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ANTIPROTOZOÁRIOS Seletividade é mais fácil, pois os microrganismos, normalmente são diferentes das nossas células, por isso a toxicidade é menor, mas ela existe. Essa toxicidade vai estar relacionada aos receptores microbianos, já que alguns deles podem ser semelhantes a estruturas da nossa célula. 1. MALÁRIA ● Pode ser causada por algumas espécies de plasmodium. ● Mosquito do gênero anofilx. ● Ciclo de vida: No fígado, os esporozoítos formam os esquizontes teciduais; Hepatócitos liberam merozoitos na corrente sanguínea, que entram nas hemácias, formando os esquizontes sanguíneos. Quando temos a lise dos eritrócitos, ocorre a febre. É importante, para a farmacologia, saber que há várias formas do parasita que podem existir e os fármacos podem atuar sobre elas. Além disso, existem duas espécie que são capazes de ficar latente (na forma de hipnozoitos) no fígado, o plasmodium vivax e o ovale. ● LOCAIS DE AÇÃO DOS ANTIMALÁRICOS: A. fármacos que atuam no local eritrocitário, são usados para tratar a crise aguda, que acontece quando os eritrócitos são infectados por merozoitos. Nesse caso, nós temos os esquizontes sanguíneos, por isso, os fármacos que atuam nesse local são chamados de agentes esquizonticidas sanguíneos. B. fármacos atuam sobre as formas latentes de hipnozoitos, eles precisam destruir não só os parasitas no sangue, mas também aqueles que estão armazenados no fígado, por isso eles fazem a chamada cura radical. Não são todos os fármacos que conseguem atuar sobre esses hipnozoitos. C. fármacos usados na profixalia, eles bloqueiam a ligação entre a fase hepática e a fase eretrocitica. Assim, eles vão atuar sobre os merozoítos, realizando a quimioprofilaxia, pois se não há a infecção do eritrócito, não ocorrerá a lise dele, portanto não teremos a fase aguda da doença. D. fármacos que bloqueiam a transmissão da doença, uma vez que impedem que o mosquito, ao picar o hospedeiro infectado, torne-se infectado. Assim, o fármaco vai agir sobre os gametócitos. o Assim, os antimaláricos podem atuar sobre 4 vias importantes: o Agentes esquizonticidas sanguíneos: Atua sobre as formas eritrocíticas do plasmódio; São capazes de curar a doença quando não existe o estágio hepático de hipnozoitos (estágio exoeritrocítico); o Agentes esquizonticidas teciduais: Erradicação dos parasitas do fígados; Usados para a cura radical da doença; Alguns podem eliminar também os gametócitos, o que vai diminuir a disseminação da infecção. o SOBRE OS FÁRMACOS: CLOROQUINA: Atua sobre o metabolismo do heme; Os plasmódios não conseguem sintetizar aminoácidos de novo, logo, eles vao obter esses aminoácidos a partir da hemoglobina. Assim, eles vão, dentro dos seus vacúolos digestivos, degradar a hemoglobina, para obter os aa que eles precisam. Esses aminoácidos que vão sendo liberados saem desses vacúolos por meio de uma proteína chamada PfCRT, e após liberados, podem ser usados pelo parasita. Porém, quando a hemoglobina vai sendo degradada, ela libera, além dos aa, um metabólito tóxico, chamado de ferriproporfirina IX (heme). Para que essa ferriproporfirina não seja tóxica ao parasita, ele precisa polimerizar ela, formando, assim, a hemozoina (heme polimerizada), que não é toxica ao parasita. A cloroquina entra livremente no vacúolo digestivo, quando isso acontece, ela é protonada e fica aprisionada dentro desse vacúolo. Assim, ela irá inibir enzimas heme-polimerases, isso é, enzimas que polimerizam o heme. Por conta disso, há o acumulo do heme, que é tóxico ao parasita, o que vai promover lesão oxidativa da membrana. Mecanismo de resistência a cloroquina: existe plasmódios que desenvolveram uma mutação na proteína PfCRT, de forma que ela se torne capaz de bombear a cloroquina para fora do vacúolo; ou seja, ocorre o efluxo do fármaco. Assim, não teremos fármaco para inibir a polimerização do heme. QUININA E QUINIDINA: Quinidina é o isômero óptico da quinina, tendo os mesmos mecanismos de ação. Também vão atuar sobre o heme, inibindo o processo de polimerização, o que causa uma toxicidade ao parasita – mecanismos idêntico ao da cloroquina. Contudo, além disso, a quinina e quinidina podem se intercalar ao DNA, afetando o processo de transcrição, tradução; isso causará uma inibição da replicação do parasita. São esquizonticidas sanguíneos efetivos, isto é, atuam sobre a forma aguda da doença. MEFLOQUINA: Seus mecanismos de ação não são totalmente compreendidos, mas é provável que ela atue impedindo a polimerização do heme. ARTEMISININA: Devido a resistência do plasmódio aos outros antimaláricos, os derivados da artemisinina são hoje muito usados. Quando a artemisinina é administrada, ela sofre uma ativação pela ação do ferro (livre ou ligado a heme); essa ativação resulta na formação de radical livre, que começa uma série de reações em macromoléculas que são importantes, como proteínas ou até mesmo o próprio heme. Isso faz com que ocorra a inibição da função de proteínas que são importantes para o parasita. Esses fármacos também são capazes de atuar sobre os gametócitos, diminuindo a transmissão da doença. Como são fármacos muito eficientes, existe uma preocupação sobre a geração de resistência. Por isso, para reduzir esse risco de resistência e pelo fato deles terem uma meia vida curta, recomenda-se que eles não sejam utilizados como monoterapia; ou seja, ele deve ser utilizados associado a outros fármacos, isso é chamado de TCA (terapia combinada com artenisinina). Artemisinina + fármaco de meia vida mais longa. PRIMAQUINA: Terá sua atuação sobre a cadeia de transporte de elétrons. Na cadeia de transporte de elétrons dos plasmódios, eles conseguem regenerar uma enzima chamada DHOD (di-hidro-orotato desidrogenase), importante para a conversão do di-hidro-oratato em orotato, ou seja, importante para a síntese de nucleotídeos de pirimidinas. Assim, essa enzima é regenerada pela ubiquinona. Assim, se tivermos fármacos que impedem essa regeneração, não teremos a formação de pirimidinas, pois não termos substratos para fazer essa síntese. E, se não há pirimidina, teremos problemas na formação do DNA. O fármaco primaquina gera um metabólito chamado quinona, que vai interferir com a funcionalidade da ubiquinona, afetando todo o funcionamento da cadeia de transporte de elétrons dos plasmócitos. Podendo até causa lesão oxidativa nas mitocôndrias dos plasmócitos. Esse fármaco é capaz de atuar sobre as formas hepáticas latentes (hipnozoitos), logo, eles podem ser utilizados para cura radical. Um detalhe importante é que antes da administração da primaquina, deve ser avaliado a atividade da G6PD (glicose-6-fosfato-desidrogenase), que é uma enzima que participa da regeneração da glutationa (anti-oxidante), ou seja, protege os eritrócitos do estresse oxidativo. Ou seja, se o paciente tem uma deficiência da G6PD, os seus eritrócitos não são protegidos do estresse oxidativo, causando a hemólise dos seus eritrócitos. Contra-indicada em gestantes, pois pode ter efeito teratogênico. ATOVAQUONA: É um análogo da uniquinona. Age sobre a cadeia de transporte de elétrons. A uniquinona transfere elétrons pro citocromo bc1 e a atovaquona vai atuar impedindo essa interação, interferindo em todo o processo da cadeia de transporte de elétrons, inclusive na regeneração da DHOD. Comparando a afinidade da atovaquona com o cit bc1 das nossas células e o cit bc1 dos parasitas, percebe-se que esse fármaco tem 100x mais seletividade para o cit bc1 do parasita. Porém, uma pequena mutação desse citocromo já faz com que ele não tenha mais afinidade pela atovaquona e ela não consegue interferir na cadeia de transporte de elétrons, ou seja, ocorre a geração de uma resistência ao fármaco. Não é utilizadaem monoterapia para evitar o risco de resistência, pode ser usada em associação a um fármaco chamado proguanil. ANTIFOLATOS: O folato é essencial para a síntese de proteínas, RNA e DNA Os parasitas conseguem sintetizar folato e a principal via é a partir do PABA, que sofre ação de uma enzima chamada di-hidropteroato sintase, que forma o acido di-hidropteroico. Depois, teremos a enzima di-hidrofolato sintase que vai atuar sobre esse acido e formar o acido di-hidrofóbico; e a di-hidrofolato redutase reduz o acido di-hidrofólico em acido tetra-hidrofólico, que vai ser utilizado para as reações de doação de m carbono para a síntese de proteína, RNA e DNA. Essa seria a via de síntese do folato a partir do PABA nos plasmódios. Assim, esses fármacos antifolatos vão atuar inibindo a vida de formação do folato, isso vai ser feito através da inibição de enzimas que atuam nesse processo. Esses fármacos são usados em associação, a fim de bloquear a ação de mais de uma enzima. Além disso, são esquizonticidas sanguíneos, atuando sobre as formas aguda da doença. ● ESCOLHA DOS FÁRMACOS ANTIMALÁRICOS ● EFEITOS ADVERSOS DOS FÁRMACOS ANTIMALÁRICOS 2. TRIPANOSSOMÍASE AMERICANA: TRATAMENTO: Ambos produzem radicais livres, que terão um efeito tripanocida, isto é, um efeito de gerar a eliminação desse parasita. Uma vez que esses radicais são tóxicos aos parasitas, pois eles não tem enzimas anti-oxidantes, logo, não há a neutralização dos radiais livres. Porém esses fármacos, mesmo na fase aguda, vão conseguir curar de 60 a 80%. LEISHMANIOSE: Esses parasitas são obrigatoriamente intramacrofágicos. ● SOBRE OS FÁRMACOS: Mecanismos de ação muito desconhecidos, mas acredita-se que eles inibem vias importantes do metabolismo do parasita. Os parasitas têm se tornado muito resistentes a esses fármacos, por isso, fármacos alternativos estão sendo utilizados.
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