Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
#SUPORTE NUTRICIONAL - Desnutrição pode ser definida como um estado de deficiência energética, de proteínas e de micronutrientes, que altera não só a estrutura tecidual, mas também a função de órgãos e sistemas. - A terapia nutricional é dividida em 3 formas, de acordo com sua via de administração: • Nutrição via oral • Nutrição enteral • Nutrição parenteral ADAPTAÇÕES METABÓLICAS 1 Consequências da desnutrição em cirurgia • Causas são anorexia, aumento mediadores inflamatórios, obstrução mecânica ou redução superfície absortiva. • Cicatrização anormal • Deiscência da Ferida operatória • Deiscência de anastomoses • Maior probabilidade de infecção • Proteólise pode prolongar o desmame da ventilação mecânica. 2 Adaptações fisiológicas ao jejum • 400 kcal ou 2.000 mL de SG a 5% são suficientes para impedir a cetose • Porém, como os ácidos graxos continuam a ser mobilizados ao fígado, agora não para cetose, são reesterificados em triglicerídeos e armazenados no próprio fígado – esteatose no paciente desnutrido. 3 Sepse e inflamação • Estado de hipermetabolismo • O aumento dos hormônios contrainsulínicos (Glucagon, cortisol etc.) e resistência insulínica periférica aumentada, mesmo diante da oferta de nutrientes não é suficiente para interromper a gliconeogênese • A hiperglicemia resultante deve ter controle rigoroso 4 Desnutrição no Câncer Redução da ingesta metabólica ou taxa metabólica basal elevada devido própria neoplasia • Vômitos repetidos • Obstrução tumoral mecânica • Anorexia mediadores humorais mediada • Citocinas que elevam TMB, como TNFa, IL6, IL1, IFNy, fator indutor de proteólise VARIEDADES CLÍNICAS DE DESNUTRIÇÃO SUPORTE NUTRICIONAL DISCIPLINA DE CIRURGIA GERAL UFMT – RONDONÓPOLIS, MT • Marasmo, um componente da caquexia: doente, consumido, redução da prega cutânea, demonstrando perda do estoque de gordura corporal, denotando estado prolongado de inanição = consumo das reservas corporais de gordura o Função imune e cicatricial preservadas o Relação creatinina/altura reduzida (quando menos proteína tem menos excreta creatinina) e albumina sérica diminuída na ausência de inflamação • Desnutrição proteicocalórica ou Kwashorkor: Consumo rápido das reservas proteicas, determinando pele quebradiça, cabelos friáveis, edema, prejuízo à cicatrização de feridas e maior chance de deiscência da ferida operatória. o Laboratorialmente hipoalbuminemia (albumina < 2,8), níveis reduzidos de transferrina (< 150mg/dl), linfocitopenia e tempo de teste cutâneo reduzido (deficiência imunidade celular) o Encontrado em situações de trauma, sepse, doenças de componente inflamatório predominante • Estado Kwashorkor-marasmático: Doente com marasmo acometido por trauma, sepse, impondo risco aumentado de infecções e piora do prognóstico FUNDAMENTOS DA NUTRIÇÃO ARTIFICIAL 1 Necessidades nutricionais • Necessidades calóricas: Gorduras, Carboidratos e Proteínas • Necessidades não calóricas: Água, Vitaminas, oligominerais (micronutrientes) Proteínas • Paciente sem estresse infeccioso ou cirúrgico – 0,8g/kg por dia • Pacientes cirúrgicos – 1,5 a 2,0 g/kg • Lesões extensas podem chegar a 3,0 g/kg • Cada grama de proteína fornece 4 kcal, na dieta deverá ser dado 1g de nitrogênio para cada 150kcal • Fórmulas específicas o ricas em aminoácidos de cadeias ramificadas para hepatopatas, com leucina, isoleucina e valina o AA essenciais adicionados de histidina para insuficiência renal em tratamento conservador Lipídios • Permitem melhor controle glicêmico, aumentando a fração lipídica, pois fornecem mais kcal por grama que os carboidratos • Não devem ultrapassar 30-40% da oferta calórica não proteica • Se parenteral monitorar níveis de triglicerídeos, não devendo superar 300mg/dl. • 1g – 9kcal Carboidratos • Na NP representam 60-70% da oferta calórica não proteica • Glicose pp • Glicose hidratada 3,4 kcal/g Água • Fontes de perda hídrica o Perdas insensíveis: Evaporação e exalação (500 – 1000ml/dia) o Fezes (50 a 100ml/dia) o Urina 1000 mL ou mais por dia na dependência da carga de solutos • Na febre cada aumento de 1°C gera a perda hídrica adicional de 200ml • 1 a 1,5ml de água para cada kcal ingerida ou 35-40ml/kg de peso corporal é suficiente para compensar perdas devido exercício, carga de solutos e sudorese. Vitaminas e Minerais • Deficiência ocorre em dietas artificiais restritas 2 Avaliação nutricional História clínica • Procurar história de perda ponderal, anorexia, incapacidade de realizar atividades habituais, Análise da composição corporal Cálculo do gasto energético basal Avaliação do catabolismo proteico e balanço nitrogenado ABORDAGEM À NUTRIÇÃO ARTIFICIAL 1 Dieta enteral • Sempre preferível à parenteral • Início precoce 24-48 horas • Sem benefício comparada à simples administração de SG nos 2 primeiros dias de P.O. de pacientes bem nutridos (albumina ≥ 4,0 g/dl) • Mantem função imunológica intestinal (80% das Igs produzidas, 70% nutrição do enterócito é dos nutrientes absorvidos) • Produz fatores tróficos dos enterócitos – o que reduz translocação bacteriana! • Menor taxa de síntese de proteínas da fase aguda • Duodeno não tolera soluções hiperosmóticas, geralmente estas são mantidas no estômago sob ação do ácido clorídrico e outras secreções até isosmolaridade, devendo-se assim administrar na sonda nasoenteral soluções iso ou hipo-osmolares. • As complicações são decorrentes de soluções hiperosmolares o Diarreia o Desidratação o Distúrbio hidroeletrolítico o Hiperglicemia o Necrose intestinal e perfuração • NÃO deve ser administrada aos pacientes com instabilidade hemodinâmica, devido perfusão esplâncnica mínima, iniciada apenas após estabilização; • Preferência pelo cálculo do GEB, via CI preferida ou Harris-Benedict. No geral 25-30kcal/kg de peso por dia, porém na maioria 80-100kcal/g de nitrogênio é o suficiente. • Fórmulas enterais o Fórmulas completas o Fórmulas modulares (incompletas) o Fórmulas poliméricas (ptn intacta leite, soja ou caseína; carboidratos como di, oligo ou polissacarídeos; lipídios encontrados como mistura de ácidos graxos poli-insaturados de cadeia média e longa) ▪ Fórmula isotônica o Fórmulas oligoméricas (ptn hidrolisadas – maior osmolaridade) o Fórmulas monoméricas ou elementares ▪ PTN sob aminoácidos ▪ Fácil absorção ▪ Cara o Fórmulas especiais ▪ Insuficiência renal: pobre em potássio, magnésio e fósforo e os aminoácidos devem ser essenciais ▪ DPOC: percentual calórico do valor calórico total de lipídios deve ser elevado a 50%, pois muito carboidrato nesse paciente = mais oxidação e maior produção de CO2 ▪ Insuficiência hepática: administrar aminoácidos de cadeia ramificada, nutrem o paciente e previnem encefalopatia • Imunonutrição o Glutamina – em vítimas de trauma e queimadura é capaz de reduzir as complicações infecciosas, porém deve ser suspensa no surgimento de qualquer falência orgânica o Arginina – contraditório • Rotas de administração da dieta enteral o SNG ▪ Evita gastroparesia pós operatória ▪ Para evitar refluxo e broncoaspiração a cabeceira deve ser elevada 45°, e o volume de infusão limitado a 50ml/hora o SNE ▪ Mais utilizada ▪ Extremidade distal no duodeno ou jejuno o Sonda de DOBBHOFF ▪ Posicionada via EDA? Pacientes com gastroparesia posição deverá ser pós pilórica, enquanto pancreatite pós ângulo de Treitz, preferencialmente ▪ o Complicações: o A principal medida para evitar o refluxo e diminuir chances de broncoaspiração é elevar a cabeceira acima de 45°. o Pacientes com previsão de nutrição enteral prolongada (> 4 semanas) tem indicação de GASTROSTOMIA; ▪ A Gastrostomia pode ser cirúrgica ou endoscópica percutânea (GEP) ▪ Contraindicações Da GEP ▪ ▪ Pode SIM ser realizada em caso de ascite desde que drenada, gastrite resolvidacom tratamento, cirurgia abdominal prévia e derivação ventrículo-peritoneal; 2 Nutrição Parenteral • Recomendada o Em pacientes com o TGI não funcionante o Em pacientes que necessitem de repouso, com jejum previsto para 7 dias ou mais o Via entérica parcialmente funcionante, devendo ser complementar • Contraindicada o Instabilidade hemodinâmica o Presença de via enteral funcionante, capaz de receber todo o aporte calórico o QT ou RT para neoplasias malignas, devido risco aumentado de infecções e trombose de cateter • Realizada através de veia central para infusão de osmolaridade entre 1500 e 2800 mOsm/l ou periférica se osmolaridade < 900mOsm/l Indicações Clínicas da nutrição parenteral • Geralmente indivíduos que não se consegue obter as metas calóricas apenas por nutrição enteral • INDICAÇÕES DE NPT – exclusiva, ou contraindicações à nutrição enteral • • INDICAÇÕES – ASSOCIADA À ENTERAL OU NÃO o Fístulas TGI – menor débito, melhores condições perioperatórias o Síndrome do intestino curto o Queimaduras o Falencia hepática o Enterite aguda por radiação o Íleo prolongado o Pré-operatório de grandes cirúrgias – um up no paciente, em especial aqueles em estado caquexico/marasmo o Cancer – benefício em indivíduos desnutridos com neoplasia maligna do TGI Principais complicações • Sepse por cateter • Complicações metabólicas • Outras complicações próprias do procedimento de acesso venoso central ou trombose da veia central SÍNDROME DE REALIMENTAÇÃO • Início da dieta com 50% do valor calórico previsto para o peso do paciente ou aproximadamente 20kcal/kg, acrescidos 100-200kcal por dia do valor. • Síndrome fatal • Dificilmente reversível, mesmo com reposição tardia de eletrólitos • A chave é prevenção, com início parcimonioso da dieta em pacientes com marasmo ou profundamente desnutridos. • Monitorização constante de eletrólitos • Suplementação de tiamina e uso de compostos contendo fosfato são medidas aconselháveis
Compartilhar