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• A dor persistente pode ter origem visceral, somática ou mista. Consequentemente, pode se apresentar de várias formas nas mulheres, incluindo dismenorreia, dispareunia, vulvodínia, dor pélvica crônica (DPC), dor musculoesquelética, cólica intestinal ou disúria além disso, a patologia em um órgão costuma levar à disfunção em sistemas adjacentes portanto, uma mulher com dor crônica pode ter mais de uma causa de dor e sintomas sobrepostos, o que leva a uma avaliação abrangente dos diversos sistemas orgânicos e do estado psicológico é essencial para o tratamento completo. • A DPC pode ser definida como dor com duração de 6 ou mais meses que se localiza na pelve, na parede abdominal anterior abaixo da cicatriz umbilical, na região lombossacral ou nas nádegas, com intensidade suficiente para causar impedimento funcional à paciente ou levá-la ao cuidado médico. • Pacientes com DPC frequentemente são ansiosas e deprimidas há abalo na vida conjugal, social e ocupacional essas pacientes costumam ter resultados insatisfatórios com tratamentos ginecológicos e clínicos tradicionalmente eficazes e podem ter sido submetidas sem sucesso a muitos procedimentos cirúrgicos para alívio da dor. • Dados do tratado de Ginecologia: Cerca de 12 a 19% das histerectomias são motivadas por dor pélvica, e 30% das pacientes que chegam às clínicas de dor já foram submetidas a esse procedimento. • Os estados de DPC são caracterizados por elevação da reatividade do sistema nervoso central (SNC) a estímulos periféricos. • A dor pélvica crônica (DPC) é um distúrbio multifacetado (características variadas). • É caracterizado por alterações no processamento de sinais aferentes nos órgãos pélvicos, nos tecidos somáticos adjacentes, na medula espinal e no encéfalo ─› a multiplicidade de sintomas somáticos e psicológicos presentes nas mulheres que sofrem de DPC, ocorrem devido as inervações toracolombar e sacral que estão em comum com as estruturas pélvicas, além do aumento do processamento de impulsos neurais no sistema nervoso central (SNC) que também contribui para a variedade dos sintomas. • O diagnóstico e o tratamento da DPC exigem abordagem multiprofissional (juntamente por conta da sua complexidade de sintomas). • DPC é um termo geral, inclusivo e que abrange muitas outras causas específicas, as quais variam desde as etiologias do sistema reprodutivo, gastrintestinais e urinárias até a dor miofascial (fáscia que envolve os músculos) e as síndromes de compressão nervosa. • Síndrome do intestino irritável (SII), cistite intersticial/síndrome da dor vesical, síndrome miofascial do assoalho pélvico ou da parede abdominal, bem como a neuropatia, são causas muitas vezes negligenciadas, mas comuns, de DPC ─› pacientes com DPC frequentemente são ansiosas e deprimidas, pois, há abalo na vida conjugal, social e ocupacional. • Na primeira consulta, deve- se obter uma história completa da dor, levando em conta a natureza de cada sintoma: localização, irradiação, intensidade, fatores que a agravam e aliviam; efeito do ciclo menstrual, estresse, trabalho, exercício, relação sexual e orgasmo; o contexto no qual a dor surgiu; e o custo social e ocupacional da dor. • É importante para avaliar a intensidade da dor e comparar as mudanças de intensidade nas consultas subsequentes ter uma escala analógica visual ou verbal para registrar a intensidade da dor de 0 a 10, que indique “ausência de dor” e “pior dor possível”. • Na avaliação deve incluir um questionário abrangente que aborde a depressão, a ansiedade, o trauma emocional, físico e sexual, a qualidade de vida e os critérios que auxiliem no diagnóstico. • Na anamnese deve incluir a história ginecológica, clínica e cirúrgica completa; uso de medicamentos, álcool ou drogas; avaliações prévias da dor com os resultados; além da análise de laudos cirúrgicos e patológicos anteriores. É preciso identificar traumas físicos, emocionais e sexuais ou abuso sexual no passado ─› é necessário também analisar a postura da paciente e de sua família em relação à dor, o comportamento da paciente e de seus familiares e as perturbações atuais na vida dela, além de todo o interrogatório sintomatológico completo. • CAUSAS DE DOR PÉLVICA CRÔNICA: • A endometriose é demonstrada em 15 a 40% das pacientes submetidas a laparoscopia para tratamento de DPC. • O diagnóstico é cirúrgico baseado na identificação e na histologia de lesões características. • A endometriose causa uma reação inflamatória de baixo grau, que, com o tempo, provoca aderências entre órgãos pélvicos próximos ─› entretanto, não se conhece bem a causa da dor ─› não há correlação entre a localização da doença e os sintomas de dor, também não parece haver relação entre a incidência ou a intensidade da dor ou o estágio das lesões de endometriose, e até 30 a 50% das pacientes não sentem dor, qualquer que seja o estágio. • Do mesmo modo, 40 a 60% das pacientes não sentem dor ao exame, seja qual for o estágio. • Lesões de endometriose com infiltração profunda e acometimento do septo retovaginal e do intestino, dos ureteres e da bexiga estão fortemente associadas à dor ─› as aderências pélvicas relacionadas com a endometriose são causa de dor pélvica ─› lesões infiltrativas vaginais e nos ligamentos uterossacros estão associadas a dispareunia e disquezia. • A produção de prostaglandinas ou citocinas pode ser responsável pela dor intensa em algumas pacientes com doença leve. • Os implantes endometrióticos adquirem um suprimento vascular e nervoso que pode contribuir para a sensibilização do SNP e SNC, bem como para a persistência da dor mesmo após tratamento cirúrgico. • A síndrome dolorosa relacionada com a endometriose é um conceito novo e em evolução, cuja definição é a dor que não responde, de maneira adequada, ao tratamento clínico e cirúrgico apropriado, sobretudo em caso de doença mínima ou leve ─› nessa situação, a plasticidade neural resulta de sensibilização central, hipoteticamente iniciada pela lesão inflamatória periférica ─› a doença não é mais somente a endometriose, mas é promovida pelas alterações no SNP e no SNC. • É frequente a coexistência da síndrome dolorosa relacionada com a endometriose com outros distúrbios crônicos, como síndrome de dor vesical/cistite intersticial (SDV/CI), dor miofascial, fibromialgia, vulvodinia e transtornos de ansiedade ─› por isso, é necessário um acompanhamento multiprofissional para tratar desses distúrbios. • As aderências observadas durante a laparoscopia podem estar na mesma região do abdome que a origem da dor pélvica, entretanto, nem a localização específica, nem a densidade das aderências têm correlação previsível com a dor. • A maioria das mulheres com aderências já se submeteu a um procedimento cirúrgico com possível lesão de nervos da parede abdominal, como os nervos ilio-hipogástrico ou ilioinguinal, o que provavelmente é a causa da dor ─› a parede abdominal tem de ser avaliada com atenção à procura de lesão miofascial ou de lesão ou compressão do nervo como causa da dor antes de se supor que as aderências são as responsáveis. • Diagnóstico: A laparoscopia é recomendada se causas gastrintestinais, urinárias, miofasciais e neuropáticas somáticas forem excluídas ou tratadas e se os resultados da avaliação psicológica forem negativos ─› a minilaparotomia com anestesia local e sedação é usada para fazer o “mapeamento consciente da dor”, no qual se tracionam aderências específicas e registra-se a resposta de dor. • Tratamento: O papel das aderências na origem da dor pélvica é incerto, e a cirurgia leva ao surgimento de outras aderências e talvez à lesão de órgãos ─› portanto, a lise só é recomendada em caso de obstrução intestinal parcial intermitente ou infertilidade. • A síndrome de congestão pélvica é a congestão ou dilatação de plexos venososuterinos e/ou ovarianos. • Sinais e sintomas: A congestão pélvica afeta mulheres em idade reprodutiva ─› os sintomas típicos são dor abdominal baixa e nas costas bilateral, intensificada por longos períodos na posição ortostática, dismenorreia secundária, dispareunia, sangramento uterino anormal, fadiga crônica e sintomas de SII ─› em geral, a dor inicia-se com a ovulação e persiste até o fim da menstruação. Com frequência, o útero é volumoso, e os ovários estão aumentados com vários cistos funcionais ─› o útero, o paramétrio e os ligamentos uterossacros são dolorosos. • Diagnóstico: A venografia transuterina é o melhor método para o diagnóstico, embora outras modalidades, como US pélvica/transvaginal, RM e laparoscopia possam mostrar varicosidades ─› por conta do custo e dos possíveis efeitos colaterais do tratamento, a conduta complementar deve ser baseada nos sintomas, e não apenas na presença de varicosidades. • Tratamento: O tratamento da suspeita de congestão pélvica varia das técnicas menos invasivas de supressão hormonal e controle da dor por terapia cognitivo-comportamental a outras mais invasivas, como embolização da veia ovariana ou histerectomia e salpingo-ooforectomia. • A supressão hormonal deve ser o mecanismo inicial de tratamento das mulheres com suspeita de congestão pélvica ─› é de extrema importância que haja um tratamento multiprofissional capaz de incorporar a psicoterapia, o controle comportamental da dor ou ambos. A embolização percutânea pode ser usada em mulheres que não respondem ao tratamento clínico ou hormonal. • Em geral, as pacientes com salpingo-ooforite apresentam sinais e sintomas de infecção aguda. A infecção atípica ou parcialmente tratada pode não estar associada a febre ou a sinais peritoneais. A salpingo-ooforite subaguda ou atípica é uma sequela frequente da infecção por clamídia ou micoplasma. Dor à palpação do abdome, dor à mobilização cervical e dor à palpação dos anexos bilateral são típicas de infecção pélvica. • Em paciente em idade reprodutiva submetida a salpingo- ooforectomia bilateral, com ou sem histerectomia, para tratamento de endometriose grave ou DIP, a DPC pode ser causada pela síndrome do ovário remanescente. • Essa síndrome é consequência do tecido cortical ovariano residual que permanece in situ após uma dissecção difícil na tentativa de ooforectomia ─› esse tecido pode ser envolvido por aderências e causar o surgimento de cistos dolorosos, muitas vezes, a paciente passou por várias cirurgias pélvicas, com remoção sequencial do útero e dos anexos. • Sintomas: Em geral, a paciente queixa-se de dor pélvica com irradiação lateral, frequentemente cíclica, associada à ovulação ou à fase lútea, descrita como aguda e perfurante ou constante, vaga e sem irradiação, às vezes com sintomas geniturinários ou gastrintestinais associados ─› os sintomas tendem a surgir 2 a 5 anos após a ooforectomia inicial, quando apresenta massa dolorosa na região lateral da pelve é patognomônica ─› a paciente pode relatar dispareunia profunda, constipação intestinal ou dor no flanco. • Diagnóstico: Em geral, a US confirma uma massa com características de tecido ovariano ─› a acurácia da US pode ser aumentada tratando a paciente com citrato de clomifeno, na dose de 100 mg/dia durante 5 a 10 dias, para estimular o desenvolvimento folicular. • Tratamento: Em geral, o tratamento clínico inicial com altas doses de progestágenos ou CO alcança bons resultados ─› as pacientes também apresentam alívio da dor com um agonista do GnRH, embora esses medicamentos sejam inadequados para tratamento a longo prazo. Aquelas que obtêm alívio com agonistas do GnRH também apresentam alívio com a cirurgia subsequente. • O tratamento exige a retirada do tecido ovariano remanescente, e a cirurgia corretiva tende a ser difícil, com risco de lesões de bexiga e intestino e obstrução do intestino delgado pós-operatória ─› a patologia cirúrgica geralmente mostra a presença de tecido ovariano, às vezes com endometriose, cistos do corpo lúteo ou foliculares e aderências fibrosas ─› pode-se usar citrato de clomifeno sete a dez dias antes da cirurgia para induzir foliculogênese, o que facilita a detecção do tecido ovariano. • O útero, o colo e os anexos têm a mesma inervação visceral que a parte inferior do íleo, o cólon sigmoide e o reto ─› esses sinais seguem através dos nervos simpáticos até os segmentos T10 a L1 da medula espinal, portanto, muitas vezes é difícil identificar se a dor abdominal baixa tem origem ginecológica ou intestinal. • É necessário ter habilidade na anamnese e no exame para distinguir entre as causas ginecológicas e gastrintestinais de dor ─› é preciso também excluir doença intestinal inflamatória, como doença de Crohn ou colite ulcerativa, enterocolite infecciosa, neoplasias intestinais, apendicite e hérnia com anamnese e exame físico apropriados, hemograma completo e coprocultura, além de exame visual da mucosa colônica quando indicado. • A síndrome do intestino irritável (SII) é uma das causas mais comuns de dor abdominal baixa e pode ser responsável por até 60% das pacientes encaminhadas ao ginecologista com DPC. Estima-se que 35% das pacientes com DPC tenham diagnóstico concomitante de SII. • As mulheres submetidas a histerectomia para tratamento de DPC são duas vezes mais propensas a ter SII ─› a fisiopatologia da SII parece ser influenciada por sensibilização do SNC e diminuição da inibição descendente, que, por fim, causa hipersensibilidade visceral ─› a hipersensibilidade visceral e os reflexos anormais, demonstrados tanto em estudos com animais quanto com seres humanos, provocam aumento da intensidade da dor, diminuição do limiar de sensibilidade e aumento da região viscerossomática de dor referida, todos os quais levando aos sintomas de SII. • Sintomas: O sintoma predominante de SII é a dor abdominal ─› outros sintomas: distensão abdominal, flatulência excessiva, alternância entre diarreia e constipação intestinal, aumento da dor antes da defecação, diminuição da dor após a defecação e exacerbação da dor por eventos que aumentam a motilidade gastrintestinal, como a alimentação, o estresse, a ansiedade, a depressão e a menstruação. • Em geral, a dor é intermitente, algumas vezes constante, tipo cólica, e mais provável no quadrante inferior esquerdo ─› pacientes com SII podem ser divididas em três categorias: predomínio de constipação intestinal, predomínio de diarreia e predomínio de dor (alternância do padrão de evacuação), dependendo dos sintomas principais. • Os novos critérios de Roma III para diagnóstico incluem no mínimo 3 dias por mês de dor ou desconforto abdominal recorrente nos últimos 3 meses, com no mínimo duas das seguintes características: alívio com a defecação, início associado à mudança da frequência das defecações ou início associado à mudança da forma e aparência das fezes. • Sinais: Ao exame físico, os achados de um cólon sigmoide doloroso palpável ou desconforto durante a introdução do dedo no reto e fezes de consistência dura no reto são sugestivos de SII. • Diagnóstico: Em geral, o diagnóstico da SII baseia-se na anamnese e no exame físico, e, embora sejam sugestivos, principalmente em mulheres jovens, os achados são inespecíficos. • Com frequência, são necessários hemograma completo, amostra de fezes para pesquisa de leucócitos e sangue oculto, além de sigmoidoscopia, colonoscopia ou clister opaco, sobretudo em pessoas idosas e em jovens que não responderam ao tratamento inicial ─› os resultados de todos esses exames são normais em pacientes com SII. • Tratamento: Abrange tranquilização, educação, redução do estresse, agentes formadores de volume intestinal e outros tratamentos sintomáticos, além de antidepressivos tricíclicos em baixas doses ─› é recomendável instituir um programa multiprofissionalque inclua abordagem clínica e psicológica. • As pacientes devem evitar alimentos desencadeantes, como aqueles que contêm lactose, sorbitol, álcool, gordura e frutose ─› produtos com cafeína podem causar distensão abdominal, cólica e aumento da frequência de evacuação. • Se a paciente permanecer sintomática depois de experimentar essas mudanças de estilo de vida, podem-se administrar antiespasmódicos como diciclomina ou hiosciamina durante um curto período como prova terapêutica. • A terapia multiprofissional abrange os componentes cognitivo, afetivo e comportamental da dor. O tratamento pode reduzir a intensidade da estimulação nociceptora e também modificar a interpretação do significado da dor. • A DPC de origem urológica pode estar relacionada com a cistite ou uretrite recorrente, síndrome uretral, urgência sensorial de causa incerta e cistite intersticial/dor vesical. • Com avaliação diagnóstica apropriada, podem-se excluir com facilidade tumores vesicais infiltrativos, obstrução ureteral, litíase renal e endometriose como possíveis causas. • A síndrome uretral é definida como um complexo de sintomas que inclui disúria, polaciúria e urgência, desconforto suprapúbico e, com frequência, dispareunia na ausência de anormalidade da uretra ou bexiga. • A causa da síndrome uretral é incerta e foi atribuída a infecção subclínica, obstrução uretral e fatores psicogênicos e alérgicos ─› na verdade, os sintomas da síndrome uretral podem avançar para os estágios iniciais da cistite intersticial. • Sintomas: Urgência, polaciúria, pressão suprapúbica e outros sintomas menos frequentes, como dor vesical ou vaginal, incontinência urinária, sensação de esvaziamento incompleto, dispareunia e dor suprapúbica são comuns. • Sinais: É necessário que se façam exames físico e neurológico. Anormalidades anatômicas, entre elas relaxamento pélvico, carúncula uretral e hipoestrogenismo, devem ser avaliadas ─› é preciso avaliar a possibilidade de vaginite. A uretra deve ser palpada com atenção para detectar secreção purulenta. • Diagnóstico: É necessário obter amostra de urina por técnica adequada ou por cateterismo para exame de rotina e cultura a fim de excluir infecção urinária (IU) ─› quando indicado, devem ser feitos exames uretral e cervical para pesquisa de clamídia e uma preparação a fresco para vaginite. • Deve-se considerar a possibilidade de síndrome uretral se a infecção for descartada, a avaliação não mostrar vulvovaginite e não for possível detectar fenômeno alérgico causador de dermatite de contato na uretra ─› é necessário descartar a possibilidade de infecção por Ureaplasma, Chlamydia, Candida, Trichomonas, gonorreia e herpes ─› a avaliação cistoscópica possibilita que se excluam divertículo uretral, cálculos e câncer ─› os músculos do assoalho pélvico devem ser avaliados, pois seu espasmo pode causar dor. A dor uretral também pode ser uma manifestação de cistite intersticial. • Tratamento: Há vários tipos de tratamento sugeridos para síndrome uretral ─› pacientes sem agente infeccioso, mas que apresentam piúria estéril, podem responder ao tratamento com doxiciclina ou eritromicina por 2 a 3 semanas. • Muitas vezes, é usada profilaxia prolongada com pequenas doses de antimicrobianos em mulheres com sintomas de urgência e polaciúria e história documentada de infecções urinárias recorrentes ─› é possível que algumas dessas mulheres continuem apresentando sintomas sem IU e que a infecção bacteriana ressurja posteriormente. • As culturas após o tratamento para verificar se houve cura são úteis. Recomenda-se que todas as mulheres na pós-menopausa com esse distúrbio sejam submetidas a uma prova de tratamento com estrogênio local durante no mínimo 2 meses ─› se não houver melhora após tratamento com antibiótico ou estrogênio e terapia cognitivo-comportamental, pode-se considerar a dilatação uretral, mas não há estudos recentes sobre esse método. • O tratamento deve ser multiprofissional, como na DPC em geral. • A cistite interstícial (CI)/síndrome de dor vesical é mais frequente no sexo feminino. A maioria das pacientes tem entre 40 e 60 anos de idade. • Em 2002, os distúrbios de bexiga dolorosa foram definidos pela Sociedade Internacional de Continência (SIC) com uma série de novas recomendações ─› a definição mais usada, a síndrome da bexiga dolorosa (SBD), é descrita como uma síndrome clínica (um conjunto de sintomas) constituída de “dor suprapúbica relacionada com o enchimento vesical, associada a outros sintomas, como aumento da frequência de micção diurna e noturna, na ausência de infecção comprovada ou de outra doença óbvia”. • Por comparação, o termo “cistite intersticial” refere-se a pacientes com sintomas de SBD, mas que também apresentam “aspectos cistoscópicos e histológicos típicos” durante hidrodistensão vesical. • A etiologia da CI/SBD é desconhecida, mas há várias hipóteses ─› um defeito da camada epitelial de glicosaminoglicanos (GAG), por meio do qual substâncias irritantes da urina penetram no urotélio até as terminações nervosas subepiteliais, pode ser responsável pela síndrome. Esse mecanismo teórico baseia-se no fato de que muitas pacientes com CI têm um teste de difusão de potássio positivo e são sensíveis a determinados alimentos e bebidas. • Propuseram-se mecanismos imunológicos, pois, nas biopsias da bexiga de indivíduos com CI, foram encontradas atividade anormal de mastócitos, aumento das fibras nervosas com expressão de substância P e aumento do fator de crescimento neural. • Mecanismos autoimunes podem ser responsáveis em alguns indivíduos, já que há maior incidência de lúpus eritematoso sistêmico, alergia, doença intestinal inflamatória e síndrome do intestino irritável, bem como fibromialgia, em pacientes com sintomas vesicais. • Outro mecanismo possível é a sensibilização central com alteração do eixo simpático-suprarrenal e hipotalâmico-suprarrenal, comprovada pela existência de dor vesical “fantasma” mesmo depois da retirada cirúrgica da bexiga. • Sintomas: Os sintomas incluem polaciúria e urgência graves e incapacitantes, noctúria e disúria e hematúria ocasionais. É comum haver dor suprapúbica, pélvica, uretral, vaginal, vulvar ou perineal, que podem ser parcialmente aliviadas por esvaziamento da bexiga. • Sinais: O exame pélvico, em geral, mostra dor à palpação da parede anterior da vagina e suprapúbica, os músculos do assoalho pélvico sempre são acometidos e há dor à palpação ─› o exame de urina pode mostrar micro- hematúria sem piúria, embora os resultados, na maioria dos casos, sejam normais. • Diagnóstico: O diagnóstico é de exclusão e não é mais baseado na cistoscopia. As pacientes que devem ser excluídas são aquelas com menos de 18 anos, com sintomas há menos de 9 meses, sem noctúria, frequência de micção menor que 8 vezes/dia, infecção geniturinária (inclusive cistite bacteriana, vaginite, herpes), cistite induzida por radiação ou quimioterapia, cálculos vesicais, câncer geniturinário, ausência de urgência com enchimento vesical maior que 350 cm 3 , contrações vesicais involuntárias ou alívio com antibióticos, antiespasmódicos ou anticolinérgicos. • Segundo os critérios do consenso dos National Institutes of Health (NIH) para diagnóstico de CI, as pacientes devem atender no mínimo a dois destes critérios: 1- dor ao enchimento da bexiga aliviada pelo esvaziamento; 2- dor na região suprapúbica, pélvica, uretral, vaginal ou perineal; 3- observação de glomerulações à endoscopia ou de diminuição da complacência à cistometria. • As pacientes podem ser avaliadas por cistoscopia com hidrodistensão e biopsia ─› hemorragias petequiais na mucosa vesical (glomerulações) são características de CI. • O uso de uma escala de dor pélvica e dos sintomas de urgência/frequência e um teste intravesical com potássio possibilitamo diagnóstico precoce. • Tratamento: Embora não haja cura definitiva da CI/SBD, as pacientes podem alcançar remissão com a terapia multiprofissional. Os tratamentos de primeira linha são basicamente a modificação do comportamento, como treinamento vesical e controle do estresse, terapia cognitivo-comportamental, modificações da alimentação ou restrição de alimentos ácidos, condimentados e fermentados, além de fisioterapia da musculatura do assoalho pélvico. • A alcalinização da urina pode ser útil ─› os antidepressivos tricíclicos foram eficazes. • • A lesão ou compressão do nervo cutâneo abdominal pode ser espontânea ou ocorrer semanas a anos após incisões cutâneas suprapúbicas transversais ou laparoscópicas. • Os nervos ilioinguinal (T12 e L1, L2) ou ilio-hipogástrico (T12 e L1, L2) podem ser aprisionados entre os músculos transverso e oblíquo interno, sobretudo durante a contração muscular ─› também pode haver ligadura ou traumatismo do nervo durante a cirurgia. • A lesão do nervo femoral, um dos nervos lesados com maior frequência em laparotomias ginecológicas, costuma ocorrer quando as lâminas laterais do afastador profundamente comprimem o nervo contra a parede lateral da pelve ─› os sintomas de compressão nervosa incluem dor aguda, queimação, dor contínua e parestesia na distribuição do dermátomo do nervo acometido ─› a lesão do nervo femoral incapacita a paciente de fletir o quadril ou estender o joelho. • Na compressão do nervo, a dor é exacerbada por flexão, exercício ou atividade do quadril, e aliviada por repouso ou infiltração de anestésico local ─› a dor, em geral, é percebida como proveniente do abdome, não da pele. • A neuropatia do pudendo é outro tipo de dor neural que pode ser causada por cirurgia vaginal, sobretudo quando associada a fixação lateral de tela, parto e até mesmo constipação intestinal crônica ou anormalidades musculares do assoalho pélvico. • Os procedimentos cirúrgicos vulvares – entre eles episiotomia, depilação com laser e remoção da glândula de Bartholin – podem lesar ramos do nervo pudendo, isto é, os ramos vestibulares, anais ou do clitóris. • Os critérios de Nantes para neuropatia do pudendo são: 1- dor na área suprida pelo nervo pudendo (clitóris/pênis ipsilateral, parte distal da uretra, lábio/escroto, períneo e ânus); 2- intensificação da dor na posição sentada; 3- a paciente não é despertada por causa da dor; 4- ausência de perda sensorial ao exame clínico (déficits sensoriais são sugestivos de lesão da raiz do nervo sacral); 5- resolução da dor com bloqueio do nervo pudendo. • Sinais: Ao exame, o ponto de dor ou dor à palpação máxima deve ser localizado com a ponta do dedo ─› o ponto máximo de dor à palpação em uma lesão ilio-hipogástrica ou ilioinguinal costuma ser na margem do músculo retoabdominal, em posição medial e inferior à espinha ilíaca anterior ─› no nervo pudendo, a dor à palpação máxima geralmente ocorre perto da espinha isquiática. • Tratamento: Muitas pacientes podem não necessitar de outra intervenção após uma série de bloqueios anestésicos semanais, embora algumas necessitem de fisioterapia ou de medicamentos que diminuam os estímulos nervosos. • Se a injeção proporcionar apenas alívio limitado da dor e não houver contribuição de fatores viscerais ou psicológicos, recomenda-se a ablação do nervo por radio-frequência ou a descompressão cirúrgica do nervo acometido ─› a medicação para dor neuropática, como anestésicos locais tópicos, anticonvulsivantes ou antidepressivos, costuma ser eficaz. • A síndrome miofascial está presente em cerca de 15% das pacientes com DPC ─› essas pacientes têm muitos pontos-gatilho, que são focos de hiperirritabilidade em uma estreita faixa de músculo esquelético ou em sua fáscia. • Os pontos-gatilho – possivelmente disparados por reflexo autônomo patogênico de origem visceral ou muscular – são dolorosos à compressão ─› a dor referida do ponto-gatilho tem distribuição em dermátomos e pode ser causada por nervos que suprem o músculo ou estruturas mais profundas que compartilham um neurônio de segunda ordem na medula espinal. • A paciente pode apresentar fraqueza e restrição da amplitude de movimento do músculo afetado. A fisioterapia é essencial. Em geral, é possível que se eliminem os pontos-gatilho dolorosos com a injeção de anestésico local na área de dor; o uso tópico de lidocaína na forma de adesivo ou creme pode ser útil ─› mulheres com DPC podem ter pontos-gatilho, tendo alguma doença ou não, sendo que a doença pode ser de qualquer tipo. • Sintomas: Com frequência, a dor miofascial na parede abdominal e no assoalho pélvico é exacerbada durante o período pré-menstrual ou por estímulos no dermátomo dos pontos-gatilho (ex: enchimento da bexiga e do intestino ou qualquer estimulação de órgãos no mesmo dermátomo do nervo acometido). • Sinais: Ao exame, a pressão com a ponta do dedo sobre os pontos-gatilho provoca dor local e referida ─› o tensionamento dos músculos por elevação da perna estendida ou elevação da cabeça em relação à mesa ou palpação aumenta a dor ─› a palpação com a ponta do dedo ou com um swab de algodão provoca um sinal do pulo característico ─› uma sensação elétrica (formigamento) confirma o posicionamento correto da agulha. • Tratamento: Massoterapia ajuda a aliviar a dor em alguns casos ─› a “liberação miofascial” é uma massagem vigorosa especial que pode ser eficaz ─› dependendo da localização dos pontos-gatilho miofasciais, é indicada a fisioterapia do assoalho pélvico. • A pressão contínua em um ponto-gatilho com força adequada por um período específico pode inativar o nervo acometido. • A injeção de 3 ml de bupivacaína a 0,25% no ponto-gatilho proporciona alívio, o qual, geralmente, é mais duradouro que a ação anestésica ─› depois de quatro a cinco injeções quinzenais, o procedimento deve ser suspenso se não for obtido alívio prolongado. • A acupuntura pode ser eficaz ─› concomitante à injeção nos pontos- gatilho, devem instituir relaxamento, redução do estresse e controle cognitivo- comportamental da dor, sobretudo se houver ansiedade, depressão, história de trauma emocional, maus-tratos físicos ou abuso sexual, disfunção sexual ou perturbação social ou ocupacional. • É uma síndrome de dor miofascial constituída por uma tríade de dor difusa, fadiga e sono não restaurador. É mais comum no sexo feminino. • As mulheres com dor miofascial na parede abdominal ou no assoalho pélvico, CI/SBD e SII costumam ter fibromialgia ─› o diagnóstico da síndrome requer que a paciente tenha pontos dolorosos nos quatro quadrantes. • Acredita-se que seja causada por uma sensibilização do SNC que acarreta a percepção anormal da dor crônica. • A fibromialgia está intimamente associada à síndrome de fadiga crônica, uma combinação de problemas miofasciais regionais, entre eles infecções e distúrbios autoimunes ou disautonomias. • O tratamento inclui educação, alterações ambientais (dieta equilibrada, período adequado de sono e ambiente que possibilite o sono repousante), exercício e alongamento, além de aconselhamento ou terapia cognitivo- comportamental para relaxamento e maximização dos mecanismos de adaptação ─› os medicamentos usados incluem AINE, ATC em baixas doses, inibidores da recaptação seletiva de serotonina/norepinefrina, anti- convulsivantes e benzodiazepínicos para melhorar o sono. • A causa da dor nas mulheres com queixa de dor lombar sem dor pélvica raramente é uma doença ginecológica ─› entretanto, a dor lombar pode estar associada a doença ginecológica. • A dor nas costas pode ser causada por doença ginecológica, vascular, neurológica, psicogênica ou espondilogênica (relacionada com o esqueleto axial e à sua estrutura). • Sintomas: Com frequência, as mulheres com síndrome de dor lombar têm dor que ocorre após traumatismoou esforço físico, pela manhã ao despertar ou com a fadiga ─› a dor lombar não ginecológica pode intensificar-se com o ciclo menstrual. • Sinais: O exame consiste em inspeção, avaliação com movimento e palpação ─› várias estruturas anatômicas na coluna vertebral devem ser cogitadas como local de origem da dor ─› músculos, articulações vertebrais e discos (inclusive a junção lombossacral, os músculos sacroespinais paravertebrais e as articulações sacroilíacas) são locais comuns de origem de dor espondilogênica que devem ser examinados com atenção. • Diagnóstico: Exames diagnósticos de imagem feitos com a paciente de pé, deitada e sentada com flexão máxima podem ser úteis ─› embora a maioria das pacientes com dorsalgia aguda não necessite de exame de imagem, podem- se obter radiografias simples para que se avaliem infecção, fratura, neoplasia maligna, espondilolistese, alterações degenerativas, estreitamento do espaço discal e cirurgia prévia. • Tratamento: Deve-se solicitar o parecer do médico de atenção primária da paciente antes de iniciar o tratamento da dorsalgia, exceto se houver possibilidade de dor ginecológica referida ─› nos casos mais complexos, pode ser necessário um parecer ortopédico ou neurocirúrgico. • Do ponto de vista psicológico, vários fatores podem promover a cronicidade da dor, inclusive o significado associado à dor, a ansiedade, a capacidade de redirecionar a atenção, a personalidade, o estado de ânimo, as experiências passadas e as contingências de reforço que podem intensificar ou atenuar a dor. • Também existe relação íntima entre depressão e dor ─› ambas dão origem a comportamento semelhante, como isolamento comportamental e social e diminuição da atividade, e podem ser mediadas pelos mesmos neurotransmissores, entre eles norepinefrina, serotonina e endorfinas. • O Beck Depression Inventory (BDI) pode ser usado como método para avaliação: A pontuação acima de 12 sugere disforia e acima de 18, depressão. • Os anti-depressivos, sobretudo os inibidores da recaptação de serotonina e norepinefrina (IRSN) frequentemente aliviam tanto a depressão quanto a dor. • Também foi observada maior prevalência de maus-tratos físicos na infância entre as mulheres com DPC que entre aquelas com outros tipos de dor (39% x 18,4%). • Em uma comparação de mulheres com DPC, mulheres com dor crônica não pélvica (cefaleia) e mulheres sem dor, constatou-se maior prevalência cumulativa de abuso sexual e maus-tratos físicos importantes no grupo com DPC ─› os traumas na infância podem aumentar a vulnerabilidade ao estresse psicossocial, comprometer as estratégias de adaptação e promover a cronicidade da dor após uma lesão. • O tratamento em mulheres com dor crônica deve ser terapêutico, otimista, de apoio e de compreensão ─› a paciente deve ser orientada a preencher um formulário de avaliação diária da dor depois da primeira consulta. • Esse formulário oferece ao clínico e à paciente informações importantes para controle da dor ─› o registro inclui nível de dor (de 0 a 10), sangramento vaginal e eventos que desencadeiam dor, como estresse, alimentos e algumas atividades físicas ─› a classificação da dor estimula a sensação de controle da paciente e diminui o sentimento de desamparo. • O registro diário melhora a autoeficácia e a adesão, possibilita o diagnóstico de dor cíclica atípica (lútea, em vez de menstrual) e ajuda a paciente a reconhecer a conexão entre a dor e os fatores de estresse. • A classificação deve ser analisada em consultas de acompanhamento ─› a oferta de consultas de acompanhamento periódicas é preferível à instrução para que a paciente só retorne em caso de persistência da dor, porque esta última reforça o comportamento de dor. • Devem ser ensinadas estratégias específicas de controle da dor com uso de condutas cognitivo comportamentais ou de técnicas como meditação de atenção plena ou ioga ─› as pacientes devem aprender recursos que aumentem as oportunidades de controle da dor. • A psicoterapia é indicada nas mulheres com depressão acentuada, dificuldades sexuais ou indicações de trauma no passado ─› várias estratégias – inclusive técnicas de relaxamento, controle do estresse, aconselhamento sexual e conjugal, hipnose e outras condutas psicoterapêuticas – provavelmente aumentam a inibição descendente no SNC de sinais de dor periféricos. • A psicoterapia em grupo é uma conduta com excelente custo-benefício para ajudar as pacientes a aprender técnicas de redução do estresse e a desenvolver mecanismos comportamentais de adaptação. • A acupuntura pode ser útil. • A avaliação e o tratamento com fisioterapia são importantes. • A conduta que integra as habilidades do ginecologista, psicólogo e fisioterapeuta, podendo incluir um anestesiologista para bloqueios anestésicos especializados, tem mostrado resultados positivos. • A terapia multiprofissional no início do processo de tratamento deve ser considerada nos seguintes grupos: 1- ausência óbvia de doença; 2- doença com papel questionável na gênese da dor; 3- resposta insatisfatória a tratamento clínico ou cirúrgico tradicionalmente eficaz; 4- participação de mais de uma estrutura visceral ou somática na gênese da dor (mais de um “gerador de dor”); 5- grau considerável de estresse, ansiedade, estado de estresse pós-traumático ou depressão; 6- história de trauma físico, emocional ou sexual passado ou atual. • Todas as pacientes com dismenorreia ou dor que se agrava na fase lútea ou menstrual devem ser tratadas com agentes hormonais para inibir a ovulação e/ou a menstruação, conforme já foi discutido ─› pacientes com dor neuropática ou evidências de sensibilização central ou dor miofascial têm bons resultados com agentes que alteram o processamento neural. • Uma baixa dose de um antidepressivo tricíclico, vários anticonvulsivantes ou inibidores seletivos da recaptação de serotonina/norepinefrina costumam ser eficazes, sobretudo se combinados à terapia cognitivo-comportamental ─› esses agentes farmacológicos reduzem o limiar de disparo do nervo e ajudam a diminuir o uso de medicamentos narcóticos, aumentando a atividade e aliviando o impacto que a dor tem sobre o estilo de vida global das mulheres. • O tratamento a longo prazo da DPC com medicamentos narcóticos é considerado o último recurso após o fracasso de todas as outras modalidades de tratamento. • Os opioides devem ser administrados a intervalos programados, e é necessário que haja acompanhamento constante com avaliação do grau de alívio da dor, nível de função e qualidade de vida ─› os médicos devem registrar meticulosamente o insucesso de outras opções de tratamento e o aconselhamento da paciente ─› os narcóticos só devem ser prescritos após assinatura de consentimento. • A fisioterapia restaura a flexibilidade tecidual e articular, melhora a postura e a mecânica do corpo, restabelece a força e a coordenação, diminui a irritabilidade do sistema nervoso e restitui a função ─› é um importante componente do tratamento em pacientes com dor miofascial na parede abdominal, no assoalho pélvico ou na região lombar. • Deve-se considerar a avaliação laparoscópica nas mulheres com dor incapacitante pré-menstrual e/ou menstrual que não responde ao tratamento com AINE ou contraceptivos hormonais. • A laparoscopia diagnóstica tornou-se um procedimento-padrão na avaliação de pacientes com dor pélvica acíclica crônica; entretanto, a laparoscopia geralmente deve aguardar até a exclusão de outras causas somáticas ou viscerais não ginecológicas de dor. • Durante a laparoscopia diagnóstica, as lesões endometrióticas devem ser biopsiadas, e, se houver suspeita de infecção, devem ser feitas culturas. • A laparoscopia é basicamente um procedimento de citorredução, e pode não ser possível remover com segurança toda a endometriose visível,mas, se houver possibilidade, os implantes devem ser excisados ou eletrocoagulados. • Embora 19% das histerectomias tenham o objetivo de curar a dor pélvica, 30% das pacientes que procuram as clínicas de dor já foram submetidas a histerectomia sem sucesso. • A histerectomia é particularmente útil em mulheres que não desejam mais ter filhos e têm dismenorreia secundária ou dor crônica relacionada com a endometriose, à doença uterina, como adenomiose, ou à congestão pélvica ─› antes de recomendar a histerectomia para alívio da dor ou anexectomia unilateral na dor unilateral, convém usar o método “PREPARE” nas conversas com a paciente ─› Procedimento que está sendo feito; Razão ou indicação; Expectativa ou resultado desejado do procedimento; Probabilidade de alcançar o resultado, Alternativas e opções não cirúrgicas; Riscos e as Expensas (custo). • A histerectomia para alívio da dor pélvica central em mulheres com dismenorreia, dispareunia e dor à palpação do útero produziu alívio da dor em 77% das mulheres em um estudo retrospectivo e em 74% das mulheres em um estudo de coortes prospectivo ─› todavia, 25% das mulheres no estudo retrospectivo observaram persistência ou agravamento da dor durante o período de 1 ano de acompanhamento.