 
3.10.3. Mulheres Negras ...................................................................................................................... 55 
3.10.4. Mulheres Indígenas .................................................................................................................. 62 
3.10.5. Mulheres Lésbicas e Bissexuais ............................................................................................... 65 
3.10.6. Mulheres em Situação de Prisão .............................................................................................. 69 
3.10.7. Mulheres com Deficiência ....................................................................................................... 71 
3.10.8. Mulheres Trabalhadoras ........................................................................................................... 77 
4. PRINCÍPIOS, DIRETRIZES E OBJETIVOS GERAIS .................................................................. 82 
5. OBJETIVOS ESPECÍFICOS PRIORITÁRIOS E PRINCIPAIS ESTRATÉGIAS ......................... 84 
6. PRINCIPAIS INTERVENÇÕES E INDICADORES POR OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............. 87 
6.1. Atenção clínico-ginecológica, incluindo o climatério, saúde mental e DNT ............................... 87 
6.2. Planejamento reprodutivo ............................................................................................................. 90 
6.3. Atenção Obstétrica e Neonatal ...................................................................................................... 92 
6.4. Prevenção e controle das IST/HIV/Aids ....................................................................................... 95 
6.5. Prevenção e controle do câncer em Mulheres ............................................................................... 96 
6.6. Prevenção e controle da violência doméstica e sexual ................................................................. 97 
6.7. Promoção da saúde bucal das mulheres ........................................................................................ 98 
6.8. Atenção específica à saúde de mulheres adolescentes .................................................................. 99 
6.9. Atenção específica à saúde de mulheres idosas .......................................................................... 101 
6.10. Atenção específica à saúde de mulheres negras ........................................................................ 102 
6.11. Atenção específica à saúde de mulheres indígenas ................................................................... 104 
6.12. Atenção específica à saúde de mulheres em situação de prisão ................................................ 105 
6.13. Atenção específica à saúde das mulheres trabalhadoras ........................................................... 106 
7. PLANO PARA DIVULGAÇÃO, IMPLEMENTAÇÃO E MONITORAMENTO ....................... 107 
8. GLOSSÁRIO .................................................................................................................................109 
9. REFERÊNCIAS E BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ......................................................... 111 
10. PARCERIAS ................................................................................................................................ 120 
 
 
4 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia, considerando a saúde da mulher como uma 
prioridade de governo, constrói, pela primeira vez, em um processo coletivo e participativo, o presente 
documento “Política Estadual de Atenção Integral à Saúde da Mulher”, que incorpora as diretrizes 
emanadas dos fóruns internacionais sobre a matéria - como o do Cairo, Beijing - e os compromissos 
assumidos pelas metas do milênio, objetivando garantir, na prática, direitos já conquistados em leis 
nacionais, tratados e convenções assinadas pelo governo brasileiro. 
 
No processo de desenvolvimento desta Política, foi promovida a discussão entre vários setores 
da sociedade, universidades, entidades de classe, grupos de mulheres e construídas consensualmente 
as estratégias de enfrentamento de questões relevantes referentes à saúde das mulheres, como a 
morbimortalidade materna e neonatal, o planejamento reprodutivo, as afecções ginecológicas e de 
transmissão sexual, o câncer de mama, do colo uterino e a prevenção e controle das violências 
doméstica e sexual. 
 
Esta Política Estadual, coerente com a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, 
e considerando os enfoques de gênero, raciais, étnicos, sociais e a incorporação de grupos de mulheres 
em situações específicas, define as diretrizes e principais estratégias para a atenção às mulheres, 
respeitando a diversidade dos 417 municípios baianos, tanto em suas especificidades epidemiológicas, 
quanto nos diferentes níveis de organização dos sistemas de saúde locais. 
 
A Secretaria da Saúde, cumprindo com o seu papel de gestor, ao apresentar este documento, 
está imbuída do melhor propósito de contribuir para a melhoria da qualidade de vida e saúde das mulheres 
no estado da Bahia. 
 
 
Fábio Vilas-Boas Pinto 
Secretário Estadual da Saúde 
 
 
5 
 
ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ABRASCO Associação Brasileira de Saúde Coletiva 
AB Atenção Básica 
ACS Agente Comunitário de Saúde 
AF Anemia Falciforme 
AMIU Aspiração Manual Intra-uterina 
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
ATSI Área Técnica de Saúde da Pessoa Idosa 
ATSM Área Técnica de Saúde da Mulher 
ATSPD Área Técnica da Pessoa com Deficiência 
CAT Comunicação de Acidente de Trabalho 
CEBES Centro Brasileiro de Estudos em Saúde 
CEREST Centro de Referência em Saúde do Trabalhador 
CES Conselho Estadual de Saúde 
CGSAT Coordenação Geral de Saúde do Trabalhador 
CGVAM Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental 
CIB Comissão Intergestora Bipartite 
CICAN Centro Estadual de Oncologia 
CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes 
CIPD Conferência Internacional de População e Desenvolvimento 
CIST Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador 
CIT Comissão Intergestora Tripartite 
CMS Conselho Municipal de Saúde 
CNS Conselho Nacional de Saúde 
CONASEMS Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde 
CONASS Conselho Nacional de Secretários de Saúde 
COSAT Coordenação de Saúde do Trabalhador 
COSEMS Conselho de Secretários Municipais de Saúde 
CRRF Centros de Referência em Reabilitação Física 
CVST Coordenação de Vigilância em Saúde do Trabalhador 
DAB Departamento de Atenção Básica 
DCNT Doenças Crônicas Não Transmissíveis 
DM Diabetes Mellitus 
DIU Dispositivo Intra-uterino 
DF Doença Falciforme 
DORT Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho 
DRT Doença Relacionada ao Trabalho 
DSAST Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador 
ESF Estratégia de Saúde da Família 
FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador 
HAS Hipertensão Arterial Sistêmica 
HIV Vírus da Imunodeficiência Humana 
HPV Papiloma Vírus Humano 
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IEC Informação, Educação e Comunicação 
INCA Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva 
IST Infecção Sexualmente Transmissível 
LGBT Lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais 
MS Ministério da Saúde 
 
6 
 
NISAT Núcleo de Informação em Saúde do Trabalhador 
NOAS Norma Operacional de Assistência à Saúde 
NOB Norma Operacional Básica 
ODM Objectivos de Desenvolvimento do Milénio 
OMS Organização Mundial da Saúde 
OIT Organização Internacional do Trabalho 
OPAS Organização Pan-Americana da Saúde 
PACS Programa de Agentes Comunitários de Saúde 
PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 
PPI Programação Pactuada Integrada 
PR Planejamento Reprodutivo 
RN Recém-nascido 
SESAB Secretaria da Saúde do Estado da Bahia 
SIA Sistema de Informação Ambulatorial 
SIDA Síndrome da Imunodeficiência Adquirida 
SIH Sistema de Informação Hospitalar 
SIM Sistema de Informações sobre Mortalidade 
SMS Secretaria Municipal de Saúde 
SINAN Sistema de Informação de Agravos de Notificação 
SINASC Sistema de Informação Nascidos Vivo 
SR Saúde Reprodutiva 
SISCAN Sistema de Informação de Câncer 
SSR Saúde Sexual e Reprodutiva 
SUS Sistema Único de Saúde 
TA Tensão Arterial 
TME Taxa de Mortalidade Específica 
VISAT Vigilância em Saúde do Trabalhador 
 
7 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A saúde da mulher é percebida mundialmente a partir de diferentes concepções. As mais 
restritas abordam apenas aspectos da biologia e anatomia do corpo feminino, enquanto outras, mais 
amplas, incorporam questões relacionadas aos direitos humanos e à cidadania. 
 
A concepção ampliada de saúde e as conquistas recentes no campo do enfoque de gênero e dos 
direitos sexuais e reprodutivos implicam na necessidade de políticas públicas e estratégias que 
viabilizem o acesso da população a serviços comprometidos com a garantia desses direitos, 
considerando-se a diversidade de raça-etnia, as diferentes origens, orientações sexuais, gêneros, 
gerações, condição física, mental e social das mulheres; contemplando, assim, os princípios da 
universalidade, integralidade e equidade. 
 
No Brasil, a saúde da mulher foi incorporada às políticas nacionais de saúde nos primórdios do século 
XX através dos programas de saúde materno-infantil, sendo limitada, neste período, às demandas 
relativas à gravidez e ao parto. Em 1979, o Ministério da Saúde desenvolveu o Programa de Atenção 
Integral à Saúde da Mulher / PAISM, que passou a ser implementado, lentamente, a partir de 1984. 
Este programa representou um avanço na abordagem da saúde da mulher, enfatizando a necessidade 
de oferta de ações de promoção, prevenção e de recuperação da saúde, abordando a atenção à saúde 
da mulher de uma forma integral, estabelecendo como componentes fundamentais a atenção clínico-
ginecológica, a prevenção e o controle do câncer ginecológico, o planejamento familiar, a atenção no 
pré-natal, parto e puerpério e a prevenção e o controle das DSTs (Brasil, 1984). 
 
No ano de 2004, o Ministério da Saúde publicou o documento “Política Nacional de Atenção 
Integral à Saúde da Mulher – Princípios, Diretrizes e Plano de Ação”, que se constitui na diretriz para 
a atenção à saúde da mulher em âmbito nacional. Este documento incorpora, num enfoque de gênero, 
a integralidade e a equidade como princípios norteadores, e busca consolidar os avanços no campo dos 
direitos sexuais e reprodutivos, com ênfase na melhoria da atenção obstétrica e neonatal, no 
planejamento reprodutivo, na atenção ao abortamento inseguro e no combate às violências doméstica 
e sexual. Agrega também a prevenção e o tratamento das infecções sexualmente transmissíveis (IST), 
incluindo o HIV/AIDS, e a abordagem das doenças crônicas não transmissíveis e do câncer 
ginecológico.Além disso, amplia as ações para grupos historicamente alijados das políticas públicas 
como as mulheres no climatério, mulheres idosas, mulheres negras, indígenas, trabalhadoras do campo 
e da cidade, mulheres lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), deficientes, com 
transtorno mental e mulheres em situação de prisão. Deste modo, a Política Nacional de Atenção 
Integral à Saúde da Mulher buscou contemplar as necessidades das mulheres de forma ética e 
abrangente, considerando as suas especificidades e necessidades. (Brasil, 2004). 
 
Na Bahia, os esforços empreendidos na área da atenção à saúde da mulher têm sido 
direcionados especialmente para a garantia do acesso das mulheres aos serviços essenciais de saúde. 
Estes esforços têm resultado em um avanço na ampliação do acesso a serviços de prevenção e 
recuperação da saúde, especialmente nas áreas do planejamento reprodutivo, atenção obstétrica e 
neonatal, prevenção e controle das IST e do câncer ginecológico e assistência à mulher vítima da 
violência doméstica e sexual. Entretanto, de um modo geral, as intervenções na área da saúde da mulher 
vêm sendo implementadas com limitado nível de articulação entre si e a garantia dos princípios da 
integralidade e equidade nesta área constitui-se ainda um desafio no estado. 
 
A Área Técnica de Saúde da Mulher/DGC/SAIS/SESAB vem implementando suas ações 
buscando atender às seguintes prioridades estabelecidas: redução da mortalidade materna e neonatal, 
controle do câncer do colo do útero e de mama, promoção do planejamento reprodutivo e combate à 
 
8 
 
violência contra a mulher. Neste contexto e visando promover maior articulação na implementação das 
ações, a otimização dos investimentos e o alcance dos resultados esperados, é que a SESAB, sob a 
coordenação da Área Técnica da Saúde da Mulher, decidiu investir esforços para o desenvolvimento 
desta Política Estadual de Atenção Integral à Saúde da Mulher. 
 
Esta Política, tomando como base os dados epidemiológicos, as atuais evidências científicas e 
as reivindicações de segmentos sociais, propõe diretrizes que devem nortear as ações de atenção à 
saúde da mulher no estado da Bahia nos próximos anos, avançando, deste modo, para a construção de 
um modelo de promoção e atenção humanizada e de qualidade à saúde, capaz de responder às 
necessidades das mulheres atendidas no Sistema Único de Saúde (SUS). 
 
 
 
9 
 
 
2. BAHIA: SITUAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA E SISTEMA DE SAÚDE 
 
A Bahia corresponde ao quinto Estado do Brasil em extensão territorial, com uma área de 
564.830,90 km² (BRASIL, 2005). O contingente populacional do estado, em 2012, foi de cerca de 
14.957.177 habitantes, perfazendo uma densidade demográfica de 26.5 habitantes/Km2, embora 
apresente variações extremas entre seus 417 municípios (IBGE, 2013), e com 72.9% da população 
(11.053.354) residindo na zona urbana (IBGE, 2013). O estado concentra uma enorme diversidade étnico-
racial, cultural, ecossistêmica e socioeconômica. A população feminina da Bahia é de 7.587.079, representando 
50.9% da população (IBGE, 2013); vale ressaltar que as mulheres em idade fértil (MIF), representam 32.9% 
dos habitantes do estado. 
 
A expectativa de vida ao nascer das mulheres brasileiras teve um ganho de 25.7 anos, passando 
de 52.8 anos em 1950, para 78.5 anos em 2013. Neste mesmo ano, as mulheres baianas apresentaram 
uma esperança de vida de 77.4, menor que a média nacional, porém, discretamente superior à região 
Nordeste do País, com expectativa de vida de 75.3 anos (IBGE, 2013). A taxa de crescimento da 
população geral do Brasil, no período de 2000 a 2010, foi de 1.17%, sendo maior entre as mulheres 
(1.66%), especialmente entre as mulheres acima de 40 anos (IBGE, 1991 e 2000). No mesmo período, 
a região Nordeste apresentou um crescimento populacional menor que a média do Brasil, mas com um 
maior crescimento, também, nas mulheres acima de 40 anos (IBGE, 2000 e 2010). 
 
No ano 2010, a Bahia contava com 4.094.405 domicílios particulares permanentes, tendo 60.2% 
deles o homem como chefe da família. No que se refere à composição da população por cor/raça, os 
indivíduos que se declararam pardos, constituem o maior contingente populacional, com 59.2% do total; 
seguido dos brancos (22.2%); e dos pretos (17.1%). Os indivíduos da raça amarela e indígena representam 
1.1% e 0.4%, respectivamente (Gráfico 1). 
 
Gráfico 1 – Distribuição da população (%), segundo raça/cor. Estado da Bahia, 2010 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A distribuição da população por raça/cor entre as regiões do estado, mostra-se bastante similar, 
sendo que os pardos estão mais concentrados na região Oeste, com 63,6%, enquanto a região Leste 
apresenta o menor percentual (53,9%). Os brancos, segundo maior contingente populacional do estado, 
estão em sua maioria na região Sudoeste (33,0%), e a menor proporção encontra-se na região Leste 
(17,7%). Esta região, no entanto, foi a que apresentou o maior percentual de pretos, com 26,8%. A 
maioria dos que se declararam indígenas (2,0%) concentra-se na região Extremo Sul (IBGE, 2010). 
 
10 
 
 
Tabela 01- Distribuição percentual da população, segundo cor/raça e macrorregião de residência. 
Estado da Bahia, 2010. 
 
Macrorregião Branca Preta Parda Amarela Indigena
 Centro-Leste 20,5 16,9 61,4 1,0 0,2
 Centro-Norte 24,8 11,3 62,7 1,0 0,2
 Extremo Sul 22,6 12,1 62,5 0,9 2,0
 Leste 17,7 26,8 53,9 1,4 0,3
 Nordeste 23,0 13,3 62,2 1,1 0,5
 Norte 25,3 9,0 63,5 1,5 0,6
 Oeste 25,3 9,8 63,6 1,2 0,2
 Sudoeste 33,0 8,4 57,8 0,7 0,1
 Sul 19,8 16,6 62,0 1,0 0,7
Estado 22,2 17,1 59,2 1,1 0,4
Fonte: IBGE-Censo Demográfico; Sesab/Suvisa/DIS 
 
Entre os municípios, a maior concentração de pardos encontra-se em Jandaíra (85.1%), de 
brancos em Dom Basílio (54.4%) e de pretos em Antônio Cardoso (50.6%); em Campo Alegre de 
Lourdes, está a maior proporção de amarelos e em Pau Brasil, a de indígenas, com 3.9% e 21.3% 
respectivamente. 
 
Em termos da organização administrativa de Saúde, os 417 municípios do Estado da Bahia 
estão agrupados em 9 núcleos regionais de saúde. Hierarquizando-se os municípios, com base no porte 
populacional (número de habitantes), observa-se que nas últimas décadas, os municípios de pequeno 
porte (< 10.000 hab.), apresentaram uma redução de 24,6%, passando de 23,2% em 1980, para 17,5% 
em 2012, enquanto que os de grande porte registraram um aumento de 32,7% para os de 50.000 a 
99.000, e de 43,2% para os de 100.000 ou mais habitantes no respectivo período (Gráfico 2). 
 
Gráfico 2 - Distribuição proporcional dos municípios, segundo porte populacional. Bahia, 1980/2012. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Bahia vem investindo na consolidação de um sistema de saúde descentralizado, integral e 
equânime, principalmente no que se refere à organização dos serviços e aos níveis de saúde da 
 
11 
 
população. Este investimento tem resultado na ampliação da cobertura vacinal, do pré-natal, do 
aleitamento materno, da assistência farmacêutica, da vigilância em saúde, no controle de riscos e 
agravos da hipertensão, diabetes, tuberculose e hanseníase. O impacto deste investimento tem se 
concretizado na redução da mortalidade infantil, principalmente nos municípios onde o Programa de 
Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e a ESF encontram-se implantados desde 1991 e 1997, 
respectivamente. 
 
O Estado da Bahia conta com uma rede de assistência ambulatorial de 17.060 estabelecimentos, 
sendo 6.659 com atendimento SUS (39,03) e 6.884 particulares (40,3%). Dos estabelecimentos com 
atendimento SUS, 5.669 são públicos, 103 Filantrópicos, 873 privados e 14 sindicatos. Os 
estabelecimentos privados incluem 435 com plano de saúde público (2,5%) e 3.082 com planos de 
saúde privados (18,1%). Esses serviços prestam atendimento básico e especializado, onde foram 
incorporadas 8.592 unidades de 2006 a 2013 (DATASUS,2013). Existem, atualmente no Estado, 
25.849 Agentes Comunitários de Saúde e 2.973 equipes do Programa Saúde da Família, configurando 
assim uma cobertura de 66,5%, arcabouço capaz de contribuir nos processos de reorganização da 
atenção básica (MS/SAS/DAB, 2013). 
 
Com base em dados do ano de 2013, a rede hospitalar conta com 636 Unidades que 
disponibilizam à população um total de 32.921 leitos, incluindo leitos do setor privado não credenciado 
ao SUS. Destes, 2.624 são leitos de UTI adulto, infantil, neonatal e unidades intermediárias. Os leitos 
da rede SUS totalizam 24.969, dos quais 1.410 são leitos de UTI, o que corresponde ao coeficiente de 
1,8/1.000 hab., atendendo, portanto, ao parâmetro da necessidade de leitos hospitalares definido pela 
Comissão Intergestora Bipartite da Bahia, coeficiente este abaixo do preconizado pela Portaria 
GM/MS nº 1101/02 que recomenda um parâmetro de 2,5 a 3,0 leitos /1.000 hab. 
 
A região de saúde com maior concentração de leitos é a Leste, onde se situa o Município de 
Salvador, com a maior concentração de leitos do Estado. Do total de leitos cadastrados, mais de 24,1% 
pertencem à rede contratada/conveniada e 75,9% à rede pública. A maior oferta de leitos está 
distribuída nas especialidades básicas (Clínica Cirúrgica, Obstetrícia, Clínica Médica e Pediatria). 
 
12 
 
 
 
 
3. SITUAÇÃO DA SAÚDE DA MULHER NO ESTADO DA BAHIA 
 
3.1. PERFIL DA MORBIMORTALIDADE FEMININA EM GERAL E 
MORBIMORTALIDADE MATERNA E NEONATAL 
 
Neste capítulo, serão abordados os principais problemas que acometem a saúde das mulheres 
no estado da Bahia. É importante notar que existem significativas diferenças socioeconômicas e 
culturais que influenciam a saúde das mulheres nas diferentes regiões do estado. Essas particularidades 
e realidades locais deverão ser levadas em conta no processo de implementação desta política de 
atenção integral à saúde das mulheres. 
 
Na Bahia, as principais causas de morte entre as mulheres em idade fértil (10 a 49 anos) são as 
causas externas (19,6%), neoplasias (18,8%), doenças do aparelho circulatório (16,9%), doenças 
infecciosas e parasitárias (6,9%), doenças do aparelho respiratório (5,6%), doenças do aparelho 
digestivo (5,2%), doenças endócrinas e nutricionais (4,8%), e as causas relacionadas à gravidez, parto 
e puerpério (2,7%). Estas causas de morte concentram 77,8% do total dos óbitos neste grupo 
populacional, excluindo as causas mal definidas, que representam 10,6% (Gráfico 03). 
 
Gráfico 3 – Mortalidade proporcional de mulheres de 10 a 49 anos de idade (MIF), segundo 
principais grupos de causas. Estado da Bahia, 2014. 
 
 
A seguir serão abordados, por áreas, os principais problemas de saúde das mulheres, a 
capacidade do sistema de saúde para responder as necessidades em cada área e as principais lacunas 
identificadas na atenção a essas necessidades. 
 
13 
 
MORBI-MORTALIDADE MATERNA E NEONATAL 
 
A mortalidade materna constitui-se em um grande problema de saúde pública que atinge 
desigualmente regiões, classes sociais, raças/etnias e reflete a realidade dos sistemas de saúde e as 
desigualdades em seu acesso, bem como, das condições de vida na qual a mulher está inserida. 
 
Apesar da mortalidade materna não figurar entre as primeiras causas de morte, ela tem a sua 
relevância destacada pelo fato destas mortes serem eventos preveníveis e evitáveis, na maioria dos 
casos e principalmente, pela sua transcendência, incidindo em mulheres em idade produtiva, 
acarretando elevada perda social e econômica, bem como os transtornos familiares. 
 
Segundo a Unicef (2009), os riscos associados à gravidez e ao parto são especialmente 
prevalentes em países e regiões com menores índices de desenvolvimento e mais baixa renda. Isto 
reflete uma das taxas de mortalidade mais desiguais do mundo, já que o risco de óbito por complicações 
relacionadas à gravidez e ao parto foi muitas vezes maior em países em desenvolvimento quando 
comparado a países industrializados, sendo que aproximadamente 92% destes óbitos poderiam ser 
evitados (BRASIL, 2009). 
 
Na Bahia, a Razão de Mortalidade Materna (RMM) vem apresentando uma estabilização nos 
últimos anos, exceto no período de 2008 a 2010 (Gráfico 4). Neste período, observa-se uma elevação 
na curva da mortalidade (RMM) em 2009, a qual pode estar relacionada à pandemia de gripe pelo vírus 
da influenza A (H1N1) que atingiu o Brasil (BRASIL, 2012), a qual acomete com maior gravidade as 
gestantes. Esta elevação também pode estar refletindo a melhoria da informação, como parte da 
Portaria 1119/2008, com a intensificação das ações para a vigilância de óbito materno e contribuindo 
para a identificação e adequada classificação dos óbitos maternos. 
 
Gráfico 4 - Razão de Mortalidade Materna. Bahia, 2000-2014 (Fonte: Sesab/Suvisa/DIS - SIM 
*Dados preliminares, processados em novembro/2015) 
. 
 
 
 
 
14 
 
Conforme pode ser observado no gráfico a seguir, a RMM apresenta-se de forma variável nos 
diferentes núcleos regionais de saúde, estando mais elevada, em 2014, no núcleo regional Sul (93,5) e 
mais baixa no Sudoeste (51,6). 
 
Razão de mortalidade materna, segundo núcleo regional de saúde. Estado da bahia, 2000 e 2014 
(Fonte: Sesab/Suvisa/DIS – SIM, Dados preliminares, processados em novembro/2015). 
 
 
 
 
Considerando os dados de 2013, a maioria dos óbitos maternos ocorreram em mulheres 
solteiras (40%), entre 30 a 39 anos (41,5%). Na sua maioria eram pardas (63,4%) e pretas (21,9%), 
totalizando 85,3% de negras, e com baixa escolaridade (65% têm de 1 a 11 anos de estudo). As 
desigualdades e violências de gênero também agravam a situação da morbimortalidade materna, na 
medida em que reduz a autonomia das mulheres e impacta a sua saúde física e mental, com 
consequências como: gravidez não planejada, abortos, feminização das DSTs/AIDS, entre outros 
problemas. Em relação às causas, 71 % dos óbitos maternos se devem a causas obstétricas diretas, 
sendo predominantes os óbitos relacionados à hipertensão na gravidez (Gráfico 5). 
 
Gráfico 5 – Óbitos maternos (%), segundo principais tipos de causa, Bahia, 2013 (Fonte: 
SESAB/SUVISA/DIS – SIM). 
Obstétricos Diretos
71%
Obstétricos Indiretos
24%
Obstétricos não 
especificado 
1%
Obstétricos Tardios
4%
Eclâmpsia = 18,8%
Hipertensão gestacional = 7,5%
 
 
15 
 
 
O abortamento inseguro é uma prática que tem impacto significativo nas mortes maternas. 
Constitui-se em um alto risco à saúde mental e física das mulheres e é especialmente relevante em 
áreas com maiores desigualdades de acesso a saúde e educação e menores índices socioeconômicos. 
Foram internadas em 2013, na rede hospitalar do Estado, 19.719 mulheres, por abortamento, 
correspondendo a 10,39% dentre as internações do capítulo de gravidez, parto e puerpério, alcançando 
3,95% do total de internações do sexo feminino. (Gráfico 6). 
 
Gráfico 6 – Internações por abortamento na rede SUS (%), segundo a causa. Estado da Bahia, 2013. 
 
Fonte: SESAB/SUVISA/DIS – SIM 
 
Em relação à mortalidade neonatal, as atuais taxas elevadas estão relacionadas, em sua 
maioria, às condições de saúde da mãe, bem como à inadequada assistência ao pré-natal, ao parto e ao 
recém-nascido, enquanto taxas elevadas de mortalidade pós-neonatal refletem baixos níveis de saúde 
e de desenvolvimento socioeconômico (Gráfico 7). 
 
Gráfico 7 - Taxa de mortalidade Neonatal e Infantil (por 1.000 nascidos vivos). Bahia, 2000-2013*. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Entre os anos de 2009 e 2013 nota-se um discreto aumento na proporção de nascidos vivos com 
baixo peso ao nascer, de 6,95% para 7,02%, apesarde haver diminuição tanto no número total de 
nascidos vivos, de 220.869 para 202.589, quanto no número de nascidos vivos com baixo peso, de 
15.359 para 14.242 (SESAB/DIS/SINASC). Este fato pode estar relacionado prioritariamente ao 
 
16 
 
aumento da taxa de cesarianas, como também a uma fragilidade da assistência ao pré-natal, seja pela 
dificuldade de acesso ou pela qualidade da atenção do serviço ofertado, dentre outros fatores. 
 
O componente neonatal passou a predominar na mortalidade de menores de um ano, na Bahia, 
a partir de 1996. Esta é uma característica observada em regiões nas quais ocorreram melhorias 
socioeconômicas e/ou foram realizados investimentos na atenção à saúde de crianças, a exemplo de 
elevação de coberturas vacinais, com controle das doenças imunopreveníveis, da implementação de 
programas de controle a doenças diarreicas, infecções respiratórias agudas e desnutrição, refletindo-se 
na redução dos óbitos no período pós-neonatal (Gráfico 8). 
 
Gráfico 8 - Mortalidade Infantil Proporcional, segundo componentes. Bahia, 1990 – 2013*. 
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Neonatal 43,5 48,1 52,4 56,6 54,8 61,6 61,4 64,7 66,2 67,1 69,3 69,2 71,6 73,7 71,7 70,6 73,3 74,4 74,4 73,1 
Pós-neonatal 56,5 51,9 47,5 42,7 44,6 36,7 38,6 35,2 32,7 32,8 30,2 30,8 28,4 26,3 28,3 29,4 26,7 25,5 25,6 26,9 
-
10,0 
20,0 
30,0 
40,0 
50,0 
60,0 
70,0 
80,0 
%
 
A concentração de mortes infantis no período neonatal precoce (até o sétimo dia de vida), possui 
estreita relação com a assistência de saúde ofertada à gestante e ao recém-nascido, durante o período 
do pré-parto, parto e atendimento imediato à criança após o nascimento. Ou seja, apesar dos 
investimentos realizados no setor saúde ainda é considerável a participação de óbitos por causas 
evitáveis, tanto no componente neonatal, como no pós-neonatal, o de maior declínio. 
 
Nos últimos dois anos da série, os óbitos por afecções originadas no período perinatal, foram 
as causas predominantes nas crianças menores de 28 dias (neonatal), com destaque para causas 
relacionadas à prematuridade e baixo peso ao nascer. Deve-se ressaltar que uma parcela significativa 
destes casos são evitáveis com uma adequada atenção à gestação. 
 
Vale destacar aqui o incremento do padrão de registro de microcefalia em recém-nascidos, 
observado a partir de janeiro de 2015, associado etiologicamente às arboviroses, notadamente ao Zica 
Vírus, o que tem requerido esforço adicional no Estado para a investigação e manejo desses casos. 
 
Capacidade do sistema de saúde para atender às demandas relacionadas à assistência 
obstétrica e neonatal 
 
Como estratégia para redução da mortalidade materna e neonatal, organização da rede de 
assistência e mudança do modelo de atenção obstétrica, o Ministério da Saúde lançou em 2011 a 
inciativa da Rede Cegonha, que consiste na organização de uma rede de cuidados com o objetivo de 
assegurar à mulher o direito ao planejamento reprodutivo e à atenção humanizada à gravidez, ao parto 
e ao puerpério; bem como à criança o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e desenvolvimento 
 
17 
 
saudável. Suas diretrizes incluem a garantia do acolhimento com avaliação e classificação de risco e 
vulnerabilidade, ampliação do acesso e melhoria da qualidade do pré-natal; garantia de vinculação da 
gestante à unidade de referência e ao transporte seguro; garantia das boas práticas e segurança na 
atenção ao parto e nascimento; garantia da atenção à saúde das crianças de zero a vinte e quatro meses 
com qualidade e resolutividade; e garantia de acesso às ações do planejamento reprodutivo (MS, 
portaria 1459/2011). 
 A Rede Cegonha buscou articular e sintetizar as intervenções que já vinham sendo 
desenvolvidas no país como o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN), o Plano 
de Qualificação da Atenção e Redes Perinatais do Nordeste e Amazônia Legal (PQM), entre outras. 
 Com base no desenho proposto pelo Ministério da Saúde, as responsabilidades e a estrutura 
mínima necessária para a organização da Rede Cegonha por nível de complexidade, ficam assim 
definidas: 
Para o âmbito Municipal - A execução de ações de saúde sexual e reprodutiva nas UBS/USF; ações 
de planejamento reprodutivo com garantia dos métodos contraceptivos; pré-natal de risco habitual para 
todas as gestantes nas UBS/USF; garantia ou referência para exames de pré-natal de risco habitual e 
de alto risco; vinculação de cada gestante acompanhada em UBS/USF a um serviço de parto na região; 
realização de triagem neonatal, atenção à puérpera, ao neonato e a criança até 24 meses. 
 
Para o âmbito da Região de Saúde - A região deve contemplar ações e serviços como: centro de 
parto normal; maternidade de referência secundária para realização do pré-natal de alto risco e parto 
cesárea; unidade de cuidados intermediários neonatal convencional(UCINco); unidade de cuidados 
intermediários neonatal canguru (UCINca); unidade de coleta de leite humano; unidade de coleta e 
transfusão (UCT). 
 
Para o âmbito Macrorregional - As ações e serviços a serem contemplados pela macrorregião são: 
maternidade de referência para gestação de alto risco para o pré-natal e parto; UTI adulto e neonatal; 
unidade de cuidados intermediários neonatal convencional(UCINco); unidade de cuidados 
intermediários neonatal canguru(UCINca); banco de leite humano; casa de apoio à gestante, bebê e 
puérpera(CGBP); e hemocentro/unidade transfusional. 
 
A Bahia, acompanhando as políticas públicas nacionais tem trabalhado na perspectiva de 
implantação dessa rede de cuidados. Todos os 417 municípios do estado já fizeram adesão a essa rede 
no seu componente pré-natal. Houve uma ampliação da oferta de exames, incluindo os testes rápidos 
de gravidez para captação das gestantes precocemente, testes rápidos de sífilis e HIV e investimentos 
no programa de triagem pré-natal (papel filtro). Na Bahia, a proporção de gestantes que realizaram 07 
ou mais consultas de pré-natal em 2006 era 33,9 % e em 2014 foi de 50,9 % o que demonstra uma 
ampliação do acesso das gestantes às consultas de pré-natal. Em relação a gestação na adolescência, o 
número vem diminuindo ao longo dos anos no estado, passando de 24,2% em 2006 para 20,7% em 
2014, no entanto, as taxas ainda são bastante preocupantes, principalmente na faixa etária entre 10 a 
14 anos que não tem apresentado redução (Fonte: Sesab/Suvisa/DIS – SINASC). 
Durante o pré-natal, toda gestante deve ser informada sobre qual maternidade/hospital procurar 
no momento do parto ou em caso de intercorrências. Na impossibilidade de realizar o internamento na 
unidade previamente vinculada deverá ser acionada a regulação para encaminhamento a outra unidade, 
a responsabilidade pela regulação é da unidade e não da mulher. Esta estratégia é nomeada de 
vinculação e tem por objetivo evitar a peregrinação da mulher no momento do parto, que caso ocorra 
pode ter como consequências complicações para ela e para a criança. Na alta das mulheres, a atenção 
básica deve realizar a consulta puerperal bem como o acompanhamento das crianças. As mulheres 
identificadas no pré-natal como gestantes de alto risco devem ser encaminhadas para serviços 
destinados a esse acompanhamento, no entanto, devem manter o vínculo com a atenção básica. 
 
18 
 
Compreendendo a gestação como um evento biopsicossocial, é importante que a atenção 
oferecida pelos profissionais de saúde às gestantes esteja pautada na integralidade do cuidado. As 
competências naturais da mulher para o parto assim como seu protagonismo durante todo o processo 
da gestação devem ser reforçados desde o pré-natal, neste período os profissionais devem aproveitar 
os encontros com as mulheres para prepará-las para o parto, divulgando as práticas baseadas em 
evidências científicas, conhecidas como boas práticas na assistência aoparto e nascimento, tais como 
a oferta de dieta líquida sem resíduos para mulheres durante o trabalho de parto, o estímulo à posições 
verticalizadas no parto, o contato pele a pele imediato entre mãe e bebê, dentre outras recomendadas 
para que possam viver essa experiência de forma enriquecedora, preparando-se para a chegada do bebê 
e para a nova fase da vida. 
Incluir a rede social da mulher, possibilitando e estimulando a presença de seu acompanhante 
de livre escolha além de ser uma boa prática é direito assegurado pela lei federal 11.108/2005 e deve 
ser incentivado desde o pré-natal e garantido durante o trabalho de parto, parto e pós -parto. 
 Durante a assistência obstétrica e neonatal, incluindo a atenção ao abortamento, os profissionais 
de saúde devem basear suas práticas nas melhores evidências científicas disponíveis, de acordo com 
as diretrizes estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde e adotadas pelo Ministério da Saúde. 
No Estado, a proporção de partos normais tem apresentado um decréscimo nos últimos anos, em 2008, 
a taxa foi 65,4 % reduzindo para 55,3% em 2014. (Fonte: Sesab/Suvisa/DIS – SINASC). 
 Neste contexto, os profissionais de diversas unidades vêm sendo qualificados na atenção obs-
tétrica e neonatal e como parte dessas ações destacamos a realização de capacitações na atenção pré-
natal, nas urgências e emergências obstétricas, na atenção humanizada à mulher em situação de abor-
tamento, no aprimoramento e formação da enfermagem obstétrica, na reanimação neonatal e na aten-
ção integral às doenças prevalentes na infância. 
O aumento dos casos de microcefalia em recém nascido a partir de 2015 levou a Secretaria de 
Saúde do Estado da Bahia a se engajar na investigação e elaboração de um protocolo clínico e epide-
miológico de microcefalia. Esse protocolo inclui a investigação e a orientação clínica dos casos de 
crianças nascidas com microcefalia, bem como da possível relação etiológica com arboviroses, espe-
cialmente com o zicavirus. A proposta é estruturar um sistema diagnóstico capaz de detectar precoce-
mente casos de gestantes com exantema, monitorando a possibilidade da criança nascer com microce-
falia e assegurando o manejo adequado a esses casos. Também objetiva investigar os casos de micro-
cefalia diagnosticados no pós-natal para ver se há relação com o Zica Vírus. 
 
Principais problemas identificados no estado na área da assistência obstétrica e neonatal: 
 Alta taxa de gravidez na adolescência; 
 Descontinuidade no uso dos métodos contraceptivos decorrente da limitação na oferta de mé-
todos, nas informações às usuárias, na garantia do acompanhamento; 
 Início tardio e baixa qualidade do pré-natal, evidenciado pela crescente taxa de sífilis congênita 
no estado; e falta de vinculação de gestantes aos serviços de saúde; 
 Predominância de uma cultura de assistência ao parto e nascimento intervencionista e hospi-
talocêntrica; 
 Rede de atenção fragmentada, pouco resolutiva, com baixa incorporação de práticas baseadas 
em evidências científicas nos serviços, com vazios assistenciais, ausência de serviços para atendi-
mento ao pré-natal e parto de risco habitual e de alto risco em algumas regiões; 
 Número insuficiente de profissionais qualificados (obstetras, neonatologistas e enfermeiras 
obstetras); 
 Descumprimento da Lei 11.108/2005 – Lei do Acompanhante que assegura a todas as mulheres 
durante o trabalho de parto, parto e pós-parto o direito à presença de acompanhante de sua livre escolha 
durante toda a internação; 
 Número insuficiente de Centros de Parto Normal (CPN) no estado; e ambiência dos serviços 
que realizam parto em desacordo ao exigido pela RDC36/2008, que regulamenta que os serviços que 
 
19 
 
atendem parto substituam os pré-partos coletivos e salas de parto por quartos PPP, assegurando 
privacidade e favorecendo a utilização de boas práticas; 
 Atenção inadequada a mulheres em situação de abortamento nos serviços, com baixa utiliza-
ção de AMIU, falta de informações e provisão de métodos contraceptivos no pós-aborto, e insufici-
ência de serviços de referência para aborto legal; 
 Dificuldade para garantir a distribuição e funcionamento adequado de serviços de sangue e 
hemoderivados (Hemocentro, unidades ou agências transfusionais), Bancos de Leite Humano ou 
Postos de Coleta, Unidades Neonatais em todas as maternidades de referência para gestação de alto 
risco; 
 Acesso insuficiente das mulheres aos leitos de UTI em caso de complicações maternas: 
distribuição desigual dos leitos no estado; 
 Déficit de leitos neonatais em algumas regiões (UTIN, UCINco e UCINca) 
 Fragilidade da regulação estadual: regulação parcial dos leitos do estado e incipiência no 
monitoramento das taxas de ocupação e média de permanência dos leitos obstétricos e neonatais; 
 Persistência de situações de violência obstétrica. Inexistência no estado de marcos legais sobre 
violência na assistência obstétrica. 
 Desafios em relação ao sistema de informação e à vigilância dos óbitos maternos e neonatais. 
 Aumento dos casos de microcefalia em recém-nascido no estado, associado às arboviroses/ 
Zica Vírus e limitada capacidade da rede de serviços para atenção adequada a esses casos. 
 
3.2. PLANEJAMENTO REPRODUTIVO 
 
No Brasil, com os avanços alcançados na área do planejamento reprodutivo, ampliou-se a 
possibilidade das pessoas optarem de forma consciente sobre o número de filhos e o espaçamento entre 
eles. O Brasil que começa a se delinear pelos resultados preliminares do questionário da amostra do 
Censo Demográfico 2010, aponta para um país onde as mulheres têm, em média, menos filhos e são 
mães um pouco mais tarde. 
 
Segundo dados do IBGE, o número médio de filhos nascidos vivos por mulher ao final de seu 
período fértil, no Brasil, foi de 1,86 filhos em 2010, bem inferior ao observado no Censo de 2000 que 
foi de 2,3 filhos. O declínio dos níveis de fecundidade ocorreu em todas as grandes regiões brasileiras. 
Os maiores declínios foram observados nas regiões Nordeste e Norte, que possuíam os mais altos 
níveis de fecundidade em 2000. A mais alta foi a do Acre (2,77 filhos por mulher, IBGE - Censo 
Demográfico, 2010). 
 
O padrão de fecundidade das mulheres brasileiras também sofreu alterações entre 2000 e 2010. 
A tendência observada até então era de rejuvenescimento, isto é, uma maior concentração dos níveis 
de fecundidade nas idades mais jovens. Em 2010, ocorre uma mudança, e os grupos de 15 a 19 anos e 
de 20 a 24 anos de idade, que concentravam 18,8% e 29,3% da fecundidade total em 2000, 
respectivamente, passaram a concentrar 17,7% e 27,0% em 2010. Para os grupos de idade acima de 30 
anos, observa-se um aumento de participação, de 27,6% em 2000 para 31,3% em 2010. (Fonte: IBGE, 
Censo Demográfico, 2010). 
 
Apesar do declínio desta taxa, muito está por ser feito, pois embora haja um vasto conhecimento 
sobre os métodos contraceptivos na população em geral (PNDS, 1996), alguns problemas, relacionados 
à oferta e ao acesso aos serviços, se apresentam em grande parte dos municípios brasileiros, conforme 
foi evidenciado pelo Ministério da Saúde na Política Nacional de Atenção Integral a Saúde da Mulher 
(Brasil, 2004): 
 
- Altos índices de gravidez não planejada, especialmente na adolescência; 
 
20 
 
- Elevadas taxas de abortamentos provocados, especialmente na adolescência. 
- Predomínio da esterilização feminina como método anticoncepcional, com as maiores taxas nas 
regiões mais pobres; 
- Baixo índice de vasectomia, que pode refletir uma relação intergênero desigual; 
- Desinformação por parte das usuárias em relação às características dos métodos anticoncepcionais; 
- Baixo uso de preservativo masculino; 
- Descontinuidade no uso dos métodos anticoncepcionais; 
- Limitada oferta de métodos anticoncepcionais; 
- Limitada oferta de informações e acompanhamento clínico. 
 
Na Bahia, segundo levantamentofeito pela DGC/ATSM, referente ao período de 2010/2011, 
observa-se uma boa cobertura das ações de Planejamento Reprodutivo em 96,64% dos municípios. 
Entretanto, as taxas de morbimortalidade por abortamento permanecem altas, refletindo 
principalmente a falta de informações às usuárias, a falta de acesso aos serviços de saúde e a 
descontinuidade do uso dos métodos, em decorrência da oferta insatisfatória de métodos. 
 
Outro desafio importante no estado é a garantia do acesso a serviços de apoio à concepção, que 
atualmente não está disponível para a população usuária do SUS em nenhuma das macrorregiões de 
saúde do Estado. 
 
Capacidade do sistema de saúde para atender às demandas na área do PR 
 
 O Planejamento Reprodutivo é um conjunto de ações assistenciais que estão inseridas no 
Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher e devem ser organizadas e administradas de modo 
a atender às necessidades reais da comunidade. Essas ações devem ser desenvolvidas por trabalhadores 
de saúde capacitados e agentes comunitários de saúde para fornecer orientações, informações, 
avaliações clínicas, distribuição de métodos contraceptivos, acompanhamentos, identificação de riscos, 
orientações ao casal que deseja concepção (Infertilidade) e realização de procedimentos cirúrgicos para 
laqueadura de trompas e vasectomia. 
 
 Cabe aos Gestores Estaduais/ Municipais, por meio das Unidades de Saúde, implantar ou 
implementar estratégias adequadas às diretrizes emanadas da Política de atenção integral à saúde 
reprodutiva, com garantia da equidade, acolhimento, cuidados humanizados e de qualidade. Cabe ainda 
a esses gestores, possibilitar a escolha informada dos métodos contraceptivos, assegurar o 
fornecimento de todos os métodos escolhidos e garantir a continuidade de acesso dos usuários a todos 
os cuidados necessários para a promoção da saúde sexual e reprodutiva, assim como garantir a 
realização dos espaços de cogestão. 
 
 A SESAB, em coordenação com as Secretarias Municipais de Saúde, o Ministério da Saúde e 
outras instituições afins, de modo a promover a garantia dos direitos sexuais e reprodutivos legalmente 
constituídos e a equidade de gênero no Sistema Único de Saúde, tem o papel de: 
 
 Promover e articular as ações de saúde sexual e reprodutiva; 
 Incorporar nas ações, a perspectiva de gênero, raça, etnia e orientação sexual, visando à 
superação das desigualdades; 
 Garantir o fornecimento de todos os métodos contraceptivos para assegurar o leque de opções e a 
oferta contínua; 
 Capacitar profissionais e assessorar tecnicamente os municípios e Núcleos Regionais de Saúde; 
 Desenvolver/implantar/implementar Sistemas de Informação Gerencial para o acompanhamento 
e avaliação dos serviços; 
 
21 
 
 Vincular o Planejamento Reprodutivo às equipes de saúde da Atenção Básica, garantindo o 
trabalho interdisciplinar, de acordo com a linha do cuidado materno-infantil; 
 Promover a sistematização do trabalho em grupo para acolhimento dos pares em atividades 
educativas nas Unidades de Saúde, possibilitando ampla informação sobre o uso dos métodos 
contraceptivos e as referências necessárias; 
 Cadastrar serviços de média complexidade para realizar procedimentos de contracepção cirúrgica 
e fortalecer estes serviços nas Unidades já habilitadas; 
 Implantar serviços de assistência à infertilidade e reprodução assistida no Estado; 
 Implantar/implementar serviços de referência para acolhimento de mulheres que necessitam 
realizar aborto respaldado pela lei; 
 Promover a sistematização da utilização da técnica AMIU em substituição à curetagem uterina, 
assessorando os serviços; 
 Integrar com parceiros/colaboradores de outras áreas e instituições da comunidade para 
planejamento das atividades; 
 Promover o atendimento especial à mulheres que enfrentaram estupro, pós-aborto, portadoras de 
HIV, vítimas de violência doméstica e sexual, indígenas, mulheres em situação de rua, em 
situação prisional e outras; 
 Promover a assistência em Planejamento Reprodutivo em todos os níveis de competência: 
Atenção Básica, Média e Alta Complexidade; 
 Organizar a rede de assistência que contempla: Infraestrutura, Recursos Humanos, Recursos 
Materiais, Sistema de Informações e Gerenciamento. 
 
Neste contexto, o Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Saúde, tem investido 
em treinamento de profissionais de saúde, compra de métodos anticoncepcionais, assessoria técnica 
aos municípios, aos Núcleos Regionais de Saúde e desenvolvimento/implantação de Sistemas de 
Informação Gerencial para acompanhamento e avaliação dos serviços. No âmbito deste trabalho, 78% 
dos municípios do Estado já tiveram recursos humanos capacitados pela SESAB, totalizando um 
número de 1.525 profissionais treinados. 
 
O desafio atual para a Área Técnica de Saúde da Mulher/SESAB será incrementar e fortalecer 
as práticas gerenciais e assistenciais nos municípios, para melhor atender à necessidade de atenção ao 
planejamento reprodutivo da população. A garantia do acesso da população às informações sobre saúde 
sexual e reprodutiva, ao atendimento nos serviços de saúde e à oferta adequada de métodos 
anticoncepcionais levará, certamente, à melhoria dos indicadores de saúde da mulher e à redução das 
morbimortalidades materna e infantil, contribuindo, assim, para a melhoria da qualidade de vida da 
população. 
 
Principais problemas identificados no estado na área do planejamento reprodutivo: 
 
 Alto índice de gravidez não planejada e alta taxa de abortamento provocado especialmente na 
adolescência; 
 Descontinuidade no uso dos métodos decorrente da limitação na oferta de métodos 
contraceptivos, nas informações às usuárias, na garantia do acompanhamento clínico quando 
necessário e na dificuldade de acesso da clientela aos serviços de Planejamento Reprodutivo; 
 Sistema de Informação Gerencial (SISPF) inoperante, necessitando de atualização; 
 Baixo índice de laqueadura e vasectomia nas Unidades já credenciadas e ausência de registro da 
realização dos mesmos; 
 Dificuldade da ATSM/SESAB para garantia da mesclagem de métodos anticonceptivos e 
definição/monitoria de indicadores necessários na rede de serviços; 
 
22 
 
 Limitada articulação entre os vários setores da SESAB (ATSM, CAFAB e DAB). 
 
 
23 
 
3.3. AFECÇÕES CLÍNICO-GINECOLÓGICAS INCLUINDO SITUAÇÃO DAS MULHERES 
NO CLIMATÉRIO 
 
AFECÇÕES GINECOLÓGICAS 
 
As afecções ginecológicas são problemas que acometem os órgãos genitais da mulher em 
qualquer fase da vida. O quadro a seguir demonstra a situação das internações devido às afecções 
ginecológica no período de 2006 a 2011. 
 
Afecções ginecológicas na Bahia - Internações e mortalidade - 2006-2011 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A assistência clínico-ginecológica, apesar de integrar a atenção básica à saúde, necessita estar 
organizada em rede de serviços, nos diversos níveis de complexidade (básica, média e alta), para poder 
responder às necessidades e demandas da população nesta área. A Bahia tem avançado 
gradualmente na reorganização da atenção básica, através da implementação da estratégia de Saúde de 
Família, apesar disto, a assistência clínico-ginecológica ainda não está sendo garantida à mulher na 
sua integralidade e em todas as fases do seu ciclo vital. 
 
As ginecopatias que necessitam de cirurgia como rotura perineal, mioma uterino, tumores de 
ovário, entre outras, apresentam pontos de estrangulamento mesmo nas regiões que dispõem de maior 
oferta de serviços. Em contrapartida, encontramos um excessivo número de serviços de 
ultrassonografia (método diagnóstico), sem dispor dos recursos necessários para atender à demanda 
diagnosticada. Existem, atualmente, em funcionamento no SUS, 793 aparelhos, o que é um número 
acima do necessário de acordo com os parâmetros da portaria 1101/GM de 12/06/2002,que preconiza 
um equipamento de ultrassonografia para cada 25.000 habitantes, o que exigiria um total de 560 
aparelhos para cobrir a necessidade da população baiana. 
 
24 
 
 
Além disso, são dispensados medicamentos de alto custo como goselerina e leuprolide, para 
serem administrados às pacientes portadoras de miomas uterinos, com o compromisso de realizar 
cirurgias de miomectomia ou histerectomia no prazo de até 90 dias. Entretanto, muitas vezes essas 
intervenções não se concretizam por falta de serviços de cirurgias ginecológicas e de uma regulação 
para esses procedimentos, levando à piora dos quadros clínicos. 
 
Para responder a este desafio, é necessário rever a organização da rede de assistência à saúde, 
promover capacitação ampla dos trabalhadores da rede básica na temática da assistência ginecológica 
e implantar protocolos com definição de funções e responsabilidades. É fundamental, também, garantir 
os equipamentos e materiais necessários para a atenção à saúde da mulher, como mesa ginecológica e 
instrumental, para a realização do exame ginecológico nas unidades de saúde da família. É necessário, 
ainda, assegurar as atividades de prevenção e promoção da saúde junto à comunidade. 
 
Principais problemas identificados no estado na área da assistência ginecológica: 
 Limitação na linha de cuidado à saúde da mulher; 
 Profissionais pouco capacitados e em número insuficiente para atender à demanda; 
 Unidades hospitalares pouco aparelhadas para o atendimento das afecções ginecológicas; 
 Concentração de serviços em 2 regiões do estado (Leste - Salvador e Centro-Leste – Feira de 
Santana), com consequentes vazios assistências; 
 Ausência de serviço de Regulação para os procedimentos de média e alta complexidade e 
inexistência de fluxo de referência e contra referência; 
 Dados subnotificados relativos à saúde da mulher em idade fértil; 
 Inexistência de tratamentos alternativos para afecções ginecológicas. 
 
SITUAÇÃO DAS MULHERES NO CLIMATÉRIO 
 
Climatério é definido pela OMS como uma fase biológica da vida e não um processo patológico, 
que compreende a transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo da vida da mulher. A 
Menopausa é um marco dessa fase, correspondendo ao último ciclo menstrual, somente reconhecida 
depois de passados doze meses da sua ocorrência. 
 
A expectativa de vida das mulheres brasileiras está se ampliando e após a menopausa que ocorre 
em torno dos 50 anos, as mulheres dispõem, em média, de 1/3 de suas vidas, que podem e devem ser 
vividos de forma saudável, lúcida, com prazer, atividade e produtividade. De acordo com as estatísticas 
brasileiras, 30% das mulheres estão na faixa etária em que acontece o climatério. 
 
Múltiplas condições físicas e mentais são atribuídas à menopausa, porém, pesquisas tem 
demonstrado que o aumento dos sintomas e problemas da mulher neste período reflete circunstâncias 
sociais e pessoais, e não somente eventos endócrinos do climatério e menopausa. 
 
O Climatério não é uma doença e sim uma fase da vida da mulher, que pode passar sem queixas 
ou necessidade de medicamentos, ou apresentar sintomas que variam de intensidade e diversidade. 
Porém é fundamental que haja um acompanhamento sistemático visando a promoção da saúde, o 
diagnóstico precoce, o tratamento imediato dos agravos e a prevenção de danos. 
 
Os serviços de saúde que atendem esta clientela devem estar capacitados para uma maior 
efetividade das consultas através de orientações, ou ações de promoção, prevenção, e recuperação da 
saúde. A equipe deve ficar atenta para evitar a perda de oportunidades na atenção às mulheres no 
 
25 
 
climatério; buscando aproveitar todas as ocasiões em que as mulheres entrem em contato com os 
serviços de saúde. 
 
As consultas incluem uma anamnese que valoriza a escuta, um exame clínico adequado: 
• Peso, TA, altura, circunferência abdominal; 
• Exames complementares; 
• Encaminhamento para outros profissionais (saúde bucal, endocrinologia, cardiologia, ortopedia, 
oftalmologia, etc.); 
• Orientação para promoção da saúde e prevenção de doenças. 
 
Segundo o SIA e SIH / BA, as doenças ginecológicas mais prevalentes nas mulheres da faixa 
etária de 35 a 65 anos são: neoplasias de mama, neoplasia de colo uterino, neoplasia de endométrio, 
neoplasia de ovário, neoplasia de vulva, miomatose uterina, endometriose, neoplasia de vagina e 
transtornos de bexiga. 
 
Principais Problemas das mulheres no climatério identificados no Estado 
 
 Altas taxas de mortalidade por câncer de mama e de colo uterino; 
 Inexistência de Política que contemple a mulher no climatério; 
 Limitada capacidade dos profissionais da rede básica para providenciar atenção às 
mulheres no climatério; 
 Inexistência de serviços específicos para atenção às mulheres no climatério; 
 Discriminação e baixa autoestima das mulheres; 
 Violência de gênero e vulnerabilidade para DST/AIDS; 
 Oportunidades perdidas para a promoção à saúde, prevenção e diagnóstico precoce de 
doenças. 
 
3.4. INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS, INCLUINDO HIV/AIDS 
 
As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST/HIV/AIDS) representam um dos problemas 
mais comuns na saúde pública. As IST bacterianas mais frequentes no Brasil são sífilis, gonorreia e 
clamídia, curáveis com uso de antibióticos específicos; e as virais, como as infecções pelo HPV, 
hepatite B, herpes genital e HIV que requerem uma abordagem terapêutica mais complexa. (VILLELA; 
PINTO, 2009). Muitos casos, entretanto, não têm diagnóstico confirmado, não recebem orientação e 
tratamento adequados, tornando-se subclínicos e mantendo-se como elos fundamentais na cadeia de 
transmissão dessas infecções. 
 
Se, por um lado, não é possível conhecer a real magnitude das IST, sabe-se que estas são o 
principal fator facilitador da transmissão sexual do HIV. As complicações causadas pelas IST nas 
mulheres incluem, além da Aids, a doença inflamatória pélvica (DIP), tendo como consequência a 
infertilidade, a dor crônica, a gravidez ectópica, podendo até causar a morte da mulher e o câncer de 
colo de útero. As complicações no recém-nascido incluem a sífilis congênita1, a prematuridade, as 
infecções por gonococo2, pela clamídia, como pneumonia, conjuntivite3, pelo HPV, como papiloma 
laríngeo4, pela hepatite B que leva a cirrose e câncer hepático ainda na infância5, a infecção por 
transmissão vertical do HIV e HTLV6, óbito fetal ou neonatal (BRASIL, 2011). 
 
No Brasil, a estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre infecções de 
transmissão sexual na população sexualmente ativa, a cada ano, demonstra maior incidência da 
clamídia, seguida pela gonorreia, sífilis, HPV e herpes genital ( http://www.aids.gov.br/pagina/dst-no-
brasil). 
 
26 
 
 
Uma gestão abrangente dos casos de IST deve contemplar, no mínimo, as seguintes 
componentes: diagnóstico correto; tratamento eficaz; educação em saúde e aconselhamento para a 
prevenção e redução de riscos de infecções, incluindo a infecção pelo HIV; fornecimento de 
preservativos e informações sobre seu uso correto e consistente; tratamento das parcerias sexuais; e 
notificação dos casos (LEWIS et al, 2007). 
 
Perfil epidemiológico das IST na Bahia (2010 a 2014) 
 
No período 2010 a 2014, notificaram-se 8.536 casos de Aids na Bahia, dos quais 3.299 (38,6%) 
foram em pessoas do sexo feminino. A razão média entre os sexos nesse período foi de 1,6 casos em 
homens para 1 caso em mulheres, semelhante à do Brasil. A taxa de incidência da Aids, indicador que 
representa o risco de adoecer por essa doença, apresentou média de 12,2 casos para cada 100 mil 
habitantes. O coeficiente de mortalidade médio no mesmo período foi 4,0 por 100 mil habitantes. Tanto 
a incidência como a mortalidade podem ser consideradas baixas se comparadas às médias do país no 
mesmo período (20,6 casos e 6,3 óbitos por 100 mil habitantes). 
 
Entre as mulheres,nesse período, a taxa de incidência Aids manteve-se estável, em média 9,3 
casos para cada 100 mil habitantes, com pico em 2010 (10,8 por 100 mil hab.) Em 2014, dados 
preliminares do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAM), indicaram incidência de 
6,5 casos para cada 100 mil habitantes. A incidência de Aids no sexo masculino mostrou-se mais 
elevada nesses anos, com média de 15,2 casos para cada 100 mil habitantes. 
 
Na Bahia, tanto em homens como em mulheres, a categoria de exposição mais frequente ao 
vírus HIV é a sexual, com predomínio da heterossexual. Entre mulheres, 100% dos casos de 
transmissão sexual foram por meio de relações heterossexuais. Vale considerar que entre os homens é 
relevante o percentual de casos nos quais a transmissão foi por meio de relações com outros homens 
(homo e bissexuais), em média 45%. 
 
Em 2013, foram identificadas 7.219 gestantes infectadas com o HIV no Brasil e dessas, 350 
(4,9%) eram residentes da Bahia. A taxa de detecção de gestantes com HIV no país apresentou aumento 
estatisticamente significante nos últimos dez anos. Na Bahia, nos últimos 5 anos (2011 a 2014), a taxa 
manteve-se estável, variou de 1,6 a 1,8 casos para cada 1.000 nascidos vivos. Esses dados indicam 
necessidade de manter investimento na descentralização do teste rápido para a rede da atenção básica 
e na oferta dessa tecnologia no pré-natal. As possibilidades de transmissão do vírus da mãe para o bebê 
são reduzidas se a infecção pelo HIV em gestantes for diagnosticada durante o pré-natal e as medidas 
profiláticas administradas oportunamente. 
 
A taxa de incidência de Aids em menores de 5 anos é referenciada pelo Departamento de DST, 
Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde como um indicador da transmissão vertical do HIV. No 
Brasil, a taxa de incidência média nos últimos 5 anos foi de 3,2 casos por 100 mil habitantes. Na Bahia, 
foram diagnosticados 107 casos de Aids em menores de 5 anos de 2010 a 2014. A taxa de incidência 
nessa faixa etária variou de 2,8 para 0,9 casos por 100 mil habitantes de 2010 a 2014. Ressalta-se que 
os dados de 2013 e 2014 são considerados preliminares. Ainda é precoce afirmar que está ocorrendo 
uma redução da taxa de incidência de aids por transmissão vertical, embora a vigilância epidemiológica 
tenha desenvolvido ações de grande relevância para diagnóstico de HIV e para intervenção oportuna 
em mulheres grávidas, com vistas a evitar novas infecções em crianças. 
 
A sífilis também é uma doença sexualmente transmissível de relevância na atenção à saúde da 
mulher, sobretudo no período gravídico, pois pode ser transmitida para o feto e por essa razão é 
 
27 
 
necessário repensar o cuidado e a atenção prestada às gestantes e suas parcerias no pré-natal, sugerindo 
que a efetividade das medidas preconizadas para interromper a transmissão da sífilis nas gestantes 
permanece como um desafio para o sistema de saúde. 
 
De 2010 a 2014, detectou-se 5.988 casos de sífilis em gestantes na Bahia. Observou-se 
incremento médio de 35% a cada ano. Em 2014, notificaram-se 2009 casos. A taxa de detecção 
aumentou mais de 3 vezes: variou de 2,8 para 9,9 casos por 1.000 nascidos vivos (NV). O aumento na 
detecção de casos de sífilis em gestante provavelmente é resultado da descentralização dos testes 
rápido e testagem em papel filtro para a rede da atenção básica, que facilitou o acesso ao diagnóstico 
e à intensificação da vigilância epidemiológica das DST/Aids no estado. 
 
O número de casos de sífilis congênita permanece elevado. Quanto à transmissão vertical da 
doença, registraram-se 3.644 casos novos de sífilis congênita (SC) em menores de 1 ano no mesmo 
período. A incidência variou de 1,9 para 5,4 casos por 1.000 NV. Observou-se aumento de 170% casos 
de 2010 a 2014 e incremento médio anual de 29%. Se não forem tomadas medidas intersetoriais 
eficientes, em 2020 ocorrerão mais de 5 mil casos de SC no estado. 
 
No período 2010 a 2014, foram confirmados 2.784 casos de hepatite B (HBV) na Bahia, dos 
quais 1.443 (51,83%) foram em pessoas do sexo feminino. Em 70% dos casos a fonte de infecção foi 
sexual, reforçando a necessidade de enfrentamento dessa doença como uma IST. A taxa de detecção 
acumulada do agravo foi de 23,24 por 100 mil habitantes, no mesmo período. Foram notificadas 493 
gestantes infectadas pelo HBV, na Bahia, nesse período. A transmissão vertical foi identificada em 37 
(2,59%) dos casos confirmados. Esta IST pode ser transmitida ao feto e tem uma probabilidade de 90% 
de cronificação em crianças menores de 5 anos, o que é injustificável diante da facilidade de acesso à 
medidas preventivas tais como a vacina e imunoglobulina, impeditivos para novos casos da doença. 
 
O HTLV também se apresenta como um problema de saúde pública. A cidade de Salvador 
apresenta a mais elevada prevalência de HTLV-I no Brasil. Esta prevalência é maior em mulheres, 
aumenta consideravelmente com a idade nos indivíduos com mais de 51 anos (8,4%), segundo Galvão-
Castro et al (2009), e é maior naqueles com baixa condição socioeconômica. 
 
O vírus linfotrópico de células T humanas do tipo I (HTLV I) é transmitido por via sexual, 
sanguínea e vertical, sendo esta principalmente através da amamentação (Bittencourt 1998). Cerca de 
5% dos portadores de HTLV I/II apresentarão quadros clínicos e estes podem ser: leucemia e linfoma 
de células T do adulto, paraparesia espástica tropical/mielopatia associada ao HTLV-I, uveíte, além de 
outros processos inflamatórios como artrite, poliomiosite, alveolite e dermatite (Oliveira et al. 2005). 
A interação do HTLV I/II e do HIV pode aumentar a transmissão vertical de ambos os vírus, além de 
favorecer a progressão para AIDS (Villaverde et al. 2011). As crianças que são portadoras dos dois 
vírus tem uma expectativa de vida curta, evoluindo com prognóstico reservado (Pedroso et al. 2011). 
 
Para corrigir a subnotificação de casos de aids no Sinan, e permitir um melhor conhecimento 
do cenário epidemiológico, o Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais (Ministério da Saúde) 
concedeu às unidades federadas base de dados do Sinan relacionada com o SIM (Sistema de 
Informações sobre Mortalidade), o Siscel (Sistema de Controle de Exames Laboratoriais) e o Siclom 
(Sistema de Controle Logístico de Medicamentos)1. 
 
 
1
Dados de Aids: 2010 a 2012: dados fornecidos pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde (Sinan + 
SIM + Siscel + Siclom). 2013 e 2014: Secretaria da Saúde da Bahia/Superintendência de Vigilância e Proteção à Saúde/Diretoria de 
Informação em Saúde (Sinan; atualização em 17/3/15) 
 Dados de sífilis: Sinan (atualização em 17/3/15); Dados de hepatite B: Sinannet (atualização em 23/04/15). 
 
28 
 
Capacidade do sistema público de saúde para atender às demandas nesta área 
 
Em 2007, foi lançado o Plano de Enfrentamento da Feminização da Epidemia de Aids e outras 
IST, se constituiu em uma das respostas contra a epidemia, incluindo um conjunto de ações que visa a 
combater as situações que vêm tornando a população feminina mais vulnerável ao HIV. Na Bahia foi 
instituído um grupo de trabalho para acompanhamento da implementação desse Plano. No mesmo ano, 
o governo federal lançou o Plano Nacional de Redução da Transmissão Vertical do HIV e da Sífilis 
Congênita, pactuando com estados e municípios metas para reduzir as taxas de transmissão vertical 
(da mãe para o bebê) do HIV e da sífilis congênita. 
 
A Bahia tem investido em medidas para melhoria da qualidade da atenção pré-natal, incentivo 
à captação precoce das gestantes, garantia de realização do número de consultas pré-natais (mínimo 
de 7), exame de VDRL no primeiro e terceiro trimestre da gestação (após realização de triagem pré-
natal), tratamento adequado dos casos, convocação de parcerias, realização de VDRL em internamento 
para tratamento deaborto, assistência ao parto, ou outras intercorrências durante o ciclo gravídico 
puerperal que necessitem de hospitalização. 
 
Em 2012, houve o credenciamento de laboratórios para a implantação do Programa Estadual 
de Triagem Pré-natal em papel-filtro para detecção das doenças no período gestacional: 1º trimestre 
(HIV I e II, Sífilis, Toxoplasmose, HTLV I e II, Hepatites B e C, Citomegalovírus e Doença Falciforme) 
e 3º trimestre (HIV I e II, Sífilis e Toxoplasmose). 
 
Além disto, tem ocorrido a capacitação de profissionais da atenção básica para a realização dos 
testes rápidos para diagnóstico do HIV e triagem da sífilis e hepatites B. Foram realizadas ainda 
capacitação dos profissionais das redes básica e especializada em IST/HIV/Aids/HV para o manejo 
adequado das IST/Aids, monitoramento das notificações das infecções em gestantes a fim de evitar a 
transmissão vertical, organização da rede de atenção, profilaxia pós exposição sexual e monitoramento 
e dispensação da vacina contra hepatite B e IGHAHB (imunoglobulina HB). 
 
Principais problemas identificados no estado na área da prevenção e controle das ITS/HIV/AIDS 
 
 Vulnerabilidade das mulheres às IST/HIV/AIDS, fomentada por fatores como as desigualdades de 
gênero e da violência a que estão sujeitas; 
 Elevada incidência de sífilis congênita (média de 3,5 por 1.000 NV de 2010 a 2014; 5,4 por 1.000 
NV em 2014), em relação à meta de eliminação da SC como um problema de saúde pública (menos 
de 0,5 caso por 1.000 NV); 
 Falhas na atenção pré-natal para diagnóstico e tratamento da sífilis: percentual significativo de 
gestantes com sífilis que foram tratadas com outro esquema (sem uso da penicilina) ou que o 
tratamento não foi realizado (média de 12% entre 2010-2014), e baixo percentual de parceiros 
tratados, o que favorece à reinfecção de gestantes com sífilis (média de 16% entre 2010 e 2014); 
 Diagnóstico tardio da infecção pelo HIV em gestantes (entre 2010 e 2014, em média, 
aproximadamente 20% dos casos notificados tiveram diagnóstico no parto ou após o parto); 
 Baixa adesão dos profissionais de saúde ao uso da penicilina benzatina na atenção básica para o 
tratamento da sífilis, bem como limitada observância dos protocolos para o manejo sindrômico das 
IST/HIV/AIDS; 
 Fornecimento insuficiente de insumos, principalmente em relação à prevenção e tratamento do 
HIV/Aids e demais IST; 
 Dificuldade de acesso às medidas preventivas, ao diagnóstico do HTLV I/II durante o pré-natal, e 
aos serviços para diagnóstico e tratamento da IST/HIV/AIDS. Baixo percentual de gestantes infectadas 
 
29 
 
pelo HIV com acesso à profilaxia antirretroviral durante o pré-natal (entre 2010 e 2014, em média, 
apenas 55% receberam a profilaxia); 
 Inexistência de programa definido referente ao HTLV para substituição do aleitamento materno 
por fórmula láctea; 
 Desarticulação dos serviços na atenção às mulheres com IST/HIV/AIDS (atenção básica e atenção 
especializada); 
 Subnotificação da sífilis em gestantes: entre 2010 e 2014, em média 70% dos casos estimados 
foram notificados; em 2010, notificaram-se apenas 35% dos estimados, já em 2014 os casos 
notificados ultrapassaram os estimados; 
 Fragilidade do sistema de vigilância epidemiológica (elevado percentual de informações ignoradas, 
inconsistências etc.). 
 
 
3.5. DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS (DNT) E CÂNCER EM MULHERES 
 
DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS 
 
Das 57 milhões de mortes que ocorreram no mundo em 2008, 36 milhões (63%) se deveram a 
doenças não transmissíveis. O crescimento da população e a maior longevidade estão conduzindo a 
um rápido aumento no número total de adultos de meia idade e mais velhos, e ao incremento da cifra 
de mortes por essas enfermidades. Assim, prevê-se que o número anual de mortes por enfermidades 
cardiovasculares aumente de 17 milhões em 2008 para 25 milhões em 2030 (WHO, 2011). 
 
Seguindo a tendência dos países desenvolvidos, o impacto das doenças crônicas não 
transmissíveis (DCNT) em muitos países em desenvolvimento cresce continuamente e, acompanhado 
da pobreza, aumenta suas dificuldades socioeconômicas. Estes custos ocorrem tanto de forma direta 
(custos relacionados a internações, medicamentos, tratamentos ambulatoriais), como custos indiretos 
(perda de produção associada a estas doenças, aposentadorias precoces, dentre outras). 
 
Mesmo com os enormes avanços no diagnóstico, entendimento dos mecanismos e tratamento, 
as doenças cardiovasculares (DCV) representam a principal causa de morbimortalidade em mulheres 
acima de 50 anos de idade, cujas manifestações clínicas (angina, infarto do miocárdio) se apresentam 
em média 10-15 anos mais tardiamente do que nos homens (COLDITZ et al, 1987 apud Sociedade 
Brasileira de Cardiologia e Cardiogeriatria, 2010). 
 
No Brasil, a hipertensão arterial sistêmica (HAS) e o diabetes mellitus (DM) são as principais 
causas de mortalidade, de hospitalizações, de procedimentos de alto custo do Sistema Único de Saúde 
(SUS), por grande parte de amputações de membros inferiores e por diálises (representam mais da 
metade do diagnóstico primário em pessoas com insuficiência renal crônica que são submetidas à 
diálise) e procedimentos cardiovasculares. Essas taxas tendem a se elevar nos próximos anos, não só 
pelo crescimento e envelhecimento da população, mas, sobretudo, pela persistência de hábitos de 
alimentação inadequados, sedentarismo, obesidade, além do tabagismo (OPAS, 2010; BRASIL, 
2006a). 
 
Problemas de saúde como a HAS e DM, que demandam atendimento na atenção básica (AB), 
são em geral pouco estruturados, estão relacionados com o modo de viver das comunidades e não 
respondem favoravelmente somente à oferta de consultas médicas, exames de apoio diagnóstico e 
medicamentos. Para enfrentar e resolver estes problemas as equipes de saúde devem trabalhar de 
maneira interdisciplinar, utilizando uma clínica ampliada e a regulação com a atenção especializada e 
 
30 
 
os serviços de urgência e emergência, criar um campo compartilhado que contribua para melhorar o 
quadro de morbimortalidade e a qualidade de vida da população (OPAS, 2010). 
 
Dos cerca de 17 milhões de portadores de hipertensão arterial no Brasil, 5.950.000 (35%) 
correspondem à população com 40 anos e mais. Seu aparecimento, contudo, está cada vez mais precoce 
e estima-se que cerca de 4% das crianças e adolescentes também sejam portadoras deste problema. Por 
ser na maior parte do seu curso assintomática, seu diagnóstico e tratamento são frequentemente 
negligenciados, a despeito dos diversos protocolos e recomendações existentes e do maior acesso a 
medicamentos. A principal relevância da identificação e controle da HAS reside na redução das suas 
complicações, tais como: doença cerebrovascular, doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, 
doença renal crônica e doença arterial periférica (BRASIL, 2006a). 
 
A HAS é um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento de doenças 
cardiovasculares, cerebrovasculares e renais, sendo responsável por pelo menos 40% das mortes por 
acidente vascular cerebral, por 25% das mortes por doença arterial coronariana e, em combinação com 
o diabetes, 50% dos casos de insuficiência renal terminal (BRASIL, 2006 a). Na Bahia, em 2012 houve 
cerca de 6 mil mortes de mulheres decorrentes de causas circulatórias (SESAB/SUVISA/DIS-SIM, 
2013). 
 
Existem dificuldades para estratificação de risco cardiovascular em mulheres, mas geralmente 
é alto pelo período de vida inteiro, onde uma em cada duas mulheres está propensa a ter um evento 
cardiovascular, e um percentual elevado de mulheres tem um evento cardíaco, mesmo sendo 
classificadas como de baixo ou intermediário risco (COLDITZ et al, 1987; EAKER et al, 1993 apud 
Sociedade Brasileira de Cardiologia e Cardiogeriatria, 2010). 
 
O diagnóstico da DAC em mulheres apresenta maiores dificuldades do que em homens. A

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