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Intoxicação de animais domésticos por plantas ornamentais

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Intoxicação de animais domésticos por plantas ornamentais 
Comigo-ninguém-pode 
Mamona 
 
1. Dieffenbachia picta 
A espécie Dieffenbachia picta, é oriunda da América Central. Tem porte de 1,5 a 3 metros 
de altura, suas folhas são grandes, lustrosas e duradouras, na cor verde com manchas 
rajadas de branco e amarelo, muito usada em decoração. Pertencem a família Araceae que 
apresenta distribuição cosmopolita (por todo mundo) sendo que no Brasil ocorrem 34 
gêneros e 400 espécies dessa planta. 
É uma das espécies de plantas que causam estomatite e glossite em animais intoxicados. 
Apresenta elevado grau de toxicidade e tem sido apontada como uma das plantas que 
mais causa intoxicação, segundo dados obtidos dos Centros de Informações e Controle 
de Intoxicações. É conhecida no Brasil como Comigo-ninguém-pode, Aningá-do-pará ou 
Cana-de-imbé. 
 
Vias de exposição: A intoxicação pode ocorrer tanto em animais quanto em humanos, 
por contato dérmico, ocular ou ingestão, sendo este último, o de maior ocorrência em 
animais domésticos. 
Mecanismo de ação: A natureza química das substâncias responsáveis pela toxicidade 
do gênero Dieffenbachia ainda não foi completamente esclarecida. Os efeitos tóxicos e 
irritantes dessa planta se dão devido a ação mecânica dos cristais de oxalato de cálcio 
existentes em grandes quantidades. Estes cristais apresentam-se na forma de ráfides 
(agulhas), e estão contidos dentro de células ejetoras denominadas idioblastos. Admite a 
presença de uma enzima proteolítica, denominada dumbcaína, na seiva da planta. Esses 
cristais apresentam extremidades cortantes que perfuram as mucosas, injetando nelas a 
seiva contendo a dumbcaína. Esta proteína provoca a lise das membranas celulares 
liberando histamina, serotonina e outras aminas, desencadeando um intenso processo 
alérgico responsável pela formação de edemas. Acredita-se que os idioblastos 
compreendem um fator essencial para a toxicidade destas plantas, visto que estas células, 
através de pressão osmótica, ejetam as ráfides com uma força surpreendente, fazendo com 
que os cristais perfurem e penetrem nos tecidos. Sem a força ejetora dos idioblastos, a 
simples presença das ráfides de oxalato de cálcio e das enzimas proteolíticas não seria 
suficiente para desencadear a toxicidade. Assim sendo, admite-se a que os efeitos tóxicos 
provocados por estas espécies são resultantes da ação combinada de fatores: a força 
ejetora dos idioblastos expulsa as ráfides de oxalato de cálcio; as ráfides perfuram as 
mucosas, causando uma irritação mecânica primária; esta irritação é agravada pela 
entrada simultânea de uma enzima proteolítica, análoga à tripsina, que desencadeia um 
processo inflamatório. Vale lembrar que toda as partes da planta podem causar a 
intoxicação. 
 
 
 
Sinais Clínicos: Os sinais clínicos se desenvolvem rapidamente após a ingestão da planta 
pelo animal, cuja intensidade irá variar com a quantidade de toxina na qual o animal foi 
exposto. Consistem em dor e irritação, salivação, esofagite, náuseas, cólica, edema da 
mucosa da faringe, língua e cordas vocais, dispneia, taquicardia, e se houver 
complicações, o animal pode desenvolver obstrução completa da faringe. Os cristais de 
oxalato de cálcio tendem a provocar injúria renal e diminuir absorção de cálcio seguindo 
de hipocalcemia. Na pele, haverá prurido e edema, já se o contato for ocular, há 
lacrimejamento, edema e irritação intensa. 
Achados macroscópicos e histopatológicos: Na histopatologia observa-se acentuada 
alteração necrótico-degenerativa do epitélio da língua, formação de fendas entre o estrato 
basal e o estrato espinhoso preenchidas por fibrina e infiltrado predominantemente de 
polimorfonucleares em pequena quantidade. O esôfago apresenta necrose difusa dos dois 
terços superiores e edema. 
Diagnóstico: Se baseia na história clínica do paciente e pelos sinais apresentados. A 
informação sobre a presença de plantas ornamentais em casa fornecida pelo proprietário 
e sobre possível intoxicação promove um direcionamento. 
Tratamento: O tratamento é sintomático, com uso de analgésicos para dor, como o 
butorfanol na dose de 0,1mg/kg por via intravenosa ou 0,4mg/kg por via subcutânea ou 
intramuscular. O uso de protetores de mucosa como o sucrafalto também é indicado. 
Émeticos não devem ser usados em virtude dos efeitos irritantes da planta, e sim 
demulcentes. Anti-histamínicos para combater a reação alérgica e nos casos mais graves, 
corticosteroides. 
Ráfides – agrupamento de cristais 
de oxalato de cálcio 
Idioblastos com ráfides em seu 
interior. 
 
2. Ricinus communis 
Popularmente conhecida como mamona, Ricinus communis amplamente distribuída pelo 
país, pertence à família Euphorbiaceae, caracteriza-se por ser uma planta ornamental de 
origem africana amplamente utilizada no ramo industrial e medicinal. Ela contém uma 
lectina denominada ricina, proteína com muita afinidade por moléculas de açucares. 
 
 
 
Vias de intoxicação: Oral. As lectinas estão presentes nas sementes, então para serem 
liberadas, as sementes precisam ser mastigadas, já a ricinina está presente nas folhas. 
Mecanismo de ação: A toxicose em cães decorre da ingestão poucos miligramas de 
ricina, com a dose letal encontrando-se entre 1 e 2 gramas de semente por quilogramas 
de peso. A molécula de ricina é constituída por duas cadeias glicoproteicas (A e B), uma 
com atividade enzimática e outra com sítio de ligação específico ao açúcar galactose. A 
cadeia B liga-se à parede celular pelas proteínas que contém galactose, permitindo à 
entrada da subunidade A por endocitose no citosol celular. A cadeia A, por sua vez, 
pertence a uma classe de enzimas que inibe a síntese protéica por meio da depurinação 
de ácido nucléico ribossomal 28S, levando a célula à morte. Mas vale ressaltara que a 
ricina não é absorvida eficientemente pelo trato gástrico. As folhas da R. communis 
contém o alcalóide ricinina, que quando ingeridas, promovem ação neurológica. Seu 
mecanismo de ação não é muito bem esclarecido, mas pode ter relação com o aumento 
do glutamato e a inibição da pós-sinapse do receptor de ácido amino-butírico no cérebro. 
Sinais Clínicos: Os sinais clínicos aparecem depois de um período latente de 
aproximadamente 24 horas. Os mais comuns são apatia, êmese e enterite hemorrágica, 
hematêmese, dor abdominal, sialorreia, ataxia, fraqueza e taquicardia, alguns animais 
apresentam pancreatite. Os sinais por ingestão das folhas são, convulsões, coma e morte. 
Achados macroscópicos e histopatológicos: À necropsia, os achados macroscópicos 
incluem lesões gastrointestinais com hemorragia, congestão pulmonar e leve edema; 
petéquias no pericárdio, fígado aumentado de tamanho e congesto, e congestão renal. Já 
os achados histopatológicos incluem hemorragia e congestão do trato gastrointestinal, 
degeneração dos túbulos renais, degeneração dos hepatócitos, necrose em órgãos 
linfáticos e também nos tecidos cardíacos. 
Diagnóstico: O diagnóstico feito pelo médico veterinário se baseia no histórico clínico 
do paciente, sinais clínicos apresentados e informações fornecidas pelo proprietário de 
possível intoxicação. Pode haver restos da planta no vômito do paciente e a ricina pode 
ser mensurada no sangue por ensaio imunoenzimático ou radioimunoensaio. 
Tratamento: Não há antídoto, o tratamento é de suporte. Lavagem gástrica, 
antipiréticos para tratar a febre, protetores gástricos como o sucrafalto, analgésico para 
tratar a dor, solução fisiológica para ajustar os distúrbios eletrolíticos e 
benzodiazepnícos para convulsão. 
 
Referências 
SPINOSA, Helenice de Souza; GÓRNIAK, Silvana Lima; PALERMO-NETO, 
João. Toxicologia aplicada à medicina veterinária. Barueri: Manole, 2008. 942 p. 
SANTOS, Cro; TUDURY, Ea; AMORIM, Mma; SILVA, Ac. Plantas ornamentais 
tóxicas para cães e gatos presentes no nordeste do Brasil. Medicina Veterinária, 
Recife, V.7,N.1, P.11-16, 2012, Pernambuco, p. 1-6, 24 nov. 2012. 
 BEZERRA, Cícero Wanderlô Casimiro. PLANTAS TÓXICAS DO NORDESTE E 
PLANTAS TÓXICAS PARA RUMINANTES E EQUÍDEOS DA 
MICRORREGIÃO DO CARIRI CEARENSE. 2011. 72 f. Dissertação (Mestrado) 
- Curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Campina Grande, Patos, 
2011. 
PEREIRA, Raimunda Nonata Bezerra de Moura. Casos de intoxicação de 
Dieffenbachia picta Shott na cidade de Beneditinos, Piauí. 2014. 41 f. TCC 
(Graduação) - Curso de Ciencias Biológicas, Faculdade do Médio Parnaíba - Famep, 
Beneditino, 2014. 
BALTAZAR, Fabio Navarro; CAPELLANES, Mariana Haddad; COSTA, Kimberly 
K. R. da; BERL, Carla Alice. Perfil clínico e laboratorial da intoxicação canina por 
Ricinus communis: relato de dois casos. Pubvet, [S.L.], v. 12, n. 12, p. 1-8, dez. 2018. 
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VIDAL, Thereza Caroline Furtado. INTOXICAÇÕES POR MAMONA (RICINUS 
COMMUNIS) EM BOVINOS NO MUNICÍPIO DE PORTEIRAS – CE. 2019. 26 
f. TCC (Graduação) - Curso de Medicina Veterinária, Centro Universitário do Planalto 
Central Apparecido dos Santos, Gama, 2019. 
FONSECA, Nayanna Brunna da Silva; SOTO-BLANCO, Benito. Toxicidade da ricina 
presente nas sementes de mamona. Semina: Ciências Agrárias, [s. l], p. 1-10, 20 fev. 
2014. 
http://dx.doi.org/10.31533/pubvet.v12n12a240.1-8

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