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Inconstitucionalidade na escolha de regime de bens para maiores de 70 anos

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64
CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU
CURSO BACHARELADO EM DIREITO
MYRLLY EDYELA DE SANTANA
A INCONSTITUCIONALIDADE NA VEDAÇÃO A ESCOLHA DE REGIME DE BENS PARA MAIORES DE 70 ANOS 
RECIFE
2020
Myrlly Edyela de Santana
A INCONSTITUCIONALIDADE NA VEDAÇÃO A ESCOLHA DE REGIME DE BENS PARA MAIORES DE 70 ANOS 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para conclusão do curso de Bacharelado em Direito do Centro Universitário Maurício de Nassau.
RECIFE
2020
Ficha Catalográfica
CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU
BACHARELADO EM DIREITO
MYRLLY EDYELA DE SANTANA
A INCONSTITUCIONALIDADE NA VEDAÇÃO A ESCOLHA DE REGIME DE BENS PARA MAIORES DE 70 ANOS 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para conclusão do curso de Bacharelado em Direito do Centro Universitário Maurício de Nassau.
Aprovada em: __/__/____.
BANCA EXAMINADORA: 
________________________________________________
Prof. João Paulo Cavalcanti
Instituição de origem
________________________________________________
Prof ... (Examinador Interno)
Instituição de origem
________________________________________________
Prof ... (Examinador Externo)
Instituição de origem
Dedico este trabalho ao meu Deus, pois este triunfo não é apenas meu, mas antes ele é Teu, meu Deus, pois eu sei que jamais seria possível sem a Tua ajuda e Sua vontade divina. 
Também dedico aos meus pais, agradeço por tudo que vocês têm me dado, pois nunca conseguirei compensar devidamente a dedicação e amor que sempre manifestaram.
AGRADECIMENTOS
Gratidão a Deus, que com sua infinita graça me guiou até aqui, meu coração exulta de gratidão e alegria. 
Eterna gratidão aos meus pais, Marcos e Edjane, pelo amor, incentivo e apoio incondicional para que eu podesse chegar aqui.
Agradeço as minhas irmãs, Mylka Élyda, Myrtys élyja e Myzya éjyla, por sempre estarem ao meu lado. 
Agradeço à minha orientadora, Professora Maria Ivanúcia Mariz, por sempre estar presente para indicar a direção correta,  cuja dedicação e atenção foram essenciais para que este trabalho fosse concluído satisfatoriamente.
Também quero agradecer à UNINASSAU e o seu corpo docente que demonstrou estar comprometido com a qualidade e excelência do ensino.
		“Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”.
(1 Tessalonicenses 5:18)
RESUMO
O exposto trabalho de conclusão de curso tem como foco abordar a constitucionalidade do regime de separação legal de bens, imposta perante as pessoas septuagenárias que na qual é previsto atualmente com base no artigo 1.641, inciso II, do atual Código Civil. Foi realizado um estudo com relação aos princípios constitucionais que na qual protegem esta parcela da população, como também a violação desses princípios constitucionais, foram analisados os princípios da dignidade da pessoa humana, da liberdade e da igualdade como parâmetros para a aferição da constitucionalidade do dispositivo em comento, além da conceituação da incapacidade dentro do Direito e suas hipóteses de incidência, sendo necessário contemplar o estudo da população brasileira e suas características, além da participação do idoso perante a sociedade atual, foi realizado um estudo profundo perante as tipos estipulados no ordenamento jurídico do código civil brasileiro de 2002 e suas características históricas no decorrer do tempo, assim como as hipóteses legais atribuídos ao regime de separação legal de bens, no final foi utilizado um estudo jurisprudencial perante o poder judiciário a cerca da aplicação e da validade do regime de separação obrigatória de bens, neste ponto foi possível demonstrar os problemas com relação a sua aplicabilidade no cotidiano dos tribunais, por fim foi utilizado o conteúdo estudado foi minuciosamente analisada com intuito de verificar a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade do artigo 1.641, inciso II, do atual Código Civil 2002, foi utilizado o método de pesquisa dedutivo alinhado com o método de interpretação teleológico, além da utilização da técnica de pesquisa bibliográfica.
Palavras-chave: Idoso. Constitucionalidade. Casamento. Regime de Bens. 
ABSTRACT
The aforementioned course completion work focuses on addressing the constitutionality of the legal separation of property regime, imposed on septuagenarian people, which is currently provided for under Article 1,641, item II, of the current Civil Code. A study was carried out with respect to the constitutional principles that protect this part of the population, as well as the violation of these constitutional principles, the principles of human dignity, freedom and equality were analyzed as parameters for assessing the constitutionality of the device in comment, in addition to the conceptualization of disability within the law and its hypotheses of incidence, it being necessary to contemplate the study of the Brazilian population and its characteristics, in addition to the participation of the elderly in the current society, a deep study was carried out before the types stipulated in the ordering of the Brazilian civil code of 2002 and its historical characteristics over time, as well as the legal hypotheses attributed to the legal separation of assets regime, in the end a jurisprudential study was used before the judiciary regarding the application and validity of the regime mandatory separation of assets, at this point It is possible to demonstrate the problems with respect to its applicability in the daily life of the courts. Finally, the content studied was used, it was thoroughly analyzed in order to verify the constitutionality or the unconstitutionality of Article 1,641, item II, of the current Civil Code 2002. deductive research method aligned with the teleological interpretation method, in addition to the use of the bibliographic research technique.
Keywords: Old man. Constitutionality. Marriage. Property Regime.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	12
1.	PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS	14
1.1.	Princípio da Igualdade	16
1.1.1. Igualdade Formal	18
1.1.2. Igualdade Material	18
1.2.	Princípio da Dignidade da Pessoa Humana	19
1.3.	Princípio da Liberdade	23
1.4.	Autonomia da Vontade	25
2.	O casamento no Código Civil de 2002 e suas formas de regimes de bens	26
3.1.	Pacto Antenupcial	30
3.2.	Regime de comunhão parcial de bens	31
3.3.	Regime de comunhão universal de bens	33
3.4.	Regime da participação final nos aquestos	33
3.5.	Regime de separação total de bens	36
3.	ASPECTOS GERAIS DA POPULAÇÃO IDOSA BRASILEIRA E A SUA PARTICIPAÇÃO NA SOCIEDADE	38
4.1.	No Estatuto do Idoso	42
4.2.	Capacidade Civil do Idoso	43
4.	PARÂMETROS PARA A ANÁLISE DA CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 1641, II, DO CÓDIGO CIVIL DE 2002	45
Considerações gerais.	45
5.1.	A obrigatoriedade do regime de separação de bens imposta no artigo 1.641 inciso II do código civil brasileiro e a impossibilidade de alteração do regime na constância do casamento.	46
5.2.	A alteração da imposição por meio da lei 10.334/2010	47
5.3.	Súmula 377 do STF	47
5.4.	A inconformidade da imposição do regime perante o estatuto do idoso.	48
5.5.	Os princípios regedores e sua supremacia constitucional em conflito perante a imposição do regime aos maiores de 70 anos.	49
5.	ANÁLISE JURISPRUDECIAL	55
CONCLUSÃO	57
REFERÊNCIAS	60
INTRODUÇÃO
 A constituição de 1988 nos trouxe alguns princípios e garantias fundamentais que na qual devem ser respeitadas por qualquer lei aplicada em território brasileiro, entretanto sem a observância da carta magna foi aditada uma lei que na qual está em desacordo com os princípios e garantias fundamentais regedoras da constituição. E que na qual vem reprimindo a autonomia da vontade dos idosos por meio da imposição estatal na forma da lei com a justificativa de proteger os idosos por meio da restrição de liberdade imposta. Por meio deste fato,será tratado do art. 1.641, inciso II, do código civil brasileiro de 2002, atualizado através da lei n° 12.334/2010, o qual dispõe que será obrigatório perante o idoso de setenta anos ao regime obrigatório de separação de bens. Por essa razão, uma Lei editada sem a observância das regras e princípios esculpidos na Carta Maior deve ser declarada inconstitucional por meio do controle difuso ou concentrado.
 Dentro desse contexto, o presente trabalho tratará do art. 1.641, inciso II, do
Código Civil de 2002, o qual dispõe que será obrigatório o regime de separação de
bens no casamento da pessoa maior de setenta anos. O mencionado dispositivo será
estudado desde sua criação, ainda no Código Civil de 1916, buscando identificar as
razões do legislador na criação dessa norma e sua compatibilidade com os preceitos
da atual Constituição. Assim, antes de delimitar as características de cada capítulo, cabe destacar a importância do Direito de Família dentro do ordenamento e para toda a sociedade. Considerado um ramo do Direito privado, as normas atinentes à regulamentação das relações familiares trazem em seu bojo características eminentemente do Direito público, pois suas implicações atingem de sobremaneira toda a coletividade. Contudo não deve o Estado intervir na organização familiar de forma a mitigar a liberdade de seus membros, sem que haja a real necessidade e o mínimo de prejuízo a estes.
 Essa liberdade dos indivíduos para organizar um grupo familiar, em algumas
situações consideradas de interesse público, é limitada pela lei, como, por exemplo,
pelo disposto no artigo 1.641. Nesse ínterim, será analisado se esse dispositivo
respeita o indivíduo enquanto ser humano e a própria entidade familiar.
No primeiro capitulo será mostrado os princípios constitucionais fundamentais, nos subcapítulos do primeiro capítulo seram estudados os conceitos e as principais características dos princípios da igualdade, da liberdade e da dignidade da pessoa humana e autonomia da vontade todos assegurados no texto constitucional vigente. No segundo capitulo apresenta um breve estudo histórico perante o surgimento no primeiro código civil e a sua evolução histórica, assim como os tipos de regimes de bens estipulado acentuando suas características apresentadas no ordenamento e na doutrina. No terceiro capitulo será abordado a participação ativa do idoso perante à sociedade, uma vez que em escala global é a faixa etária que mais cresce, sendo utilizado para a formação do entendimento do assunto uma vez que, através da pesquisa podemos notar, apesar da idade avançada ainda podem contribuir ativamente perante a sociedade atual, o que nos faz refletir sobre porquê restringir os idosos por idade se eles mesmo provam que ainda são capazes e lúcidos em agir ativamente perante a sociedade atual.
 No quarto capitulo abordará a lei atualizada atribuída perante o artigo 1.641 inciso II, na qual aumenta à idade de mínima para a atribuição da separação obrigatória de bens, inclusive a igualização de idade perante o sexo dos nubentes. No quinto e último capitulo será apresentado a jurisprudência visando apresentar a aplicabilidade legal do regime de separação obrigatória de bens perante o cotidiano dos tribunais mostrando variadas sobre o assunto. Nas considerações finais será reunida os principais pontos de cada capitulo para definição da conclusão da inconstitucionalidade apresentada na vedação da escolha do regime de bens para maiores de 70 anos. E por último será exposto referencial utilizado para composição deste trabalho de conclusão de curso.
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
 A Constituição de 1988 promulgada no dia 5 de outubro de 1988 veio estabelecer um Estado Democrático de Direito, tendo um novo paradigma com os principais objetivos, a garantia dos direitos fundamentais. Visto ser a Lei maior é a norma hierarquicamente mais elevada no sistema jurídico pátrio, onde assegura princípios, direitos e garantias fundamentais que serve de parâmetro para as demais legislações vigentes no país, os princípios podem ser expressos ou implícitos, sendo os princípios constitucionais implícitos os que emanam da interpretação do sistema constitucional escolhido ou podem derivar da interpretação harmonizadora de normas constitucionais específicas como, por exemplo, o princípio da afetividade (PEREIRA, 2006, p. 844).
Há numerosos princípios constitucionais que são aplicados às normas infraconstitucionais, sendo encontrados no Código Civil, no Estatuto do Idoso, entre outras. Para que haja efeitos da proteção da pessoa idosa em concordância com o Estatuto do Idoso e o Código Civil, serão ponderados exclusivamente os princípios constitucionais, da afetividade, da liberdade, e da isonomia da dignidade da pessoa humana, portanto, serão estes os princípios aqui abordados.
Como ensina Geraldo Ataliba (2001, p. 6-7):
princípios são linhas mestras, os grandes nortes, as diretrizes magnas do sistema jurídico, Apontam os rumos a serem seguidos por toda a sociedade e obrigatoriamente a perseguidos pelos órgãos do governo (poderes constituídos). Eles expressam a substância última do querer popular, seus ,objetivos e desígnios, as linhas mestras da legalização, da administração e da jurisdição. Por estas não podem ser contrariados; têm que ser prestigiados até as últimas consequências (ATALIBA, 2001).
Nossa constituição surge como uma lei fundamental perante o estado, que lhe dá a total supremacia perante todos os ordenamentos jurídicos, sendo estipulado por ela todos os poderes atribuídos perante o estado assim como, os limites a qual a federação deverá seguir, seguindo essa linha de raciocínio podemos apresentar esse trecho apresentado pelo renomado jurista Luís Roberto Barroso:
Toda interpretação constitucional se assenta no pressuposto da superioridade jurídica da Constituição sobre os demais atos normativos no âmbito do Estado. Por força da supremacia constitucional, nenhum ato jurídico, nenhuma manifestação de vontade pode subsistir validamente se for incompatível com a lei fundamental. (pág 161)
Outro com mesmo entendimento que constituição é superior Luiz Fabião Guasque apresenta (1997, pg.83):
A constituição é o ponto de partida de um processo de criação do Direito positivo. A Grundnorm, ou lei fundamental dos alemães, é a fonte comum de validade de todas as normas da mesma ordem normativa. Mas essa lei magna fornece o fundamento de validade, a legitimação e o processo para elaboração e o conteúdo dos preceitos que formam esse sistema infraconstitucional.
Ensina Robert Alexy:
O ponto decisivo na distinção entre regras e princípios é que princípios são normas que ordenam que algo seja realizado na maior medida possível dentro das possibilidades jurídicas e fáticas existentes. Princípios são, por conseguinte, mandamentos de otimização, que são caracterizados por poderem ser satisfeitos em graus variados e pelo fato de que a medida devida de sua satisfação não depende somente das possibilidades fáticas, mas também das possibilidades jurídicas. O âmbito das possibilidades jurídicas é determinado pelos princípios e regras colidentes. Já as regras são normas que são sempre ou satisfeitas ou não satisfeitas. Se uma regra vale, deve se fazer exatamente aquilo que ela exige; nem mais, nem menos. Regras contêm, portanto, determinações no âmbito daquilo que é fática e juridicamente possível. Isso significa que a distinção entre regras e princípios é uma distinção qualitativa, e não uma distinção de grau. Toda norma é ou uma regra ou um princípio. (apud FILHO; GAGLIANO, 2014, p. 73)’’
Nossa constituição surge como uma lei fundamental perante o estado, que lhe dá a total supremacia perante todos os ordenamentos jurídicos, sendo estipulado por ela todos os poderes atribuídos perante o estado assim como os limites a qual a federação deverá seguir, seguindo essa linha de raciocínio podemos apresentar esse trecho apresentado pelo renomado jurista Luís Roberto Barroso:
Toda interpretação constitucional se assenta no pressupostoda superioridade jurídica da Constituição sobre os demais atos normativos no âmbito do Estado. Por força da supremacia constitucional, nenhum ato jurídico, nenhuma manifestação de vontade pode subsistir validamente se for incompatível com a lei fundamental. (pág 161)
Outro com mesmo entendimento que constituição é superior Luiz Fabião Guasque apresenta (1997, pg.83)
 A constituição é o ponto de partida de um processo de criação do Direito positivo. A Grundnorm, ou lei fundamental dos alemães, é a fonte comum de validade de todas as normas da mesma ordem normativa. Mas essa lei magna fornece o fundamento de validade, a legitimação e o processo para elaboração e o conteúdo dos preceitos que formam esse sistema infraconstitucional.
Se existir normas em desacordo com a constituição, estará esta norma em conflito, desta forma deverá esta norma que está em conflito, ser extinguida perante a o ordenamento jurídico, através da aplicação do controle de constitucionalidade, para que perpetue a supremacia constitucional perante o ordenamento jurídico brasileiro.
Os princípios previstos na Constituição Federal são fonte de direito e nenhuma lei ordinária pode insurgir-se contra eles, pois traduzem os valores fundamentais, vértice de todo sistema jurídico brasileiro, desse modo, qualquer lei ordinária que viole um princípio constitucional se reveste de ilegalidade e inconstitucionalidade de modo que o Direito de Família, assim como os demais ramos do Direito deve observar tais princípios.
1.1. Princípio da Igualdade 
Garantido constitucionalmente perante a carta magna brasileira, situado no artigo 5° onde dispõe que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, assegurando a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade.
Com relação ao princípio da igualdade ele está versado implicitamente no artigo 3° constituição federal uma vez que em seus incisos ele afirma que:
 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - Construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - Garantir o desenvolvimento nacional;
III - Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
De acordo com Robert Alexy em sua obra ele afirma que:
Igualdade, dirigido ao legislador, não pode exigir que todos sejam tratados exatamente da mesma forma ou que todos devam ser iguais em todos os aspectos. Por outro lado, para ter algum conteúdo, ele não pode permitir toda e qualquer diferenciação e toda e qualquer distinção. É necessário questionar se e como é possível encontrar um meio-termo entre esses dois extremos. Um ponto de partida para esse meio-termo é a fórmula clássica: " O igual deve ser tratado igualmente, o desigual, desigualmente", 15 que - em múltiplas variações e com inúmeras complementações - constitui a coluna vertebral da jurisprudência do Tribunal Constitucional Federal sobre o art. 3°, § 1°, da Constituição. A fórmula "o igual deve ser tratado igualmente; o desigual, desigualmente" pode ser interpretada de duas maneiras bastante distintas. A primeira interpretação restringe-a ao postulado de uma práxis decisória universalizante. 16 Para o legislador isso significa que as normas por ele criadas têm que ter a forma de normas universais condicionadas, ou seja: "para todo x, se x tem as propriedades E,, E2, ••• E., então, para x deve valer a conseqüência jurídica R.(ALEXY.pág. 397)
Nas palavras de Lôbo (2008, p.4):
A solidariedade e a dignidade da pessoa humana são os dois hemisférios indissociáveis do núcleo essencial irredutível da organização social, política, cultural e do ordenamento jurídico brasileiro. De um lado, o valor da pessoa humana enquanto tal, e os deveres de todos para com sua realização existencial, nomeadamente do grupo familiar; do outro lado, os deveres de cada pessoa humana com as demais, na construção harmônica de suas dignidades.
Tavares (2013) com base nos ensinamentos de Celso Antonio Bandeira de Mello traz a lume a fórmula lógico-jurídica do respeito à igualdade. Para esse constitucionalista deve haver uma correlação lógica entre o traço diferencial eleito e o tratamento desigual a ser dispensado, pois não se pode tratar de maneira diversa uma pessoa em razão de qualquer tipo diferença. Quanto ao critério diferenciador, afirma que este não deve ter como destinatário um único indivíduo no ato de edição da lei, ou seja, as características de uma única pessoa não poderão ser o fundamento de um regramento jurídico desigual.
Em continuidade, o mencionado autor pontua que nessa fórmula jurídica deve haver correlação entre o fator discriminatório e a disciplina a ser estabelecida neste caso, ou seja, o tratamento desigual deve atender as necessidades daquela desigualdade. Nesse sentido afirma que “um mesmo fator pode estar envolvido em um caso justo de discriminação e em violação ao princípio da isonomia, tudo em função da relação entre esse fator verificado e o regime adotado”. (TAVARES, 2013, p. 461).
Tavares (2013) aponta ainda como último elemento dessa fórmula a relevância social do tratamento desigual dispensado a determinado grupo.
 É preciso saber quando o discrímen é relevante, ou seja, quando determinada nota distintiva pode ser utilizada para distinguir juridicamente os homens. Essa aferição se faz a partir não apenas de regras lógicas, mas também dos valores constitucionalmente postos.
Cabe destacar que o princípio da igualdade opera em dois planos distintos, comumente definidos pela doutrina como igualdade formal e material.
 1.1.1. Igualdade Formal
A igualdade formal ou igualdade perante a lei deve ser compreendida como a isonomia em relação à lei vigente e daquela a ser elaborada, devendo ser interpretada como uma limitação ao legislador de impor qualquer tipo de privilégio. (FERREIRA, 1983).
Já segundo Bastos (2001, p. 7), essa vertente do princípio da igualdade consiste “no direito de todo cidadão não ser desigualado pela lei senão em consonância com os critérios albergados, ou ao menos não vedados, pelo ordenamento constitucional”. Para Silva (2005), a essência do princípio da igualdade formal vem expressa no art. 1º, da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão ao dispor que “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos”. Afirma ainda que essa concepção visa abolir os privilégios, regalias de classe e isenções pessoais além de criar aplicar a leis de maneira igualitária para todos, sem levar em consideração as distinções de grupo.
1.1.2. Igualdade Material
 D’Oliveira (2010, p. 3) afirma que:
A igualdade material é um princípio programático, uma meta ou um objetivo a ser alcançado pelo Estado em atuação conjunta com a sociedade. Necessita da edição de leis para minimizar as diferenças que não sejam naturais entre os indivíduos, mas também de atos concretos por parte do Poder Público e da mudança de posicionamento de toda a sociedade para que possamos chegar a plenitude do princípio. A importância da igualdade material decorre de que somente ela possibilita que todos tenham interesses semelhantes na manutenção do poder público e o considerem igualmente legítimos.
1.2. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana
Este é o princípio de maior importância quando se trata de direitos e garantias próprias a pessoa humana, por se tratar de um princípio norteador entre todos os demais incluídos no direito brasileiro. Importância evidenciada nas palavras de Maria Berenice Dias (2010) ao se posicionar sobre tal dispositivo:
É o princípio maior, fundante do Estado Democrático de Direito, sendo afirmado no primeiro artigo da Constituição Federal. A Preocupação com a promoção dos direitos humanos e da justiça social levou o constituinte a consagrar a dignidade da pessoa humana como valor nuclear da ordem constitucional.
Por se tratar de umEstado democrático, na promulgação da Constituição Federal de 1988, o legislador se preocupou tanto com a dignidade da pessoa humana que trouxe esse princípio logo no artigo 1º inciso III da CF/88.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana (BRASIL, 1988).
A dignidade da pessoa humana é um princípio essencial, pois é um princípio ético já que não se deve pensar em ser humano sem dignidade, por isso preserva o ser humano de qualquer violação que venha a infringir os direitos inerentes à sua dignidade, diante disto é importante demonstrar que essa importância atribuída ao Princípio da Dignidade da Pessoa Humana não pode ser considerada recente, tendo em vista que a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 enfatizava a pessoa humana como o centro do ordenamento jurídico, concedendo-lhe dignidade e igualdade de direitos, logo no artigo 1º.
Segundo Immanuel Kant (1986, p. 77), a respeito da dignidade:
 No reino dos fins tudo tem ou um preço ou uma dignidade. Quando uma coisa tem preço, pode-se pôr em vez dela qualquer outra como equivalente; mas quando uma coisa está acima de todo preço, e, portanto, não permite equivalente, então tem ela dignidade.
Kant considerava a dignidade da pessoa humana como o princípio de maior importância nas constituições de vários países, ressaltando a impossibilidade de substituição desse princípio, visto ser um princípio norteador. O direito de família está diretamente ligado a este princípio, pois o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana em sua grande maioria encontra-se vinculado na doutrina da família, visto que a pessoa humana se caracteriza por sentimentos e emoções em busca do seu bem estar familiar, social e individual.
Como destaca Kildare Gonçalves Carvalho (2007, p. 546): a dignidade da pessoa humana decorre do fato de que, por ser racional, a pessoa é capaz de viver em condições de autonomia e de guiar-se pelas leis que ela própria edita. 
Para elaboração deste princípio vários filósofos tiveram participação um deles que teve maior destaque em sua concepção foi o filósofo Emmanuel Kant, segundo ele a dignidade humana e a essência humana, como algo preciso e que não pode ser revogado, e nem mesmo substituído por algo com valor pecuniário. Sendo este como um valor máximo que nem mesmo o dinheiro poderia substituir, ele fala isto quando apresenta no livro Fundamentação da Metafísica dos Costumes:
tudo tem ou um preço ou uma dignidade. Quando uma coisa tem um preço, pode-se pôr em vez dela qualquer outra como equivalente; mas quando uma coisa está acima de todo o preço, e, portanto, não permite equivalente, então tem ela dignidade. O que se relaciona com as inclinações e necessidades gerais do homem tem um preço venal; aquilo que, mesmo sem pressupor uma necessidade, é conforme a um certo gosto, isto é a uma satisfação no jogo livre e sem finalidade das nossas faculdades anímicas, tem um preço de afeição ou de sentimento (Affektionspreis); aquilo porém que constitui a condição só graças à qual qualquer coisa pode ser um fim em si mesma, não tem somente um valor relativo, isto é um preço, mas um valor íntimo, isto é dignidade.
Para Kant (1986, p. 78):
O homem, e, duma maneira geral, todo o ser racional, existe como fim em si mesmo, não só como meio para o uso arbitrário desta ou daquela vontade. Pelo contrário, em todas as suas acções, tanto nas que se dirigem a ele mesmo como nas que se dirigem a outros seres racionais, ele tem sempre de ser considerado simultaneamente como fim. Todos os objectos das inclinações têm somente um valor condicional, pois, se não existissem as inclinações e as necessidades que nelas se baseia, o seu objecto seria sem valor.
Segundo esse filósofo, o Homem, por ter dignidade, deve ser respeitado acima de qualquer valor pecuniário, não podendo ser comparado a qualquer coisa que tenha preço. Em suas palavras: “quando uma coisa tem um preço, pode-se pôr em vez dela qualquer outra como equivalente; mas quando uma coisa está acima de todo o preço, e, portanto, não permite equivalente, então tem ela dignidade”. (KANT, 2007, p. 77). 
É nesse sentido que a Constituição Federal de 1988 dispõe em seu art. 1º, III, que “a República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: III - a dignidade da pessoa humana”. Ao eleger esse princípio como valor fundamental, torna o indivíduo o fundamento e o fim da sociedade. Além disso, esse dispositivo indica “que é um dos fins do Estado propiciar as condições para que as pessoas se tornem dignas”. (BASTOS apud, TAVARES, 2012, p. 585).
Corrobora com esse entendimento Tavares (2012, p. 589) para o qual: A dignidade do Homem não abarcaria tão somente a questão de o Homem não poder ser um instrumento, mas também, em decorrência desse fato, de o Homem ser capaz de escolher seu próprio caminho, efetuar suas próprias decisões, sem que haja interferência direta de terceiros em seu pensar e decidir, como as conhecidas imposições de cunho político-eleitoral (voto de cabresto), ou as de conotação econômica (baseada na hipossuficiência do consumidor e das massas em geral), e sem que haja, até mesmo, interferências internas, decorrentes dos, infelizmente usuais, vícios.
Nesse sentido, dispõe Sarlet (2007, p. 383) ao definir o conceito de dignidade da pessoa humana como:
A qualidade intrínseca e distintiva reconhecida em cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e co-responsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos.
Bulos (2014, p. 508) elenca ainda três dimensões desse princípio:
1-) dimensão fundamentadora – núcleo basilar e informativo de todo o sistema jurídico-positivo; 2-) dimensão orientadora – estabelece metas e finalidades predeterminadas, que fazem ilegítima qualquer disposição normativa que persiga fins distintos, ou que obstaculize a concessão daqueles fins enunciados pelo sistema axiológico-constitucional; e a 3ª) dimensão crítica – serve de critério para aferir a legitimidade da diversas manifestações legislativas.
Miranda (apud, Tavares, 2012, p. 594) estabelece que:
Pelo menos, de modo directo e evidente, os direitos, liberdades e garantias pessoais e os direitos económicos, sociais e culturais comuns têm a sua fonte ética na dignidade da pessoa, de todas as pessoas. Mas quase todos os outros direitos, ainda quando projectados em instituições remontam também à ideia de proteção e desenvolvimento das pessoas. A copiosa extensão do elenco não deve fazer perder de vista esse referencial.
Nessa esteira que Tavares (2012), aponta o direito à velhice como decorrência lógica do princípio da dignidade humana, tutelando a existência humana até o seu último dia. Afirma que esse direito foi reconhecido pela CF/1988, em seu art. 230, ao dispor que “a família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida”. 
O citado autor, ao comentar esse dispositivo constitucional, afirma que:
Ora, decorrência desse posicionamento constitucional está em que os direitos referidos aos idosos não são apenas aqueles indicados expressamente pela norma constitucional do art. 230. São todos aqueles que sejam imprescindíveis para garantir dignidadeà vida daqueles que se encontrem na condição de “idosos”. Nessa perspectiva, o direito à velhice coloca-se como direito que há de tutelar-se desde o início da vida do indivíduo, pois, como muito bem alertou Paulo Roberto Barbosa Ramos, “a sociedade precisa oferecer esses benefícios desde o início da existência das pessoas, porque se assim não agir estará atentando contra o direito à vida destas, uma vez que se tivessem uma vida com dignidade, desde o princípio, teriam oportunidade de ter uma vida mais longeva”. (TAVARES, 2012, p. 599).
1.3. Princípio da Liberdade
Este princípio por sua vez, encontra respaldo legal no artigo 5º, caput da Constituição Federal de 1988:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade(...)
A liberdade da pessoa humana está ligada a diversos aspectos, como por exemplo, a liberdade que toda pessoa humana tem para escolher o que melhor lhe convier, desde que respeite os limites impostos pela lei, e assim exercendo o direito a autonomia da vontade.
 Conforme Maria Helena Diniz citada no artigo de Keith Diana da Silva (2008 apud SILVA) concluiu em seu estudo:
“O princípio da liberdade refere-se ao livre poder de formar comunhão de vida, a livre decisão do casal no planejamento familiar, a livre escolha do regime matrimonial de bens, a livre aquisição e administração do poder familiar, bem como a livre opção pelo modelo de formação educacional, cultural e religiosa da prole”.
O princípio da liberdade diz respeito ao livre poder de escolha de constituição e realização de ideais de cada pessoa, desta maneira o cidadão é livre e a lei não deve cercear a sua liberdade de escolher seus atos, pois a interferência do Estado não deve ocorrer em questões nitidamente privadas.
De forma precisa, Paulo Lôbo esclarece o que vem a ser o princípio da liberdade:
Diz respeito ao livre poder de escolha ou autonomia de constituição, realização e extinção de entidade familiar, sem imposição ou restrições externas de parentes, da sociedade ou do legislador; à livre aquisição e administração do patrimônio familiar; ao livre planejamento familiar; à livre definição dos modelos educacionais, dos valores culturais e religiosos; à livre formação dos filhos, desde que respeitadas suas dignidades como pessoas humanas; à liberdade de agir, assentada no respeito à integridade física, mental e moral.
Dessa maneira, o princípio da liberdade assegura ao indivíduo que ele é para fazer tudo aquilo que não é defeso por lei e não venha a prejudicar terceiros. O renomado constitucionalista José Afonso da Silva (2003, p. 232) definiu o princípio da Liberdade como “um poder de atuação do homem em busca de sua realização pessoal, de sua felicidade.”
Segundo Silva (2005, p. 233) a liberdade humana, no seu conceito mais abrangente, pode ser definida como “um poder de atuação do homem em busca de sua realização pessoal, de sua felicidade”.
 Complementa esse conceito afirmando que “a liberdade consiste na possibilidade de coordenação consciente dos meios necessários à realização da felicidade pessoal”. O mencionado autor traz ainda a noção da liberdade-base, ou seja, a liberdade de ação, sendo esta o poder de atuar e decidir conforme sua própria vontade. Assim assevera Silva (2005, p. 236):
O art. 5º, II, em análise, revela duas dimensões. Uma muito clara e explícita, que consubstancia o princípio da legalidade, que, por ser uma garantia individual, merecerá consideração aprofundada mais adiante. Outra, nem sempre considerada pela doutrina, que é essa regra de direito fundamental, de liberdade de ação, que estamos estudando. Por isso, esse dispositivo é um dos mais importantes do direito constitucional brasileiro, porque, além de conter a previsão da liberdade de ação (liberdade-base das demais), confere fundamento jurídico às liberdades individuais e correlaciona liberdade e legalidade. Dele se extrai a idéia de que a liberdade, em qualquer de suas formas, só poderá sofrer restrições por normas jurídicas preceptivas (que impõem uma conduta positiva) ou proibitivas (que impõem uma abstenção), provenientes do Poder Legislativo e elaboradas segundo o procedimento estabelecido na Constituição. Quer dizer: a liberdade só pode ser condicionada por um sistema de legalidade legítima.
Nesse sentido é o posicionamento de Pereira (2004, p. 112) ao afirmar que o Estado deve intervir o mínimo possível nas relações familiares.
O Estado abandonou sua figura de protetor-repressor, para assumir postura de Estado protetor-provedor-assistencialista, cuja tônica não é de uma total ingerência, mas, em algumas vezes, até mesmo de substituição a eventual lacuna deixada pela própria família como, por exemplo, no que concerne à educação e saúde dos filhos (cf. art. 227 da Constituição Federal). A intervenção do Estado deve apenas e tão-somente ter o condão de tutelar a família e dar-lhe garantias, inclusive de ampla manifestação de vontade e de que seus membros vivam em condições propícias à manutenção do núcleo afetivo. Essa tendência vem-se acentuando cada vez mais e tem como marco histórico a Declaração Universal dos Direitos do Homem, votada pela ONU em 10 de dezembro de 1948, quando estabeleceu em seu art. 16.3: A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado.
Por fim, qualquer limitação no direito de liberdade na estrutura familiar não deve prosperar, haja vista que hoje a família não é mais regida por normas patrimoniais, mas sim pela afetividade que os une.
 
1.4. Autonomia da Vontade
 
Segundo Emmanuel KANT (pag.75) conceitua que:
Todo o ser racional deve considerar-se como legislador universal por todas as máximas da sua vontade para, deste ponto de vista, se julgar a si mesmo e às suas ações, leva a um outro conceito muito fecundo que lhe anda aderente e que é o de um Reino dos Fins.
Segundo Maria Helena Diniz (2011, p. 40-1) Afirma que o princípio da autonomia da vontade como: o poder de estipular livremente, como melhor lhes convier, mediante acordo de vontade, a disciplina de seus interesses, suscitando efeitos tutelados pela ordem jurídica.
Com base nos pensamentos de Natália Berti (2014, pag.83)
a autonomia da vontade está diretamente relacionada a elementos subjetivos, etéreos, baseados na psique dos contratantes [...] era, pois, o poder do indivíduo de criar e regular os efeitos jurídicos de sua contratação, sem intervenção externa: o contrato era uma esfera de livre atuação dos particulares.
Clóvis do Couto e Silva (1976, p. 17) reafirma o conceito como a
possibilidade, embora não ilimitada, que possuem os particulares para resolver seus conflitos de interesses, criar, associações, efetuar o escambo dos bens e dinamizar, enfim, a vida em sociedade. Para a realização desses objetivos, as pessoas vinculam-se, e vinculam-se juridicamente, através de sua vontade.
Natália Berti (2014, p. 83), para ela afirma que:
a autonomia da vontade está diretamente relacionada a elementos subjetivos, etéreos, baseados na psique dos contratantes [...] era, pois, o poder do indivíduo de criar e regular os efeitos jurídicos de sua contratação, sem intervenção externa: o contrato era uma esfera de livre atuação dos particulares.
 
O casamento no Código Civil de 2002 e suas formas de regimes de bens
Antes do surgimento da República, o casamento era atribuído apenas no âmbito religioso católico, uma vez que a presença era forte perante a sociedade e o estado, e por força da lei de 3 de novembro de 1827 a Assembleia Legislativa, validava a celebração do casamento perante unicamente a Igreja Católica, entretanto ainda assim existia obscuridade com relação a regulamentação do casamento perante o estado, foi apenas como o surgimento do Código Civil Brasileiro de 1916, que houve então uma plena regulamentação do instituto do matrimonio.
Inicialmente o matrimônio tinha forte influênciapatriarcal e as regras reconheciam a constituição familiar por meio apenas do casamento, deixando de fora os outros modos existentes em nosso ordenamento jurídico atual, em meio a essa época o casamento era dado como indissolúvel perante o estado, foi no Código Civil Brasileiro de 1916, e o advento da possibilidade do rompimento através unicamente do desquite, que surgiu o pacto antenupcial perante o ordenamento jurídico brasileiro, nele havia quatro modalidades o regime dotal, a comunhão parcial de bens, separação total de bens e a comunhão universal de bens, esta última, sendo intitulada como regime de bens oficial, para a época quando não houvesse pré-estipulação dos nubentes .
Somente com o surgimento da chamada lei do divórcio, que na qual era a lei n° 6.515 de 1977, foi substituído o regime de comunhão universal de bens por comunhão parcial de bens quando houvesse a insistência do pacto antenupcial.
O Código Civil atual adota que o regime de bens passa a vigorar desde a celebração do casamento, abandonando dessa forma o critério adotado no direito canônico onde a vigência do regime matrimonial dependeria do momento em que se consumasse a relação sexual dos cônjuges (GONÇALVES, 2012).
Tartuce (2014) também afirma que o casamento é um contrato especial, pois seu objetivo não é essencialmente patrimonial como nos contratos puros. Possui 18 regras próprias de constituição e respeita princípios que não são encontrados no campo contratual, como o da monogamia, da liberdade de escolha e da comunhão plena de vida.
Para Lobo (2011, p. 99):
O casamento é um ato jurídico negocial solene, público e complexo, mediante o qual um homem e uma mulher constituem família, pela livre manifestação de vontade e pelo reconhecimento do Estado. “[...]”. A liberdade matrimonial é um direito fundamental, apenas limitado hipóteses de impedimento, como o incesto ou a bigamia. O termo casamento abrange, para muitos, o ato constitutivo e, também, a entidade ou instituição que dele se constitui.
Além da natureza jurídica e da definição de casamento, é importante destacar que o Código Civil de 2002 não estabeleceu uma idade máxima para a realização do casamento, mas fixou o limite de 16 anos para que uma pessoa possa contrair matrimônio conforme artigo 1517, ressalvadas as exceções previstas no próprio diploma legal.
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil. Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 1.631.
A convivência familiar enseja a relação não só afetiva e de vidas em comum, como também a constituição de patrimônios, sendo fundamentalmente indispensável sua definição, pois com a realização do casamento gera a consequência jurídica de decidir o regime de bens a ser adotado, visto que, em casos de omissão o Estado impõe o regime da comunhão parcial, por ser um regime supletivo adotado pela lei em face do casamento e da união estável em virtude do silêncio das partes, quanto a escolha do regime patrimonial (DIAS, 2015).
Cabe ainda destacar os principais efeitos advindos da celebração do casamento, que conforme Diniz (2010) podem ser de três classes: social, pessoal e patrimonial. A citada autora cita como consequências sociais a formação da família matrimonial, o estabelecimento de vínculos de afinidade entre cada cônjuge e os parentes do outro além de emancipação do consorte menor de idade.
Gonçalves (2012) menciona ainda como efeito pessoal do matrimônio a possibilidade de qualquer dos cônjuges optarem por acrescer ao seu nome o sobrenome do consorte, não implicando escolha na supressão do sobrenome original em virtude do princípio da estabilidade do nome. Neste sentido, dispõe o § 1º do art. 1.565 do Código Civil que “qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro.”.
Nessa esteira, Gonçalves (2012, p. 307) conceitua o regime de bens:
Regime de bens é o conjunto de regras que disciplina as relações econômicas dos cônjuges, quer entre si, quer no tocante a terceiros, durante o casamento. Regula especialmente o domínio e a administração de ambos ou de cada um sobre os bens anteriores e os adquiridos na constância da união conjugal.
O princípio da livre estipulação vem expresso no art. 1639 do diploma civil e determina que os nubentes possam escolher livremente o regime de bens que regerá o matrimônio, em respeito à autonomia privada e a liberdade de escolha. Por consequência, o Estado não deve intervir coativamente nessa escolha, salvo quando existir relevante motivo de ordem pública definido em norma específica (FILHO; GAGLIANO, 2014).
Essa opção deverá ser feita, em regra, antes da celebração do casamento e através de um pacto antenupcial. Caso os nubentes não façam essa escolha, vigorará as regras do regime de comunhão parcial, conforme determina o art. 1.640 do Código Civil de 2002. Quanto ao princípio da vigência imediata afirma Diniz (2010) que “nenhum regime matrimonial poderá iniciar-se em data anterior ou posterior à do ato nupcial, pois, “[...]”, por imposição legal, começa a vigorar a partir do dia das nupciais. Logo não poderá iniciar antes ou depois de contrair o matrimônio, nos termos do § 1º, do artigo 1639.
O quarto princípio é o da indivisibilidade do regime do regime de bens entre os cônjuges, o qual vem de encontro com as disposições constitucionais de 1988 no que tange a igualdade entre homens e mulheres. Sobre esse princípio, dispõe Tartuce (2014, p. 867):
Princípio da indivisibilidade do regime de bens. Apesar de ser possível juridicamente a criação de outros regimes que não estejam previstos em lei, não é lícito fracionar os regimes em relação aos cônjuges. Em outras palavras, o regime é único para ambos os consortes, diante da isonomia constitucional entre marido e mulher.
O último princípio de relevância para o instituto do regime de bens é o da mutabilidade justificada, o qual não existia sob a égide do Código civilista de 1916. Somente após a publicação do novo Código Civil em 2002 passou-se a admitir, em qualquer tempo, a modificação do regime de bens, respeitados os limites legais, conforme expresso no § 2º, do art. 1639: “É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros.”. 
Lobo (2011, p. 321), ao discorrer sobre a importância dessa mudança legislativa, afirma que:
A opção do legislador foi correta, a nosso ver, ainda que respeitáveis vozes alertem para os riscos, tanto em face do cônjuge desinformado quanto em relação a terceiros. No balanço de vantagens e desvantagens é melhor que a lei confie na autonomia e liberdade das pessoas, as quais, nas relações pessoais entre si e na privacidade da família, sabem o que é melhor para o regime de bens.
0. Pacto Antenupcial
De acordo com Paulo Nader: “O pacto configura negócio jurídico bilateral, de direito de família, sujeito a condição suspensiva, pois os efeitos só se produzem com a realização do casamento” (NADER,2006-pág459)
Segundo Maria Helena Diniz:
“O pacto antenupcial é negócio dispositivo que só pode ter conteúdo patrimonial, não admitindo estipulações alusivas às relações pessoais dos consortes, nem mesmo as de caráter pecuniário que não digam respeito ao regime de bens ou que contravenham preceito legal”. (DINIZ,pág 147)
Inexiste impedimento para a celebração do pacto, quando um ou os dois nubentes forem menores de idade será imprescindível a transcrição do instrumento de permissão para o casamento, sendo condicionado a aprovação do seu representante legal para que goze de eficácia (DIAS,2015).
O princípio da autonomia da vontade dos cônjuges confirma que não é obrigatória a elaboração da escritura antenupcial, e sim uma mera faculdade dos consortes. Nos casos de omissão dos nubentes será aplicado o regime supletivo adotado pelo Código Civil, que emregra é o da comunhão parcial de bens, devendo sempre obedecer às normas de ordem pública prevista no ordenamento jurídico (VENOSA, 2015).
O pacto antenupcial possui natureza contratual, contudo a liberdade contratual dos consortes está subordinada as diretrizes que não contradizem a ordem pública, logo será permitido estipular normas de caráter econômico, uma vez que os direitos conjugais já estão normatizados, não deixando a sua disposição a mercê da vontade dos cônjuges (GONÇALVES, 2012).
Desta forma o conceito de regime de bens se traduz atualmente em uma forma garantidora, e reguladora ante o patrimônio dos nubentes, gerando assim segurança jurídica perante o patrimônio de ambos os cônjuges, e tendo seus efeitos aplicados em virtude de divórcio ou morte dos cônjuges.
Desta forma o conceito de regime de bens se traduz atualmente em uma forma garantidora, e reguladora perante o patrimônio dos nubentes, gerando assim segurança jurídica perante o patrimônio de ambos os cônjuges, e tendo seus efeitos aplicados em virtude de divórcio ou morte dos cônjuges.
 Regime de comunhão parcial de bens
O regime de comunhão parcial ou ilimitada de bens vem delimitado no art. 1.658 do Código Civil, prescrevendo que neste “comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na constância do matrimônio, com as exceções dos artigos seguintes”. Assim, é da essência desse regime que os bens pertencentes aos cônjuges antes do casamento permaneçam como de sua propriedade exclusiva. Já aqueles adquiridos na constância do casamento formarão o patrimônio comum, ou seja, do marido e da esposa (PEREIRA, 2013).
Gonçalves (2012) afirma que esse regime também pode ser chamado de supletivo, pois na ausência de escolha pelos cônjuges ou diante da ineficácia de pacto antinupcial, vigorará as regras do regime de comunhão parcial.
O regime da comunhão parcial é o que prevalece se os consortes não fizerem pacto antenupcial, ou, se o fizerem, for nulo ou ineficaz (CC, art. 1.640, caput). Por essa razão, é chamado também de regime legal ou supletivo, como já mencionado. Caracteriza-se por estabelecer a separação quanto ao passado (bens que cada cônjuge possuía antes do casamento) e comunhão quanto ao futuro (bens adquiridos na constância do casamento), gerando três massas de bens: os do marido, os da mulher e os comuns. (GONÇALVES, 2012, p. 328).
Nesse regime, em regra se comunicam os bens adquiridos a titulo oneroso na constância do casamento e aqueles expressos no art. 1660 do Código Civil:
 I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges;
 II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior;
III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges;
IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; 
V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão.
De outro norte, não se comunicam os bens que cada um dos cônjuges já possuía e aqueles, que mesmo adquiridos na constância da união, tiver causa anterior ao casamento. Além desses, o art. 1659 do Código Civil, traz um rol exemplificativo dos bens incomunicáveis.
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares;
III - as obrigações anteriores ao casamento;
IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal;
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; 
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada 
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
Segundo Maria Berenice dias em seu livro no manual de direito das famílias ela afirma que:
“A comunhão do patrimônio comum atende a certa lógica e dispõe de um componente ético: o que é meu é meu, o que é teu é teu e o que é nosso, metade de cada um. Assim, resta preservada a titularidade exclusiva dos bens particulares e garantia a comunhão do que for adquirido durante o casamento”. (2016- pág 326)
Entretanto nesses regimes de bens estipula algumas observações previstas nos artigos 1.659 e 1.661 do código civil de 2002, uma delas mostra que os bens adquiridos por sub-rogação dos bens particulares, dividas adquiridas particulares adquiridos por cada um do casal, e os bens por doação ou sucessão não entrará, na comunhão dos bens dos cônjuges entre outras como exposto no artigo 1.659 do código civil de 2002.
Dessa forma, a administração dos bens dos cônjuges será efetuada por ambos, sem distinção de sexo, obstante se ocorrer malversão ou dilapidação do uso dos bens poderá ser transferida para apenas um dos cônjuges, por intermédio judicial, quanto aos bens particulares estes ficam sob a administração do proprietário (GONÇALVES, 2012).
Regime de comunhão universal de bens
Quanto ao regime de comunhão universal de bens, o patrimônio anterior, atual e futuro se comunica, havendo uma união total dos bens mesmo que estando em nome de um dos cônjuges, inclusive bens objetos de doação ou sucessão, sendo todos considerados como bens comuns.
Quanto ao regime de comunhão universal de bens, o patrimônio anterior, atual e futuro se comunica, havendo uma união total dos bens mesmo que estando em nome de um dos cônjuges, inclusive bens objetos de doação ou sucessão, sendo todos considerados como bens comuns.
Repara-se que os nubentes que queiram adotar o regime da comunhão universal de bens terão que celebrar o pacto antenupcial, tendo em vista que todos os bens presentes e futuros, esses adquiridos antes ou depois do matrimônio, como também as dívidas convertem em comum a ambos, passando cada cônjuge ter direito a metade do patrimônio comum, bem como não poderão formar ou contratar sociedade entre si (DINIZ, 2013).
Entretanto nem todos poderão usufruir desde tipo de regimes de bens em que estiverem nas seguintes situações estipuladas no artigo 1.641 do código civil de 2002.
Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:
I - Das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento;
II - Da pessoa maior de sessenta anos;
II – Da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.344, de 2010)
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial
Também estará excluído dos bens comuns dos nubentes as dividas que foram adquiridas antes da consumação do matrimonio, entretanto deverá provar o prejuízo do cônjuge em adquirir a dívida para si.
 Regime da participação final nos aquestos
Se caracteriza segundo Maria Helena Diniz o regime de participação final nos aquestos que:
é um regime misto, híbrido, com exaustivo regramento. Traz normas de difícil entendimento. Sua execução é complicada, sendo necessária a mantença de uma minuciosa contabilidade, mesmo durante o casamento, para viabilizar a divisão do patrimônio na eventualidade de sua dissolução” (pag 539,540)
Segundo Paulo Nader, se caracteriza da seguinte forma:
Como ponto de partida, somam -se os dois patrimônios particulares. De cada um excluem-se os bens arrolados nos itens do art.1674, alcançando-se o montante a ser partilhado. Entre os itens a serem excluídos, o previsto primeiramente refere-se aos bens anteriores ao consórcio e aos sub-rogados em seu lugar, ou seja, os bens que pertenciam a cada um não são computados para efeito de apuração dos aquestos, nem os adquiridos com tais recursos na constância do vínculo. Os bens havidos por liberalidades- atos inter vivos (doações) ou mortis causa (herança ou legados) -são desconsiderados dos patrimônios particulares para efeito de apuração dos aquestos.
Conforme Gonçalves (2012), trata-se de um regime híbrido pactuadolivremente entre as partes no qual cada cônjuge possui patrimônio próprio formado por aqueles bens que já lhe pertenciam antes do casamento e por aqueles adquiridos a qualquer título na constância da união, com direito a administrá-los com exclusividade. Assim, somente após a dissolução da união são apurados os aquestos e realizada a meação.
Os aquestos serão contabilizados com base no montante da data em que cessou a convivência excluindo-se da somatória os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar se sub-rogaram os que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou liberalidade e as dívidas relativas a esses bens, conforme disposto no art. 1.674 do Código Civil de 2002. 
No que tange a meação, Lobo (2011, p. 368) assevera que:
O direito à meação, no regime de participação final nos aquestos, não é direito subjetivo integralmente constituído, mas constituível. Sua natureza é a de direito expectativo, cujo aperfeiçoamento depende de evento futuro e incerto, a saber, a ocorrência de alguma das hipóteses legais de dissolução da sociedade conjugal (morte, anulação do casamento e divórcio). Ante tais características, não pode ser objeto de qualquer ato ou negócio jurídico de disposição (renúncia, cessão, penhora), enquanto perdurar a sociedade conjugal, ou na vigência desse regime matrimonial.
Se ocorrer separação judicial ou divórcio será analisado o acervo a ser partilhado levando em consideração a data que terminou a convivência dos cônjuges, sendo assim, quando não for conveniente ou não for possível realizar a partilha dos aquestos de todos os bens em natureza será permita a reposição em dinheiro, isto posto quando for apurado os aquestos serão excluídos a soma dos patrimônios próprios que são as dívidas relativas a esses bens, os que suceder a cada cônjuge por sucessão ou liberalidade, os bens antecedentes ao casamento e os que em seu lugar se sub-rogam (GONÇALVES, 2012).
De acordo com o Art. 1.672 do Código Civil de 2002:
Art. 1.672. No regime de participação final nos aquestos, cada cônjuge possui patrimônio próprio, consoante disposto no artigo seguinte, e lhe cabe, à época da dissolução da sociedade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento.
De acordo com essa estipulação regrada no artigo, afirma-se que ambos os cônjuges vivem em sua independência financeira, havendo seus próprios patrimônios, sem a comunicabilidade de ambos, onde a diferença o ocorre na dissolução conjugal quando é feito o ajuizamento contábil dos bens adquiridos igualmente por ambos os cônjuges, neste caso o artigo 1.673 do Código civil, estipulará o que irá do montante dos aquestos como exposto a seguir: 
Art. 1.673. Integram o patrimônio próprio os bens que cada cônjuge possuía ao casar e os por ele adquiridos, a qualquer título, na constância do casamento. 
Parágrafo único. A administração desses bens é exclusiva de cada cônjuge, que os poderá livremente alienar, se forem móveis.
Segundo Maria Berenice sendo caracterizada como, uma junção hibrida entre o regime de separação total de bens com o regime de comunhão parcial de bens, visto que está constituído neste regime a característica de ambos regimes em um só. 
No entanto, se no pacto antenupcial forem estabelecidas regras claras quanto à avaliação dos bens e os critérios incidentes para cálculo dos eventuais créditos de participação, pode apresentar-se como uma solução interessante para quem quiser um meio-termo entre a separação total e a comunhão parcial. Partilham-se os ganhos superiores de um frente ao outro cônjuge, o qual faz jus a pagamento preferentemente em dinheiro, evitando-se a Co titularidade sobre bens. (DIAS 2011pag 539,540)
 O regime de participação final nos aquestos segundo Paulo Nader, apresenta-se de forma complexa perante da seguinte forma: “A complexidade do regime reside justamente na fase final, que é a de apuração da meação de cada consorte, tal dificuldade não é peculiar ao nosso sistema, mas própria do regime de bens” (NADER2006 -pág. 459)
Por sua característica complicada em sua dissolução, entre todos os outros, este regime tem pouca ocorrência, por atender um público especifico que na qual não é a realidade da população em geral.
Devido ao que foi mencionado de acordo com o Código Civil atual, o regime da participação final nos aquestos foi incluído como sendo uma inovação, suprindo o regime dotal que não mais existe no nosso ordenamento jurídico, de toda forma, o regime da participação final nos aquestos não se confunde com a meação, visto que na meação não é preciso provar o esforço comum, diferente do que ocorre com o regime analisado.
 Regime de separação total de bens
O regime de separação convencional de bens é aquele em que cada cônjuge conserva, com exclusividade, a posse, o domínio e a administração dos seus bens presentes e futuros, além das responsabilidades pelos débitos anteriores e posteriores ao matrimônio. Portanto, em regra, existem dois patrimônios bem distintos: o do marido e o da esposa (DINIZ, 2010).
Nesse sentido, ensina Gonçalves (2012, p. 342):
Quando se convenciona o aludido regime, o casamento não repercute na esfera patrimonial dos cônjuges, pois a incomunicabilidade envolve todos os bens presentes e futuros, frutos e rendimentos, conferindo autonomia a cada um na gestão do próprio patrimônio. Cada consorte conserva a posse e a propriedade dos bens que trouxer para o casamento, bem como os que forem a eles sub-rogados, e dos que cada um adquirir a qualquer título na constância do matrimônio, atendidas as condições do pacto antenupcial.
Neste regime haverá a total incomunicabilidade dos bens por parte dos nubentes, ou seja, os bens que os cônjuges construíram anterior ao casamento não irá se unir, formando um patrimônio comum de ambos ao invés disso, os bens iram continuar separados, com cada cônjuge permanecendo administrador exclusivo de seus bens.
Perante Maria Berenice Dias ela afirma que:
Mediante pacto antenupcial, os nubentes podem optar pela incomunicabilidade total dos bens, o que configura verdadeira ausência de um regime patrimonial, pois o que existe são acervos separados. O casamento não repercute na esfera patrimonial dos cônjuges, podendo cada um livremente alienar e gravar de ônus real os seus bens. (DIAS,543) 
Será imposto o regime da separação legal ou obrigatória de bens regime de separação nas hipóteses taxativas previstas no art. 1.641 do Código Civil:
I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento;
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redação dada pela Lei n
12.344, de 2010);
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.
Afirma-se que esse regime de bens é tipicamente um ônus a pessoa, incluída em alguma das três hipóteses legais, escolhe entre casar ou não casar; se prefere casar, deverá suportar o ônus do regime obrigatório de bens (LOBO, 2011).
No entanto a imposição do regime da separação obrigatória de bens ao casamento da pessoa maior de setenta anos, tem o condão de proteger juridicamente o patrimônio da pessoa julgada como vulnerável psicológica ou emocionalmente, para impedir ser alvo do chamado ‘golpe do baú’ (DINIZ, 2013).
De acordo com o Código Civil de 2002 está estabelecido que: Art. 1.687. Estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus.
Contudo nem tudo perante o matrimônio será incomunicável, no cotidiano será comunicável de acordo com Art. 1.688 do Código Civil, as despesas domesticas, haja em vista da estipulação que ambos deverão arcar com o sustento doméstico, entrado neste mesmo sentido empréstimos e dividas adquiridos referente a despesa do casal na economia doméstica. 
Neste regime se subdivide no regime de separação obrigatória de bens que no qual é estipulado no Art. 1.641 do Código Civil de 2002, que quem entrar nesta classificação de regime de bens, que na qual é estipulado peloestado e não mais pelos nubentes, que no caso o estado força os nubentes que se enquadram no artigo se utilizarem desse tipo de regime.
ASPECTOS GERAIS DA POPULAÇÃO IDOSA BRASILEIRA E A SUA PARTICIPAÇÃO NA SOCIEDADE
Com o intuito de um melhor entendimento sobre o regime de separação obrigatória de bens para maiores de 70 anos, será apresentado primeiramente um pouco da real situação da população idosa no Brasil.
Por meio de uma pesquisa realizada pelo IBGE é possível notar que a expectativa do brasileiro é de 75,8 anos, e entre 1940 até 2016, a expectativa de vida da população do país subiu mais de 30 anos, a pesquisa também afirma que esse salto na longevidade do brasileiro advém da incorporação de extensivos avanços na medicina e nas políticas de saúde públicas, como a campanha de vacinação em massa para a prevenção de doenças, o surgimento para sistema único de saúde (SUS), programa de contratação de agentes comunitários de saúde, que fez em consequência uma significativa queda nas taxas de mortalidade.
Além dos avanços da medicina e das políticas públicas, podemos evidenciar, o avanço das tecnologias para a substituição do trabalho humano pelo mecânico em trabalhos repetitivos e de risco a saúde, e também as atuais normas trabalhistas, tornaram o cotidiano da população menos degradante, uma vez que é evitado ao máximo expor em risco a saúde da pessoa humana.
E com o advento da longevidade da população foi notado por meio de outra pesquisa do IBGE que a população um significativo aumento no número de idosos, de 2005 a 2016 a proporção de idosos no País saltou de 9,8% para 14,4%, e entre 2012 a 2016 houve um crescimento de 16% nessa faixa etária passando de 25,5 milhões para 29,6 milhões, e ainda segundo o com IBGE a projeção é que esses dados aumente consideravelmente.
O aumento na expectativa da população e a baixa natalidade vivenciada atualmente, é notado que o idoso é a faixa etária que mais cresce no brasil segundo o IBGE, consequentemente se faz ter maior participação e influência perante a sociedade, uma vez na qual imigra do status de minoria da população, seu papel no mercado de trabalho é cada vez maior alcançando um terço da população idosa, os principais motivos para sua permanência no mercado de trabalho, é o complemento da renda familiar, ajudar os parentes, e o anseio de se manter ativo, um exemplo disto é o atual presidente do Brasil Michel Miguel Elias Temer Lulia que na qual tem 77 anos e mesmo sendo considerado idoso está atualmente no principal cargo político do país.
Perante a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que o envelhecimento ativo é um processo de otimização das oportunidades de segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas.
Segundo um artigo publicado em 2015 pelo Centro internacional de longevidade, o envelhecimento ativo é a principal forma de garantir a qualidade de vida na velhice uma vez que o sedentarismo na terceira idade propicia a ocorrência de doenças relacionadas a idade e aos sedentarismos, e também é a principal forma do indivíduo ter a sua autonomia par decidir os seus interesses.
Ainda segundo a pesquisa até 2100 é previsto que haverá 10,9 bilhões de pessoas vivendo na terra e que desse montante mais de 50% terá mais de 60 anos, segundo o artigo é notório e inevitável a participação de idosos no meio social, cultural e econômico um exemplo dessa transição é Japão, com uma grande população idosa, é feito alguns programas sociais para que seja inserido novamente os idosos, esse processo será cada vez mais comum, de acordo que a população ativa vai envelhecendo, e para preencher esse déficit, a população idosa é a mais qualificada para sua inserção.
Em alguns países a inclusão do idoso no mercado de trabalho ser dá em virtude da previdência social de seu país, uma vez que nesses países a aposentadoria é postergada ao máximo, com o intuito de aumentar sua força de trabalho ativa; uma vez que eles poderão ser maioria que alguns anos.
A população de idosos no Brasil tem aumentado consideravelmente tal constatação é resultado do aumento da expectativa de vida, em face da diminuição das taxas de natalidade e mortalidade, aliado às conquistas da medicina, descobertas científicas, desenvolvimento tecnológico e à melhoria na qualidade de vida, de uma forma geral, cada vez mais, é menor o número de deficiências, sejam mentais ou físicas. 
Olino (2007, p. 8) lembra que segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE o número de idosos no mundo em 1998 era de 579 milhões e que projeções indicam que em 2050 a população mundial de idosos será de 1.900 milhão, bem como que nos próximos 20 anos, no Brasil, a população de idosos poderá ultrapassar 30 milhões de pessoas, representando quase 13% da população total.
Figura 1: Evolução da proporção das faixas etárias da população brasileira. Brasil, 2010-2050 - Fonte: IBGE, 2008 e ANS/Tabnet. Dados ref. Set/10.
 Diante deste cenário, é natural que os idosos, sejam, separados, viúvos e até mesmo solteiros queiram refazer ou vivenciar um casamento, de forma que investem na afetividade. Assim, envelhecer é uma evolução natural, de acordo com Nalini (2012, p.438):
 “O lapso compreendido entre o nascimento e a morte é a experiência primordial de cada um. É o período vital, única oportunidade que as pessoas têm de provar a elas próprias, aos coetâneos e à posteridade, o que teria justificado sua vinda ao planeta”.
O idoso busca se integrar com as demais gerações através das atividades sociais e culturais. Visualizando o seu valor, buscam novos conhecimentos e formas de viver. Lembra Sousa (2004, p.169) que os idosos diante das dificuldades no aprendizado de novas técnicas, em face das evoluções sociais e tecnológicas, procuraram a Universidade da Terceira Idade, em busca de novos aprendizados, melhoria da autoestima e como forma de reinserção social. 
Na Constituição Federal de 1988 em alguns países a inclusão do idoso no mercado de trabalho se dá em virtude da previdência social de seu país, visto que nesses países a aposentadoria é postergada ao máximo, com o intuito de aumentar sua força de trabalho ativa, já que eles poderão ser maioria que alguns anos, a promulgação da Constituição Federal de 1988 foi um marco decisivo para garantir e efetivar os direitos dos idosos, porque trouxe disposições expressas que incluem a pessoa idosa como titular de direitos e digna de proteção, em virtude das peculiares que traz a velhice, assim sendo, em diversas passagens da Carta Maior é possível visualizar a intenção do legislador em proteger e ao mesmo tempo integrar a pessoa idosa na sociedade, rompendo com o preconceito e o descaso que imperavam na época, além disso, traz normas protetivas para os idosos visando combater a pobreza, com a instituição da seguridade social e criação de regras rígidas para a concessão de aposentadoria.
Segundo Alvarenga e Witzel (2013), a CF/1988 possui normas genéricas de proteção como aquelas dispostas nos artigos 1o, III, o qual fundamenta a doutrina do melhor interesse do idoso visando garantir-lhe sua dignidade, e no artigo 3o, IV, que veda qualquer tipo de discriminação em razão da idade.
Além disso, as autoras citam os artigos 229o e 230o como normas específicas dos direitos dos idosos. O primeiro dispositivo dispõe que cabem aos filhos maiores darem assistência aos pais na velhice e o segundo artigo define como responsabilidade da família e da sociedade o dever de amparar as pessoas idosas em todas as suas necessidades, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida plena e com possibilidades de realizações.
No mesmo sentido, ao tratar sobre o direito à liberdade, à igualdade à cidadania assegurados aos idosos na Constituição federal, assevera Braga (apud CIELO; VAZ, 2009, p. 34).
Quando apresenta todos os direitos garantidos pela Constituição, a mesma autora acima citada destaca que, quando se trata do idoso, o direito à vida engloba não apenas longevidade,mas ao envelhecimento com dignidade, respeito, proteção e inserção social. No que se refere ao direito à liberdade, deve ser ele propiciado ao idoso por meio de providências reais por parte do Estado e da sociedade, principalmente a independência familiar e social, através de prestações previdenciárias e assistenciais eficazes. Já o direito à igualdade, deve resguardar aos idosos as mesmas condições das demais pessoas, que vivem em sociedade. Quanto ao direito à cidadania, sua importância está em possibilitar ao idoso conservar a capacidade de analisar e compreender a realidade política e social, criticá-la e atuar sobre ela.
0. No Estatuto do Idoso  
Já com relação ao estatuto do Idoso, Lei nº 10.741/2003, pode-se destacar os artigos 1º, 2º e 3º caput, que fazem menção a proteção da pessoa idosa.
Art. 1° É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
Art. 2° O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.
Art. 3° É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária (BRASIL, 2003).
                                              
Notasse que várias garantias foram dadas as pessoas idosas, vários princípios são inseridos nos dispositivos, inclusive o princípio da dignidade da pessoa humana. É de se observar também que o artigo 2º da lei nº 10.741, garante ao idoso “todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana”.
Ainda no estatuto do idoso, tem o artigo 4º, que em seu texto traz a garantia de que o idoso não poderá ser discriminado.
Art. 4° Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei.
§ 1° É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos direitos do idoso.
§ 2° As obrigações previstas nesta Lei não excluem da prevenção outras decorrentes dos princípios por ela adotados.
O artigo 5º do Estatuto do Idoso traz em seu texto que a inobservância dessas normas poderá gerar sanções a quem descumpri-la. De acordo com o art. 5º: A inobservância das normas de prevenção importará em responsabilidade à pessoa física ou jurídica nos termos da lei. Portanto, resta demonstrado que que qualquer que não assegurar os direitos dos idosos, estará sujeito a sanção na forma da lei.
 
De acordo com Braga (2005) o Estatuto é um marco importante e uma conquista da sociedade sendo que sua maior contribuição é a publicidade dada à causa do envelhecimento. Acredita que a sociedade começa a perceber o quanto é envelhecida e a considerar os números divulgados pelos institutos de pesquisa. Dessa forma, o Estatuto se reveste como um instrumento de autoestima capaz de fortalecer toda uma classe de brasileiros e inseri-los como cidadãos ativos na sociedade.
Os princípios que valorizam a pessoa humana e que são consagrados pela Constituição Federal de 1988 estão expressamente previstos no texto do artigo 2o do Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003), tais como a liberdade e a integridade física e a integridade moral
Art. 2° O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.
No Art. 10. Dispõe que:
‘’É obrigação do Estado e da sociedade, assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, como pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais, garantidos na Constituição e nas leis’’
§ 2o O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, de valores, idéias e crenças, dos espaços e dos objetos pessoais.
Todos esses dispositivos legais buscam garantir ao indivíduo idoso, definido pelo Estatuto como a pessoa maior de 60 anos todos os direitos assegurados aos demais, sem distinção em virtude da idade, ressalvados os casos necessários em virtude das peculiaridades dessa fase da vida, assim, o simples fato de envelhecer não deve ser visto como fator de exclusão de direitos.
Capacidade Civil do Idoso
A Constituição Federal brasileira, além de eleger o princípio da dignidade da pessoa humana como norte de toda a legislação vigente, na busca pela proteção do indivíduo, constituiu como um dos objetivos fundamentais da República Federativa a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação, conforme disposição de seu artigo 3º, inciso IV.
A capacidade civil das pessoas está regulamentada no Código Civil brasileiro nos artigos 3º e 4º, sendo que a legislação traz os dispositivos de forma taxativa, haja vista que a capacidade civil das pessoas não pode ser presumida, mas deverá decorrer de lei.           
O Código Civil Brasileiro (2002), em seu artigo 3º estabelece que: “São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos”
Seguindo no mesmo código veja agora o artigo 4º, que traz em seu texto os relativamente incapazes:   
Art.4° São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;        
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;           
IV - os pródigos.
(BRASIL,2002).            
                           
Como já é sabido, todo cidadão é amparado pelo princípio da autonomia da vontade também conhecido como autonomia privada da pessoa, ou seja, toda pessoa capaz é livre para fazer suas próprias escolhas. Quanto ao princípio da autonomia da vontade, Francisco Amaral (2008) argumenta: a autonomia privada “é o poder que os particulares têm de regular, pelo exercício de sua própria vontade, as relações que participam, estabelecendo-lhe o conteúdo e a respectiva disciplina jurídica.
O autor acima descreve que a autonomia da vontade, ou autonomia privada dá o direito e a liberdade para o indivíduo exercer sua democracia. Como no caso do casamento, que tem como característica a natureza contratual, em que os nubentes de livre e espontânea vontade se reúnem para celebrar o casamento, uma vez que ambos iram compartilhar a vida amorosa e patrimonial.              
             
Assim, quanto aos direitos das pessoas idosas, Paulo Roberto Barbosa Ramos, (2003, p. 133), esclarece que:
Assegurar os direitos fundamentais das pessoas idosas é uma alternativa inteligente para a garantia dos direitos de todos os seres humanos. Todavia, fez-se observar que somente serão assegurados os direitos fundamentais aos idosos na medida em que aos seres que envelhecem seja garantido, durante a existência, o direito à dignidade.
A Lei nº 10.741/2003, no seu artigo 1º, define o idoso como sendo as pessoas com idade igual ou superior a sessenta anos, quanto ao idoso, assim como com relação às demais pessoas, a capacidade é presumida e a incapacidade deve ser provada nos casos em que a pessoa idosa não goza mais da faculdade de entender e de querer. Nesse caso, o critério para a relativização da capacidade da pessoa idosa não é a idade, mas sim a deficiência, que deverá seguir as formalidades fixadas pelo