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TEORIA E CRÍTICA PÓS- COLONIALISTA Thomas Bonnici O DISCURSO E O PODER DE FOUCAULT E SAID FOUCAULT ◦“[...] o discurso está inerente a todas as práticas e instituições culturais e necessita da agência (autonomia) dos indivíduos para poder ser feito” (p. 257). ◦‘[...] Os indivíduos não pensam nem falam sem obedecer aos arquivos (inconsciente positivo da cultura/pensamento) de regras e restrições sociais, especialmente ao sistema educacional, o qual define o que é racional e acadêmico” (p. 258). ◦ Distanciamento ◦ ◦Foucault tenta descobrir as regras do discurso de um período específico e relacioná-las à análise do conhecimento e do poder. O discurso é historizado e a história contextualizada. Ele considera a história em termos de uma luta sincrônica do poder. Para ele o poder não é necessariamente algo repressivo, mas uma força produtiva que une as diferentes forças da sociedade. Nenhum acontecimento nasce de uma causa única, mas é o produto de uma vasta rede de significantes e de poder. [...] De fato, na política, nas artes e na ciência o poder se constrói através do discurso e, portanto, a pretensão de que haja objetividade nos discursos e falsa, havendo, então, apenas discursos mais poderosos e menos poderosos. (p. 258). ◦“Para Foucault, o saber é o produto de um discurso específico que o formulou, sem nenhuma validade fora disso. As "verdades" das ciências derivam do discurso ou da linguagem. [...] É saber porque o discurso é tão poderoso que nos faz acreditar que seja saber. O saber, portanto, e produzido pelo poder” (p. 258). ◦Linguagem: centro do poder social e das práticas sociais ◦Discurso: Lugar de conflito - Resistência EDWARD SAID ◦Orientalismo (1978) Teoria dos discursos ◦Desconstrução da imagem do Oriente no mundo ocidental; ◦ Construção do Oriente por meio de romances; ◦“[...] subverte os pressupostos de uma objetividade espúria que sustenta Ocidente, a unicidade de sua cultura e de seu ponto de vista” (p. 259). HISTÓRIA DO PÓS- COLONIALISMO ◦Iniciou-se o século XX com um triste panorama composto (1) por dezenas de povos e nações submetidos ao colonialismo europeu, (2) por milhões de negros, descendentes de escravos, especialmente nos Estados Unidos e na África do Sul, discriminados em seus direitos fundamentais, (3) pela metade feminina da população mundial vivendo num contexto patriarcal, (4) pelo poder político e econômico nas mãos da raça branca, cristã e rica em países industrializados. Apesar dessa imagem sombria, um dos fatores mais característicos do século XX foi a nítida consciência da subjetividade político cultural e da resistência de povos e nações contra qualquer tentativa para manter a objetificação ou iniciar uma nova modalidade de dependência. (p. 260) ◦Renascimento do Halem (séc. 20 e 30): Nova York ◦Négritude (séc. 30): vários países africanos ◦Movimentos pós-independência ◦Pós-Segunda Guerra Mundial: Literatura escrita por nativos – com problematização. ◦Commonwealth Literature (Literatura da comunidade das ex-colônias britânicas) ◦Literaturas em Inglês... COLONIALISMO ◦[...] o termo colonialismo caracteriza o modo peculiar como aconteceu a exploração cultural durante os últimos 500 anos causada pela expansão europeia. Distinguem-se o imperialismo mediterrâneo da Antiguidade e o colonialismo pós-Renascimento” (p. 262). ◦Colonizador X Colonizado = diferenças; ◦Fator “raça”: justificativas da colonização; ◦Doutrina Darwinista; Situação do colonizado: Fantoche: aceita as ideologias do colonizados Mímica e Paródia: resistência e subversão ◦Patriarcalismo: Ação civilizadora. Tutelagem paternal violência e degradação ◦Exclusividade sexista: Detentor de todos os privilégios ◦Estigma da inferioridade cultural e do racismo ◦Colonos degenerados: Tipicidade nacional – traços nativos/hibridismo SUJEITO E OBJETO ◦“[...] A opressão, o silêncio e a repressão das sociedades pós-coloniais decorrem de uma ideologia de sujeito e de objeto mantida pelos colonizadores. Nas sociedades pós-coloniais, o sujeito e o objeto pertencem a uma hierarquia em que o oprimido e fixado pela superioridade moral do dominador” (p. 265) ◦Colonizador X Colonizado ◦(poderoso, civilizado...) (sem roupa, religião, lar, tecnologia) ◦Dialética do Sujeito (Agente) X Objeto (O outro, subalterno) ◦SUBALTERNO: “[...] Gramsci (1891-1937), refere-se a pessoas na sociedade que são o objeto da hegemonia das classes dominantes. As classes subalternas podem ser compostas por colonizados, trabalhadores rurais, operários e outros grupos aos quais o acesso ao poder e vedado. ◦ SPIVAK (1987): WORLDING: é a maneira pela qual a colônia começou a existir como parte do mundo eurocêntrico. 1) É a inscrição do discurso imperial sobre o espaço colonizado. 2) “Passeio” do europeu pelo país colonizado. 3) Degradação sistemática do nativo. estereótipos COLONIALISMO E FEMINISMO ◦“Uma mulher da colônia é uma metáfora da mulher como colônia” (Du Plessis) ◦“O objetivo dos estudos pós-coloniais e do feminismo, nesse sentido, é a integração da mulher marginalizada à sociedade”. (p. 267) “[...] Efetivamente, a dupla colonização causou a objetificação da mulher pela problemática da classe e da raça, da repetição de contos de fada europeus e da legislação falocêntrica apoiada por potencias ocidentais. Entre outras, a mais eficaz estratégia de descolonização feminina concentra- se no uso da linguagem e da experimentação linguística” (p. 267). Ex: A república dos sonhos, de Nélida Piñon O QUE É A LITERATURA PÓS-COLONIAL ◦“[...] podemos definir a literatura pós-colonial como toda a literatura, inserida no contexto de cultura "afetada pelo processo imperial, desde o primeiro momenta da colonização europeia até o presente " (ASHCROFT et a/., 1991, p. 2). A crítica pós-colonial, portanto, abrange a cultura e a literatura, ocupando-se de perscrutá-las durante e após a dominação imperial europeia, de modo a desnudar seus efeitos sobre as literaturas contemporâneas” (p. 267). EMERGÊNCIA E O DESENVOLVIMENTO DE LITERATURAS PÓS-COLONIAIS DEPENDEM DOS SEGUINTES FATORES: 1) A progressão gradual da conscientização nacional; -)Representantes do poder colonial; -)Textos literários escritos sob supervisão imperial. 1) A convicção de serem diferentes da literatura do centro. -)Aparecem primeiros textos com certo grau de diferenciação; -)Total ruptura com os padrões europeus; -)Resistência por meio da linguagem: paródia e sátira. QUESTIONANDO O CÂNONE LITERÁRIO ◦ Questionamentos sobre a representação dos subalternos nos textos e na produção/crítica; ◦Questiona como a releitura é realizada; ◦Os pós-modernistas dilatam a abrangência do cânone; ◦A necessidade de investigar o critério de excelência literária dos textos que foram escolhidos; ◦Meio de difusão das obras: EF, vestibulares, currículo dos cursos de Letras... A RELEITURA ◦“A releitura é uma estratégia para ler textos literários ou não-literários e, dessa maneira, garimpar suas implicações imperialistas e trazer à tona o processo colonial. A releitura do texto faz emergir as nuanças coloniais que ele mesmo esconde” (p. 269). “A reinterpretação é, portanto, uma maneira de reler os textos oriundos das culturas da metrópole e da colônia para focalizar os efeitos incisivos da colonização sobre a produção literária, relatos étnicos, registros históricos, discursos científicos e anais dos administradores coloniais. A releitura e a desconstrução das obras dos colonizadores, de nativos a serviço dos colonizadores e de escritores nacionais. Demonstra como o texto e contradit6rio em seus pressupostos de raça, civilização, justiça, religião. Poe em evidencia a ideologia do colonizador e o processo da colonização” (p. 270). A REESCRITA ◦Mais frequentes nas literaturas de língua inglesa; ◦Faz parte do contradiscurso (Periferia XCentro). ◦Sobre a seleção de textos: “[...] A seleção gira em torno de certos textos particularmente preeminentes e simbólicos que o discurso dominante irradiava para impor sua ideologia. A reescrita tem por finalidade a quebra da ocultação da hegemonia canônica e o questionamento dos vários temas, enfoques, pontos de vista da obra literária em questão, os quais reformavam a mentalidade colonial. Logicamente, a reescrita desemboca na subversão dos textos canônicos e na reinscrição dentro do processo subversivo” (p. 271). A Tempestade, de Shakespeare Jane Eyre, de Charlotte Bronte Robinson Crusoe, de Daniel Defoe FINALIDADE DA REESCRITA 1) A substituição de textos; 2) A conscientização das instituições acadêmicas; 3) A relistagem da hierarquia dos textos; 4) A reconstrução dos textos canônicos através de leituras alternativas. A DESCOLONIZAÇÃO “O deslocamento do cânone literário, a releitura e a reescrita fazem parte de um programa geral de descolonização. A descolonização e o processo de desmascaramento e demolição do poder colonial em todos os seus aspectos. [...] a descolonização é um processo complexo e contínuo e não ocorre automaticamente após a independência política. Após a independência política das colônias, há resquícios poderosos, sempre latentes, das forças culturais e institucionais que sustentavam o poder colonial” (p. 271). ◦ ATITUDES PARA FINS DE DESCOLONIZAÇÃO DA MENTE 1)O fomento das línguas nativas; 2)A relativização das línguas europeias; 3)A democratização da cultura; 4)A recuperação cultural e literária. COMO DESCOLONIZAR A LITERATURA? - Teorizar extensivamente a problemática do poder e do estado pós-independência. “[...] A literatura descolonizada passa a se r polifônica em lugar de monocêntrica, híbrida no lugar de pura, carnavalesca em lugar de persuasiva. Caracteriza-se pela narrativa fragmentaria, pelos incidentes duplicantes, pelos comentários metaficcionais, pela cronologia interrompida, pelos gêneros mistos” (p. 273-274). FANON: “O escritor da colênia deve usar o passado para abrir espaço ao futuro, como um convite à ação e como a base para a esperança. [...]” ALÉM DO PÓS- COLONIALISMO “[...] a teoria pós-colonial vai além de uma mera releitura para a recuperação histórico- literária retirada de textos canônicos ou não; tampouco é um relato de culpabilidades, acusações e lamúrias sobre o sofrimento havido e sobre a perda cultural irreparável. Estratégias de camuflagem e máscaras “RAÇA” E RACISMO ◦Conceito de raça superior é um constructo. ◦O termo “raça” possui uma forte carda de preconceito. ◦Surgimento da literatura negra coincide com a criação da literatura pós-colonial. ◦Reino Unido: Séc. XX: o locus apropriado para a recuperação da voz do ez-colonizado, banimento do racismo e a negociação na diversidade cultural. ◦Brasil: Resgate das obras de autores afro- brasileiros. DIÁPORA “A diáspora (do grego, dia = longe, distante, e speireill = espalhar) é o deslocamento livre ou forçado de populações fora de seu pais para novas regiões” (p. 277). “As características da diáspora são (1) a dispersão de um "centro" original para uma região distante; (2) a retenção de memória e mitos coletivos sobre a "pátria"; (3) a crença que a população diaspórica jamais se inseriria completamente no país hóspede, produzindo ou um isolamento mental ou um gueto geográfico; (4) a idealização do “lar" de seus antepassados; (5) a crença que todos os descendentes manteriam certa ligação com a pátria original; (6) uma mentalidade étnica baseada na identidade e na história e no futuro comum (SAFRAN, 1991)” (p. 278) “A identidade do sujeito diaspórico amarra-se a identidade nacional ou a consciência nacional, descritas como "comunidades imaginadas" por Anderson (1983). A nação sempre e concebida como uma camaradagem horizontal profunda onde os indivíduos sabem que são, ao mesmo tempo , iguais e diferentes. Todavia, a partir da perspectiva diasp6rica, pode-se dizer que as condições translocais formam zonas de conflitos e sujeitos fragmentados. Como consequência, o sujeito diaspórico se liberta da posição étnica fixa e da ideia de um mito fundador e assume possibilidades novas e mais abertas ao outro” (p. 279). MULTICULTURALISMO “O termo "multiculturalismo" descreve o conjunto das diferenças culturais nas sociedades contemporâneas. Define-se como o reconhecimento da diferença e o direito a diferença, colocando em questão 0 tipo de tratamento que as identidades tiveram e ainda tem nas democracias tradicionais. o termo "multiculturalismo" no contexto de um mundo globalizado pode assumir tantas facetas semânticas e tantas utilidades filosóficas e políticas que muitas vezes se torna uma palavra tão equívoca que seu uso põe o conceito em risco” (p. 280). CONTRIBUIÇÕES DO MULTICULTURALISMO “[...] Embora os problemas do multiculturalismo não tenham uma solução definitiva , a ficção pós-colonial , especialmente aquela em que o multiculturalismo está em evidência, contribuirá para denunciar o aprofundamento da marginalização das culturas não-brancas e, portanto, a falácia exacerbante da equação multiculturalismo- assimilação, além de criar símbolos referentes à legitimidade da identidade e da pertença de todas as culturas” (p. 283). Slide 1 O DISCURSO E O PODER DE FOUCAULT E SAID FOUCAULT Slide 4 Slide 5 EDWARD SAID Slide 7 HISTÓRIA DO PÓS-COLONIALISMO Slide 9 Slide 10 Slide 11 COLONIALISMO Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 SUJEITO E OBJETO Slide 18 Slide 19 Slide 20 COLONIALISMO E FEMINISMO Slide 22 Slide 23 Slide 24 O QUE É A LITERATURA PÓS-COLONIAL Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 QUESTIONANDO O CÂNONE LITERÁRIO Slide 31 A RELEITURA Slide 33 Slide 34 A REESCRITA Slide 36 A Tempestade, de Shakespeare Slide 38 FINALIDADE DA REESCRITA A DESCOLONIZAÇÃO Slide 41 Slide 42 Slide 43 Slide 44 Slide 45 ALÉM DO PÓS-COLONIALISMO Slide 47 “RAÇA” E RACISMO Slide 49 Slide 50 Slide 51 DIÁPORA Slide 53 Slide 54 Slide 55 Slide 56 MULTICULTURALISMO Slide 58 Slide 59 Slide 60 CONTRIBUIÇÕES DO MULTICULTURALISMO
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