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02 UNIDADE PROF. JULIANA DOMIT E PROF. JANETE DE FÁTIMA FERREIRA CALDAS Fundamentos teórico-me- todológicos na organização curricular da educação CURRÍCULO E AVALIAÇÃO FICHA LIVRO Disciplina: Currículo e Avaliação Professoras Autoras: Juliana Domit e Janete de Fátima Ferreira Caldas Ementa: Fundamentos, teoria e prática no campo do currículo. Fundamentos teórico-metodológicos na organização curricular da educação básica e suas modalidades. Abordagem histórica e teórica da avaliação. Funções da avaliação: diagnóstica, somativa e formativa. Aspectos legais e políticos da avaliação. FICHA CATALOGRÁFICA Presidente: Renato Casagrande Diretor Executivo: Ronaldo Casagrande Diretora Pedagógica: Josemary Morastoni Coordenador de EaD: Everaldo Moreira de Andrade Designer Instrucional: Iara Aparecida Pereira Penkal Revisora: Eryka Kalana Torisco da Silva Projeto Gráfico: Bruna Andrade Diagramação: Fabiano Nichetti Foto de capa: © Freepik Ícones: © Flaticon Clique nos títulos para ir até a página. APRESENTAÇÃO 4 1. O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO E SEUS PRINCIPAIS ELEMENTOS 5 1.1 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: ASPECTOS HISTÓRICOS 9 1.2 CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS E A AVALIAÇÃO 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 17 4Currículo e avaliação • UA02 Nesta unidade, vamos conhecer e aprofundar conceitos em relação ao Projeto Político Pedagógico e seus principais elementos, uma vez que a escola possui um compromisso com a transformação da realidade e com determinadas concepções políticas e pedagó- gicas, e que são essas questões que determinam a sua prática. Assim, veremos que sua organização precisa partir de uma construção coletiva. Esses compromissos envolvem, sobretudo, as formas de avaliação da aprendizagem e do processo formativo presentes no contexto escolar como um todo. Assim, ao final da unidade, esperamos que você consiga: Compreender o processo de elaboração do PPP, identificar os principais elementos que o compõe e compreender as suas relações com os pensamentos, ideias e concepções que foram sendo constituídos acerca das formas de avaliação pertinentes ao âmbito educa- cional. 5Currículo e avaliação • UA02 01 O Projeto Político Pedagógico e seus principais elementos A efetivação do currículo nas escolas é marcada pelo que denominamos de currículo formal, presente num documento que se chama Projeto Político Pedagógico (PPP), que planeja, norteia e coloca em prática todas as ações nas instituições escolares. O projeto é projeto, porque prevê ações, vislumbra rupturas com o presente e almeja mudanças e transformações para o futuro. Busca um rumo, uma direção, é uma ação intencional, um compromisso firmado coletivamente. É político porque está compro- metido com a formação de um cidadão numa determinada sociedade. E é pedagó- gico porque define ações educativas para o êxito nas finalidades propostas (VEIGA, 2012). Assim, o Projeto Político Pedagógico projeta e organiza as ações da escola e da sala de aula, incluindo sua relação com o contexto social. Vale ressaltar que todo projeto é um projeto coletivo e democrático e, por isso, precisa ser pensado, problematizado e definido a partir dos sujeitos que pertencem a uma determinada instituição. Pois bem, já sabemos que o PPP é o documento que organiza todas as ações escolares, que demanda um planejamento coletivo e que é um compromisso com a formação dos sujeitos. E por onde começar esse planejamento? Quais aspectos devem ser privilegiados na construção deste currículo? São 3 marcos. Vamos lá? Marco Situacional: identifica, explicita e analisa os problemas e necessidades presentes na realidade social e suas influências nas práticas educativas da escola. Realiza um levantamento da realidade do local, das famílias, da cultura e dos costumes. Podemos dizer que é um raio x da escola. Um levantamento dos pontos fortes e fracos. Algumas questões a serem pensadas para a elaboração desse marco: Assista a entrevista de Vasco Moretto e compreenda a definição do Projeto Político Pedagógico. Clique aqui para acessar. SAIBA + https://www.youtube.com/watch?v=zcCRaEy3JR8&list=PLDYytsYrhmuihaMBIZnwOLg1BedBjcRiV&index=4&t=0s 6Currículo e avaliação • UA02 Em qual realidade estes estudantes estão inseridos? Qual a realidade das famílias? A maioria dos pais é alfabetizada? A maioria das famílias tem membros que estão empregados? Qual a renda salarial média das famílias? A escola possui problemas com evasão escolar? Quais os motivos? Os estudantes apresentam muita dificul- dade de aprendizagem? Existem espaços para atividades de leitura e demais ativi- dades fora da sala de aula? Os estudantes conseguem se alimentar com qualidade fora da escola? Essas são algumas das questões que farão um diagnóstico da realidade e que deverão ser o ponto de partida para as ações que a instituição escolar desenvolverá ao longo do ano letivo. Marco Conceitual: expressa a opção teórica que revela a utopia social e educacional: o que se pretende alcançar em termos de transformação da prática pedagógica e social. Define as concepções e teoria do currículo. A formação se dará a partir de um processo de democratização do conhecimento? Serão valorizados os conhecimentos historicamente e socialmente construídos? As finalidades pedagógicas serão para reprodução ou para construção do conhe- cimento? Algumas questões que merecem destaque na construção desse marco: Qual socie- dade eu desejo? Quais sujeitos eu desejo para essa sociedade? Qual concepção de educação materializa essa formação? Qual a nossa compreensão acerca da avaliação? Como compreendemos a organização da escola? Esse marco pensa a escola como um todo, determina suas crenças e apresenta a teoria de currículo e ensino que materializará todas as suas ações. Concentra aquilo que a escola acredita ser essencial para a aprendizagem. Define as concepções de avaliação, a formação continuada e organização das turmas, por exemplo. O terceiro marco é o resultado dos dois anteriores, afinal, já temos um diagnóstico da realidade e já definimos nossas concepções. Agora, está na hora de colocar no papel como tudo isso será na prática. Vale ressaltar que ele é a expressão prática a partir de tudo que foi definido para alcançar os objetivos. Esse marco é chamado de marco Operacional. Marco Operacional: apresenta as grandes linhas de ação referentes aos seguintes aspectos: gestão democrática; currículo escolar; formação continuada e qualificação das condições físicas e didático-pedagógicas da escola. Define os conteúdos a serem 7Currículo e avaliação • UA02 ensinados ano por ano ou série por série em todas as disciplinas. Prevê as formas de avaliação e recuperação da aprendizagem. Apresenta os projetos que serão desenvolvidos. Organiza o atendimento às famílias e reuniões. Define como serão organizadas as semanas peda- gógicas e formação continuada dos professores. Destaca metodologias de ensino impor- tantes em cada área do conhecimento ou disciplina. Algumas questões importantes que merecem destaque e reflexão nesse marco: Os conteúdos serão apresentados em lista? Cada disciplina apresentará aspectos teórico-metodológicos antes dos conteúdos indi- cados para cada ano? As avaliações serão realizadas em semanas pré-determinadas? Cada professor tem autonomia para isso em sua disciplina? As recuperações aconte- cerão no horário da aula ou no contraturno? Quais projetos serão realizados pela escola? Quais temas farão parte da formação continuada de professores? As reuniões de plane- jamento serão coletivas? Como organizaremos o conselho de classe? Como vocês podem ver, aqui se organizam todas as ações que já foram identificadas e defi- nidas anteriormente. É a escola em ação. O PPP é o documentomacro da escola, que contém todas as informações necessárias ao seu funcionamento, é um documento que deve estar ao alcance de toda comunidade escolar, um documento público que todos têm direito ao acesso. Agora que vocês já compreenderam o que é o PPP e seus elementos, fica fácil para entendermos porque muitas pessoas acreditam que somente a lista de conteúdos é o currículo, porque acreditam que a escola é apenas as suas ações, mas esquecem que a escola é um compromisso com a transformação da realidade e com determinadas concepções políticas e pedagógicas, e que são essas questões que determinam a sua prática. E, acima de tudo, é uma construção coletiva. 8Currículo e avaliação • UA02 Para sintetizarmos esse documento tão importante, além do texto, apresentamos um mapa conceitual que expressa o conteúdo visto acerca do PPP: Como anunciado no início da unidade, o PPP é o currículo formal das instituições escolares, e a prática dele determina o currículo real, aquilo que de fato acontece nas salas de aula, ou seja, é materializado na prática no processo de ensino e aprendizagem. Além do currículo formal e real, existe ainda o currículo oculto que são ações determinadas no dia a dia, que não estão previstas, mas inferem relações diretas com a aprendizagem. Esses são os elementos do currículo na prática pedagógica, um instrumento de apropriação, organização e definição de um projeto formativo que deve sempre estabelecer uma relação dialética entre a escola e a sociedade. Até aqui ficou evidenciada a importância do currículo como definidor do processo forma- tivo e, sobretudo, das práticas que se materializam no interior da escola. Vamos ver a partir de agora, como as concepções que norteiam a educação provocaram desdobramentos em relação aos modos de avaliar e aos conceitos de avaliação, cunhados no campo da educação e das políticas educacionais. Fonte: Autoral 9Currículo e avaliação • UA02 1.1 Avaliação da aprendizagem: aspectos históricos Na perspectiva de Luckesi (2005), a avaliação de aprendizagem se caracteriza como um instrumento para verificar o progresso do estudante e a qualidade do conheci- mento adquirido, implicando em uma reflexão que leva a tomadas de decisão para aceitar este resultado ou elaborar estratégias para sua melhoria. Para demarcarmos os períodos históricos em relação à avaliação, nos baseamos no pensamento do mesmo autor, Luckesi (2011), o qual chama a atenção para dois aspectos: a diferença entre os termos “exame” e “avaliação”. “O exame, como conhecemos atual- mente, não era utilizado enquanto o mestre contava com poucos alunos e a sistema- tização da avaliação não se fazia tão necessária” (LUCKESI, 2011, p. 41). Entretanto, em tempos muito remotos, os exames já eram realizados pela burocracia chinesa com intuito de selecionar (somente junto aos homens) aqueles que deveriam ocupar cargos públicos. Desde seus primórdios, portanto, verificamos na avaliação a predominância de um componente seletivo em detrimento a qualquer aspecto educativo (GARCIA, 2003 apud DILIGENTI, 1998, p. 21). No que se refere à avaliação da aprendizagem, Luckesi (2011) afirma que: Surge em 1930, pelo tecnicista Ralph Tyler que apresentou esta expressão para explicar todo o cuidado necessário que os educadores deveriam ter com os alunos. Tyler estava preocupado com os números de reprovações e insucessos educacionais (LUCKESI, 2011, p. 42). Neste sentido, foi preciso aprender a avaliar, ou seja, aprender conceitos teóricos sobre avaliação, mas, concomitantemente a isso, aprender a praticar a avaliação, traduzin- do-a em atos do cotidiano. Entretanto, no contexto educacional brasileiro, atravessado pelo senso comum, esteve-se muito tempo (e ainda se está) comprometido com os exames escolares e não com a avaliação. Deste modo, o ato de examinar é caracterizado pela classificação e seletividade do educando, enquanto o ato de avaliar se caracteriza pelo diagnóstico e pela inclusão. “O educando não ingressa em uma escola para ser medido, mas sim para aprender” (LUCKESI, 2011, p. 30). O vídeo sugerido tem o intuito de aprofundar seus conhecimentos acerca de como foram se consti- tuindo as princi- pais ideias sobre o processo avaliativo e suas contribui- ções no processo formativo nos contextos esco- lares. Clique aqui para acessar. SAIBA + https://www.youtube.com/watch?v=GTu_bycoEEw https://novaescola.org.br/conteudo/4837/colecao-pensadores-na-pratica-avaliacao-da-aprendizagem-escolar-estudos-e-proposicoes-de-cipriano-luckesi https://www.youtube.com/watch?v=GTu_bycoEEw 10Currículo e avaliação • UA02 No Brasil, vem se formando um pensamento crítico que questiona o pensamento único que se tenta estabelecer sobre a eficácia da avaliação na melhoria da qualidade da escola, partindo do conceito de “boa educação”, informada pelas médias obtidas nas avaliações (BERTAGNA; SORDI, 2016, p. 132). Alguns autores, entre eles Bertagna e Sordi (2016), questionam o uso da avaliação como “guardiã da qualidade da escola”, enfatizando a necessidade de um olhar mais atento sobre a política que orienta esse processo, que não pode ser deixada à margem das reflexões sobre o campo, uma vez que as atuais políticas educacionais têm se apro- priado dessa categoria (avaliação) para reafirmar concepções de qualidade educa- cional. Nesta perspectiva, a avaliação tem sido a categoria decisiva a favor ou contra concepções de qualidade escolar socialmente referenciadas, em detrimento da quali- dade da aprendizagem. Luckesi (1995) nos fala que a qualidade é um dos aspectos que interfere na demo- cratização do ensino, está relacionada ao acesso, não somente aos pátios escolares, mas a uma apropriação ativa dos conteúdos escolares. Nesse sentido, determina que o processo do ensino e da aprendizagem, além de assegurar o acesso universal e a permanência de todos, precisa estar “recheado pela qualidade”, “ou seja, pela apro- priação significativa de conhecimentos que elevem o patamar de compreensão dos alunos na relação com a sua realidade” (LUCKESI, 1995, p. 65). E nesse sentido, a avaliação da aprendizagem existe para garantir a qualidade da apren- dizagem do estudante, por isso, deveria estar mais relacionada à democratização do ensino, o que não acontece, tendo em vista que a avaliação por meio de provas e exames pode levar uma grande parcela de estudantes à exclusão do sistema educa- cional: repetência – evasão – abandono. Reflexões como estas permitiram avanços no campo dos estudos científicos sobre a avaliação da aprendizagem. Esse período, marcado por um pensamento mais crítico, foi chamado de “perda da inocência”, uma vez que evidenciou que o professor quando avalia expressa sua visão de mundo, os seus compromissos com o aluno e seu posicionamento frente à educação. Avaliar não é, portanto, uma tarefa somente técnica (SOUZA; FERREIRA, 2019, p. 15). Souza e Ferreira (2019) também destacam que estudos de natureza mais qualitativa propostos por pesquisadores brasileiros, como André (1978), Gatti et al. (1991), Golden- berg; Sousa (1979) e Luckesi (1983), procuraram se contrapor e ampliar o tratamento teórico da avaliação educacional. No entanto, ressaltam que “há muito a se caminhar na direção da constituição de um processo avaliativo capaz de superar as considerá- veis críticas e que traga contribuições no sentido de valorizar os atores do processo No texto “O ato de avaliar a aprendi- zagem”, o autor problematiza diferentes ques- tões em relação ao ato de avaliar, tornando neces- sária essa leitura para a apropriação desse conceito. Clique aqui para acessar. SAIBA + https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1421320/mod_resource/content/1/O_ato_de_avaliar_a_aprendizagem_Luckesi.pdf 11Currículo e avaliação • UA02 educacional” (SOUZA; FERREIRA, 2019, p. 15), ou seja, o professor e os estudantes nas suas relações de aprendizagens. As questões trazidas até aqui deixam claro que um modelo avaliativo não está ligado somentea uma prática docente, mas está relacionado à valores e à ideologias, evidenciando que sua mudança depende muito do interesse da população (que por vezes busca nota somente para ser aprovado), da vontade política, de compromissos sociais que, em alguns momentos, não são apresentados por alguns gestores e governos. 1.2 Concepções Pedagógicas e a avaliação Ao longo da organização do sistema educativo brasileiro, diferentes concepções ou tendên- cias pedagógicas foram emergindo, a depender do movimento histórico/político e suas determinações na educação. As tendências pedagógicas se subdividem em dois grupos: tendências liberais que estavam mais preocupadas com a aprendizagem para atender às demandas do mercado (sistema capitalista), e tendências progressistas que demonstravam interesse na aprendizagem e na formação do estudante. De acordo com o esquema a seguir, cada um desses grupos está composto por diferentes concepções: Fonte: Adaptado pela autora 12Currículo e avaliação • UA02 As tendências pedagógicas influenciaram no modo como os estudantes eram avaliados. A tendência pedagógica liberal preponderou no ensino do Brasil no período de 1549 a 1932, iniciando com a chegada dos padres jesuítas, caracterizando-se por um ensino humanístico, no qual o discente era educado para atingir, pelo próprio esforço, a realização como pessoa. As atividades de ensino são centradas no professor, que expõe e interpreta os conteúdos, e a aprendizagem é receptiva e automática, não mobilizando atividade mental dos estudantes, conceituados como recebedores e repetidores da matéria repassada pelo docente (NETA; JUNIOR, 2012, p. 577). Como resultado desse modelo de prática, preponderou as formas de avaliação numa perspectiva classificatória, tendo o exame como instrumento mais utilizado. A ideia de avaliação na pedagogia tradicional, ocorre por verificações de curto prazo (interrogatórios orais, exercícios de casa) e de prazo mais longo (provas escritas, trabalhos de casa). O reforço é, em geral, negativo (punição, notas baixas, apelo aos pais); às vezes, é positivo (emulação, classificações). A pedagogia do exame está presente nos aspectos avaliativos da Pedagogia tradicional, ressaltando a quantificação das aprendizagens e classificando discentes com amparo nas notas e realização de trabalhos (LIBÂNEO, 1992, p.10). Com relação à tendência pedagógica progressista, podemos afirmar que: Manifesta-se em três vertentes: a libertadora, mais conhecida como Pedagogia de Paulo Freire; a libertária, reunindo os defensores da autogestão pedagógica; e a crítico-social dos conteúdos, acentuando a primazia dos conteúdos no confronto com as realidades sociais (NETA; JUNIOR, 2012, p. 580). Portanto, as diferenças evidenciadas foram percebidas, sobretudo, no grupo das tendências progressistas cujas proposições tratam da: avaliação da situação vivida e experimentada pelo estudante, práticas emancipadoras, trabalhos em grupos, 13Currículo e avaliação • UA02 compreensão e reflexão crítica de textos, autoavaliação, avaliação na perspectiva diag- nóstica, contínua e permanente, reformulação das práticas (quando e se necessária), respeito às tomadas de decisões dos estudantes, escolhas e opiniões, etc. (LIBÂNEO, 1983). Para fundamentar e orientar as formas de avaliação, surgiram leis que abordam essa temática. Vamos ver agora como tal imbricamento ensino/aprendizagem/avaliação perpassa o documento legal da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – 9394/1996). A LDB, ao se referir à verificação do conhecimento escolar, determina que sejam obser- vados os critérios de avaliação contínua e cumulativa da atuação do educando, com prioridade dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais (Art. 24) (BRASIL, 1996). Percebe-se que a LDB (Lei de Diretrizes e Bases) institui um modelo para as instituições públicas brasi- leiras, ou seja, uma avaliação contínua e cumulativa, com a obrigatoriedade da recu- peração, caso necessário. Temos também o Art. 13 que trata da “responsabilidade dos professores diante do trabalho de avaliar e zelar pela aprendizagem dos alunos” (BRASIL, 1996), dando a incumbência ao professor de cumprir com sua responsabilidade em sala de aula. Por meio de uma avaliação pensada e refletida pelo professor, este poderá verificar qual a melhor forma de avaliar os estudantes e como isto deverá ser feito, tendo liberdade na escolha e no formato dos instrumentos. No item V também do mesmo artigo (13), destaca-se ainda que é necessário “estabe- lecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento” (BRASIL, 1996). Ou seja, o docente deve elaborar diferentes estratégias (e não provas) para possibilitar ao estudante que desenvolva suas capacidades. Essa lei determina e legitima as tomadas de decisão no âmbito educacional. Enten- demos que foi a partir desse marco legal que os autores, que produzem cientifica- mente no campo da avaliação, constituíram suas ideias acerca da avaliação da apren- dizagem. Agora, propomos a análise do quadro a seguir, o qual sintetiza as principais ideias dos autores que discutem a temática da avaliação: Como alguns autores que discutem o campo da avaliação conceituam e/ou descrevem a avaliação. Acesse o link indi- cado para saber mais sobre as práticas avaliativas na história das tendências peda- gógicas no Brasil e como estas influenciaram nos processos avalia- tivos ao longo da história. Clique aqui para acessar. SAIBA + http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/24728/1/2012_eve_mlsilvaneta.pdf 14Currículo e avaliação • UA02 AUTOR CONCEITO ANO ▶ José Carlos Libâneo ▶ A avaliação é uma tarefa complexa que não se resume a realização de provas e atribuição de notas. A mensuração apenas proporciona dados que devem ser submetidos a uma apre- ciação qualitativa. A avaliação, assim, cumpre funções pedagógico-didáticas, de diagnóstico e de controle em relação às quais se recorrem a instrumentos de verificação do rendimento escolar. ▶ 1994 ▶ Ilza Martins Sant’anna ▶ Um processo pelo qual se procura identi- ficar, aferir, investigar e analisar as modificações do comportamento e rendimento do aluno, do educador, do sistema, confirmando se a cons- trução do conhecimento se processou, seja este teórico (mental) ou prático. ▶ 1995 ▶ Pedro Demo ▶ Refletir é também avaliar, e avaliar é também planejar, estabelecer objetivos etc. Daí os critérios de avaliação, que condicionam seus resultados estejam sempre subordinados a finalidades e objetivos previamente estabelecidos para qual- quer prática, seja ela educativa, social, política ou outra. ▶ 1999 15Currículo e avaliação • UA02 AUTOR CONCEITO ANO ▶ Jussara Hoffmann ▶ Avaliação mediadora é um processo espon- tâneo, sem ser espontaneísta. Ou seja, é espon- tâneo, enquanto amplia o olhar sobre a criança em suas manifestações diversas e singulares do dia-a- -dia. Mas não é um processo espontaneísta, porque se fundamenta em premissas teóricas consistentes sobre o desenvolvimento infantil e na definição de objetivos significativos para a ação pedagógica, que constituem o embasamento à observação e análise cotidiana pelo professor das descobertas e manifes- tações das crianças. ▶ 2000 ▶ Maria Elisa- beth Pereira Kraemer ▶ Avaliação vem do latim, e significa valor ou mérito ao objeto em pesquisa, junção do ato de avaliar ao de medir os conhecimentos adquiridos pelo indivíduo. É um instrumento valioso e indis- pensável no sistema escolar, podendo descrever os conhecimentos, atitudes ou aptidões que os alunos apropriaram. Sendo assim a avaliação revela os objetivos de ensino já atingidos num determinado ponto de percurso e também as dificuldades no processo de ensino aprendizagem. ▶ 2006 ▶ Cipriano Carlos Luckesi ▶ Refletir é também avaliar, e avaliar é também planejar, estabelecer objetivos etc. Daí os critériosde avaliação, que condicionam seus resultados estejam sempre subordinados a finalidades e obje- tivos previamente estabelecidos para qualquer prática, seja ela educativa, social, política ou outra. ▶ 2011 16Currículo e avaliação • UA02 AUTOR CONCEITO ANO ▶ Jussara Hoffmann ▶ Avaliar significa ação provocativa do professor desafiando o educando a refletir sobre as situa- ções vividas, a formular e reformular hipóteses, encaminhando-o a um saber enriquecido, acom- panhando o “vir a ser”, favorecendo ações educa- tivas para novas descobertas. A avaliação apresenta uma importância social e política fundamental no fazer educativo vinculando-a a ideia de qualidade. Não há como evitar a necessidade de avaliação de conhecimentos, muito embora se possa torná-la eficaz naquilo que se propõe: a melhora de todo o processo educativo. Avaliar qualitativamente signi- fica um julgamento mais global e intenso, no qual o aluno é observado como um ser integral, colocado em determinada situação relacionada às expecta- tivas do professor e também deles mesmos. Nesse momento, o professor deixa de ser um simples colecionador de elementos quantificáveis e utiliza sua experiência e competência analisando os fatos dentro de um contexto de valores, que legitimam sua atitude como educador. ▶ 2020 17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Currículo e avaliação • UA02 BEHRENS, M. O paradigma emergente e a prática pedagógica. Petrópolis: Vozes, 2013. BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a Base. Brasília, MEC/ CONSED/UNDIME, 2017. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. 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Avaliação Mediadora: uma prática em construção da Pré-Escola à Universidade. Porto Alegre: Educação & Realidade, 2000. _________________. Avaliação Mediadora: uma prática em construção da Pré-Escola à Universidade. (online). Disponível em: clique aqui Acesso em: 12 nov. 2020. https://educador.brasilescola.uol.com.br/trabalho-docente/o-mito-avaliacao-aprendizagem.htm 18Currículo e avaliação • UA02 KRAEMER, M. E. P. Avaliação da aprendizagem como construção do saber. 2006. LIBÂNEO, J. C. Tendências pedagógicas na prática escolar. In: Revista ANDE, nº6, 1983. ____________. Democratização da Escola Pública. A Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos. São Paulo: Edições Loyola, 1992. ____________. Didática. 2ª edição. São Paulo: Cortez, 1994. LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. – 2ª ed. São Paulo: Cortez, 1995. _____________. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. São Paulo: Cortez, 2005. ____________. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 22ª edição. São Paulo: Cortez Editora, 2011. NETA, M. L. S. JUNIOR, A. G. M. Práticas avaliativas na história das tendências pedagó- gicas no Brasil. GT 2 - Práticas Culturais e Educativas. Universidade Estadual do Ceará – UECE, 2012. SANT’ANNA, I. M. Por que avaliar? Como avaliar? Critérios e instrumentos. 3ª Edição, Petró- polis, Rio de Janeiro: Vozes, 1995. SOUSA, Clarilza Prado de. FERREIRA, Sandra Lúcia. Avaliação de larga escala e da apren- dizagem na escola: um diálogo necessário. Psicol. educ. no. 48 São Paulo jan./jun. 2019. VEIGA (coord.) Repensando a didática. Campinas: Papirus, 2012. VILLAS BOAS, B. M. F. Portfólio, avaliação e trabalho pedagógico. Campinas, São Paulo: Papirus, 2004. http://institutocasagrande.com/pos-ead/ : Botão 6: Botão 42: Botão 38: Botão 39: Botão 40: Botão 41: Botão 43: Botão 44: v: Página 4: Página 5: Página 7: Página 8: Página 10: Página 11: Página 13: Página 14: Página 15: Página 16: Página 18: : Página 4: Página 5: Página 7: Página 8: Página 10: Página 11: Página 13: Página 14: Página 15: Página 16: Página 18: Botão 56: Página 4: Página 5: Página 7: Página 8: Página 10: Página 11: Página 13: Página 14: Página 15: Página 16: Página 18: Botão 37: v 2: Página 6: Página 9: Página 12: 2: Página 6: Página 9: Página 12: Botão 58: Página 6: Página 9: Página 12: saiba mais 02: v 1: Página 17: 1: Página 17: Botão 59: Página 17:
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