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Ed direito do esquecimento

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Ed – “O direito ao esquecimento e sua implicação nos direitos da personalidade”
Introdução - 
Direito ao esquecimento surge de uma discussão muito recente em razão as mídias sociais, discute se a pessoa tem o direito de algum momento poder esquecer fatos do seu passado. Há uma contraposição entre direito à intimidade e o direito à informação, ou seja, o direito da imprensa cobrir fato da vida da pessoa e o direito dela de em algum momento ter esses fatos esquecidos. 
A ideia por trás do instituto é que a passagem do tempo diminuiria o interesse jornalístico. Com o tempo deveria preponderar a proteção à intimidade e a imagem. Essa discussão surgiu no direito europeu, mas foi incorporada no Brasil na VI jornada de Direito Civil, no enunciado 531. Segundo esse enunciado, a tutela da dignidade da pessoa humana implica no direito ao esquecimento. Essa doutrina cita como amparo o art 11/CC, apontando o direito ao esquecimento como direito inerente ao direito à personalidade e direito à imagem. A 4• turma do STj já adotou essa teoria em dois precedentes. O primeiro precedente era uma reportagem sobre o caso de estupro ocorrido em 1958. Uma reportagem jornalística voltou a falar desse crime. Nesse caso, se entendeu que os familiares teriam direito ao esquecimento, ou seja, não seriam associados a um crime do qual um familiar foi vítima a décadas.
O segundo precedente ocorreu no caso da chacina da candelária. Uma pessoa que foi inocentada do crime foi citada numa reportagem sobre a Chacina da candelária, associada com outras pessoas que foram condenadas. Nesse caso, se entendeu que aquela pessoa que já foi inocentada tinha o direito de ser esquecida. Isso não quer dizer que a imprensa não possa relembrar o fato, mas ela não deve ficar associando a determinadas pessoas por décadas a fio.
Uma crítica que se faz a essa teoria é que isso fere a liberdade de imprensa, ou seja, que seria uma espécie de censura. Nos dois casos, o STJ deixou a reportagem ir para o ar. Não houve censura à reportagem em si, o STJ garantiu foi tão somente o direito de indenização.
 Resenha 
O mundo contemporâneo vive a era da informação. Os direitos de personalidade associados à intimidade e à privacidade individual assumem nova dimensão na sociedade da informação digital, em detrimento do direito de informação e das liberdades comunicativas. Nesse contexto está inserido o direito ao esquecimento. Tal direito preconiza, em suma, que os atos praticados no passado não podem ecoar para sempre: as pessoas têm o direito de serem esquecidas pela opinião pública e pela imprensa. No Brasil, o tema ganhou vigor recentemente, a partir da manifestação do STJ em dois casos. Todavia, o reconhecimento do direito ao esquecimento tem grave impacto sobre as liberdades comunicativas. Nos termos formulados pelo STJ, ele não é compatível com a Constituição Federal de 1988, em face das evidentes ameaças que encerra às liberdades comunicativas, à História e à memória coletiva. Contudo, há um espaço legítimo para o seu reconhecimento no campo da proteção dos dados pessoais despidos de interesse público.
Abordagem do tema:
· Informativo 527 – Conceito do direito do esquecimento segundo o Ministro do STF no informativo 527, é a possibilidade de se impedir a divulgação de informações que apesar de verídicas cause prejuízo em determinada pessoa. A origem desse instituto tem origem no ano de 1931 num julgamento pelo tribunal da Califórnia nos EUA em que ficou definido que uma ex prostituta que havia constituído família abandonado a vida que levava tinha o direito ao esquecimento de alguém em relação ao seu passado que fatos do seu passado ela gostaria de esquecer. Quando ela ainda era prostituta, a mesma se viu envolvida em um homicídio mas o caso foi esclarecido e foi inocentada. Passou-se um tempo e ela constituiu família e justamente o marido foi quem pleiteou na corte o direito que sua mulher tinha de esquecer os fatos e que a comunidade não viesse ficar sabendo do ocorrido e um filme estava para ser publicado sobre aquele a comicidade bem como citando o nome e profissão da mulher na época. A corte decidiu que os fatos seriam esquecidos e o filme foi impedido de ser divulgado.
· O direito ao esquecimento no Brasil: foi publicado o enunciado 531 da 6ª Jornada de Direito Civil que fala expressamente o nome desse instituto, posteriormente a isso no ano de 2013, na mesma tarde o STJ julgou dois casos envolvendo o direito ao esquecimento, um pela possibilidade e o outro pela impossibilidade.
O 1º caso é o da Chacina da candelária “ gera dano moral a veiculação de programa televisivo sobre fatos há longa data com ostensiva identificação de pessoa que tenha sido investigada, denunciada e posteriormente inocentada.” No caso era um policial civil que teria sido envolvido de forma equivocada da mesma forma que a prostituta. O policial foi preso e posteriormente foi inocentado. Um programa trouxe à tona esses fatos exibindo nome e fotos da pessoa que já havia sido inocentada, por um erro do programa que não soube fazer a pesquisa completa para saber que a pessoa que foi exposta havia sido inocentada. O Ministro comenta” que o STJ está julgando, criando uma tese a partir de hoje em relação ao direito do esquecimento é em relação a rede de televisão, nós não estamos tratando de internet.” 
 Analisando essas situações o STJ entendeu que o dano fixado no valor de 50 mil reais era razoável e deveria continuar assim em relação ao policial que foi inocentado, mas se viu envolvido num programa de televisão, tendo que reviver tudo que já havia ocorrido.
O segundo caso de relação ao direito do esquecimento, Aida Curi foi uma jovem assassinada no ano de 1958, ela foi estuprada num alto de um prédio e os estuprados tentando simular um suicídio de Aída eles a jogaram do prédio. Houve uma grande repercussão no Brasil inteiro, tanto que o primeiro juiz que julgou o caso disse que uma simples busca pelo nome de Aída na internet havia varias sites falando sobre o caso, os irmãos de Aída buscaram o direito ao esquecimento quando o caso também foi explorado por um programa de televisão, o pedido foi julgado como improcedente porque o STJ entendeu que apesar do informativo constar que a improcedência do pedido em relação ao direito do esquecimento foi devido a exibição de uma única foto de Aída. O direito ao esquecimento não foi deferido nesta caso devido ao lapso temporal que havia passado entre a morte da vitima e a exposição do programa, o Ministro ainda se refere quando estava negando o pedido dos irmão da vitima “ relembrar o fato trágico a morte de Aída a depender do tempo transcorrido embora possa gerar um desconforto não causa o mesmo abalo de antes.”
	
CONTEXTUALIZAÇÃO E CONCEITO:
É atual e relevante o debate acerca da teoria do direito ao esquecimento não só no Brasil, mas em diversos ordenamentos jurídicos, caracterizando-se como um tema que causa grande repercussão, o que ocorre, inclusive, pelo fato de não estar positivado em nenhum ordenamento vigente, causando, assim, grandes confusões e embates quando se propõe sua aplicação.
A doutrina trata o caso Lebach como o marco de aplicação da referida teoria, uma vez que o Tribunal Constitucional Federal alemão optou claramente por proteger o direito do autor de ser esquecido em relação ao crime praticado. Por sua importância, transcreve-se a ementa do julgado:
1. Uma instituição de Rádio ou Televisão pode se valer, em princípio, em face de cada programa, primeiramente da proteção do Art. 5 I 2 GG. A liberdade de radiodifusão abrange tanto a seleção do conteúdo apresentado como também a decisão sobre o tipo e o modo da apresentação, incluindo a forma escolhida de programa. Só quando a liberdade de radiodifusão colidir com outros bens jurídicos pode importar o interesse perseguido pelo programa concreto, o tipo e o modo de configuração e o efeito atingido ou previsto. 2. As normas dos §§ 22, 23 da Lei da Propriedade Intelectual-Artística (Kunsturhebergesetz) oferecem espaço suficiente para uma ponderação de interessesque leve em consideração a eficácia horizontal (Ausstrahlungswirkung) da liberdade de radiodifusão segundo o Art. 5 I 2 GG, de um lado, e a proteção à personalidade segundo o Art. 2 I c. c. Art. 5 I 2 GG, do outro. Aqui não se pode outorgar a nenhum dos dois valores constitucionais, em princípio, a prevalência [absoluta] sobre o outro. No caso particular, a intensidade da intervenção no âmbito da personalidade deve ser ponderada com o interesse de informação da população. 
3. Em face do noticiário atual sobre delitos graves, o interesse de informação da população merece em geral prevalência sobre o direito de personalidade do criminoso. Porém, deve ser observado, além do respeito à mais íntima e intangível área da vida, o princípio da proporcionalidade: Segundo este, a informação do nome, foto ou outra identificação do criminoso nem sempre é permitida. A proteção constitucional da personalidade, porém, não admite que a televisão se ocupe com a pessoa do criminoso e sua vida privada por tempo ilimitado e além da notícia atual, p.ex. na forma de um documentário. Um noticiário posterior será, de qualquer forma, inadmissível se ele tiver o condão, em face da informação atual, de provocar um prejuízo considerável novo ou adicional à pessoa do criminoso, especialmente se ameaçar sua reintegração à sociedade (ressocialização).
O direito ao esquecimento pode ser compreendido como o direito que uma pessoa possui de não permitir que um fato, ainda que verídico, ocorrido em determinado momento de sua vida, seja exposto ao público em geral, causando-lhe sofrimento ou transtornos.
É importante assentar que o exercício do direito ao esquecimento não confere a ninguém a liberdade de apagar fatos ou reescrever a própria história, mas assegura a possibilidade de discutir o uso que é feito dos fatos pretéritos, mais especificamente o modo e a finalidade com que são lembrados.
Visualiza-se, pois, que o objetivo principal do direito ao esquecimento é a compreensão do alcance e limite temporal que as informações sobre um indivíduo possuem, sendo analisado de acordo com as peculiaridades do caso em questão. Até que ponto ainda podem ser veiculadas tais informações sem que deem margem à responsabilização no âmbito cível¿
A celeuma possui assento constitucional e legal, considerando que é uma conseqüência do direito à vida privada (privacidade), intimidade e honra, assegurados pelo artigo 5.º, inciso X, da Constituição Federal e pelo artigo 21 do Código Civil.
O reconhecimento do direito ao esquecimento também causa confronto entre a liberdade de informação e os direitos da personalidade, como será visto mais adiante.
Conclusão
Bibliografia 
· https://www.youtube.com/watch?v=w9jF5TXv_ck
julgamentos do Informativo 527/STJ sobre esse tema: REsp 1.335.153-RJ e REsp 1.334.097-RJ.
MORAES, Maria Celina Bodin de; KONDER, Carlos Nelson. Dilemas de Direito Civil-Constitucional:casos e decisões. Rio de Janeiro, 2012, p. 292.
NOLETO, Mauro. O caso Lebach: o sopesamento. Disponível em: http://constitucional1.blogspot.com.br/2008/11/o-caso-lebach-o-sopesamento.html. Acesso em 15 de fevereiro de 2016.
DIZER O DIREITO. O direito ao esquecimento. Disponível em:HTTP://dizerodireito.com.br/2013/11/direito-ao-esquecimento.html. Acesso em: 02 de maio de 2016.
PEREIRA, Nayara Toscano de Brito. Direito ao esquecimento: o exercício de (re)pensar o direito na sociedade da informação contemporânea e as peculiaridades do debate entre o direito civil e a constituição.

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