Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Emanuelly Lopes Cardoso – T9 Doenças Inflamatórias Intestinais [ Grupo de afecções intestinais crônicas idiopáticas [ Etiologia desconhecida autoimune [ Caráter inflamatório [ Compreende: Retocolite Ulcerativa e Doença de Crohn costumam se confundir [ Diferenciação: 1) Anamnese e exame físico 2) Estudo endoscópico (macroscopia) 3) Biópsia (microscopia) 4) Sem distinção = 15% dos casos colite indeterminada Retocolite ulcerativa Doença de Crohn Incidência (América do Norte) por pessoas-ano 0-19,2 por 100.000 0-20,2 por 100.00 Idade por ocasião do início 2ª-4ª décadas 7ª-9ª décadas 2ª-4ª décadas 7ª- 9ª décadas Etnia Judeu > branco não judeu > afro- americano > hispânico > asiático Mulheres:Homens 0,51 -1,58 0,34-1,65 Tabagismo Pode prevenir a doença Pode causar a doença Contraceptivos orais Nenhum ↑ do risco Razão de chance 1,4 Apendicectomia Protetora Não protetora Gêmeos monozigóticos Concordância de 6-18% Concordância de 38-58% Gêmeos dizigóticos Concordância de 0-2% Concordância de 4% Uso ATB no 1º ano de vida 2,9x o risco de desenvolver DII na infância EPIDEMIOLOGIA (GERAL) [ Doença prevalente na Europa e América do Norte [ EUA = incidência varia de 6-20 casos/100.000 habitantes custo > 15 bilhões de dólares/ano [ Brasil = incidência de RCUI e DC é 5 e 4 casos novos/100.000 habitantes/ano, respectivamente [ Prevalência em áreas urbanas e maior classe socioeconômica [ Urbanismo estresse fator autoimune [ Tabagismo associado à proteção na RCU + desencadeador na DC [ Associação com E. coli no TGI DOENÇA DE CROHN [ Inflamação crônica granulomatosa não caseificante [ Processo inflamatório em todo TGI íleo terminal + perianal [ Afeta todas as camadas do trato digestivo mais agressiva EP I DEM IOLOG I A [ Dois picos de incidência: 15-25 anos e 55-60 anos [ Aumento da incidência lentamente [ Judeus, escandinavos, escoceses e EUA [ Urbanos [ Tabagismo fator de risco [ Influencia genética (gene NOD2/CARD15) e ambiental (zona urbana, infecção Mycobacterium paratuberculosis) F I S I O PA TOLOG I A [ Inflamação difusa e inespecífica em todas as camadas [ Envolve todo o TGI [ Lesões “salteadas”/descontínuas e segmentadas [ Aspecto de “pedra de calçada” [ Pode evoluir com 2 padrões: C Fibroestenótico = obstrutivo C Penetrante = fistuloso [ Evolução com cicatrização adesão de alças e estreitamento por fibrose estenose do TGI dificuldade na complacência e peristalse [ Pode ter acometimento de pele + articulações + olhos + vias biliares + rins + vasos sanguíneos [ Espessamento da parede por edema e fibrose = estenose [ Faz úlceras que podem evoluir para fístulas e abscessos migração de bactérias do TGI para outros sítios 2 Emanuelly Lopes Cardoso – T9 QUADRO CL ÍN I CO [ QC variável – amplo espectro de sintomas [ Diarreia persistente = queixa mais comum + várias evacuações [ Tríade = dor abdominal + diarreia + perda de peso [ Anemia [ Mal estar [ Fraqueza [ Pode haver constipação por estreitamento do lúmen [ Dor abdominal = queixa mais importante C QID + persistente + em cólica C Distensão abdominal [ Febre + anorexia + aftas orais [ Acometimento anal com fístulas + fissuras + estreitamento + pólipos + erosões [ O local de acometimento influência a clínica: Ileocolite + jejunoileite + colite + doença perianal + doença gastroduodenal ILEOCOLITE [ Dor em QID e diarreia (defecação alivia a dor) [ Febre e abscessos intra-abdominais [ Perda de peso [ Obstrução por edema/espasmos – estreitamento Fibroestenótico JEJUNOCOLITE [ Perda da superfície digestiva e absortiva má absorção e esteatorreia COLITE [ Diarreia [ Hematoquezia D I AGNÓST I CO [ Estudo endoscópico + Macroscopia possível observar a mucosa + lesões + aspectos do tecido mucoso e do revestimento do trato digestivo C Aspecto “pedras em calçamento” fibrose do tecido C Úlceras = agressão ativa C Inflamação transmural parede colônica espessada (edema de toda a parede) C Aparência de pedra arredondada padrão salteado paralelepípedo C Ulceração linear da mucosa “trilha de estrada de ferro” ou “úlceras em garras de urso” C Reto é poupado e pode apresentar acometimento extracolônico íleal C Necessita sempre de colonoscopia C Padrão fibroestenótico obstrutivo ou padrão penetrante-fistuloso MICROSCOPIA [ Inflamação transmural edema submucoso com agregação linfoide [ Granuloma não caseoso (50%) [ Agregado de histiócito epitelióides circundados por linfócitos e células gigantes Í ND I CE DE A T I V I DADE Índice de Atividade da Doença de Crohn (IADC) [ É uma escala de pontuação que vai de 0 a 600 e pode ser assim classificada: C Valor total ≤ 150 pontos: sugere remissão C Valores entre 150 a 250: sugerem atividade moderada C Valores > 250 pontos: sugerem atividade moderada C Valores > 450 pontos: sugerem atividade grave (alguns autores consideram como grave valores > 350) C Queda de 70 a 100 pontos sugere resposta clínica 3 Emanuelly Lopes Cardoso – T9 Índice de Atividade da Doença de Crohn - IADC Multiplicar por Nº de evacuações líquidas na última semana 2 Dor abdominal (últimos 7 dias) Nenhuma = 0 Leve = 1 Moderada = 2 Intensa = 3 5 Estado geral (últimos 7 dias) Ótimo = 0 Bom = 1 Regular = 2 Ruim = 3 Péssimo = 4 7 Nº de complicações (últimos 7 dias) Artralgia/artrite Irite/uveíte Eritema nodoso/pioderma gangrenoso/ aftas orais Fissura anal, fístula ou abscesso anal Outras fístulas Febre 37,8ºC 20 (multiplicar cada complicação que tiver por 20 – valor máx. 120) Consumo de antidiarreico Não = 0 Sim = 1 30 Massa abdominal Ausente = 0 Duvidosa = 2 Bem definida = 5 10 Déficit do hematócrito Homem: 47 – Ht% Mulher: 42 – Ht% 6 (adicione ou subtraia segundo o sinal) 1 T RA TAMENTO TERAPIA CLÍNICA [ Aminossalicillatos = 1ª linha na fase aguda C Pouco eficaz para manutenção exceto quando afeta o cólon C Mesalazina/Sulfasalazina [ Glicocorticoides em DC grave C Prednisona 46-60mg/dia VO C Metilprednisona/Hidrocortisona IV C Somente fase aguda contraindicado para manutenção [ Metronidazol/Ciprofloxacino C Até 4 meses C Indicado em fístulas e abcessos C Profilaxia por uso de corticoides TERAPIA CIRÚRGICA 1) Intratabilidade 2) Obstrução intestinal 3) Abscesso intra-abdominal 4) Fístulas complicadas exceto enterro-entéricas assintomáticas 5) Colite fulminante 6) Megacólon tóxico 7) Sangramento maciço 8) Câncer 9) Retardo no crescimento **Evitar operar quanto + agride + faz fistula [ Ressecções econômica área macroscopicamente comprometida [ Preferir anastomose látero-lateral menor recidiva que a término-terminal [ Evitar drenos [ Evitar apendicectomia ressecção apenas se realmente comprometido [ Abscesso intraperitoneal tentar puncionar guiado por imagem + ATB cirurgia em 2º tempo [ Fístula entero-entérica assintomática conduta expectante RETOCOL ITE ULCERAT IVA [ Inflamação crônica da mucosa e submucosa [ Atrofia e espessamento muscular [ Microabscesso de cripta confluem e fazem pseudopólipos [ Inicia do reto + ascende para o cólon (para no ceco/cólon ascendente) de maneira linear [ Lesões localizadas [ Muito dificil a formação de úlceras e fístulas EP I DEM IOLOG I A [ Comum em países desenvolvidos + incidência estável [ Brancos, judeus e eslavos [ Semelhante RCU: aminosalicilato, esteroides e imunomoduladores [ Imunomoduladores: 1) 6-MP mercaptopurina 2) Azatioprina 3) Ciclosporina 4) Infliximab [ Infliximab anticorpo monoclonal anti-TNF doença refratáriaou corticoide-dependente, fístulas drenantes crônicas 4 Emanuelly Lopes Cardoso – T9 [ Influência genética alelos HLA e DR [ Influência ambiental infecção por C. difficile e Campylobacter jejuni + uso de contraceptivos, apendicectomia prévia [ Tabagismo efeito protetor remissão completa F I S I O PA TOLOG I A [ Inflamação difusa e inespecífica, restrita a mucosa e submucosa [ Cólon e reto [ Boa delimitação entre área acometida e área normal QUADRO CL ÍN I CO [ Diarreia (↑ da frequência) com muco + sangramento (retal) + dor abdominal = comuns [ Urgência para defecar proctite distal associada [ Mais sangramento porém de menor gravidade [ Desconforto abdominal >> Dor abdominal [ Envolvimento retal = 100% + ausência de doença anal [ Conforme se estende = tentativas de dejeção acompanham deposições líquidas e volumosas [ Irritação peritoneal [ Poucos achados ao EF: C Dor em QIE C Exame proctológico = presença de sangue + muco + pus + outras secreções [ Manifestações extraintestinais: C Artrite (20%) C Espondilite anquilosante (5%) C Pioderma gangrenoso + eritema nodoso (15%) C Colangite esclerosante primária (8%) D I AGNÓST I CO [ Doença pré-maligna [ Colonoscopia 1-2 anos com biópsia seriada risco de Adenocarcinoma [ Diagnóstico padrão = colonoscopia C Mucosa inflamada C Dilatação vascular C Pseudopólipos ESTUDO ENDOSCÓPICO [ Proctossigmoidoscopia suficiente no quadro agudo [ Doença difusa, simétrica, inicia na linha denteada [ Extensão ao nível do sigmoidoscópio colonoscopia [ Biópsias seriadas [ Amostras de fezes descartar infecção parasitária MACROSCOPIA 1) Atapetamento inflamação contínua da mucosa e submucosa 2) Sem ulceração mucosa hiperêmica, friável e granular Ulceração superficial 3) Envolvimento do reto 100% 4) Pólipos e pseudopólipos regeneração da mucosa 5) Estenose: 12% descartar neoplasia MICROSCOPIA 1) Acometimento de mucosa e submucosa abscesso de cripta 2) Poupa as camadas musculares 3) pANCA (+) 86% (anticorpo citoplasmático antineutrófilos padrão de coloração perinuclear) Í ND I CE DE A T I V I DADE TRUELOVE E WITTS (CLÍNICO E LABORATORIAL) Leve Moderada Severa Nº de evacuações ≤ 4 5 ≥ 6 Sangramento vivo + ++ Temperatura (ºC) Normal Valores intermediários > 37,5ºC à noite ou ≥ 37,8ºC 2-4 dias Pulso Normal Intermediário > 90 bpm Hemoglobina (g/dL) > 10 Intermediário ≤ 10,5 VHS (mm) ≤ 30 Intermediário > 30 ESCORE DE MAYO (CLÍNICO E ENDOSCÓPICO) Escore Nº de evacuações Sangramento retal Achados endoscópicos Avaliação global 0 Nº habitual Ausência Ausência de doença ou doença inativa (cicatriz) Normal 1 1-2x a mais do habitual Raias de sangue (<50% das evacuações) Doença leve (eritema, ↓ do padrão vascular, leve friabilidade) Doença leve 2 3-4x a mais do habitual Sangue vivo na maioria das evacuações Doença moderada (eritema evidente, perda do padrão vascular, erosões) Doença moderada 5 Emanuelly Lopes Cardoso – T9 3 5+ a mais do habitual Evacuação apenas com sangue Doença grave (sangramento espontâneo, ulcerações) Doença grave Classificação da gravidade da doença de acordo com a pontuação deste escore é a seguinte: Escore (pontos) Gravidade da doença 0 a 2 Normal – remissão 3 a 5 Atividade leve 6 a 10 Atividade moderada 11 a 12 Atividade grave A resposta clínica é sugerida quando há: [ ↓ ≥ 3 pontos no valor basal e ≥ 30% [ ↓ na pontuação do sangramento retal ≥ 1 ou ausência total [ Cicatrização na mucosa definida como índice de atividade 0 ou 1 T RA TAMENTO MEDICAMENTOSO [ Indicado Aminossalicilatos para fase aguda e de manutenção C Sulfasalazina/Mesalazina (VO e supositório) C Requer reposição de ácido fólico [ Glicocorticoides em caso refratário a 5-ASA C Prednisona VO ou Hidrocortisona /Metilprednisona IV C Indicado apenas para fase ativa, sem efeito como manutenção C Redução gradual da dose [ Em caso de corticodependência = imunossupressores C Azatioprina = útil como manutenção C Risco de pancreatite e supressão de MO TERAPIA CIRÚRGICA [ Indicações 1) Intratabilidade 2) Displasia carcinoma 3) Sangramento colônico maciço 4) Megacólon tóxico [ Colite fulminante e megacólon tóxico colectomia total + ileostomia + sepultamento do reto [ Desnutrição severa + peritonite fecal ou purulenta evitar anastomose primária + fazer colostomia + depois que “recuperar” da desnutrição faz a reconstrução do trânsito [ Pancolite + incontinência fecal + tumor de reto baixo proctocolectomia total + ileostomia definitiva R ETOCOL I T E UL CERA T I V A E CÂNCER [ Afeção pré-neoplásica [ Riscos duração + extensão + atividade + gravidade da inflamação [ Risco cumulativo de câncer a partir do início das manifestações: C 25 anos: 25% C 30 anos: 45% C 40 anos: 65% [ Restrito ao lado esquerdo menor risco que na pancolite [ Screening: colonoscopia anual após 8 anos do diagnóstico na pancolite e 12 anos na colite esquerda 10 a 30 amostras randômicas [ Displasia de alto grau proctocolectomia CALPROTECTINA FECAL [ Proteína antimicrobiana liberada pelos neutrófilos no intestino frente a uma exposição da mucosa a uma inflamação [ Pertence a família de proteínas S100 que se ligam ao cálcio e ao zinco [ Apresenta grande concentração nas fezes quando há inflamação no intestino [ Possui propriedade antimicrobianas + fungicidas + anti-proliferativas + anti-tumorais [ Diagnóstico de RCU e DC [ Monitorizar atividade da doença [ Avaliar resposta terapêutica e remissão [ Diferenciar DII de SII (acurácia 90%) 1) Aminosalicilatos sulfasalazina toxicidade devido ao componente com sulfapiridina. Ex. Asacol e Pentasa (sem sulfapiridina) mesalazina VO e VRetal 2) Corticóides vo, ev ou por enemas redução das prostaglandinas e leucotrienos limitação pelos efeitos colaterais: diabetes, HAS, osteoporose, susceptibilidade a infecção contraindicados a longo prazo. Ex. hidrocortisona (padrão), budesonida (menor efeitos colaterais e menor supressão adrenal) 3) Imunomoduladores tratamento a longo prazo azatioprina uso se refratário a aminosalicilatos 6 Emanuelly Lopes Cardoso – T9 RETOCOL ITE ULCERAT IVA X DOENÇA DE CROHN RCU DC Clínicas Sangue macroscópico nas fezes Sim Ocasionalmente Muco Sim Ocasionalmente Sintomas sistêmicos Ocasionalmente Frequentemente Dor Ocasionalmente Frequentemente Massa abdominal Raramente Sim Doença perineal significativa Não Frequentemente Fístulas Não Sim Obstrução do intestino delgado Não Frequentemente Obstrução colônica Raramente Frequentemente Resposta aos antibióticos Não Sim Recidiva após a cirurgia Não Sim Endoscópicas Reto poupado Raramente Frequentemente Doença contínua Sim Ocasionalmente Calçamento Não Sim Granuloma na biópsia Não Ocasionalmente Radiográficas Intestino delgado significativamente anormal Não Sim Íleo terminal anormal Não Sim Colite segmentar Não Sim Colite assimétrica Não Sim Estreitamento Ocasionalmente Frequentemente
Compartilhar