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~ Samant� Buen� ~ TRATO GASTROINTESTINAL: DOENÇAS DO ESÔFAGO O ÓR�ÃO O esôfago é um tubo muscular, elástico e deformável. Atua no transporte do alimento da faringe para o estômago. Está localizado posteriormente à traqueia e se inicia a nível de C6. Passa através do diafragma no hiato esofágico. Termina na entrada do estômago a nível de T10. O esofago possui 3 constrições (esfíncters), são elas: - Constrição faringoesofágica (constrição superior) - Constrição broncoaórtica (constrição média) - Constrição diafragmática Os esfíncteres superior e inferior impedem que ocorra refluxo. Às vezes, uma parte do estômago se projeta acima do diafragma através do hiato esofágico. Esta condição é chamada de hérnia de hiato. IRRIGAÇÃO E DRENAGEM VENOSA E LINFÁTICA: O esôfago não possui artérias próprias, mas é suprido por vasos circundantes, sendo eles: • Parte cervical: - artéria tireóidea inferior - veia tireóidea inferior - linfonodos cervicais profundos • Parte torácica: - Ramos esofágicos da parte torácica da aorta e das artérias intercostais direitas - Veia ázigo/hemiázigo - Linfonodos paratraqueais, linfonodos traqueobronquiais, linfonodos mediastinais posteriores • Parte abdominal: - Artéria gástrica esquerda, artéria frênica inferior - Veias gástricas direita e esquerda, que drenam para a veia porta do fígado @samantabuen�2 1 ~ Samant� Buen� ~ - Linfonodos gástricos e linfonodos frênicos inferiores ES���T��A ��R�� �O �SÔFA��: Histologia: Camadas do esôfago: MUCOSA, SUBMUCOSA, MUSCULAR E ADVENTÍCIA(demais regiões)/SEROSA(somente na porção intraperitoneal [abdominal]); 1. Epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado 2. Glândulas secretoras de muco na submucosa 3. Músculo estriado esquelético e músculo liso MUCOSA: É composta por: - epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado ou epitélio escamoso + lâmina própria (tecido conjuntivo frouxo) e lâmina muscular da mucosa (músculo liso); Reveste o comprimento do esôfago, possui lâmina própria da mucosa. Possui a muscular da mucosa que é a camada mais profunda da túnica mucosa. É composta por músculo liso, é espessa e atua como auxiliar na deglutição. Tem presença de glândulas esofágicas da cárdia. O epitélio escamoso estratificado confere proteção considerável contra a abrasão e desgaste de partículas de alimento que são mastigadas, misturadas com secreções e deglutidas. SUBMUCOSA: É composta por: - tecido conjuntivo denso não modelado Presença de vasos linfáticos e sanguíneos. Presença de glândulas mucosas para lubrificar e proteger a parede luminal. MUSCULAR: É composta por: A túnica muscular do terço superior do esôfago é de músculo estriado esquelético, o terço intermediário é de músculo esquelético e liso, e o terço inferior é de músculo liso. Em cada extremidade do esôfago, a túnica muscular se torna ligeiramente mais proeminente e forma dois esfíncteres – o esfíncter esofágico superior (EES), que consiste em músculo esquelético, e o esfíncter esofágico inferior (EEI), que consiste em músculo liso. O esfíncter esofágico superior controla a circulação de alimentos da faringe para o esôfago; o esfíncter esofágico inferior regula o @samantabuen�2 2 ~ Samant� Buen� ~ movimento dos alimentos do esôfago para o estômago. SEROSA: encontrada somente na porção intraperitoneal (abdominal) do esôfago. ADVENTÍCIA: encontrada nas demais porções do esôfago. O tecido conjuntivo frouxo desta camada não é recoberto por mesotélio e o tecido conjuntivo funde -se ao tecido conjuntivo das estruturas circundantes do mediastino, através do qual ele passa. PATOLOGIA: DEGENERAÇÃO HIDRÓPICA – Degeneração hidrópica (edema celular ou degeneração vacuolar) é a primeira manifestação de quase todas as formas de dano celular. É uma alteração reversível não-letal. O acúmulo intracelular de água ocorre pela incapacidade da célula de manter o equilíbrio iônico e a homeostasia de fluidos, em função de falha nas bombas dependentes de energia das membranas celulares. Quando ocorre em um órgão inteiro, este pode se apresentar pálido, com aumento do peso e turgor. DO��ÇAS �� ��ÔFA��: ACALÁSIA A acalasia, que é um distúrbio da motilidade esofágica prototípico, é caracterizada por um esfíncter esofágico inferior hipertônico com relaxamento incompleto ao deglutir, acompanhado de aperistalse do corpo esofágico. Ou seja, é um comprometimento do relaxamento da musculatura do EEI com consequente obstrução funcional do esôfago. A fisiopatologia da acalasia reflete uma plexopatia mientérica autoimune mediada por anticorpos do esfíncter esofágico inferior e uma neuropatia generalizada do corpo esofágico. O evento desencadeador não está claro, mas há sugestões de causas virais. A lesão dos neurônios do esfíncter esofágico inferior provoca uma deficiência seletiva relativa de óxido nítrico. Com esta perda do principal neurotransmissor inibidor funcional, o esfíncter fica hipertenso e perde sua capacidade de relaxamento. O processo neuroquímico que causa a aperistalse não está claro. TRÍADE DA ACALÁSIA: - Relaxamento incompleto do EEI - - Aumento do tônus do EEI - - Aperistalse do esôfago ** A principal causa da acalásia é a Doença de Chagas. ESOFAGITE: É um processo inflamatório esofágico. Usualmente ocorre no esôfago inferior como um resultado do efeito irritante do refluxo gástrico ácido sobre a mucosa. @samantabuen�2 3 ~ Samant� Buen� ~ SINTOMAS: azia, regurgitação e vômito recorrente. A esofagite pode ser: • AGUDA → causada pela ingestão de um agente irritante, inflamação viral e intubação • CRÔNICA → resultado do refluxo gastroesofágico recorrente devido à: - Hérnia de Hiato - Pressão Reduzida do Esfíncter Esofágico Superior (EEI) - Vômito Recorrente Possíveis etiologias: Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE). Agentes químicos (outros). Agentes físicos. Agentes biológicos (infecciosos). Autoimunidade (esofagite eosinofílica). Nas esofagites químicas e físicas ocorre: • Lesão direta da mucosa esofágica por → substâncias químicas potencialmente lesivas (suco gástrico, substâncias corrosivas), temperaturas extremas (calor) ou radiação (como radioterapia no CA de mama). Esofagite infecciosa: Ocorre em: - Pacientes imunossuprimidos - Herpesvirus simples - Citomegalovírus - Candida sp DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO - DRGE O refluxo de conteúdo gástrico para o esôfago é um evento fisiológico que ocorre em indivíduos sadios, principalmente no período pós prandial. No entanto, quando ele causa sintomas, com ou sem lesão tecidual, passa a ser denominado DRGE. PATOGÊNESE: Múltiplos fatores (frequentemente coexistentes): • Alterações anatômicas e funcionais na junção esôfago - gástrica (barreira antirrefluxo) • Depuração (clearance) esofágica • Resistência epitelial da mucosa • Acomodação e motilidade gástricas • Percepção ou na sensibilidade aos sintomas. Junção esofagogástrica (JEG) - arranjo sincicial do esfincter esofágico inferior (EEI) e pelo diafragma crural à barreira antirrefluxo (BAR) @samantabuen�2 4 ~ Samant� Buen� ~ A barreira antirrefluxo é formada pelo esfíncter esofágico, diafragma crural, ligamento frenoesofágico e ângulo de His, que causa uma entrada oblíqua do esôfago no estômago. A fixação do esfíncter esofágico inferior no diafragma crural resulta no aumento de pressão durante a inspiração e quando a pressão intraabdominal aumenta. O rompimento dos mecanismos de defesa normais causa quantidades patológicas de refluxo. • O EEI parece ser responsável por 90% da pressão basal na BAR enquanto o diafragma crural contribui com o restante da pressão. • Normal: durante a deglutição de alimentos, a pressão do EEI diminui e permanece próxima a zero (6-8seg), enquanto a onda peristáltica propaga-se ao longo do corpo esofágico, conduzindo o bolo alimentar ao estômago. • Em situações de aumento da pressão intra-abdominal (p. ex., inspiração, defecação, micção, tosse), o diafragma crural exerce importante papel no reforço ao EEI, ocasionando o rápido aumento da pressão da BAR em 30 a 90 mmHg acima da pressão de repouso.*A hérnia hiatal é uma alteração anatômica resultante da flacidez dos ligamentos frenoesofágicos Sobrepeso e Obesidade também afetam na BAR. Toda esofagite é DRGE? • DRGE – incompetência do esfíncter – fica sempre aberto e reflui ácido – a esofagite é uma doença vinda desse refluxo – pode ser algo momentâneo (estresse com esfíncter funcionante), mas se o esfíncter não responde vc tem drge • Metaplasia sempre sera crônica à Barrett ESÔFAGO DE BARRETT E NEOPLASIAS DO ESÔFAGO • PROCESSO FISIOPATOLÓGICO ESPECÍFICO: METAPLASIA - É a lesão precursora do adenocarcinoma de esôfago. • O epitélio escamoso do esôfago se torna → epitélio colunar, tipo intestinal com células caliciformes • Incidência subestimada (pacientes assintomáticos e falhas no diagnóstico) - 10% está associado a DRGE (pacientes sintomáticos - principal sintoma: pirose) • Faixa etária: +/- 50 anos, com pequeno predomínio do sexo masculino • Identificação: Métodos endoscópicos e confirmados pela análise histopatológica • Deve-se avaliar a presença de células displásicas e neoplásicas Fatores de risco: inflamação crônica do esôfago (DRGE) e hérnia de hiato @samantabuen�2 5 ~ Samant� Buen� ~ Macroscopicamente: Presença de metaplasia intestinal → epitélio colunar com células caliciformes Complicações frequentes do esôfago de Barrett: estenose e úlcera esofágica Epidemiologia: ** 0,19% dos casos de Barrett evoluem para um adenocarcinoma, porém, os paciente acometido com esofago de Barret possuem risco aumentado de 40x de desenvolverem um adenocarcinoma de esôfago em comparação com a população normal. NE����SI�� �� ESÔFA��: NEOPLASIAS BENIGNAS (RARAS): • Possuem origem submucosa → leiomioma • Corresponde a 70% dos tumores benignos, são 7,5% dos TGI, acomete mais homens com idade entre 20 e 59 anos; • Normalmente são assintomáticos e descobertos incidentalmente; Exame endoscópico: Lesão polipóide séssil de 8mm em terço médio do esôfago, recoberta por mucosa normal - A histologia confirmou ser um leiomioma NEOPLASIAS MALIGNAS: Acomete mais homens do que mulheres; SP tem o maior numero de casos notificados; Fases iniciais da doença: • Disfagia (80 a 90% dos pacientes) - Inicia-se entre 3 e 4 meses antes do diagnóstico, com caráter progressivo e rápida evolução - Início com alimentos sólidos e progressivamente com alimentos pastosos e líquidos - Acometimento de metade a 1/3 da luz do esôfago é obstruída pelo tumor (doença avançada no momento do diagnóstico) - Emagrecimento (sintoma inespecífico) @samantabuen�2 6 ~ Samant� Buen� ~ Sintomas resultantes de complicações: - Tosse e febre (secundários à fístula do trato respiratório) - Hematêmese ou melena - Rouquidão (envolvimento do nervo laríngeo) - Soluços (envolvimento do nervo frênico) CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS • Prevalência elevada: Cinturão do câncer de esôfago • norte da China, na região que se estende da Rússia européia ao nordeste do Mar Cáspio, à Turquia, ao Irã até o centro da Ásia • População negra do sudeste da África Acomete homens negros, com idade entre 60 e 70 anos, com localização predominantemente no terço médio seguido do terço distal do esôfago Fatores de risco: • Principais: cigarro e álcool (risco proporcional à quantidade e duração do consumo) Irritação crônica: • Consumo frequente de pimenta • Ingestão de soda cáustica - estenose • Acalasia e divertículo esofágico Agentes infecciosos: • Papiloma vírus humano (HPV) • Vírus Epstein-Barr (EBV) Fatores dietéticos: • Deficiência de vitaminas A, E, C, B12, ácido fólico • Consumo de bebidas em temperatura muito elevadas Doenças associadas: • Predisposição genética: Tilose palmar (doença autossômica dominante que se manifesta por hiperqueratose na palma das mãos e na planta dos pés) Etiopatogênese: • Exposição aos fatores de risco (tabaco, álcool, bebidas quentes, dieta N-nitrosa)→ iniciação tumoral → superexpressão da ciclina D1 (reguladora do ciclo celular) → mutação de perda de função nos genes supressores de tumor (TP53, caderina-E) → CEE precoce → displasia escamosa (neoplasia intraepitelial ou carcinoma in situ → CEE avançado → Cuidados Paliativos → Morte Características morfológicas: Lesão ulcerada, com bordas elevadas e irregulares e vegetante Ninhos sólidos ce células neoplásicas invadindo a submucosa @samantabuen�2 7 ~ Samant� Buen� ~ ADENOCARCINOMA: • Até 1970, a incidência desta neoplasia era de menos de 5% dos tumores de esôfago • Dados epidemiológicos têm registrado aumento crescente na incidência de adenocarcinoma de esôfago e na junção gastroesofágico nos últimos anos • Observa-se aumento concomitante na prevalência de esôfago de Barrett Acomete mais homens (7:1), brancos e hispânicos com idade acima dos 50 anos e localização predominantemente na junção gastroesofágica. Fatores de risco: Principal fator de risco: ESÔFAGO DE BARRETT (lesão precursora do adenocarcinoma) • Obesidade (IMC > 30kg/m2) - (IMC entre 18.5 e 24.9 Kg/m²) • Dieta pobre em frutas, vegetais e fibras • Tabagismo (dificulta o controle do refluxo gastroesofágico e está associado com DRGE, aumenta em 2x o risco) • Baixo nível socioeconômico • Não há evidências da associação do consumo de álcool e nem de história familiar em pacientes com adenocarcinoma Morfologia: Mucosa vermelho-escuro (esôfago de Barrett) e massa polipóide (adenocarcinoma) @samantabuen�2 8
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