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Estudo Dirigido 1 - final

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Estudo Dirigido 1 
NOME: Yago Lorran Silva Souza 
1)     O conceito de economia como processo instituído parte do princípio de que o homem necessita construir redes de relações sociais com o objetivo de possibilitar trocas e consequente satisfação de suas necessidades. É um processo instituído porque é uma iniciativa criada em âmbito coletivo em que os participantes são como peças articuladas que fazem a engrenagem - o processo econômico - funcionar. Polanyi define que os processos econômicos estão inseridos na sociedade, em instituições econômicas, como por exemplo as moedas e os instrumentos de trabalho, e instituições não econômicas, como por exemplo religião e governo.  Ele define duas abordagens para economia: a economia substantiva que poderíamos dizer que seria uma visão mais naturalista e indissociável entre o homem e seus processos econômicos; é o homem no coletivo e no ambiente natural com ofertas contínuas de bens para satisfazer suas necessidades focadas na suficiência (economias pré-capitalistas) e a economia formal, que parte da lógica, da racionalização do homem e o distingue do processo econômico, o homo economicus (economia moderna capitalista). 
Polanyi define três tipos de processos econômicos instituídos:  
-  Com base na reciprocidade – economia do dom e contra-dom em que há o conceito de simetria entre grupos em que ocorrem doações de bens e serviços com retornos indiretos. Este conceito foi apresentado em 1924, pelo sociólogo e antropólogo Marcel Mauss, num estudo sobre as dimensões simbólicas dos diferentes modos de lidar com ofertas, trocas e reciprocidades nas sociedades estruturadas pré-capitalistas. Ele concluiu que presentes ou serviços voluntários escondem uma reciprocidade obrigatória na qual não há equivalência de valor e um indivíduo está sempre em dívida com o outro.  Que dispor de um bem é fundamental para a formação de alianças e para geração de respeito. O indivíduo que concede alguma coisa a alguém possui maior valoração social. Que embora sua atitude seja voluntária, sem contrapartida direta, o retorno é dado pelas relações sociais que conferem prestígio e status diferenciado aos voluntários. As ações filantrópicas convertem capital e poder social aos voluntários, tornando-os mais influentes e politicamente mais fortes. 
- Com base na redistribuição – baseada numa autoridade redistributiva central que se aplica às sociedades primitivas de coletores e caçadores, aos grandes impérios antigos, como o Egito, o Inca, a Babilônia, os feudos medievais em que os produtores enviam suas produções a uma autoridade centralizada que, por sua vez, encarrega-se de redistribuí-las aos seus membros de acordo com suas necessidades.  
- Com base no mercado – definição em que já entra o conceito de economia capitalista e o conceito de economia formal de Polanyi. São as trocas mercantilizadas, feitas através de mercados interligados onde tudo é precificado e as trocas são diretas, feitas por meio de uma unidade de moeda, ou entre produtos e serviços mesmo, com o intuito da eficiência, não só da suficiência, em que o homem objetiva a maximização dos seus ganhos. 
2)     A importância, segundo Hayek, é que, através do sistema de preços, de forma descentralizada, os agentes econômicos são capazes de tomar suas melhores decisões mantendo o funcionamento dinâmico do mercado, mesmo desconhecendo todas as variáveis incidindo sobre o mesmo. Aos preços estão subtendidas todas as informações que influenciam e que definem mudanças no mercado, como intempéries na agricultura, interrupções de operações produtivas e financeiras, mudanças na produção e esgotamento de uma matéria-prima, que, mesmo sendo desconhecidas pelos players, elas acabam refletidas nos preços e, estes, por si só, são informações suficientes para o mercado continuar operando. É possível inferir, segundo a lógica de Hayek e a escola econômica na qual está inserido que o preço é o grande regulador do mercado, sendo determinante sobre o que deve ser mais produzido e o que está sendo consumido. É possível, inclusive, como exemplo, pensar que a tal “mão invisível”, proposta por Smith, seja o sistema de preços, visto que, quando o mesmo se eleva substancialmente, serve de incentivo para produtores aumentarem suas produções, além, também, da entrada de outros players no mercado em busca do incentivo de um maior lucro advindo de um preço maior. 
3)     Pela concepção marxiana de estado, o mesmo é essencialmente classista, ou seja, em sua gênese o estado é definido como uma organização que representa uma ou algumas classes, e não a sociedade em sua totalidade, como diriam os contratualistas, sendo originário a partir das necessidades de uma classe em manter seu domínio econômico a partir de um domínio político sobre outras classes, sendo portanto, as ideias dominantes de uma época, a ideia dos grupos dominantes. Marx defendia que, a sociedade, por meio das relações de classes, definiam a estrutura do Estado. Segundo Marx, o estado ignora as classes, legitima a desigualdade, ou seja, não é neutro por natureza, sendo, portanto, o estado e a burocracia instrumentos de uma classe. Em sua obra 18 de Brumário, Marx mostra que a burocracia do estado, sob certos aspectos pode se desprender dos interesses da sociedade, inclusive da burguesia, de forma que o mesmo se torne um organismo parasitário, que suga a tudo e a todos, inclusive a burguesia, tornando o mesmo um grande consumidor de recursos e que nada fornece, sugando toda a qualidade de vida da população para seus interesses escusos, se comportando exatamente como uma classe dominante e não condizendo com os interesses da sociedade, algo muito próximo ao que vemos no Brasil. A função do estado na teoria marxiana estaria em defender os interesses das classes dominantes por meio de seus instrumentos de regulação como o sistema jurídico e o aparato militar e policial. Inclusive, o próprio Marx diz que “ o estado é um comitê burguês, que se diz em nome do povo”, sendo utopia acreditar que políticos tem interesses em acabar com a desigualdade, pois os mesmos possuem interesses contrários à mesma. O capitalismo, que é o sistema social que emerge a partir do século XVI, tem como aspecto principal o mercado, sendo mercado para ele a totalidade das trocas em uma economia mercantil-capitalista, portanto, quando Marx se refere ao mercado mundial, ele está se referindo à sociedade onde seres humanos se relacionam socialmente de forma estranhada: o CAPITALISMO. Pela visão de estado para Max Weber, mais voltado para o contratualismo, o estado seria uma organização que tende a dominar os indivíduos de forma legal e socialmente aceita, sendo o mesmo o dono do monopólio do uso da força em sociedade por meio da violência legítima, ou seja, o estado é forte e brutal para que as pessoas não precisem ser fortes e brutais umas com as outras. Segundo o próprio Weber, se as pessoas não fossem violentas e não buscassem conflitos, o estado não seria necessário. Ainda partindo de sua teoria, o estado seria uma relação de homens dominando homens, onde a dominação legal, exercida pelo governo, é a probabilidade de encontrar subserviência por parte da população, visto que o exercício da força precisa perpassar pelo princípio da legitimidade, onde dá ímpeto às ideias capitalistas e afins, tornando o sistema como algo bom aos olhos da população. Segundo Weber, o estado deve ser gerido por quem tem treinamento e experiência, visto que as sociedades de massas trazem uma complexidade ao mesmo. A autonomia do estado para Marx se dá pelo fato do mesmo ser complexo e pelo fato das classes dominantes subjugarem as demais “subordinadas”, de modo que o estado coloque em prática os ideais das classes que o dominam, fazendo transparecer ser uma ideia geral da população, enquanto para Max Weber, o estado tem uma autonomia em relação à população por meio da burocracia, que nada mais é que a hierarquia de funções, documentos escritos e treinamento para realização de funções, sendo essa burocracia o que faz com que o estado tenhaautonomia perante os indivíduos e a população. Sendo todas as circunstâncias regidas pelo princípio da legitimidade, que torna legítimas, aos olhos da população, as atitudes do estado tendem a passar uma ideia de trabalho para povo e pelo povo. O mercado segundo Weber se interessa pela racionalidade, ou em outras palavras pela racionalidade competitiva em que move o mercado e o objetivo de ganho e não a satisfação das nossas necessidades, sendo o mercado calculista e facilitado por mecanismos lógicos, sendo que o mesmo em tese deva se desenvolver de uma forma livre, mesmo que cercado de burocracias. Weber fala que sem limitações o estado é dominado, mas também cita, assim como Marx, os perigos do executivo hipertrofiado, que leva o estado a ser como um parasita que suga a população muito mais que a ajuda e a faz prosperar. Sendo assim, é necessário limitar a burocracia e seus poderes, principalmente por meio de um parlamento forte. Tanto para Weber quanto para Marx o estado é subjugado por interesses escusos, mas para Weber o estado é mais autônomo que para Marx, tendo uma maior liberdade de trabalhar fora dos grupos de interesses e atender os requisitos da sociedade como um todo, ainda que isso seja só uma utopia.

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