Buscar

1537273364ebook-405pdf

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 60 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 60 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 60 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Epidemiologia do Envelhecimento 
2 
 
 
 
SUMÁRIO: 
 
INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 5 
1. ENVELHECIMENTO POPULACIONAL .......................................................................... 6 
1.1 Envelhecimento Humano ......................................................................................... 6 
1.2 Velhice ....................................................................................................................... 8 
1.3 Autonomia ................................................................................................................. 9 
1.4 Independência ........................................................................................................ 10 
1.5 Fragilidade .............................................................................................................. 11 
1.6 Atividade da vida diária, Atividade instrumental da vida diária e Atividade 
avançada da vida diária ............................................................................................... 12 
1.7 Mitos e Estereótipos .............................................................................................. 14 
1.8 Feminização da Velhice ......................................................................................... 15 
2. TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA ................................................................................. 15 
3. QUALIDADE DE VIDA NA VELHICE ........................................................................... 16 
3.1 Funcionalidade e Ambiente em idosos ................................................................ 18 
4. DOENÇAS NEUROPSIQUIÁTRICAS NO ENVELHECIMENTO .................................. 21 
4.1 Depressão em Idosos............................................................................................. 21 
4.2 Esquecimento ......................................................................................................... 22 
4.3 Comprometimento Cognitivo Leve ....................................................................... 24 
4.4 Doença de Alzheimer ............................................................................................. 26 
4.5 Doença de Parkinson ............................................................................................. 28 
5. ALTERAÇÕES PSICOLÓGICAS NO ENVELHECIMENTO ......................................... 30 
5.1 Teoria da Seletividade Socioemocional ............................................................... 30 
5.2 Modelo do comboio social ..................................................................................... 31 
5.3 Conceito de Enfrentamento ................................................................................... 33 
6 - TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO NA DOENÇA DE PARKINSON ............... 35 
6.1 Fisioterapia na Doença de Parkinson ................................................................... 35 
6.2 Realidade Virtual na Doença de Parkinson .......................................................... 36 
6.3 Musicoterapia na Doença de Parkinson ............................................................... 37 
7. O QUE É CUIDADO? .................................................................................................... 38 
7.1 O Autocuidado ........................................................................................................ 39 
7.2 Quem é o Cuidador? .............................................................................................. 39 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
3 
 
7.3 O Cuidador e a Equipe de Saúde .......................................................................... 40 
7.4 O Cuidador e a Família ........................................................................................... 40 
7.5 Cuidador Informal ................................................................................................... 41 
7.6 Cuidador Formal ..................................................................................................... 41 
7.7 Como planejar o cuidado do idoso? ..................................................................... 42 
7.8 Higiene do Sono ..................................................................................................... 43 
8. ATIVIDADES PARA MANTER O IDOSO COM QUALIDADE DE VIDA E SE SENTIR 
ÚTIL ................................................................................................................................... 45 
9. POLÍTICAS PÚBLICAS ................................................................................................ 46 
9.1 Desenvolvimento de ações para população idosa .............................................. 47 
9.2 Estatuto do Idoso ................................................................................................... 48 
10. PROMOÇÃO DA SAÚDE ............................................................................................ 51 
10.1 Promoção da Saúde como Estratégia ................................................................ 52 
11 - ENVELHECIMENTO ATIVO ...................................................................................... 54 
12 - DESAFIOS DA POPULAÇÃO QUE ENVELHECE .................................................... 55 
12.1 Para onde encaminhar o idoso? ......................................................................... 55 
12.1.1 Serviço de Saúde ............................................................................................. 55 
12.1.2 Serviço de Assistência Social ........................................................................... 56 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 57 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
5 
 
INTRODUÇÃO 
O envelhecimento populacional é um proeminente fenômeno mundial, no Brasil 
houve um aumentou em nove vezes a população idosa nos últimos sessenta anos. Em 
1940 representava cerca 1,7 milhão de idosos, e em 2.000 aproximadamente 14,5 milhões. 
Há uma estimativa para o ano de 2020 que cerca de 30,9 milhões de pessoas serão idosas. 
Diante desse cenário observa-se que o gerenciamento das políticas públicas voltadas para 
a população que envelhece está obsoleto, o que implica na construção de mecanismos que 
possam atender os idosos nos diversos âmbitos do sistema da saúde, social e cultural, em 
busca de um o envelhecimento ativo. Para que se torne realidade, faz-se necessário a 
divulgação de projetos voltados para a população idosa em âmbito nacional, estadual e 
regional. O aumento nas pesquisas sobre o envelhecimento normal e patológico tem 
aumentado mundialmente, no entanto ainda se faz necessárias investigações sobre o 
aumento da população idosa em países em desenvolvimento para que os governantes 
possam estabelecer metas a curto e longo prazo. 
 
“Envelhecer é como velejar, você não pode parar o vento, 
mas, pode direcionar a vela para que o vento lhe seja 
favorável” (Aldemita Vaz de Oliveira). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
6 
 
1. ENVELHECIMENTO POPULACIONAL 
O aumento do contingente idoso é resultado do aumento da taxa de crescimento 
populacional, em face da alta fecundidade prevalecente no passado comparativamente à 
atual e à redução da mortalidade. Enquanto o envelhecimento populacional significa 
mudanças na estrutura etária, ou seja, a queda da mortalidade é um processo que se inicia 
no momento em que ocorre o nascimento, trazendo alterações nas estruturas familiares e 
na sociedade. 
Apesar da diminuição da fecundidade e da mortalidade ser responsáveis pelo 
aumento da longevidade, e isso poderá trazer resultados de políticas e incentivos 
promovidos pela sociedadee pelo Estado e do progresso tecnológico, as suas 
consequências têm sido vistas, em geral, com preocupações, uma vez que acarreta 
pressões para a transferência de recursos financeiros no âmbito da saúde e social para a 
sociedade, colocando desafios para o Estado, os setores produtivos e as famílias. 
Por exemplo, o aumento da expectativa de vida ao nascer e o declínio da 
fecundidade nos países em desenvolvimento estão provocando a “crise da velhice”. Esta é 
traduzida por uma pressão nos sistemas de previdência social a ponto de pôr em risco não 
somente a segurança econômica dos idosos, mas também o próprio crescimento 
econômico. As próprias ciências sociais se sentem desafiadas no seu papel em busca de 
uma compreensão para essa transformação, bem como em fornecer instrumentos para 
avaliar o seu impacto nas condições de vida do idoso nas políticas públicas, etc. 
A velhice é heterogênea e por isso os idosos têm inserções distintas na vida social 
e econômica do país. Assim, a velhice ultrapassa em termos etários ou socioeconômicos, 
que pode trazer demandas diferenciadas, e como consequência alterar a formulação de 
políticas públicas para a população idosa. 
 
1.1 Envelhecimento Humano 
 
O idoso também está sujeito a influências intrínsecas, como a constituição genética 
que é responsável pela longevidade, e os fatores extrínsecos referente às exposições 
ambientais que sofreu ao longo da sua vida, como a alimentação, o sedentarismo, a 
poluição ambiental, entre outros, os quais proporcionam a heterogeneidade da velhice. 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
7 
 
O envelhecimento é caracterizado por ser um processo, e a velhice por uma fase da 
vida, sendo o velho ou idoso um resultado final que constituem um conjunto de 
componentes que estão intimamente relacionados. Apesar do envelhecimento ser um 
fenômeno comum a todos os seres vivos, ainda hoje 
existem questões referentes à dinâmica e à natureza 
do processo de envelhecimento, até mesmo em 
determinar a idade biológica. 
Alguns biogerontologistas dizem que o 
envelhecimento é uma fase de todo um continuum que 
é a vida. É possível observar nesse continuum que é o 
envelhecimento algumas fases do desenvolvimento humano, como a puberdade e 
maturidade, entre as quais podem ser identificados marcadores biofisiológicos que 
representam limites de transição entre as fases do desenvolvimento. Como por exemplo, a 
menarca que é considerada um marcador do início da puberdade na mulher. 
O envelhecimento humano não possui um marcador biofisiológico como observado 
em outras fases. De qualquer maneira, a demarcação entre maturidade e envelhecimento 
é arbitrariamente fixada, mais por fatores socioeconômicos e legais que biológicos. Como 
por exemplo, a aposentadoria que pode ser marcador econômico, no entanto, não podemos 
considera-la como marcador biofisiológico. A incapacidade de mensurar o fenômeno do 
envelhecimento, que está intimamente vinculada à dificuldade de definir a idade biológica, 
justifica a falta de segurança para adotar quaisquer das teorias existentes sobre o 
fenômeno. Os mesmos motivos justificam a inexistência de uma definição de 
envelhecimento que atenda aos múltiplos aspectos que o compõem. 
Reforçando a definição de envelhecimento que é um processo dinâmico e 
progressivo, no qual há modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas, 
e também pode-se notar que essas modificações podem determinam a perda da 
capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, proporcionando maior 
vulnerabilidade e incidência de algumas doenças que podem levar o idoso à morte. Existe 
outro conceito de envelhecimento que está ligado a questões funcionais do indivíduo, ou 
seja, é caracterizado pela redução da capacidade de adaptação homeostática diante 
situações de sobrecarga funcional do organismo. 
Diante do novo olhar sobre as alterações que ocorrem no envelhecimento, alguns 
pesquisadores da área da gerontologia resolveram classificar o envelhecimento normal ou 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
8 
 
senescência onde ocorrem a flacidez da pele, o embranquecimento do cabelo, as manchas 
senis. E as alterações com características patológicas ou senilidade, tais como a doença 
de Alzheimer, osteoporose, doença de Parkinson, osteoartrite, entre outros. As alterações 
que ocorrem no decorrer do envelhecimento acontecem de forma individual em cada 
indivíduo. O envelhecimento é um processo no qual os indivíduos podem analisar a sua 
própria existência, e por um lado concluir que alcançou muitos objetivos, e por outro lado 
que sofreu muitas perdas tanto no âmbito físico quanto no psicológico. 
 
Para a reflexão sobre o processo de envelhecimento humano, acesse o link: 
 Vídeo 1. https://www.youtube.com/watch?v=HCddlkIlTbI&feature=youtu.be 
Comentário: o artista coreano Jeong Seok Hyeon recriou o processo de envelhecimento com a 
 ilustração de uma mulher. Jeong desenha a imagem de um bebê e com base neste desenho se 
 desenvolve o processo de envelhecimento, mudando detalhes como rugas faciais e tom de pele. O 
 resultado mostra uma vida acontecendo diante de nossos olhos, em menos de cinco minutos. 
 
1.2 Velhice 
 Na fase da velhice pode-se observar algumas manifestações somáticas que são 
caracterizadas pela redução da capacidade funcional, calvície, canície, redução da 
capacidade de trabalho e da resistência física, entre outras. Essas alterações de forma 
geral frequentemente são observadas com facilidade por outras 
pessoas, mas existem alterações que são difíceis de notar como as 
perdas do papel social, solidão, perdas psicológicas e motoras, e 
afetivas. Na maioria das pessoas, tais manifestações somáticas e 
psicossociais se tornam evidentes a partir do fim da terceira década 
de vida ou um pouco mais, muitos antes da idade cronológica que 
demarca socialmente o início da velhice - 60 anos de idade. Vale 
ressaltar que essas manifestações são facilmente observáveis 
quando o processo que as determina encontra-se em toda sua 
plenitude. 
 No entanto, não existe um consenso que determina que tais 
características físicas, psicológicas, sociais, culturais e espirituais possam ser 
características específicas do início da velhice. O início da velhice é indefinido e impossível 
Fonte: Pinterest - link: 
https://br.pinterest.com/pin/482
870391282042373/ 
https://www.youtube.com/watch?v=HCddlkIlTbI&feature=youtu.be
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
9 
 
de fixar, talvez uma das maiores dificuldades encontradas seja nas diferentes formas que 
a sociedade enxerga o envelhecimento humano e o idoso. Por um lado, ainda é observado 
uma visão preconceituosa principalmente com os indivíduos pertencentes a classe social 
baixa, e por outro lado uma afeição com os idosos de classes sociais elevadas. 
A velhice não é um processo é um estado que caracteriza a posição do indivíduo 
idoso e tem uma dimensão existencial, que poderá modificar a relação da pessoa com o 
tempo, como consequência poderá gerar mudanças nas relações com o mundo e com sua 
própria história. Desse modo, essa fase não pode ser entendida senão em sua totalidade, 
mas também como um fato cultural. De acordo com o Estatuto do Idoso, o indivíduo que 
completa 60 anos é definido idoso independentemente das suas condições físicas ou 
psicológicas. Já a Organização Mundial da Saúde define como idoso o indivíduo de 65 anos 
ou mais para aqueles de países desenvolvidos, e 60 anos ou mais para os indivíduos de 
países subdesenvolvidos. 
 Diante desse arcabouço que é a velhice, nota-se que chegar a uma definição exata 
dessa fase torna-se difícil ainda mais quando a expectativa de uma boa velhice é de ter 
uma vida saudável. Portanto, a velhice deve ser compreendida em sua heterogeneidade, 
observando que é constituída por um processo biológico, mas não deixa de ser influenciada 
pelos fatores sociais e culturais da sociedadeem que o indivíduo está inserido. 
 
 Para a compreensão do Envelhecer acesse os vídeos: 
 Vídeo 2. Envelhecer (2009) – música de Arnaldo Antunes 
 https://www.youtube.com/watch?v=nXpMjB5SmnA 
 Vídeo 3. A bela velhice com Mirian Goldenberg – Café Filosófico 
 https://www.youtube.com/watch?v=jX9SWTOE4jY 
 Vídeo 4. Abertura do programa Amor e Sexo - https://globoplay.globo.com/v/5678312/ 
 
 
1.3 Autonomia 
A autonomia pode ser definida como a capacidade de estabelecer e seguir suas 
próprias regras, e para o indivíduo idoso ela é pode ser mais útil que a independência. Uma 
vez que a autonomia pode ser restaurada por completo, mesmo quando o indivíduo 
https://www.youtube.com/watch?v=nXpMjB5SmnA
https://www.youtube.com/watch?v=nXpMjB5SmnA
https://www.youtube.com/watch?v=jX9SWTOE4jY
https://www.youtube.com/watch?v=jX9SWTOE4jY
https://globoplay.globo.com/v/5678312/
https://globoplay.globo.com/v/5678312/
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
10 
 
continua dependente. Como por exemplo, um idoso mesmo com uma fratura no fêmur 
restrito a uma cadeira de rodas, poderá exercer sua autonomia, apesar de não ser 
totalmente independente. Portanto, a autonomia está diretamente relacionada à 
capacidade do indivíduo em ser dependente ou independente, ou seja, conseguir realizar 
suas atividades de vida diária sem a ajuda de outra pessoa, mas também o indivíduo pode 
ser simultaneamente autônomo e independente para realizar suas atividades da vida diária. 
Já como princípio ético, a autonomia é definida como forma de liberdade pessoal 
baseada no respeito pelas pessoas, objetivando a independência dos indivíduos para poder 
determinar o curso de vida enquanto este direito não infringir a autonomia dos outros. 
A limitação física para o idoso pode representar risco para a autonomia, 
principalmente quando a limitação provocar a dependência na realização das atividades da 
vida diária e consequentemente levando-o a depender de outras pessoas. O indivíduo idoso 
tem uma percepção do seu estado de saúde que irá indicar o real fato do bem-estar e assim 
torna-se capaz avaliar a qualidade de vida, morbidade, declínio físico e mortalidade. 
A presença de incapacidade física pode abalar a confiança dos idosos em realizar 
as atividades de vida diária. No entanto, com as alterações ocorridas no envelhecimento, 
os idosos tendem a manter a integridade de sua identidade pessoal. E por isso é importante 
que o idoso tente preservar 
sua autonomia para que seja 
possível manter as relações 
sociais, o autocuidado, o 
engajamento com a 
sociedade, tomar banho, 
vestir-se, entre outros. 
 
1.4 Independência 
 
 A independência e dependência são conceitos ou estados que só podem existir em 
relação a alguma outra coisa. Pode-se identificar em um mesmo indivíduo dois estados 
diferentes, independência financeira e dependência emocional. Uma pessoa pode ser 
completamente independente do ponto de vista afetivo, e fisicamente estar cega. 
A independência pode ser definida como a capacidade em poder exercer sua 
autonomia. O idoso que mantém sua independência e autodeterminação pode ser 
considerado saudável, ainda que apresente uma ou mais doenças crônicas. Desse modo, 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
11 
 
do ponto de vista da saúde pública, a capacidade funcional surge como um novo 
componente do conceito de saúde, adequado para instrumentar e operacionalizar uma 
política de atenção à saúde do idoso. No envelhecimento se busca a manutenção da 
autonomia e o máximo de independência possível, em última análise, a melhora da 
qualidade de vida. Isso só poderá ser obtido por meio de uma avaliação gerontológica 
abrangente, que tem a finalidade de atuar sobre o desempenho físico, cognitivo, afetivo e 
social. 
O acelerado crescimento da população e das particularidades dos indivíduos que 
envelhecem, acredita-se que tenha menor participação do idoso na sociedade e um 
aumento significativo da demanda de cuidados para os indivíduos que sofrem de alguma 
doença que impossibilitem de cuidar de si mesmo. Para estabelecer essa demanda deve 
ser realizada avaliação da capacidade funcional do idoso, que pode ser definida como “a 
habilidade do indivíduo em desempenhar independentemente as atividades ou tarefas 
cotidianas, identificadas como essenciais para a manutenção do seu bem-estar” 
 
1.5 Fragilidade 
A fragilidade no envelhecimento pode ser considerada multidimensional o que 
envolve a interação complexa de fatores biológicos, psicológicos e sociais no curso de vida. 
O processo de fragilidade provoca efeitos que podem evoluir para a irreversibilidade, o que 
pode levar ao declínio da capacidade funcional, sendo a causa de dependência e pode 
antecipar a morte. 
O conceito da fragilidade é importante para que os profissionais da saúde 
acompanhem os indivíduos que estão em risco para a incapacidade funcional, identificando 
a necessidade de intervenção imediata nos casos de doenças agudas e de tratamento 
contínuo nas doenças crônicas. Alguns parâmetros para a detecção da fragilidade poderão 
indicar a necessidade de cuidados apropriados com os idosos que se encontram mais 
suscetíveis aos efeitos adversos das intervenções médicas. 
Em meados de 1980, Whoodhouse propôs o conceito de fragilidade nos indivíduos 
com 65 anos de idade ou mais que dependiam de outras pessoas para poderem realizar 
as atividades da vida diária. Desta forma, alguns estudos tentavam associar a fragilidade à 
perda da autonomia e dependência para realizar as atividades básicas de vida diária. 
O tema fragilidade na velhice nos remete a pensar sobre a amplitude deste conceito, 
tendo em vista a sua multidimensionalidade. A fragilidade biológica resulta do agravamento 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
12 
 
das condições do envelhecimento, o que pode ser observado na velhice e ao longo do 
envelhecimento humano. 
Paulatinamente a fragilidade é instalada, visto que decorre do progressivo agravo 
das perdas relacionadas ao processo normal de envelhecimento. O desenvolvimento da 
fragilidade é geralmente sutil, assintomático e inicia-se após um evento desestabilizador. 
Embora os estágios iniciais do processo de fragilidade possam ser clinicamente silenciosos, 
quando esgotadas as reservas chega-se a um limiar de grave vulnerabilidade e a fragilidade 
pode se tornar detectável pelo olhar clínico. 
Durante processo da fragilidade, o total de reservas fisiológicas é diminuído e torna-
se menos provável que sejam suficientes para a manutenção e o reparo dos danos 
causados pelo envelhecimento corporal. Melhor compreensão destas alterações clínicas e 
a base de seus mecanismos pode surgir a partir da investigação do estado pré-frágil. A pré 
fragilidade é distinguível do envelhecimento considerado normal e cria oportunidade para a 
investigação de intervenções que podem em tese reverter o processo de fragilização. 
Atualmente, há diferentes definições de fragilidade e estratégias para detectar esta 
síndrome e a sua gravidade. Os modelos têm foco em domínios distintos: os funcionais, a 
acumulação de déficit e as questões biológicas. Por exemplo, escala FRAIL é composta 
por questões simples e dirigidas, a partir de quatro questões do Cardiovascular Health 
Study e da Escala de Rockwood. 
Os 5 componentes da FRAIL (fatigue, resistance, ambulation, illnesses, loss of weight), 
tradução: 1) fadiga; 2) resistência; 3) ambulação; 4) doenças e 5) perda de peso. A escala 
é um teste simples que pode aumentar a identificação da síndrome da fragilidade. A escala 
FRAIL tem um escore de 0-5, ou seja, 1 ponto por cada componente; 0 = melhor e 5 = pior. 
Os idosos frágeis são classificados com a pontuação entre 3-5, os idosos pre-frágeis entre 
1-2, e robustos 0. A escala FRAIL para indivíduos considerados frágeis e pre-frágeis podem 
predizer significativamente a mortalidade e o aumento dos níveis de dependência em 
atividades de vida diáriae atividade instrumental de vida diária. 
 
1.6 Atividade da vida diária, Atividade instrumental da vida diária e Atividade 
avançada da vida diária 
Com o decorrer do envelhecimento nota-se o aumento da ocorrência de 
incapacidade funcional. A incapacidade funcional tem diversas classificações, uma delas é 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
13 
 
a restrição para desempenhar atividade dentro da extensão considerada normal para a vida 
humana. Para outros autores a incapacidade funcional diz respeito ao desempenho físico 
e pode ser definida pela dificuldade ou necessidade de ajuda para o indivíduo executar 
tarefas cotidianas básicas ou mais complexas necessárias para a vida independente na 
comunidade e tarefas relacionadas à mobilidade. 
O estudo da capacidade funcional é útil para avaliar o estado de saúde dos idosos. 
Dessa maneira pode-se avaliar com enfoque em dois domínios: a) as atividades básicas da 
vida diária, também chamadas de atividades de autocuidado ou de cuidado pessoal e b) as 
atividades instrumentais da vida diária, também denominadas de habilidades de mobilidade 
ou de atividades para manutenção do ambiente. As atividades básicas estão ligadas ao 
autocuidado do indivíduo, como alimentar-se, banhar-se e vestir-se. Já as atividades 
instrumentais englobam tarefas mais complexas muitas vezes relacionadas à participação 
social do sujeito, como por exemplo, realizar compras, atender ao telefone e utilizar meios 
de transporte. 
Existem vários instrumentos que conseguem avaliar a capacidade funcional nos 
idosos. A capacidade funcional pode ser classificada conforme o que se quer avaliar no 
idoso, como, atividades de vida diária, avaliação de equilíbrio e quedas, avaliação do risco 
de desenvolvimento de úlceras por pressão, avaliação de depressão e solidão e avaliação 
cognitiva. Em alguns casos, quando o idoso apresenta comprometimento na memória faz-
se necessário a aplicação do instrumento de capacidade funcional em um informante 
(cuidador) do idoso para que possa obter fidedignidade do relato. Nesse texto pretende-se 
citar apenas os instrumentos que avaliam as atividades de vida diária. A comunidade 
científica utiliza quatro instrumentos: o Índice de Katz, Escala de Lawton e Brody, Índice de 
Pfeffer e Índice de Barthel. 
O Índice de Katz avalia a independência dos idosos no desempenho de seis funções 
básicas: banhar-se, vestir-se, ir ao banheiro, transferência, continência e alimentação. A 
Escala de Lawton e Brody avalia o nível da pessoa idosa no que se refere a realização das 
atividades avançadas de vida diária. O Índice de Pfeffer avalia a capacidade do indivíduo 
para realizar as atividades avançadas de vida diária e as funções cognitivas/sociais. O 
Índice de Barthel avalia o nível de independência do sujeito para realização de dez 
atividades básicas de vida diária: comer, higiene pessoal, uso dos sanitários, tomar banho, 
vestir e despir, controle dos esfíncteres, deambular, transferência da cadeira para a cama, 
subir e descer escadas. 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
14 
 
 
 Para compreender como os instrumentos avaliam a capacidade funcional do idoso 
 acesse os artigos que estão na referência dessa apostila: 
 1. Índice de Katz 
 2. Escala de Lawton e Brody 
 3. Índice de Pfeffer 
 4. Índice de Barthel 
 
 Para a compreensão dos instrumentos que avaliam a capacidade funcional do idoso, acesse os 
artigos: 
 
 
1.7 Mitos e Estereótipos 
Atualmente, os estereótipos mais estudados são os que se referem a grupos étnicos, 
no entanto existem estereótipos em todas as esferas da vida social referentes a ambos os 
sexos, às ocupações, ao ciclo de vida, à família, à classe social, ao estado civil, aos desvios 
sociais e a qualquer campo da vida que desejamos diferenciar. 
O estereótipo pode ser definido como “uma representação social sobre as descrições 
típicas de um grupo, categoria ou classe social, e caracteriza-se por ser um modelo lógico 
para resolver uma contradição da vida cotidiana, e serve, sobretudo para dominar o real”. 
No entanto, também contribui para o não reconhecimento da singularidade do indivíduo, a 
não reciprocidade, a não duplicidade, o autoritarismo em determinadas situações. 
Socialmente a valorização dos estereótipos projeta sobre a velhice uma 
representação social gerontofóbica e isso contribui para a imagem que os idosos têm de si 
mesmo, bem como das condições e circunstâncias que envolvem a velhice, pela 
perturbação que causam uma vez que negam o processo do desenvolvimento. 
A rejeição e a categorização de um grupo são desenvolvidas porque as 
características individuais com características negativas são atribuídas a todas as pessoas 
que pertencem à um grupo. Por exemplo, a palavra “velhote” descreve os sentimentos ou 
preconceitos resultantes dos “mitos” acerca dos idosos. Os preconceitos envolvem 
geralmente crenças que o envelhecimento torna as pessoas senis, inativas, fracas e inúteis. 
O mito pode ser caracterizado como “uma construção do espírito que não se baseia 
na realidade” e por isso compõe uma representação simbólica. Pode ser também um 
conjunto de expressões feitas ou eufemismos, que mantemos relativamente aos idosos. 
Em uma análise mais densa nota-se que os mitos ocultam muitas vezes certa hostilidade e 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
15 
 
quando utilizados demasiadamente, impedem o estabelecimento de contatos verdadeiros 
com os idosos. Por um lado, os “mitos” e os “estereótipos”, podem estar muitas vezes 
ligados ao desconhecimento do processo de envelhecimento, e consequentemente podem 
influenciar a forma como os indivíduos mais jovens interagem com o idoso. Por outro lado, 
os mitos e os estereótipos, são a causa de enorme perturbação nos idosos, uma vez que 
negam o seu processo de envelhecimento e os impedem de reconhecer as suas 
potencialidades, de procurar soluções precisas para os seus problemas e de encontrar 
medidas adequadas para enfrenta-los. 
 
1.8 Feminização da Velhice 
Diante do processo de envelhecimento populacional observa-se que no Brasil e no 
mundo ocorre predominância da população feminina entre os idosos. Em números 
absolutos há 302 milhões de mulheres e 247 milhões de homens com 60 anos de idade ou 
mais. Nos países desenvolvidos, as mulheres acima de 60 anos representam mais de 20% 
do total da população feminina. Esse fenômeno é denominado “feminização da velhice” 
Todavia, quando se analisa os dados sob outro olhar, percebe-se que viver mais não 
é sinônimo de viver melhor. As mulheres apresentam algumas desvantagens em relação 
aos homens no decorrer da vida, como por exemplo, ser discriminada, ter salários inferiores 
aos dos homens, ter dupla jornada de trabalho, baixa escolaridade, solidão devido a viuvez, 
além de apresentarem maior probabilidade de serem mais pobres que os homens, 
dependendo, assim, de mais recursos externos. 
 
2. TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA 
 A transição epidemiológica teve como principais ideias centrais, a gradativa 
mudança na relação de mortalidade e adoecimento, ou seja, a substituição das doenças 
infecciosas pelas doenças crônico-degenerativa e agravos produzidos pelo homem. As 
mudanças na transição epidemiológica estão diretamente relacionadas às transições 
demográficas, no padrão e ritmo de vida dos indivíduos, nos determinantes e nas mudanças 
consequentes na população. 
O aumento das doenças crônicas não transmissíveis tornou-se um problema de 
saúde em nível global e ameaça à saúde e ao desenvolvimento humano. Assim, as 
morbidades das doenças crônicas não transmissíveis vistas em idosos são definidas como 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
16 
 
tendo um curso clínico longo, irreversível e frequentemente associadas à fragilidade natural 
orgânica dos indivíduos. 
O plano de ação do Ministério da Saúde (MS, 2011/12) aponta que, entre as doenças 
crônicas não transmissíveis prevalentes estão as doençascirculatórias - hipertensão 
arterial, insuficiência cardíaca, endócrino - diabetes mellitus, respiratório e câncer. As 
doenças crônicas não transmissíveis mais prevalentes estão ligadas a alguns fatores 
sociais que contribuem para o desenvolvimento destas doenças, como a desigualdade 
social, as diferenças de acesso aos bens e serviços, a desigualdade no acesso à 
informação de saúde, a baixa escolaridade e os fatores de risco ambientais modificáveis, 
como tabagismo, abuso de álcool, falta de exercício físico, nutrição inadequada e 
obesidade. Assim, as doenças crônicas não transmissíveis podem ser relacionadas ao 
envelhecimento, adicionadas aos fatores sociais que contribuem para o seu 
desenvolvimento, constituem, para o Brasil, o problema da saúde com maior dimensão e 
intensidade. 
As doenças crônicas não transmissíveis podem atingir qualquer idade, mas é notado 
em maior frequência e intensidade na população idosa e também poder estar associada a 
outras doenças, como: doença renal crônica, doenças reumáticas e doenças mentais, por 
terem funções metabólicas diminuídas, redução de capacidade motora agravada pelo 
avanço da idade e hábitos sociais resistentes a mudanças, contribuindo para o declínio da 
qualidade da saúde e de vida. 
3. QUALIDADE DE VIDA NA VELHICE 
A qualidade de vida na velhice pode ser definida como a avaliação multidimensional 
referenciada a critérios sócio normativos e intrapessoais, a respeito das relações atuais, 
passadas e prospectivas entre o indivíduo maduro ou idoso e o seu ambiente. 
Alguns estudos empíricos sugerem que existam fortes associações entre a qualidade 
de vida percebida, o bem-estar subjetivo e mecanismos da personalidade, como, por 
exemplo, o senso de controle, o senso de eficácia pessoal, o senso de significado e as 
estratégias de enfrentamento. Esses mecanismos têm fortes relações com a competência 
adaptativa, que é expressada em relação à competência emocional que é a capacidade de 
lidar com fatores estressores, em competência cognitiva que é a capacidade de resolução 
dos problemas, e em competência comportamental no desempenho social. Em conjunto, 
essas competências se refletem no exercício de papéis sociais, na manutenção de 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
17 
 
atividades sociais, nas relações sociais e no ajustamento pessoal, e têm importante relação 
com a saúde física e mental. 
Lawton (1983) estabeleceu um modelo de qualidade de vida na velhice é expressa 
diante da variedade de aspectos e influências próprias a fase de vida, e é representada em 
quatro dimensões inter-relacionadas: 
a. Condições ambientais: o contexto físico, ecológico e ao construído pelo homem, 
que influi na competência adaptativa (emocional, cognitiva e comportamental) e lhe dá as 
bases. Ou seja, o ambiente deve oferecer condições adequadas à vida das pessoas. 
b. Competência comportamental: o desempenho dos indivíduos frente às diferentes 
situações da vida e, portanto, depende da potencialidade de cada um, de suas experiências 
e condições de vida, dos valores agregados durante o envelhecimento e do 
desenvolvimento pessoal, que, por sua vez, é influenciado pelo contexto histórico-cultural. 
c. Qualidade de vida percebida: a avaliação da própria vida pode ser influenciada 
pelos valores que o indivíduo foi agregando e pelas expectativas pessoais e sociais. 
Igualmente, a pessoa avalia as condições de seu ambiente, físico e social, e a eficácia de 
suas ações nesse ambiente. 
d. Bem-estar subjetivo: é a satisfação com a própria vida, satisfação global e 
satisfação específica em relação a determinados aspectos da vida; reflete as relações entre 
condições objetivas (ambientais), competência adaptativa e percepção da própria 
qualidade de vida, as três dimensões precedentes. É mediada pelos antecedentes pessoais 
(históricos, genéticos e socioeconômico-culturais), pela estrutura de traços de 
personalidade e pelos seus mecanismos de autorregulação (senso de significado pessoal, 
sentido da vida, religiosidade/transcendência, senso de controle, senso de eficácia pessoal 
e adaptabilidade). 
Existem alguns fatores que são considerados críticos à manutenção da integridade, 
da independência e da autonomia do idoso. Existem grandes diferenças individuais entre 
os idosos, mais que em qualquer outro grupo etário em quase todos os tipos de 
características, as físicas, mentais, psicológicas, condições de saúde e socioeconômicas, 
o que tornam as conclusões a respeito da qualidade da vida e do cuidado necessário 
altamente individualizadas. 
Essa heterogeneidade do envelhecimento leva a duas situações-limite: a) muitos 
idosos podem continuar saudáveis e com boa habilidade funcional até anos tardios, 
mantendo estáveis suas características físicas, mentais, comportamentais e sociais. Assim, 
se existir hábitos e estilos de vida saudáveis, e com ausência de uma doença importante, 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
18 
 
haverá adaptabilidade e reserva funcional suficientes para a maioria das atividades, b) 
outros idosos podem adquirir incapacidades em quaisquer dos domínios físico, mental, 
psicológico, condições de saúde e socioeconômico, não havendo recuperação. Assim, se 
existir pouca reserva funcional o idoso não terá recursos para recuperar de doenças. 
Cada vez mais as doenças crônico-degenerativas prevalentes na população idosa 
diminuem gradativamente as reservas funcionais e podendo levar à incapacidade, com 
deterioração funcional. Diante dessa problemática nota-se que as adaptações e 
modificações ambientais podem ser realizadas, além de reabilitação e uso de próteses e 
órteses, que podem restaurar e compensar as perdas funcionais, manter a atividade e, 
assim, contribuir para o bem-estar do idoso, da sua família e da sociedade. Quando o idoso 
se torna dependente, o grande desafio é saber respeitar a sua individualidade e a sua 
autonomia. 
 
3.1 Funcionalidade e Ambiente em idosos 
O ambiente e a incapacidade funcional em idosos podem estar correlacionados, 
tanto na área de pesquisa quanto na prática clínica. Atualmente é reconhecido que o 
ambiente tem um papel determinante na funcionalidade dos idosos, especialmente aqueles 
que apresentam alguma limitação funcional, seja de natureza física, sensorial ou cognitiva. 
Um meio ambiente saudável e amigável para o desenvolvimento do ser humano é 
importante durante todo seu ciclo vital. No entanto, ainda não é observado nos ambientes 
uma preocupação na criação de lugares que possam possibilitar que as pessoas de todas 
as idades e em qualquer estado funcional possam utilizá-lo plenamente. 
É observado mundialmente a existência de dificuldades em relação ao 
envelhecimento biológico e o ambiente. Com o envelhecimento biológico observa-se 
grandes alterações nos sistemas, as quais interferem na capacidade dos idosos em 
responder e interagir com o ambiente. Em geral, existe considerável variabilidade quanto à 
velocidade e às consequências do declínio biológico das diferentes funções e estruturas no 
organismo que envelhece. Da mesma maneira, os indivíduos podem adotar diferentes 
mecanismos compensatórios. Um idoso pode apresentar, por exemplo, maior 
comprometimento na sua audição, mantendo a visão funcional em boas condições, o que 
certamente fará que em determinados ambientes, as pistas visuais tornem-se mais 
importantes. No entanto, além das alterações fisiológicas do envelhecimento, muitos idosos 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
19 
 
apresentam mudanças relacionadas a doenças crônico-degenerativas e às complicações 
decorrentes dessas doenças. Por esses motivos, faz-se necessário o planejamento com 
uma equipe multiprofissional, para avaliar as condições físicas, comportamentais, 
ambientais e de saúde do idoso, para que seja realizada as alterações necessárias de 
acordo com as necessidades do indivíduo. 
Em geral, vivemos em uma sociedade que foi projetada paraos adultos jovens, de 
altura mediana e sem nenhuma limitação funcional. Exemplos disso são os supermercados, 
com suas prateleiras altas; as escadarias das igrejas; as portas rotatórias dos bancos; as 
escadas rolantes nas estações de metrô e as catracas dos ônibus, além de espaços 
privados, como o ambiente domiciliar. Todos são geralmente planejados para atender os 
anos iniciais da vida adulta. 
Observa-se que em locais os quais idosos dependentes vivem, por exemplo, as 
Instituições de Longa Permanência não apresentam adaptações ambientais, e dessa forma 
os idosos tendem a se isolar e a esconder suas dificuldades, muitas vezes dificultando o 
tratamento adequado e a prevenção de doenças físico-funcionais. 
Existe uma concordância sobre a necessidade de considerar características 
individuais ao planejar ambientes, e a avaliação multidimensional sobre qualidade de vida, 
considerando os critérios intrapessoais e sócio normativos que determinam as expectativas 
de desempenho e de interação do indivíduo com o ambiente. O modelo de Lawton, 
Nahemow (1973) denominado Competence environmental press model ajuda a entender 
como considerar as características individuais. Competence environmental press model 
traz a ideia que para cada pessoa existiria uma combinação ótima entre as competências 
individuais e as circunstâncias e condições ambientais que resultariam na melhor 
funcionalidade possível. O componente pessoal inclui habilidades sensoriais, motoras, 
cognitivas e condições de saúde. Já o componente ambiental significa a demanda que este 
impõe aos indivíduos e pode ser descrito em cinco categoriais amplas: ambiente físico, 
ambiente pessoal, ambiente de pequenos grupos, ambiente suprapessoal e ambiente 
social ou megassocial. 
A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde foi proposta 
pela Organização Mundial de Saúde, e representou mudança importante quando se pensa 
em funcionalidade e envelhecimento, na medida em que consegue incluir na determinação 
da funcionalidade e da incapacidade aspectos relacionados com o contexto do meio 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
20 
 
ambiente físico e social, a diferentes percepções e atitudes frente à incapacidade, à 
dependência e à fragilidade na velhice. 
De acordo com a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e 
Saúde, os fatores ambientais constituem o ambiente físico, social e de atitudes nas quais 
as pessoas vivem e administram sua vida, estes são considerados os fatores externos aos 
indivíduos que agem como moderadores entre as condições de saúde, estruturas e funções 
do corpo e o desempenho enquanto membro de uma comunidade e sobre a capacidade de 
executar ações ou tarefas. 
Os fatores externos podem ter influência tanto positiva quanto negativa e sua 
influência é dada de modo bidirecional, não sendo a incapacidade e o desempenho de 
resultado de doenças e disfunções em sistemas orgânicos, tendo o ambiente apenas como 
um facilitador ou uma barreira. Ao contrário, o ambiente é capaz de provocar condições 
desfavoráveis que alteram a saúde e a funcionalidade das pessoas idosas. Essa inter-
relação entre incapacidade e ambiente é complexa, assim diferentes ambientes podem ter 
um impacto distinto sobre o mesmo indivíduo com uma determinada condição de saúde em 
diferentes fases do seu envelhecimento. 
A modificação de um ambiente vai muito além de sugerir sobre a retirada de tapetes, 
a colocação de barras ou a elevação de vasos sanitários. Medidas padronizadas para 
colocação de corrimão, barras ou interruptores estão disponíveis em documentos de 
normatização técnica, manuais e livros. Porém, ainda assim, existem inúmeras diferenças 
individuais em relação a parâmetros biomecânicos e funcionais, aos desejos e às 
expectativas e quanto ao uso dos ambientes. Portanto, existe uma gama de necessidades, 
que podem ir desde a acessibilidade para idosos em cadeira de rodas, até possibilitar que 
uma idosa com limitações visuais e de equilíbrio possa locomover-se em casa, tendo seu 
risco de queda minimizado. 
 
 
 
 
 
 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. DOENÇAS NEUROPSIQUIÁTRICAS NO ENVELHECIMENTO 
4.1 Depressão em Idosos 
É importante ressaltar que existe aumento da incidência de distúrbios psicológicos, 
sobretudo na velhice, embora esses distúrbios possam ocorrer em qualquer fase do 
desenvolvimento. Assim, a saúde mental é indispensável para o bem-estar geral do 
indivíduo e da sociedade. No entanto, na maioria das vezes os transtornos mentais não são 
considerados importantes em comparação com a saúde física, apesar de se projetar 
aumento no quantitativo de indivíduos que apresentam algum tipo de transtorno mental, 
tendo em vista o envelhecimento populacional. 
Na psiquiatria o termo depressão é utilizado para determinar um transtorno de 
humor, ou seja, onde a principal queixa de alterações exibidas pelo indivíduo é o humor 
depressivo e às vezes irritáveis durante a maior parte do tempo. A depressão não é 
considerada consequência natural do envelhecimento, e sim um transtorno psíquico 
associado a um intenso sofrimento e deterioração da qualidade de vida. A depressão é 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
22 
 
caracterizada por episódios de longa duração, alta cronicidade, prejuízos biopsicossociais 
e físicos, e pelo aumento da prevalência de suicídio. 
Os transtornos depressivos unipolares estão entre as 10 principais causas de anos 
de vida ajustados para incapacidade, independentemente do sexo e para todas as idades. 
Porém, quando apenas a componente incapacidade da carga é avaliada, a depressão 
passa a ser a causa mais importante de anos vividos com incapacidade, 
independentemente da idade e do sexo. Esses indicadores traduzem a necessidade de um 
olhar diferenciado para a possibilidade do diagnóstico de depressão em idosos, uma vez 
que é comum o diagnóstico errôneo dos sintomas depressivos ao processo de 
envelhecimento, por parte do próprio idoso, de seus familiares, de alguns profissionais de 
saúde e pelas características somáticas da velhice. 
O cenário apresentado primordialmente causa o aumento no custo econômico para 
o indivíduo, a família e a sociedade, composto por fatores como o custo dos serviços sociais 
e de saúde, a redução na produtividade ou perda do emprego e o impacto negativo na 
mortalidade prematura. 
Diversos idosos apresentam sintomas depressivos, que muitas vezes não são 
identificados como a doença propriamente dita que pode ser observado nas queixas 
somáticas, por exemplo, dores pelo corpo sem causa explicável, falta de ar, dificuldade de 
deglutição, anorexia, desconforto abdominal, tonturas, falta de energia, dificuldade de 
concentração mental, alterações sexuais e do sono são frequentes, e podem ser 
decorrentes ou indicativos de sintomas depressivos. 
Portanto, é relevante avaliar o idoso no contexto da sociedade e do núcleo familiar 
para que se possa identificar estressores ambientais e familiares antes de fechar o 
diagnóstico de depressão e/ou sintomas depressivos. 
Para o entendimento da depressão no idoso acesse o artigo: 
Validade da escala de depressão do Center for Epidemiological Studies entre idosos brasileiros que se 
encontra nos artigos enviados para a disciplina. 
4.2 Esquecimento 
O padrão de deterioração da memória no idoso normal se assemelha ao encontrado 
nas fases iniciais da doença de Alzheimer, como o declínio da memória operacional e da 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
23 
 
recente. O declínio nas memórias operacional e imediata são mais expressivos que a 
memória imediata e remota, Figura.3. 
O aprendizado de situações 
ou informações novas, a evocação 
retardada e repetição de números 
em ordem inversa são as funções 
mnésicas mais alteradas, 
enquanto o vocabulário (memória 
episódica), o fundo de 
informações, a repetição denúmeros em ordem direta e a realização de tarefas rotineiras e automatizadas mantêm-se 
relativamente intactas. 
As dificuldades de memória relacionadas à idade são maiores para a memória 
episódica do que para a memória semântica e pioram em ordem crescente na seguinte 
sequência: 1ª. memória de procedimentos, 2ª. memória de reaprendizado, 3ª memória de 
reconhecimento, 4ª. memória de evocação baseada em pistas contextuais, 5ª. memórias 
de evocação livre, 6ª. memória prospectiva (lembrar de lembrar), Figura. 5. 
O envelhecimento normal afeta principalmente a memória prospectiva e a evocação 
livre e retardada de material verbal aprendido, preservando sua lembrança baseada em 
pistas contextuais, como por exemplo base de imagens visuais. Na discriminação entre 
doença de Alzheimer e envelhecimento normal, os melhores testes têm sido o de evocação 
retardada (após 15 a 30 minutos) de listas de 10 a 15 palavras aprendidas e o de memória 
lógica (recontagem de estórias e recordação de lista de palavras associadas a figuras). 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
24 
 
O envelhecimento normal deixa relativamente intactos o vocabulário e o 
processamento sintático*, enquanto 
altera a lembrança de palavras (na 
conversação e em testes de fluência 
verbal), aparecendo então raras 
parafasias1. Em questão ao discurso, 
podemos ver dificuldades narrativas, 
especialmente com inferências, -
sumarização e interpretação moral de 
estórias, e a omissão de informações 
sobre a “situação” da estória; a 
omissão de passos essenciais 
durante a descrição de procedimentos; e na conversação, dificuldade de compreensão, 
falta de clareza do enunciado, “parafasias narrativas” e problemas com inferências e 
pressuposições. 
Estudos longitudinais utilizando recontagem e interpretação de estórias mostram 
variação intraindividual da “amnésia” de um dia para o outro, o que depende de algumas 
variáveis como o tamanho e complexidade da estória, as alterações do humor, os 
problemas de família, as doenças passageiras, o efeito colateral de medicamentos, o 
entusiasmo, a familiaridade ou interesse com a estória, e efeito da prática e aprendizado. 
 
4.3 Comprometimento Cognitivo Leve 
As manifestações clínicas da demência de caráter neurodegenerativo podem passar, 
anteriormente, por uma etapa designada de comprometimento cognitivo leve, embora nem 
todos os indivíduos com esta condição progridam para um quadro demencial. 
O comprometimento cognitivo leve tem alterações de memória episódica, tais como 
esquecimentos relacionados às situações da vida cotidiana, e outras alterações cognitivas 
envolvendo atenção, linguagem, orientação no tempo e no espaço, reconhecimento de 
ambientes e pessoas bem como, organização e planejamento de pensamentos e ações 
podem fazer parte das características clínicas do comprometimento cognitivo leve. A 
 
1 Parafasia é um tipo de erro na expressão da linguagem associado com a afasia e caracterizado pela produção 
involuntária de sílabas, palavras ou frases durante a fala 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
25 
 
importância clínica dessas alterações tende a ser criteriosamente valorizada na medida em 
que elas passam a deflagrar impacto desfavorável no desempenho das atividades da vida 
diária. 
A caracterização 
diagnóstica do 
comprometimento cognitivo 
leve implica a ocorrência de 
queixas de memória 
episódica ou de alterações 
em outros domínios da 
cognição pelo próprio 
paciente ou por um 
informante, por esse motivo a 
confirmação por meio de testagem objetiva por meio de avaliação neuropsicológica. O 
comprometimento cognitivo leve é uma condição observada em indivíduos para os quais 
ainda não se aplica o diagnóstico de demência, mas pode apresentar a transição para um 
estado de deterioração cerebral, especialmente nos indivíduos que iniciam uma queda de 
declínio das atividades funcionais e sociais. 
Os esquecimentos observados nos idosos podem manter-se estáveis ou retornar à 
condição de normalidade. Além disso, diversas causas podem levar a baixo desempenho 
cognitivo em idosos, como uso de polimedicação, doenças sistêmicas mal controladas, 
como a hipertensão, diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica, cardiopatias de baixo 
débito, hipotireoidismo e depressão. Quando as causas são identificadas e adequadamente 
tratadas, existe a estabilização e até mesmo reversão do quadro de prejuízo cognitivo. No 
entanto, em algumas pessoas, o comprometimento cognitivo leve tende a progredir para 
uma demência, e isso acontece especialmente naqueles com doenças neurodegenerativas 
e doença cerebrovascular que é o comprometimento cognitivo vascular. 
Atualmente, o conceito de comprometimento cognitivo leve tem sendo expandido 
para englobar declínio cognitivo relacionado a diversas doenças neurológicas, como 
doença de Parkinson, esclerose múltipla, entre outros, embora nestes casos o diagnóstico 
etiológico já esteja presente quando se instala o declínio cognitivo. 
 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
26 
 
4.4 Doença de Alzheimer 
A doença de Alzheimer constitui de 50% a 70% das demências, e pode se instalar 
já na quarta década de vida, embora a maior incidência seja após os 60 anos de idade. 
Geralmente, quanto mais cedo o início, pior o prognóstico, mais 
rápida a deterioração mental e invalidez. O início é insidioso, com 
uma evolução lenta e progressiva, sendo a dificuldade de 
memória é um dos primeiros sinais. 
 Os recentes avanços no entendimento da complexa 
fisiopatologia da doença de Alzheimer como por exemplo, a maior 
conscientização e envolvimento da sociedade, os diagnósticos 
cada vez mais precoces e precisos, os progressos científicos na 
descoberta de novos tratamentos, bem como a proliferação de grupos 
de apoio permitiram o surgimento de boas perspectivas, que se 
contrapõem as estratégias antigas. 
Devido à esses avanços sobre a doença de Alzheimer é possível apontar para um 
panorama mais otimista, no qual os indivíduos com a doença de Alzheimer e seus familiares 
podem ter maiores chances de planejamento e reestruturação para os desafios futuros 
relacionados com a evolução da doença, sobretudo no que diz respeito aos cuidados 
médicos, ao suporte social, aos aspectos financeiros e legais. 
Atualmente os pesquisadores da área não descobriram medicamentos capazes de 
interromper ou alterar o curso da doença de Alzheimer. No entanto, as medicações 
juntamente com intervenções psicossociais e técnicas de reabilitação cognitiva apresentam 
melhora nos desempenhos cognitivo e funcional e na redução da ocorrência dos distúrbios 
de comportamento e sintomas neuropsiquiátricos. 
Já é costumeiro que os idosos ou seus familiares se queixam de piora do 
desempenho cognitivo com o envelhecimento. Diante disso é necessário que os 
profissionais de saúde fiquem atentos na identificação e na avaliação das queixas ou dos 
sinais apresentados e, dessa forma, possam possibilitar a determinação do estado de 
gravidade mental do idoso, sempre considerando as variações individuais influenciadas, 
sobretudo, pela idade e pelo grau de escolaridade. Evidências de esquecimento podem ser 
observadas de acordo com o comportamento do idoso, sendo as primeiras pistas para a 
detecção da deterioração cognitiva: a) pacientes demasiadamente repetitivos durante a 
conversação, b) inobservantes quanto à marcação de consultas, c) frequentemente 
Fonte: Pinterest - Link: 
https://br.pinterest.com/pi
n/298293175296039934/ 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
27 
 
confusos quanto ao uso correto da medicação, d) alterações psicológicas e de 
personalidade, e) no cuidado pessoal adequado. 
No entanto, vale ressaltar que a hierarquia da progressão dos sintomas da doença 
de Alzheimer pode sofrer grandes variações. Os vários domínios cognitivos e não cognitivos 
podem ser afetados em cada paciente demodo diferente, ou seja, são diversas as formas 
de apresentação clínica e de progressão da doença e, provavelmente, de resposta ao 
tratamento. 
Ainda existem dificuldades na identificação de uma data precisa do início da doença. 
Paulatinamente os sinas e sintomas da doença de Alzheimer aparecem nos idosos, em 
geral, em um período de 8 a 12 
anos. No entanto, há grande 
variabilidade na velocidade de 
progressão da doença, desde 
períodos muito curtos cerca de 2 
anos à períodos muito longos em 
torno de 25 anos. Os fatores 
podem afetar a progressão da doença de Alzheimer são idade, gênero, gravidade da 
demência, escolaridade, reserva cognitiva, entre outros. 
 
Para elucidar a doença de Alzheimer assista alguns vídeos: 
 Vídeo 5. Trailer do Filme “Para sempre Alice” - https://www.youtube.com/watch?v=U_RUDZx6vYM 
Comentários sobre o filme: pela primeira vez foi mostrado em um filme norte americano a vida de uma 
pessoa com doença de Alzheimer. O filme ganhou grandes repercussões pela grande interpretação da atriz 
Julianne Moore. Baseado no romance homônimo de Lisa Genova, o longa conta a história Alice Howland, 
uma linguista de sucesso, diagnosticada com Alzheimer aos 50 anos – o que é raro para a idade. O foco do 
filme é a preocupação com o futuro dos filhos, uma vez que a doença por ser genética. 
 Vídeo 6. Trailer do filme “Amour” - https://www.youtube.com/watch?v=1A0ErvTz5TY 
Comentário sobre o filme: ele mostra como cuidar do indivíduo com a doença de Alzheimer. Este filme é 
austríaco e ganhou o Cannes 2012. Georges (Jean-Louis Trintignant) e Anne (Emmanuelle Riva) são 
professores de música erudita que já passaram dos 80 anos. A filha, que possui a mesma profissão, vive fora 
do país com o marido. Um dia, Anne é vítima de um acidente e o amor que une este casal é posto à prova. 
 Vídeo 7. Sátira sobre o esquecimento do grupo Parafernália – “Remédio” - 
 https://www.youtube.com/watch?v=n9iTaU498d4 
Comentário sobre o filme: para tentar esquecer como a doença de Alzheimer é dolorosa tanto para os 
cuidadores quanto para a pessoa, nós precisamos rir de algo. E é isso que essa sátira nós mostra. 
 Vídeo 8. Lisa Genova no TEDTALKS - https://www.youtube.com/watch?v=twG4mr6Jov0 
Comentário: a doença de Alzheimer não precisa ser o destino do seu cérebro, diz o neurocientista e autora 
do livro "Para sempre Alice", Lisa Genova. Ela compartilha a ciência mais recente que investiga a doença de 
https://www.youtube.com/watch?v=U_RUDZx6vYM
https://www.youtube.com/watch?v=1A0ErvTz5TY
https://www.youtube.com/watch?v=n9iTaU498d4
https://www.youtube.com/watch?v=twG4mr6Jov0
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
28 
 
Alzheimer, bem como algumas pesquisas promissoras sobre o que cada um de nós pode fazer para construir 
um cérebro resistente a Alzheimer. 
 
4.5 Doença de Parkinson 
 A doença de Parkinson é um dos distúrbios do movimento relacionado atividade 
motora, frequentemente observada na população idosa, e atinge 85 a 175 casos por 
100.000 indivíduos. No entanto, observa-se alguns distúrbios do movimento em outros 
grupos etários, como em indivíduos de 50 e 60 anos há 50/100 000 indivíduos, entre os 60 
e 70 anos a sua prevalência é de 80/100 000 e, entre os 70 e 80 anos de 105/100 000. 
A doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa crônica em que ocorre a 
degeneração dos neurônios do sistema nervoso central, com a despigmentação da 
substância negra do mesencéfalo e proliferação das células da glia. As células não 
necrosadas apresentam inclusão citoplasmáticas denominada corpo de Lewy, o que leva à 
diminuição de dopamina, neurotransmissor responsável pelo controle dos movimentos 
corporais. 
Os primeiros sinais cardinais da doença de Parkinson são leves e apresentam a 
bradicinesia, a rigidez, tremor de repouso e instabilidade postural. 
A bradicinesia2 é a característica mais comum da doença de Parkinson pelo 
alentecimento ou dificuldade de iniciar o movimento voluntário ou automático, o que 
dependerá de qual parte do corpo foi comprometida. Os sintomas parkinsonianos são: faces 
inexpressivas ou hiponímia, fala hipotônica3, micrografia4, não balançar o membro superior 
ao caminhar, acúmulo de saliva na cavidade bucal, aumento do tempo para realizar as 
refeições, dificuldade de realizar as atividades de vida diária. 
A rigidez muscular é representada por uma resistência à movimentação passiva dos 
membros, pescoço e tronco. Traduz–se pela fragmentação dos movimentos e não ocorre 
de forma contínua e sim entrecortada; os músculos do segmento são afetados como um 
todo. 
Apesar do tremor de repouso ainda ser o primeiro sintoma notado em 70% dos 
indivíduos com a doença de Parkinson, sendo pelos próprios indivíduos, seus familiares e 
 
2 Bradicinesia é a lentidão de movimentos 
3 Fala hipotônica é a diminuição do tônus muscular e da força, o que causa moleza e flacidez 
4 Migrofagia é caracterizado por ser uma caligrafia com letras pequenas, havendo uma redução progressiva do tamanho 
à medida que a escrita progride 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
29 
 
pelos médicos. No entanto, ainda existem os tremores que não são característicos da 
doença de Parkinson, por exemplo, a polimedicação, mas em idosos longevos pode-se 
confundir com tremores normais da velhice podendo favorecer dessa maneira o não 
diagnóstico. 
Na maioria das vezes, o tremor é assimétrico, e acomete um ou mais membros, com 
característica de movimentos rítmicos dos dedos das mãos, semelhante ao ato de contar 
dinheiro. O tremor tende a piorar com o estresse e desaparece durante o sono. A 
instabilidade postural é decorrente das alterações dos reflexos posturais, o que ocasiona 
um maior número de quedas, e pode com a evolução da doença impedir que o idoso se 
levante ou mantenha-se em pé sem assistência. 
A doença de Parkinson é neurodegenerativa e de longa duração. O seu diagnóstico 
não é fácil, pois várias doenças neurodegenerativas e não neurodegenerativas cursam com 
Parkinson. Os indivíduos que apresentam a doença de Parkinson têm parkisonismo5, mas 
nem todo indivíduo com parkinsonismo tem doença de Parkinson. O diagnóstico é baseado 
na identificação dos sinais e sintomas que compõem o quadro clínico. A eficácia diagnóstica 
está diretamente relacionada com a história clínica detalhada, o exame físico e a 
identificação de bradicinesia e pelo menos mais um dos demais sinais cardinais: rigidez, 
tremor e instabilidade postural. 
Os exames laboratoriais e a tomografia computadorizada do crânio são úteis para 
afastar outras doenças. Não existe um marcador biológico para a doença de Parkinson e 
ainda não existe um tratamento curativo ou mesmo isento de problemas, a doença de 
Parkinson é uma das doenças neurológicas crônicas com um dos melhores índices de 
sucesso terapêutico. A principal falha no tratamento é o erro no diagnóstico e com um 
tratamento inadequado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 Parkinsonismo é um termo genérico que designa uma série de doenças com causas diferentes e que têm em comum a 
presença de sintomas semelhantes aos da doença de Parkinson 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5. ALTERAÇÕES PSICOLÓGICAS NO ENVELHECIMENTO 
5.1 Teoria da Seletividade Socioemocional 
Carstensen (1991) formulou a Teoria da Seletividade Socioemocional para dizer que 
a seletividade aumenta no que diz respeito ao número de pessoas com as quais se mantêm 
interações sociais na velhice. A redução das interações sociais é o resultado de um 
processo de seleção ao longo do envelhecimento pelo qual, de maneira estratégica e 
adaptativa, se escolhe com quem interagir a fim de maximizar os ganhos e minimizar 
possíveis riscos sociais e emocionais. 
Desta forma, a diminuição da amplitude da rede de relações sociais e na participaçãosocial na velhice reflete a redistribuição de recursos socioemocionais pelos idosos, na 
medida em que há mudança na percepção do futuro. De forma adaptativa, na velhice 
passamos a ser mais seletivo de acordo com o envolvimento dos relacionamentos sociais 
mais próximos, os quais possam oferecer retorno emocional maior. Tais alterações 
adaptativas permitem aos idosos poupar recursos escassos, dirigir para alvos relevantes e 
otimizar o seu funcionamento afetivo e social. 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
31 
 
A adaptação ao longo do ciclo de vida depende de histórias prévias do 
funcionamento de suas experiências de sucesso ou falha em outros momentos ou história 
com problemas não resolvidos. As normas etárias6 podem contribuir para o 
desenvolvimento de um construto pessoal de curso da vida, sendo importante atentar para 
a idade do ponto de vista do próprio idoso e utilizar a experiência e os conhecimentos 
acumulados pelo indivíduo ao longo da vida. 
 Assista ao vídeo com Laura Carstensen que aborda a felicidade na velhice: 
 Vídeo 5. https://www.ted.com/talks/laura_carstensen_older_people_are_happier?language=pt-br 
 
5.2 Modelo do comboio social 
O estudo científico das relações sociais contribuiu de forma significativa para a 
compreensão do envelhecimento. As relações sociais são reconhecidas como um 
elemento-chave do bem-estar e reconhecidas como tendo efeitos cumulativos sobre a 
saúde durante o envelhecimento. Teoricamente as relações sociais tendem a apresentar 
aspectos-chave da condição humana, muitas vezes as relações sociais não têm 
competência como assunto fidedigno de estudo. 
As relações sociais são interações que tem certa durabilidade no tempo e certo 
padrão. Essas interações sociais abrangem tanto os sentimentos positivos e quanto os 
negativos, ou seja, a percepção de si e do outro com diferentes graus de envolvimento 
afetivo e intermináveis trocas entre os indivíduos. As relações sociais quando são 
significativas permitem o desenvolvimento do self7, e assim dão sentido às experiências e 
também oferecem apoio, esses componentes são importantes elementos no processo de 
adaptação, principalmente em momentos de transição da vida adulta. 
Desta forma pode observar que o engajamento nas atividades sociais tem sido 
associado ao aumento do senso de bem-estar em adultos, bem como na melhora no 
funcionamento físico, no fortalecimento nas relações sociais e na saúde, uma vez que, as 
relações sociais podem estimular o senso de significado, neste sentido, o suporte 
emocional pode ajudar a minimizar o estresse. As pessoas que sempre estão em contato 
 
6 Norma etária é constituída por um conjunto de pessoas de uma mesma idade 
 
7 Self é o indivíduo (eu mesmo), tal como se revela e se conhece, representado em sua própria consciência. 
https://www.ted.com/talks/laura_carstensen_older_people_are_happier?language=pt-br
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
32 
 
com outras podem ser influenciadas a terem hábitos saudáveis, a ajuda dada ou recebida 
pode contribuir para o aumento da percepção do controle pessoal, tendo influência positiva 
no bem-estar psicológico. O suporte social que a rede social (contato com amigos) oferece, 
reduz o isolamento social e aumentam a satisfação com a vida dos indivíduos que 
interagem com outras pessoas em diversos momentos de sua vida. 
Por esse motivo, quando conceituamos as relações sociais como um comboio 
permite uma representação parcimoniosa de uma circunstância humana complexa. De 
acordo com o modelo do comboio social, os indivíduos estão envolvidos com outros que se 
convivem com eles ao longo da sua vida, e, estas relações variam de acordo com a sua 
proximidade, com a qualidade da relação, com a sua função como por exemplo, a ajuda, o 
afeto, a troca de afirmação, e em sua estrutura que pode ser de acordo com o tamanho, a 
composição, a frequência de contato e a proximidade geográfica. A estrutura, função e 
qualidade dos comboios são influenciados por características pessoais, como a idade e o 
gênero, e situacionais com as condições da função, das normas e dos valores, podendo ter 
implicações significativas para a saúde e o bem-estar do indivíduo ao longo do 
envelhecimento. 
A medida em que o 
comboio social envolve a 
aproximação dos indivíduos 
considerados próximos e 
importantes em três círculos 
concêntricos que representam 
três níveis de proximidade: nível 
1: contatos íntimos: família, 
amigo, comboio; nível 2: funções sociais e formais regidas por associados de normas 
amplamente conhecidos e nível 3: contatos casuais e relações sociais anônimas. Os 
estudiosos perceberam que os idosos extrovertidos tendem a fazer mais contatos sociais, 
especialmente amizades, do que os idosos introvertidos. 
Em relação ao gênero, nota-se que as mulheres fornecem mais apoio as pessoas 
com maior nível de proximidade do que os homens, tem contatos mais frequentes com os 
membros de sua rede de suporte social, estão mais satisfeitas com seus amigos e tem 
maiores redes sociais e multifacetadas do que os homens. A explicação seria de que os 
homens podem ter sua rede de apoio social restrita desde jovens, e ao longo do 
Contatos íntimos: 
família, amigo, 
comboio. 
Funções sociais e formais 
regidas por associados de 
normas amplamente 
conhecidos. 
Contatos íntimos: 
família, amigo, 
comboio. 
Funções sociais e formais 
regidas por associados de 
normas amplamente 
conhecidos. 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
33 
 
desenvolvimento não se agregou mais indivíduos, assim, a rede de apoio dos homens não 
irão apresentar reduções em seu suporte social. 
5.3 Conceito de Enfrentamento 
Quando alguém está diante de um evento estressante e busca uma ação para lidar 
com a situação, foi utilizado uma estratégia de coping. A palavra coping, do verbo to cope, 
em inglês é utilizada por não ter uma tradução adequada para o português. Existem 
diversas definições para a palavra coping, mas a mais adequada seria “enfrentamento”. 
Dessa forma podemos definir o coping como um conjunto de esforços cognitivos e 
comportamentais, que é utilizado pelos sujeitos com o objetivo de lidar com questões 
específicas internas ou externas, que podem surgir em situações de estresse e são 
avaliadas pelos indivíduos como eventos que sobrecarregam e estressam seus recursos 
pessoais, mas ainda existem maneiras de adaptação diante de uma situação estressante 
e depende da noção de como poderá ser funcional para o indivíduo, ou seja, de acordo 
como se avalia a situação vivida diante dos eventos incontroláveis como a morte de um 
filho, e a perda de todos os bens materiais, a aceitação pode ser a única maneira 
encontrada por um indivíduo para se manter emocionalmente estável. 
A estratégia de enfrentamento deve ser entendida independentemente do resultado, 
bem como sendo a tentativa de administrar o evento estressor. Por sua vez, o próprio 
processo de envelhecimento pode ser considerado um estressor, visto que existe uma 
grande tendência dos indivíduos que envelhecem em manter vínculos de dependência onde 
se têm sua autonomia diminuída. Somando-se a isso, outro fator estressor para os idosos 
são a presença de doenças debilitantes, as perdas de papéis sociais e afetivas, acarretando 
diferentes graus de ansiedade, dependendo assim da trajetória de vida e das condições 
estruturais de cada indivíduo. 
Ainda permanece a ideia generalizada de que o processo de enfrentamento muda 
de acordo com o estágio do ciclo de vida no qual o indivíduo se encontra. Desta maneira, 
os significados das mudanças no processo de enfrentamento com a idade têm sido 
interpretados de três formas: a) pelo desenvolvimento; b) efeito da coorte a que o indivíduo 
pertence e c) contexto em que ocorre. 
Sob a ótica desenvolvimentistas interpretam o processo de coping como mudanças 
intrínsecas àmaneira com que os indivíduos enfrentam o evento estressor à medida em 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
34 
 
que envelhecem. Isso significa que as mudanças ocorridas no processo de envelhecimento 
relacionadas ao estresse vivido podem estar correlacionadas aos estágios do ciclo vital e 
não determinadas pelo ambiente. 
A interpretação baseada na influência da coorte8 sugere que indivíduos da mesma 
idade, e que, portanto, nasceram em um mesmo período, cresceram sob as mesmas 
condições históricas e viveram experiências similares durante as várias etapas da vida. 
Todavia, existem as coortes que nasceram em épocas diferentes, ou seja, cada indivíduo 
lidaria com eventos estressantes de uma maneira diferente, pois teria crescido em 
condições históricas diferentes. Por exemplo, indivíduos que cresceram durante a 
Depressão Americana em 1930 tinham expectativas diferentes, e lidavam com os 
problemas da vida de maneiras diferentes em relação aos indivíduos que cresceram 
durante o período da Segunda Guerra Mundial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 Coorte é uma população que pode ou não ter sofrido as mesmas consequências em determinado ano. 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
35 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 - TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO NA DOENÇA DE PARKINSON 
6.1 Fisioterapia na Doença de Parkinson 
Para melhorar os sintomas da doença de Parkinson e a qualidade de vida dos 
pacientes, primeiramente opta-se pelo tratamento farmacológico uma vez que as 
expectativas de melhora dos sintomas são elevadas, entretanto outras estratégias 
terapêuticas precisam fazer parte do auxílio ao paciente com doença de Parkinson. Neste 
caso, pode-se contar com o apoio terapêutico da fisioterapia que constitui importante 
método, o qual poderá promover exercícios que possam manter a atividade muscular e 
preservar a mobilidade, acarretando a diminuição e retardamento da evolução dos sintomas 
e provocando consequente melhorando da qualidade de vida do indivíduo com a doença 
de Parkinson. 
O recurso terapêutico da fisioterapia é empregado como tratamento adjunto aos 
medicamentos ou a cirurgia na doença de Parkinson, mesmo assim, ainda existem dúvidas 
sobre esse recurso. A fisioterapia é subestimada como alternativa para a doença talvez 
seja devido à comparação com o tratamento medicamentoso. No entanto, a reabilitação 
deve compreender exercícios motores, treinamento de marcha que pode ser sem e com 
estímulos externos, treinamento das atividades de vida diárias, terapia de relaxamento e 
exercícios respiratórios. Outra meta importante é trabalhar com a sensibilização do paciente 
e da família sobre os benefícios da terapia por exercícios físicos. Os sintomas neurológicos 
devem ser avaliados, como por exemplo, a habilidade para andar, a atividade da vida diária, 
a qualidade de vida e a integração psíquica para que a fisioterapia seja realizada com 
sucesso nesses indivíduos. 
Atualmente, profissionais têm utilizado fisioterapia aquática como recurso 
terapêutico que dirige os exercícios físicos para os efeitos físicos, fisiológicos e 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
36 
 
cinesiológicos provenientes da imersão do corpo em piscina aquecida como recurso auxiliar 
da reabilitação ou prevenção de alterações funcionais. A água aquecida provoca aumento 
do metabolismo e diminuição da tensão muscular, proporcionando um ambiente agradável, 
confortável e relaxante. Além disso, um dos efeitos provocados pela imersão na piscina 
seria o aumento dos níveis de dopamina no sistema nervoso central, que se mantêm por 
algumas horas após a imersão gerando alívio dos sintomas do indivíduo com a doença de 
Parkinson. 
Os estudos que utilizaram a fisioterapia aquática como recurso fisioterapêutico no 
tratamento da doença de Parkinson têm como foco a melhora do equilíbrio, da instabilidade 
postural e do risco de queda, porém são escassos na literatura estudos que mensurem a 
repercussão desse tratamento na percepção da qualidade de vida dos indivíduos com a 
doença. 
6.2 Realidade Virtual na Doença de Parkinson 
A realidade virtual foi proposta nos últimos anos como intervenção na área da 
reabilitação física e que pode ser utilizada para a diminuição do déficit de equilíbrio e dos 
membros, em diferentes populações, em pacientes com sequela de acidente vascular 
encefálico, esclerose múltipla, doença de Parkinson, entre outras. 
A realidade virtual tem como objetivo recriar e maximizar a sensação de realidade 
para o indivíduo. Diante disso, esse recurso terapêutico permite a análise das condições 
motoras e/ou cognitivas nas doenças ou em casos em que existe algum comprometimento 
do sistema motor. Assim, as características principais da realidade virtual são a imersão e 
a interação entre o mundo virtual e o indivíduo. 
A característica da imersão no ambiente virtual pode ser classificada de duas 
maneiras: imersiva e não imersiva. A realidade virtual imersiva é quando o usuário é levado 
profundamente para o domínio do mundo virtual, por meio de dispositivos multissensoriais, 
que capturam os movimentos e o comportamento e lidam com eles, provocando uma 
sensação de que você está dentro do mundo virtual como se fosse o mundo real. 
A realidade virtual não imersiva é quando o usuário é transportado parcialmente ao 
mundo virtual, mas continua a sentir-se no mundo real utilizando, por exemplo, com um 
monitor comum ou um console, um mouse, um joystick, ou ainda um teclado que permite a 
manipulação do ambiente virtual. 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
37 
 
De acordo com pesquisadores, a interação é a capacidade do indivíduo em interagir 
com os objetos virtuais, através de dispositivos que provocam essa sensação. Ou seja, o 
usuário entra no espaço virtual e visualiza, manipula e explora os componentes do mundo 
virtual em tempo real, usando seus sentidos, particularmente os movimentos naturais 
tridimensionais do corpo. A grande vantagem de utilizar a interação é que conhecimento 
intuitivo do indivíduo em relação ao mundo real poderá ser levado para o mundo virtual, e 
para aguentar esse tipo de interação o indivíduo utilizará dispositivos não convencionais, 
como capacetes de visualização e controle, e luvas de dados, chamadas datagloves. Com 
o uso desses aparelhos provocará a impressão que tudo que está acontecendo no mundo 
real, o que proporcionará a exploração do ambiente e a manipulação dos objetos com o as 
mãos. 
6.3 Musicoterapia na Doença de Parkinson 
Algumas pesquisas mostraram a importância da musicoterapia no auxílio em 
indivíduos que apresentam a doença de Parkinson. As maneiras de com que a 
musicoterapia exerce na doença é vista de diversas maneiras: a) na orientação no tempo 
e espaço; b) no relaxamento; c) a recompor- se, no caso de insegurança ou ansiedade em 
função da doença de Parkinson; d) a se expressar melhor, no caso de problemas na 
oralidade ou escrita; e) a potencializar as funções físicas e mentais afetadas; f) a reforçar a 
autonomia pessoal; g) no reconhecimento do self. 
Pode-se dizer que a musicoterapia é um recurso terapêutico auto expressivo e de 
atuação nas funções cognitivas e é observado que quando o indivíduo está em tratamento 
musicoterápico ocorre um processo de sensibilização de ordem psíquica a partir do meio 
sonoro-musical, trazendo resultados rápidos que talvez não seria possível obter com 
palavras. Assim, a musicoterapia e a música poderão propiciar a abertura de novas opções 
que possam minimizar dificuldades de várias doenças. 
 
 
 
Epidemiologia do Envelhecimento 
38 
 
7. O QUE É CUIDADO? 
O cuidar é definido como o ato de oferecer ao outro o suporte que ele precisa em 
algum momento do seu desenvolvimento. O cuidado tende a ser igual para todos os 
indivíduos que precisam de cuidados, mas difere de acordo com a 
singularidade de cada pessoa.

Outros materiais

Outros materiais