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Patologias do esôfago


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Fisiopato - Patologia básica Robins 9ed 
Patologias do esôfago 
Esôfago normal 
- Se estende desde a epiglote (no alto da 
faringe) até a junção gastroesofágica
- Possui 3 pontos de estreitamento da luz: 
superiormente (ao nível da cartilagem 
cricoide), no meio do seu trajeto (adjacente 
ao arco aórtico) e inferiormente (onde 
atravessa o diafragma) 
- A proximidade anatômica com importantes 
vísceras torácicas permite uma rápida 
disseminação de infecções e tumores do 
esôfago em direção ao mediastino posterior
- Funções = conduzir alimentos e líquidos da 
faringe ao estômago, evitar a difusão 
passiva de substâncias alimentares para o 
sangue e evitar o refluxo do conteúdo 
gástrico ao esôfago 
* Esfíncter esofágico superior (EES) e 
esfíncter esofágico inferior (EEI) = áreas de 
alta pressão que permanecem relativamente 
contraídas durante a fase de relaxamento 
* Relaxamento do EEI -> onda de contração 
peristáltica -> fechamento do EEI após o 
reflexo da deglutição 
Camadas da parede do esôfago 
- Mucosa = tecido epitelial estratificado 
pavimentoso + lâmina própria + muscular da 
mucosa 
- Submucosa = tecido conjuntivo frouxo 
contendo vasos sanguíneos e linfáticos + 
fibras musculares + glândulas submucosas
- Muscular = músculo liso (camada circular 
interna) + plexo mioentérico + músculo liso 
(camada longitudinal externa) 
* A maior parte do esôfago não tem envoltório 
seroso, somente o pequeno segmento do 
esôfago intra-abdominal 
Patologias 
1. Acalásia 
- É caracterizada pelo comprometimento do 
relaxamento da musculatura do EEI com 
consequente obstrução funcional do esôfago 
(há dificuldade para relaxar a musculatura 
do esôfago)
Alterações primárias (tríade da acalásia)
- Aperistalse do esôfago, aumento do tônus 
do EEI e relaxamento incompleto do EEI
Etiologia 
- Infecções, processo neurodegenerativos, 
autoimunidade, anticorpos neurais anti-
mioentericos e suscetibilidade genética 
Processo patológico 
1- Inflamação do plexo mioentérico ou 
processo neurodegenerativo 
2- Perda da inibição das células ganglionares 
do plexo mioentérico 
3- Redução de NO
4- Transmissão colinergica intacta 
5- Aumento de ACH e redução de NO
6- Acalásia 
Fisiopato - Patologia básica Robins 9ed 
Manifestações macroscópicas
- Obstrução funcional do esôfago (estenose 
do EEI) 
- Dilatação do esôfago acima do EEI
Manifestações microscópicas 
- A parede do esôfago pode ter espessura 
normal 
- A parede do esôfago pode apresentar 
hipertrofia da camada muscular 
- A parede do esôfago pode ficar 
intensamente adelgaçada devido á dilatação 
- A camada mucosa pode não estar afetada, 
mas pode estar inflamada, ulcerada ou com 
espessamento fibroso longo acima do EEI
Manifestação clínica 
- Disfagia progressiva, dificuldade para 
eructar e dor torácica 
2. Esofagite 
- É uma inflamação aguda ou crônica da 
mucosa esofágica 
Etiologia 
- Doença do refluxo gastroesofágico 
- Agentes químicos/físicos/biológicos 
- Autoimunidade (ex: esofagite eosinofilica) 
Tipos 
• Esofagite químicas e físicas 
- Caracterizadas como lesão direta da mucosa 
esofágica desencadeada por substâncias 
químicas potencialmente lesivas (ex: suco 
gástrico, subastações corosivas), 
temperaturas extremas ou radiação 
• Esofagite infecciosa 
- Ocorre em pacientes imunossuprimidos (ex: 
infecções por herpesvírus simples, 
citomegalovírus, candida) 
- Manifestações microscópicas = herpesvírus 
(úlceras em saca-bocado e a análise 
histopatológica demonstra inclusões virais 
nucleares dentro de uma linha de células 
epiteliais em degeneração na borda da 
úlcera) e citomegalovírus (provoca 
ulcerações mais rasas e inclusões nucleares 
e citoplasmáticas típicas dentro do endotélio 
capilar e das células do estroma)
Fisiopato - Patologia básica Robins 9ed 
• Esofagite eosinofílica 
- Sintomas = impactação alimentar e disfagia 
em adultos, intolerância alimentar e sintomas 
semelhantes à DRGE em crianças
- Manifestações microscópicas = infiltração 
epitelial por grande número de eosinófilos, 
em particular superficialmente e em locais 
distantes da junção gastroesofágica
- Manifestações clínicas = dermatite atópica, 
rinite alérgica, asma ou eosinofilia periférica 
modesta
• Esofagite de refluxo (doença do refluxo 
gastroesofágico - DRGE) 
- O refluxo do conteúdo gástrico em direção á 
parte inferior do esôfago (EEI) é a principal 
causa de esofagite (o epitélio escamoso 
estratificado do esôfago é resistente à 
abrasão de alimentos, mas sensível ao ácido)
- Etiologia = redução do tônus do EEI (por 
ação de agentes depressões do SNC, 
gravidez, alcoolismo, obesidade ou 
tabagismo), esvaziamento gástrico demorado 
e aumento do volume gástrico, redução da 
capacidade de reparação da mucosa 
esofágica 
- Processo patológico = aumento da pressão 
intra-gástrica -> inflamação da mucosa -> 
lesão da mucosa
- Manifestações microscópicas = presença de 
células inflamatórias, hiperplasia da camada 
basal e alongamento das papilas da lâmina 
própria 
- Manifestações macroscópicas = hiperemia, 
fechamento parcial do lúmen (edema), lesão 
da mucosa, ulceração e sangramentos
3. Esôfago de barrett 
- É uma complicação de DRGE crônica, 
caracterizada por metaplasia intestinal 
dentro da mucosa escamosa esofágica 
- Seu diagnóstico requer endoscopia e biópsia 
Etiologia 
- Complicação da doença do refluxo 
gastroesofágico de longa duração (10% dos 
pacientes com DRGE desenvolvem esôfago 
de barrett, sendo mais comum em homens de 
40 a 60 anos) 
- Apresenta fator de risco para 
desenvolvimento de adenocarcinoma (pode 
ser considerada uma condição pré-maligna) 
- A displasia epitelial, considerada uma lesão 
pré-invasiva, desenvolve-se em 0,2-1,0% das 
pessoas com esôfago de Barrett a cada ano
Fisiopato - Patologia básica Robins 9ed 
Processo patológico 
- Exposição continua do esôfago ao ácido 
gástrico resultando em metaplasia 
Manifestações microscópicas 
- Metaplasia intestinal com epitélio 
estratificado pavimentoso típico do esôfago 
distal, sendo substituído por epitélio colunar 
com celular caliciformes (como o intestino) 
Manifestações macroscópicas 
- Mucosa vermelha e aveludada que se 
estende para cima a partir da junção 
gastroesofágica
- Troca de epitélio do esôfago por um epitélio 
glandular semelhante ao do intestino 
(metaplasia) 
Manifestações clínicas 
- Longa história de azia 
- Refluxo mais abundante, mais frequente e 
prolongado (do que a maioria dos pacientes 
com refluxo) 
Referências 
- Patologia – Bases Patológicas das Doenças; 
Robbins & Cotran; 9ª ed.; 2016; Capítulo 
17.
- Patologia; Bogliolo; 7ª ed.; 2006; Capítulo 
21.

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