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➔ Qualidade Sensorial A qualidade sensorial pode ser NUTRICIONAL, quando segue com qualidade de nutrientes para uma vida equilibrada e saudável, ou MICROBIOLÓGICA, quando se apresenta seguro para consumo. Desde os primórdios da humanidade é realizada a avaliação sensorial!! A análise sensorial serve para EVOCA, MEDIR, ANALISAR e INTERPRETAR as reações às características dos alimentos. TODOS os sentidos do corpo humano estão ligados a análise sensorial. MAS O QUE A ANALISE SENSORIAL VAI ANALISAR??? Aparência Aroma Sabor Textura ONDE APLICAR A ANALISE SENSORIAL??? Pesquisa e desenvolvimento de novos produtos (DNP) - saber a aceitabilidade do produto, se o mesmo seria viável para o mercado e se teria público consumidor; Controle de qualidade: entender que o produto está em qualidades aceitáveis de mercado; Alterações na matéria prima: quando a matéria prima de um determinado produto é alterada, as características sensoriais desse alimento também mudam, com isso é necessário saber o quão impactante essa alteração afeta no produto final e no seu consumidor; Nova fonte de suprimento: quando se muda o distribuidor de uma matéria prima, repetindo o citado anteriormente; Efeito da embalagem: entender como as diversas embalagens disponíveis no mercado alteram o alimento; Entre outros... ALIMENTO Histórico da Análise Sensorial 1ª Fase (antes de 1940) Época Artesanal da indústria de alimentos; Qualidade determinada pelo proprietário da empresa. 2ª Fase ( 1940 – 1950) Expansão da indústria de alimentos; Incorporação de pessoal técnico; Introdução de conceitos de controle de processos e de produto final; Utilização de métodos químicos e instrumentais. 3ª Fase (1950 – 1970); Definição dos atributos sensoriais primários (Círculo de Kramer) O círculo de Kramer expressa graficamente a qualidade sensorial dos alimentos, em que os atributos são combinados de forma contínua em três categorias (aparência, sabor e cinestésicos) apresentados do lado externo do círculo e do lado interno estão os atributos secundários de qualidade. APARÊNCIA Cor, tamanho e forma Sensação Oral Aparência: Relacionados à aparência encontram-se a (cor, o brilho, o tamanho e a forma). A cor é a resposta do olho humano à luz refletida por um objeto e relaciona-se com os seguintes fatores: composição espectral da fonte de luz, características físico-químicas do objeto e sensibilidade espectral dos olhos. O brilho, também chamado de luminosidade, é definido como atributo de qualidade de superfícies dos materiais, responsável pelas aparências brilhantes ou lustrosas e está associado com a reflexão espectral. Defeitos: Na interface entre aparência e sabor, no círculo de Kramer, encontram-se os defeitos, facilmente identificados como componentes de aparência, que contribuem para o conjunto do sabor. Falta de conformidade da unidade de um produto com as especificações de uma característica de qualidade. Sabor: O binômio (gosto-odor) e sensações táteis, individualmente caracterizados, no entanto, são indissociáveis na sensação de sabor. Experiencia mista, mas unitária de sensações olfativas, gustativas e táteis percebidas durante a degustação. O sabor é influenciado por efeitos táteis, térmicos, dolorosos e/ou cinestésicos. Ainda que o odor dos alimentos seja o resultado de uma combinação de estímulos odorosos, com diferentes propriedades, os alimentos apresentam um odor característico. Cinestésicos (textura)/sensações na boca: 1) AROMA: Propriedade sensorial perceptível pelo órgão olfativo via retro nasal durante a degustação. Os atributos cinestésicos expressam as características reológicas de viscosidade e consistência que podem ser classificadas tanto como aparência quanto textura. Na linguagem comum o termo viscosidade é atribuído aos líquidos, consistência aos semissólidos e textura aos alimentos sólidos. 2) TEXTURA: Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas textura é definida como todas as propriedades reológicas e estruturais (geométricas e de superfície) de um alimento, perceptíveis pelos receptores mecânicos, táteis e eventualmente pelos receptores visuais e auditivos. Foi preciso normalizar a forma e condição dos testes e como tratar os resultados; Pesquisas em Fisiologia, psicologia e sociologia; Métodos de avaliação sensorial bem desenvolvidos. 4ª Fase ( após 1970); Qualidade sensorial como resultado da interação entre o homem e o alimento. Os sentidos Humanos e a avaliação sensorial: 1) OLFATO: Percepção de odor e aroma. Odor é a sensação que se percebe por meio das células receptoras quando são estimuladas por substâncias voláteis. Já o aroma é a sensação que se percebe quando as células receptoras olfativas são estimuladas por substâncias voláteis que passam pela boca. A temperatura, concentração e fadiga influenciam na percepção do odor. Percepções patológicas do olfato: Anosmia: deficiência de sensibilidade aos estímulos olfativos (total, parcial ou temporária). Hiperanosmia: percepção aumentada do odor (gravidez). Autonosmia: percepção do odor na ausência do estimulo. Heterosmia: troca de odores. 2) PALADAR: Percepção do gosto. Gosto é a sensação percebida pelos órgãos gustativos quando estimulados por certas substâncias, o gosto é perceptível pela parte superior da língua, palato (céu da boca) e pelas bochechas. Ácido Ácidos orgânicos e inorgânicos são ativadores de acidez. Solução de ácido cítrico: acidez característica. Doce Açúcares: ativadores de doçura mais comuns; Sacarose é o açúcar característico; Outras substâncias: sacarina, ciclamato, aspartame, etc. Salgado Sais são ativadores do gosto salgado; Gosto salgado característico: cloreto de sódio. Amargo Muitos compostos quimicamente diferentes têm gosto amargo; Mais comuns são alcaloides (cafeína, nicotina, quinina) Umami Glutamato monossódico: umami característico. A temperatura, os meios de dispersão e as interações de gostos, como o ácido com o amargo, podem influenciar a percepção do gosto. Percepções patológicas para o gosto Ageusia: perda de sensação do gosto; Hipoalgesia: decréscimo da sensibilidade do gosto; Disgeusia: distorção no gosto. 3) VISÃO: Acusam as primeiras impressões do produto, a aparência geral (cor, tamanho, formato, granulometria, brilho, impurezas) A fadiga ocular, iluminação, memória para cor e desuniformidade nas avaliações afetam as avaliações visuais, enquanto isso, a visão influencia muito na opinião do consumidor com relação a outros atributos do produto, na decisão de compra e no consumo final. 4) TATO e AUDIÇÃO: Simultaneamente permitem a percepção da textura de alimentos. Ainda, o tato fornece informações sobre forma, peso, temperatura e consistência. Este último pode ser percebido na boca e na mão. A textura é definida como todas as propriedades reológicas e estruturais de um alimento perceptíveis pelos receptores mecânicos, táteis e eventualmente visuais e auditíveis. 5) SABOR: Experiência mista de sensações olfativas, gustativas e táteis percebidas durante a degustação. O sabor engloba as sensações de gosto, aroma e táteis orais podendo ser influenciado pelos táteis, térmicos, dolorosos e cinestésicos. SABOR Aroma Sensações Bucais Gosto Sensações Bucais são sensações mistas que ocorrem na cavidade bucal e estão associadas às características físicas e químicas dos produtos. Alcalina: sensação escorregadia devido a alcalinidade; Metálica: sensação de metal na mucosa da boca; Adstringente: Sensação complexa resultante de contração da mucosa da boca (banana verde); Fresca: sensaçãoprovocada por produtos mentolados; Pungente: Sensação de dor causada, por exemplo, pelo CO2 em bebidas. Para uma análise sensorial de qualidade, são necessários muitos cuidados, pois vários fatores podem influenciar diretamente e indiretamente o resultado, e colocar em dúvida a confiabilidade do teste. LABORATÓRIO: Deve ser controlado o conforto físico, odores, o acesso e as distrações. O local deve ser livre de ruído sendo feita a análise em cabines para evitar que os julgadores conversem entre si. A cabine deve conter uma cadeira, cuspideira e sinal luminoso. A sala de realização das análises deve ser independente da sala de preparo das amostras. Deve possuir 6 ambientes: 1) Cabine de provas; 2) Área de preparo; 3) Sala de trabalho em grupo; 4) Sala de instrumentação; 5) Sala de planejamento; 6) Área de armazenamento de amostras. TREINAMENTO DE JULGADORES: Paladar geneticamente normal, bom poder discriminativo, boa saúde, disponibilidade e interesse em participar dos testes, não apresentar infecções bucais, dentadura, aparelhos na boca, entre outros, reprodutibilidade de julgamentos, não podem ter aversão ao produto, tranquilidade mental para realizar os testes PREPARO DAS AMOSTRAS: Devem ser mais uniformes e simplificadas possível, padronizar o método de preparo e a quantidade de amostra servida também, as amostras devem estar na temperatura ideal característica. As amostras devem ser codificadas com nº de 3 dígitos, devem ser servidas em copos idênticos, manter a temperatura constante, se a amostra apresentar coloração que não deve ser percebida, a luz da cabine deverá ofuscar ela, as amostras devem ser servidas de forma aleatória. Não devem ser servidas muitas amostras, pois poderá saturar o órgão sensorial. ERROS PSICOLÓGICOS: Podem ocorrer erros de tendência central, hábito, expectativa, estímulo lógica, benevolência, contraste, halo, associação, posição, preconceito. São erros cometidos devido a lembrança sensorial, amostras apresentadas de forma não aleatória, tendência em dar a mesma resposta a vários estímulos. ➔ Fatores que Influenciam na Análise Sensorial de Alimentos O QUE É QUALIDADE SENSORIAL??? A qualidade sensorial é uma resposta individual que varia de indivíduo para indivíduo, em função das experiências, expectativas, do grupo étnico, e da preferência individual. O analista sensorial deve atentar-se para os fatores que podem afetar o teste sensorial, identificando-os e assim, diminuindo e minimizando os erros nos resultados. Fatores de atitude ou personalidade do julgador: Associados às atitudes de cada julgador. É importante observar a cultura, condição social, sexo, idade. As personalidades e/ou atitudes podem influencias sobres seus julgamentos. Individuo analítico: concentra-se nos detalhes; Individuo sintético: avaliam o produto como um todo; Individuo cauteloso: só informa sobre uma diferença quando tem realmente certeza; Individuo ousado: informa mais detalhes do que realmente detecta. Fatores fisiológicos: Relacionados com a adaptação do organismo a um estimulo ocasionando a diminuição ou mudança na sensibilidade. Pode ocorrer a intensificação, sinergia ou suspensão, causados pela interação de estímulos que são apresentados simultaneamente na composição do produto Fatores psicológicos: Envolvem erros que influenciam na avaliação sensorial, gerando resultados tendenciosos. Erro de expectativa: O julgador possui informações prévias sobre o experimento, levando a dar respostas baseadas na sua preconcepção. Erro de estímulo: Ocasionado por diferenças entre as amostras (vasilhames, cor, tamanho). Erro de hábito: Resulta da tendência do julgador a continuar dando a mesma resposta quando a mudança do estímulo é gradual. Erro de lógico: Acontece quando duas ou mais características das amostras estão associadas na mente do julgador. Erro de tendência central: Tendência do julgador em escolher a amostra servida ao centro do grupo como preferida. Erro de contraste: Ocorre quando uma amostra de qualidade superior é servida antes de uma amostra de qualidade inferior, levando o julgador a dar nota mais baixa à segunda do que daria se fosse servida da forma monádica. Falta de motivação: O julgador pode dar respostas pouco elaboradas ao teste, diminuindo a qualidade das respostas. Benevolência: Os julgadores podem dar respostas baseadas no que acham estar de acordo com o que agrada o analista sensorial, omitindo sua verdadeira opinião (comum em empresas, pra agradar o patrão o funcionário mente). Influência de outros julgadores: Um julgador pode influenciar o outro verbalmente ou por expressões faciais. Distração durante o teste: A falta de concentração durante os testes sensoriais prejudica a qualidade das respostas. COMO CONTROLAR OS FATORES?? Uma análise sensorial bem planejada chega a resultados confiáveis!! ➔ Requisitos para Avaliação Sensorial CONDIÇÃO DE TESTE: 1) De fácil acesso para facilitar a operação, oferecendo conforto físico e que não haja distrações e sem odores e com área de preparo e área de testes. Fácil acesso e fácil operação Área de preparo e área de testes Conforto físico Zero distração e sem odores Laboratório de Análise Sensorial Área de Preparo: Fornos e Fogões Refrigeradores Freezer Micro-ondas Liquidificadores Misturadores Cafeteiras Faca elétrica Copos e Talheres Louças e Panelas Bandejas e Bacias Termômetros Balanças Banhos-Maria Mesas de preparo Exaustores Chão, teto e parede não porosos Limpeza com substancias inodora EQUIPAMENTOS MAIORES INSTRUMENTOS PORTÁTEIS UTENSÍLIOS EQUIPAMENTOS ESPECIAIS INFRAESTRUTURA Local do Teste: 1) Cabines individuais de paredes claras e neutras com conforto e isolamento com cuspideiras instaladas e que devem ser limpas frequentemente para evitar mal odor. Em cada cabine deve ter uma portinhola para assim ocorrer a comunicação entre o JULGADOR e o PREPARADOR. Na parte de cima de cada portinhola deve possuir uma luz indicativa, acionada pelo julgador. 2) Mesas para discussão onde podem ocorrer interações entre os julgadores. Planta Baixa: Horário do Teste: Existem 3 correntes de definição de horários 1) Duas horas antes do almoço ou depois do almoço; 2) Uma hora antes ou depois do almoço; 3) De acordo com o produto. Café, frutas, leites, chás devem ser feitos pela manhã ou meia hora após o almoço. Enquanto que, pescados e carnes devem ser feitos de 1 hora à 1 hora e meia. MAS QUAL O MELHOR HORÁRIO??? O melhor horário é conforme a disponibilidade dos julgadores e em momento que não haja fome muito menos fadiga. E a duração do teste deve ser de aproximadamente 20 minutos. Procedimento: Instruir os julgadores de como usar o método e cada amostra. O julgador pode decidir se deseja engolir a amostra ou cuspir. Entre cada amostra deve-se remover os sabores. Para isso, é oferecido água em temperatura ambiente, água morna quando se trata de amostras gordurosas, pães para ketchups e maçã para vinhos. Fichas ou Questionários: Devem ser SIMPLES e CLARAS, com informações precisas e sucintas, com espaços em branco que devem ser preenchidas pelo julgador, como, NOME, IDADE, DATA e o ESPAÇO DE AVALIAÇÃO. Nome:______________________________________________________. Data:___/___/______. Por favor, prove as amostras da esquerda para a direita. Circule o código da amostra de sua preferência. Entre as avaliações das amostras enxágue a boca com água e aguarde 30 segundos. 534 966Comentários:_________________________________________________ ____________________________________________________________. Nome:______________________________________________________. Data:___/___/______. Idade:________ anos. Por favor, avalie a amostra servida e indique o quanto você gostou ou não do produto. Marque a resposta que melhor reflita seu julgamento. Comentários:_________________________________________________ ____________________________________________________________. *Exemplos de modelos de ficha de avaliação MOTIVAÇÃO: Para motivar os julgadores a participar da sua sensorial deve-se explicar o projeto, mostras os resultados, elogiar ou critica e recompensá-los, por meio de pagamento ou com bonificações, como um doce, uma bala, folgas ou brindes. PREPARO e APRESENTAÇÃO: Cada produto possui uma técnica de preparo e deve ser fielmente reproduzida em todas as amostras para todos os julgadores, sendo o mais simples e simplificado possível. O alimento deve possuir um alimento suporte, que é nada mais que um alimento que se coloca como veículo para o alimento a ser avaliado, exemplo, o suporte do óleo de soja é a batata. Quando se avalia caldo de carne, o suporte é o arroz. Os produtos devem ser uniformemente apresentados, com mesmo tamanho, peso e tipo de corte. • Amostras sólidas: 15 a 20g • Amostras líquidas: 15 a 25mL • Bebidas: até 50mL Os utensílios também devem ser uniformes, adequados e limpos. NÃO apresentar a amostra em xícara e outra vez em pires. A temperatura deve ser relativa com cada amostra a ser analisada. A codificação não deve influenciar os julgadores e as amostras devem possuir 3 dígitos ao acaso, existem tabelas de números ao acaso. A ordem de Apresentação deve ser balanceada, para que cada amostra apreça em cada posição um número de vezes. O julgador deve, possuir paladar geneticamente normal, boa saúde, apetite normal, boa memória, constância em seus julgamentos, interesse em participar de testes, disponibilidade de tempo para treinamento e tranquilidade mental para realização dos testes e não pode possuir aversão ao produto analisado.