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RESENHA CRÍTICA MOVIMENTO DOS SUJEITOS NOS GRUPOS

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Nomes
	Fabrícia do Carmo Nascimento, Gabriel Pereira Gomes,
Marina Reis de Sena e Nina Beatriz B. Rodrigues, 
	Período:
	6° período de Psicologia
	Professor:
	Fabíola Bonni Murad
	Disciplina:
	Processos e Técnicas Grupais
RESENHA CRÍTICA SOBRE O ARTIGO “CONTEXTOS GRUPAIS E SUJEITOS EM RELAÇÃO: CONTRIBUIÇÕES ÀS REFLEXÕES SOBRE GRUPOS SOCIAIS”
O artigo Contextos Grupais e Sujeitos em Relação: Contribuições às Reflexões sobre Grupos Sociais é um artigo escrito pelos autores Andréa Vieira Zanella, Clarissa Terres Lessa e Sílvia Zanatta Da Ros. 
Elaborado pelos autores da Universidade Federal de Santa Catarina em 2002, este é composto por 08 páginas e 52 parágrafos, no qual traz como temática central uma reflexão crítica sobre a dialética “O sujeito que constitui a sociedade ou a sociedade é quem o constitui?” e como forma de ilustrar tal perspectiva os autores trarão uma amostra de três grupos distintos, com o intuito de compreender o movimento dos sujeitos dos/nos grupos.
Inicialmente Zanella (2002) traz a discursão a respeito do “falo” (o lugar do sujeito) individualizado, e o lugar deste em grupo, apontando que não há como separar a individualidade do sujeito de suas relações em grupo.
“a concepção complexa do sujeito nos permite enlaçar indissoluvelmente o eu a nós, ao se e a isto. Mas, aqui, apresenta-se o princípio da incerteza, porque nunca sei, exatamente, em que momento sou eu quem fala, se não sou eu falando, se não há algo que fale por mim, mais forte que eu, num momento em que creio falar (MORIN, 1996, p. 54)”
Freitas (2015) vai dizer que é justamente nessa relação dialética do ser com o outro e na sua tentativa de compreensão do outro, do mundo, e de si que o sujeito é capaz de compreender e realizar sua constituição e (re)construção do mundo.
Adiante o Zanella (2002) pontua que a constituição do sujeito é entendida como socialmente construída e ao mesmo tempo fruto de singularidades, no qual o sujeito se estrutura e convive em sociedade, mas que também se faz como ser individual, singular e detentor de subjetividade. Dentro desta perspectiva o autor vai dizer sobre a racionalidade linear, que é a compreensão de homem independente do contexto em que está inserido, mas que estabelece com este (o meio), várias interações.
Ademais o autor expõe que as transformações, econômicas, tecnológicas e sociais, têm gerado significativas mudanças nas relações sociais e, consequentemente, nos próprios sujeitos. Entretanto, ele aponta ainda que, na medida em que, a sociedade se transforma os sujeitos também se transformam, ou seja, na medida que o sujeito modifica o social, o social também o modifica, como afirma Freitas (2015): “Desse modo, não apenas o contato com o social recria o homem, mas este detém a capacidade inigualável de reconstruir o social” (FREITAS, 2015, p. 51)
Nos parágrafos subsequentes Zanella (2002) traz três investigações sobre grupos amostrais distintos. Na primeira investigação ele fala sobre um sujeito que é inserido em um grupo social que faz da renda de bilro sua atividade de expressão, no qual tem como intuito ser observado o processo de ensinar e aprender (a fazer renda de bilro) na relação aprendiz e professora.
Na segunda investigação buscou-se observar a relação entre dois grupos, um de pessoas marginalizadas ditos como deficientes para atuarem como coordenadores de atividades artísticas e de lazer, e um grupo de idosas que acreditavam ser deficientes para realizar tais tarefas, no qual foram mediados pela arte. E por fim, a terceira investigação procurou mostrar o movimento de um grupo de servidores públicos federais participantes de um programa de formação de gerentes em serviço.
Diante de tais investigações segundo Pichon-Rivière (1964) aprender em grupo significa conviver com uma leitura criativa e crítica da realidade, uma atitude investigadora, uma abertura para as dúvidas e para as novas inquietações. Para ele na tarefa se “constrói um pensar, um sentir e um agir, cuja distinção é central” (PICHON-RIVIÈRE, 1964, p. 33). E assim o grupo se apresenta como o principal instrumento de transformação da realidade.
Já para Lane (1985), os grupos são espaços em constante movimento:
“entendemos que grupos se constituem como espaços interpsicológicos em permanente movimento, onde embates são produzidos, alianças firmadas e/ou rompidas, contradições explicitadas e/ou camufladas”. (LANE, 1985)
Pichon-Rivière (1964) nesse sentido afirma que os conflitos são importantes para os grupos, pois por meio deles se é possível à construção e/ou re-significação de valores, crenças, expectativas do grupo. Zanella (2002) por sua vez, vai dizer que a dialética entre o sujeito/grupo produz um complexo de encontros e desencontros que justamente caracteriza o movimento dos sujeitos e o/no grupo como vir-a-ser.
Por fim Zanella (2002) propõe que mediante ao movimento dialético entre sujeito e sociedade no qual, o sujeito constitui a sociedade e a sociedade o constitui que os grupos sociais são: 
“um espaço de encontro/confronto de singularidades que ali (os sujeitos) se expressam/ constituem/ transformam, configurando ao mesmo tempo como um coletivo e lócus de diferenças” (ZANELLA, 2002, p. 8)
Desse modo o artigo Contextos Grupais e Sujeitos em Relação: Contribuições às Reflexões sobre Grupos Sociais propõe que o movimento dos sujeitos dentro dos grupos, e por consequência da sociedade, se estabelece por meio da dialética homem/sociedade em que não há separação de um para o outro, mas sim um construção mútua deles.
Sendo assim não há como separar o homem da sociedade e nem separar a sociedade deste, pois o homem é um ser social e historicamente construído, e a sociedade é transformada por ele. Nesse sentido, o homem se cria, se recria, e constrói o mundo a sua volta e assim sendo também modificado por ele.
Referências:
FREITAS. O sujeito nos textos de Vigotski e do Círculo de Bakhtin: implicações para a prática da pesquisa em educação. Fractal, Rev. Psicol., v. 27 – n. 1, p. 50-55, (2015). Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1984-0292/1355
Lane, S. T. M. O processo grupal. Em S. Lane & W. Codo (Orgs.), Psicologia social: O homem em movimento (pp.78-98). São Paulo: Brasiliense (1985).
Morin, E. A noção de sujeito. Em D. F. Schnitman (Org.), Novos paradigmas, cultura e subjetividade (pp.45-55). Porto Alegre: Artes Médicas. (1996).
Pichon-Rivère, E. La noción de tarea en psiquiatría. In E. Pichon-Rivière (1977), El proceso grupal. Del psicoanálisis a la psicología social I (pp. 33-36). Buenos Aires: Nueva Visión (1964).
ZANELLA A. V. Contextos Grupais e Sujeitos em Relação: Contribuições às Reflexões sobre Grupos Sociais, Psicologia: Reflexão e Crítica, pp. 211-218 (2002).

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